Índice de Capítulo

    “O amor nos ensina que as pessoas não são substituíveis […] e sim únicas e insubstituíveis, não por causa de suas habilidades ou conquistas, mas por ser quem são. Na intimidade do lar e na constância da tradição, encontramos o terreno onde esse amor floresce — onde a fragilidade é protegida, e a fidelidade é celebrada não como dever, mas como dádiva.”

    Roger Scruton


    A Festa da Colheita foi um sucesso monumental em todos os sentidos.

    Foi tão bem comemorada que ninguém ousou sair do centro da cidade.

    Os bons momentos da comunidade isolada colheram vários frutos, ainda que a expressão utilizada fosse em alusão.

    A fé genuína e incondicional do povo da Vila Aldeia Melanmarii se fortaleceu.

    Do jeito certo, como um epílogo terno.

    Enquanto todos estavam felizes, restou a Marduk a solidão semeada dentro de seu âmago, onde se sustentava na aparência.

    A síntese de sua derrocada abrupta foi o que mais o deixou desnorteado. Sem dúvidas, as marcas deixadas em seu interior surrado se farão doer por dias, talvez até semanas…

    Ele se postou na cadeira sacra no lugar abençoado pelos membros da Guilda Agalelei, lugar privilegiado inclusive. Lá foi o epicentro da festividade suprema de ode a Kai.

    Acontecimento que não foi o que esperava.

    O reflexo maior de sua frustração era a forma que segurava seu cetro: forte o suficiente para que uma linha de sangue escorresse pela haste nobre, chegando até o chão.

    Essa era a intensidade de seu estado de espírito.

    Algo próximo… do ódio.

    Ignorando esse fato consumado, tínhamos só boas vibrações.

    Ótimas notícias para quem estava em guerra todo esse tempo e que encontrou, enfim, a redenção e alívio.

    O mar revolto, que por tanto tempo cercou a todos na Vila Aldeia Melanmarii, assim como todo o entorno de Big Sea Island, havia mudado.

    Não mais revolto, tampouco domado. As regras da natureza de Avalice eram dogmáticas neste ponto.

    Estavam mais calmas, como melhor definição no momento.

    A noite, em seu maior nível de paz e tranquilidade, soava amigável e deveras aconchegante.

    Na Praia Melanmarii, víamos o quarteto juntos, como antes, e ainda mais íntimos.

    A visão do mar sereno e as luas, mais baixas, davam o ar da graça, encantando aos jovens

    A amizade cresceu a passos largos.

    Era possível dizer que florescia uma irmandade, saudável e genuína.

    E, claro, um papo juvenil.

    — O que?! Vocês são irmãs?! — gritou Noah, surpreso.

    Uma constatação: Ingrid e Íris eram irmãs.

    Para o albino isso não tinha ficado evidente, dado o grau de semelhança das duas.

    — Ora, menino bonito… — falava a dos olhos exóticos. — Como que você não percebeu isso antes? Olha só pra gente…

    — Você é muito lento, hein! — a das ondas era mais direta. — É claro que somos irmãs! A gente é loirinha, nosso pelo é igual…

    — Ah, mas eu pensei que vocês eram filhas do senhor Lanumoaga… — um pouco sem jeito, Noah mostrou seu ponto de vista.

    Olaga não deixou por menos:

    — Ih, eu que sou o filho do meu pai e da minha mãe, tá bom? — disse o lobo, batendo no próprio peito. — Sou Olaga Lagi!

    Risadas vieram, como esperado, ajudando na confraternização jovial.

    Entretanto, era um momento de descobrimento.

    — Porque você tem olhos de cores diferentes, Íris? — Noah estava curioso.

    — Bem, eu herdei isso do meu pai… — ela respondeu, apontando para cada olho em seguida. — O cinza quer dizer “razão” e o amarelo “intuição”.

    — Hã?! Mas… porque isso?!

    — Não sei… Só sei disso porque minha mãe disse, sabe? Mas achei legal…

    Noah não parou, indo até Ingrid.

    — E essas ondas aí? — ele apontou para a marca na testa da jovem. — Porque você têm elas?

    — Veio da minha mãe, tá? Cada uma quer dizer “nascer”, “travessia” e “retorno”. Minha mãe disse que é como a vida é e deve ser.

    — Ei, isso é bem legal! — o albino sorriu, falando em seguida. — Vocês duas têm muita história!

    O trio ganhava muito entrosamento, criando alicerces da amizade.

    Olaga, aproveitando, também se mostrou curioso:

    — Ei! Qual o nome de vocês, hein?

    — Eu me chamo Ingrid Marufuji… e minha irmã se chama Íris Marufuji!

    — Ah, Ingrid! Eu que deveria falar o meu nome! — a de olhos heterocromáticos ficou furiosa. — Estragou a minha fala!

