Capítulo 50 - De volta ao Palácio de Shang tu
A missão em Shuigang trouxe mudanças drásticas ao desenrolar da história.
A preocupação de descobrir ao certo o que o clã ninja Red Scarves estavam de fato planejando era motivo de urgência, dado o levantamento feito pelo setor de inteligência do Reino dos Pandas: estaria mesmo Spade pensando em sintetizar uma Jóia do Reino? E porque?
Mesmo com muitas dúvidas, foi uma viagem proveitosa.
Novas amizades foram feitas, fortalecendo ainda mais a irmandade de Lilac e seus amigos no mundo de Avalice.
Ying, o guardião de Shuigang, foi uma figura dualística. O panda carismático incumbiu Lilac à missão de proteger o humano Viktor.
Sabendo de que Avalice é um lugar perigoso para o jovem, Ying, após medir as consequências de ter alguém como Viktor no planeta, chegou a conclusão que seria um erro mantê-lo junto ao time de Lilac por muito tempo e que deveria voltar para seu mundo o quanto antes.
Alguma coisa será feita para resolver a situação do rapaz? Como voltará pra casa?
Sendo assim, daremos agora continuidade a história.
Uma nova saga está prestes a começar.
Floresta do Dragão
Casa da árvore de Lilac | Manhã
— Ah, muleque! Que saudade desse café da manhã! Valeu, Viktor! — disse Carol, encantada.
A volta para Shang Tu foi comemorada da melhor forma possível pelo time.
Já em sua casa, o grupo aproveitava mais um café da manhã patrocinado por Viktor.

O tempo fresco do início da manhã, junto com o aroma adocicado do recinto, proveniente das iguarias preparadas, só deixava o ambiente ainda mais confortável e convidativo.
Os suspiros das garotas continuou, sem dúvidas.
— Ah, Viktor… Você não perde mesmo a mão. Estão deliciosos! — Lilac compartilhava a mesma opinião de Carol.
— Viktorius, você não é desse planeta! Esse cheiro está muito gostoso! – Milla já salivava de tão faminta que estava.
— Viktor, o que é isso que você fez? É um aroma muito delicioso, como a Milla disse… — a dragão estava curiosa.
O jovem, se sentando à mesa, logo tratou de dizer:
— Ora, é algo muito comum no Japão, um país de onde eu vim. Essa magnificência de prato se chama Torta de Maçã de Aomori1. Eu adorei comer essa torta quando visitei o Japão. Como as maçãs daqui de Avalice são parecidas no sabor, decidi fazer essa homenagem.
— Nossa, está muito bom. É uma delícia! — falou Lilac, comendo mais um pedaço em seguida. — Esse reino do seu mundo deve ser
— Cara, vou te contar… Que coisa boa é essa!? Piá, tu precisa começar a ganhar money com isso. Tu tem talento! — disse Carol, devorando quatro pedaços.
— São muito saborosas! Estou até sentindo o sabor das maçãs na minha boca! — Milla estava muito satisfeita. Sua felicidade estava estampada em seu rosto.
O café da manhã correu tranquilamente.
Para acompanhar, Viktor também serviu chá verde2uma iguaria tipicamente japonesa, que servia como acompanhamento ã refeição servida.
O casamento de aromas foi perfeito, com um banho de sabor que voltou a encantar as garotas.
Logo após o café da manhã, era hora de seriedade:
— Ótimo, time. Vamos nos preparar — disse Lilac