    — Mas tava na cara que eu e você temos o mesmo sobrenome, né? — disse, mostrando a língua.

    Íris correu atrás de sua irmã, irritada com a provocação.

    Mas tudo correu como uma brincadeira entre crianças.

    Nesse meio tempo, cansada de correr, Íris fez a pergunta para quem estava:

    — Noah, qual seu nome todo?

    Ele, se levantando, olhou para os três.

    Não foi só uma ação simples de se mostrar.

    Em sua mente, muito de sua história veio, fazendo com que seu orgulho pelos país zelosos e amados alçasse vôo e ganhasse um lugar eternamente cativo em seu ser.

    E ele, com vontade, disse:

    — Meu nome é… Noah Hibiki!

    Um silêncio tomou o local, logo após o anúncio.

    Não era estranheza.

    Era respeito.

    — Que nome bacana, haha! — Olaga sorriu, mais do que antes. — Muito legal! Gostei muito!

    O mesmo fizeram as duas caninas, mas ficaram só no sorriso.

    Palavras não eram necessárias para que expressassem seu contentamento com o mais novo amigo que conheceram melhor.

    Ouvir seu nome foi como uma coroação, um rito que começava a ocorrer.

    Era o contrato de uma parceria eterna.

    Nas incansáveis brincadeiras finalizadas, o grupo voltou correndo para a Vila Aldeia Melanmarii, que ainda aproveitava a grande Festa da Colheita.

    Mais uma página em sua história foi mostrada.

    Muito se tinha a descobrir em Big Sea Island, um lugar isolado de tudo e de todos, onde só os atingidos pelo Mar das Perdições Eternas conseguiam adentrar.

    Para muitos era uma maldição.

    Mas, para outros, uma benção.

    Da Mãe Natureza… e do Caminho de Kai.

    Ao povo.


    De volta ao presente…

    Cidade de Shang Mu

    Casa de Noah | Noite

    O ambiente áureo do interior da casa oriental do jovem albino, mais velho, manteve o aroma adocicado do chá que era servido.

    Sentados ao tatame macio do chão, a pequena mesa no centro ainda possuía alguns biscoitos, que foram deixados de lado durante a longa história de Noah.

    Ele falou sob seu ponto de vista.

    Carol estava calada ao fundo, de braços cruzados. Era um ar de ceticismo ainda forte, mas contido. Um progresso perto do que era antes.

    Milla se esforçava para não chorar, escondendo parte de seu rosto com suas longas orelhas felpudas.

    Viktor, talvez o mais impactado emocionalmente, trouxe consigo um tom mais introspectivo:

    — “Esse cara passou por vários problemas…” — seus pensamentos o levaram para além. — “Saber dessa história é como ver o meu passado… Droga! Esse tal Noah precisa mesmo de apoio!”

    Frente ao mestiço, lá estava Lilac, olhando nos olhos com uma intensidade forte.

    Não era um olhar inquisitivo; quase beirava admiração e compaixão.

    O respeito que a dragão púrpura esboçou foi o que se esperava de uma líder em formação.

    Ele, finalizando o conto de sua vida, serviu um pouco de chá para ela, dizendo:

    — E foi assim que as coisas aconteceram… Nada mais, nada menos.

    — Noah… — Lilac tomou da bebida em seguida. — Isso que você contou para a gente é impressionante. Me admira sua força interior para superar isso por todo esse tempo.

    — Não foi fácil… e não é. E nunca será — direto, a frase seca do rapaz fechou seu ponto de vista.

    Como resposta ao que ele disse, o silêncio da dragão permeou por um tempo, em sinal de respeito.

    Era quase luto, mas bem mais tênue.

    Carol, até então calada, quebrou a pausa.

    A gata selvagem, ainda de braços cruzados e de olhos fechados, perguntou:

    — Tá… E a galera que te salvou? Como terminou?

    Noah fitou a felina, que não se moveu. Ela estava atrás de ouvir e não de ver.

    O albino também lhe entregou o silêncio, mantendo seu olhar neutro.

    O comportamento dos dois alimentou, aos poucos, uma tensão.

    Esse sentimento não foi bem recebido por Lilac.

    — Carol, você tem que ser sempre assim tão irresponsável?

    — Aí, só fiz uma pergunta que todo mundo aqui não teve coragem de fazer, tá? — ela abriu seus olhos, em direção a jovem. — Pô, tamo fazendo uma entrevista e não uma visita no psiqu… ah no psicui… Tss, em um doutor de cabeça!

    — Carol! — seu grito não foi tão alto, mas o necessário. — Chega disso!

    Diante a discussão, Viktor se viu na obrigação de expor sua opinião.

    — Acho que a história já diz por si só, Carol.

    — Hã? — a gata olhou para o humano. — Que tá falando aí, piá?

    — O Noah já disse pelo o que passou… — ele coçou o nariz, com charme. — Acho que, para alguém que perdeu muito, ele não tem que falar mais nada.

    — Hm… — Carol voltou para seu lugar, cruzando os braços e fechando a vista. — Tá, peguei. Tendi.

    A atuação de Viktor foi importante.

    Foi tão significativo que Lilac fez questão de segurar sua mão, sorrindo em sinal de aprovação e positividade.

    Ele, encantando com o gesto, internou:

    — “Ela… ela gostou e… segurou na minha mão?!” — sua surpresa foi grande.

    Ele sorriu de volta.

    Não com vermelhidão em seu rosto. Ele não era do tipo de quem cora fácil.

    Mas com entusiasmo, confiança mútua. Por admiração à dragão, de forma honesta.

    Como o assunto estava aberto, Milla, corajosa, olhou para Noah.

    Ela também tinha o que perguntar.

    — Noah… Por que você quer entrar para o nosso time? — sua voz doce e meiga tinha poder. — Você não tem nada a provar…

    Essa questão até fez com que Carol abrisse seus olhos, dando atenção aos gestos do albino.

    Não só ela: Viktor e Lilac também estavam a postos.

    Noah, com um sentimento nostálgico em seu ímpeto, não demorou para se manifestar.

    — Por Ingrid e Íris.

    — Hã? Mas por quê, hein? — Milla, curiosa, falou.

    — Durante nossos treinamentos do Kaipasu, elas tinham o objetivo de aprender o Triângulo de Kai, a técnica suprema.

    — O que tem isso? Você poderia falar?

    Ele tomou fôlego, dando sinal que aquilo estava consumindo muito de sua força.

    Mas, diante a ternura e suavidade da canina fofa, ele não poderia entregar meias palavras.

    — Eu prometi às duas que iria conseguir aprender a técnica e aplicá-la… — disse, olhando para Lilac em seguida. — Mas, para fazê-lo, o Triângulo de Kai precisa ser aplicado contra um oponente poderoso, o suficiente para que todo o Nirvana exploda.

    A dragão púrpura entendeu a mensagem.

    — Você quer participar do torneio para encontrar um oponente poderoso, é isso?

    — Exatamente… — sua voz, mais baixa e calma, era o contorno exato de seu sentimento. — Estava escondido, tentando levar a vida, mas… Bem, a promessa me moveu para este lado combativo, sedento por luta.

    — Mas você é tão calminho e bonzinho… — Milla, carinhosa, sorriu de volta.

    Por segundos, Noah, ao olhar Milla, quase entregou um lampejo.

    Não deixando transparecer, titubeou em sua mente:

    — “Essa garota… vejo Ingrid e Íris nela…”

    Quebrando seu pensamento, desta vez Carol tomou a dianteira.

    — Esse tempo todo e tu não encontrou nenhum Boss boladão pra largar o aço?

    — Carol, tenha mais compostura! — Lilac estava perdendo a paciência. — Tenha cuidado como fala com ele!

    Por mais inconveniente tenha sido a forma da pergunta, Noah entendeu.

    O rapaz explicou:

    — Eu buscava ficar anônimo, manter uma vida ordeira. Mas, pela urgência que essa promessa se tornou, não poderia simplesmente me pôr a lutar. Shang Mu só promoveu desafios como a de um show de televisão e isso não me interessava…

    — Mas e o fato de duelar, como fez com a senhorita Lilac? — Viktor perguntou, curioso com o que ouviu.

    A pergunta, pertinente, acresceu à Noah.

    — Não tenho interesse em lutar contra qualquer um. Somente contra oponentes poderosos… como Lilac.

    O humano olhou para a dragão, entendendo o porquê da resposta.

    Mas Carol tinha mais a perguntar.

    — Cara, como pode isso? Tá certo que a divalinda púrpura aqui é fora de série, mas não a única diferenciada… Até porque tem euzinha na parada também, falei?

    A resposta foi simples, bastante honesta.

    — Os melhores de Avalice se mantêm no anonimato. Não há lugar para fama e artes marciais coexistirem em um lutador. São coisas distintas.

    Aquelas palavras atingiram Viktor em cheio, o nutrindo com lembranças de seu mundo:

    — “Ele… está certo!” — o humano, concordando, continuou. — “Meu mestre, uma vez, falou que ‘artes marciais não se comunicam com reconhecimento e sim com afirmação própria’… Ouvindo isso do Noah, faz mais sentido ainda!”

    Decerto, Lilac sabia o que Noah queria dizer com isso.

    — Você busca um lutador puro, não é?

    Ele respirou fundo. O albino deu sinais de que aquilo era uma verdade.

    Viktor foi um pouco além, já em sinestesia com o calor da batalha que Noah almejava.

    — Um puro lutador… Acho que é isso que ele procura, senhorita Lilac.

    — O que seria isso, Viktor? — perguntou a dragão, curiosa.

    — Um puro lutador não é só quem é livre de influências negativas e destrutivas… — indagou, trocando olhares com o albino. — Ele busca perfeição, treina pra ser o melhor dos melhores. É alguém totalmente focado no que é praticar artes marciais.

    E era isso mesmo.

    Explicando de forma breve:

    Um lutador puro era a síntese do esforço oriundo da técnica.

    Ou seja, era alguém comprometido pela vitória concreta, lutando com o coração mesmo sem lapidação.

    Já um puro lutador é alguém diferente: ele escolhe esse caminho como parte de sua identidade e evolução.

    Sua doutrinação era essencial para sua formação como pessoa.

    Não um tipo de culto e sim uma construção permanente de sua moral e ética; seu corpo, espírito e mente.

    Seu orgulho e honra estão em um patamar muito acima da vitória do combate.

    — “Esse estrangeiro…” — pensava Noah, após ouvir Viktor. — “Ele falou exatamente o que busco em um lutador para desenvolver o Kaipasu. Mas… de onde ele veio e porquê? E por que está no time de Lilac?”

    Reverberando em sua mente, o mestiço demonstrou ao mesmo tempo concordância com Viktor e curiosidade de sua presença em Avalice.

    Era notório que o humano era único e isso criou questões em Noah.

    Entretanto, o assunto era outro, como Lilac levantou em seguida.

    — Você quer excelência, como o Viktor disse… — falou, sorrindo. — Muito bem, Noah. Vamos começar a votação.

    Aquele era o ponto sem volta.

    O fim da entrevista.

    Era a hora do voto.

    Contudo, antes mesmo da dragão começar o processo, Milla se levantou e, sem que ninguém esperasse por sua ação, ela abraçou Noah com muito afeto e carinho.

    Isso pegou a todos, inclusive o albino, de surpresa.

    — Quero você no time! — ela adiantou seu voto, feliz pelo que fez. — Tenho certeza que vai conseguir cumprir sua promessa!

    Isso trouxe risadas por parte de Viktor e Lilac, mas não de Carol.

    — Ah, qual foi, Milla? Tá spoilando a eleição agora, é? — esbravejou a felina, já de pé.

    — Carol, vá devagar! — a dragão se posicionou, dizendo em seguida. — Qual seu voto, Viktor?

    Com Milla recuando e se sentando ao lado de Noah, acompanhou o processo.

    Viktor, com confiança estampado no rosto, estendeu sua mão à de Noah, dizendo:

    — Sou totalmente a favor. Tem meu voto, Noah!

    Já eram 2 votos a favor.

    — E você, Carol? Qual seu voto?

    Lilac perguntou, de forma simples e sem rodeios.

    Todavia, e que cabe relatar isso como uma exceção, a felina ficou quieta e mantendo seus olhos fechados.

    Sim, Carol estava séria, mesmo que não mostrasse o verde de seus olhos.

    Ela, colocando uma das mãos sobre a do Noah, falou, com formalidade:

    — Quero ver até onde isso vai… — sua serenidade se manteve, abrindo os olhos aos do Noah logo após. — Voto sim.

    Tão direta quanto Lilac, Carol soma 3 votos a favor.

    Enfim, foi unânime.

    — Muito bem… — a dragão púrpura, sorridente, proclamou. — Bem-vindo ao time, Noah! É um imenso prazer sua parceria.

    — Agradeço pela confiança… — ele a referenciou, com classe. — Farei de tudo para honrar seus votos.

    Com isso, o time estava formado.

    O grupo, já mais aliviado, continuou a conversa, à base de mais chá e biscoitos.

    Noah era um ótimo anfitrião, mesmo em sua humilde casa.

    Aquele movimento de confraternização lhe trouxe boas lembranças, de como surgiu a primeira sensação de irmandade, desde Big Sea Island.

    Entretanto, um lampejo negativo, de segundos de duração, surgiu em sua mente, como um lapso maldito:

    — “Ou te ave lou agaga mama, le tama valea…

    Noah sentiu uma pontada em seu coração logo após, mas se controlou e manteve a mesma serenidade que esboçava ao conversar com seu time.

    Mas, diferente do que foi na noite soturna na Praia Melanmarii, ele sabia o que aquela frase queria dizer:

    “Eu vou levar sua alma inocente, seu garoto tolo…”

    Um prelúdio misterioso…?

    O que esse pensamento ruim representava?

    Dentro deste escopo, os vieses eram muitos.

    O torneio estava por vir.

    E, junto a ele, vários desafios estavam esperando pelo time de Lilac.

    O torneio Tormenta era a missão.

    Uma nova saga estava prestes a começar.

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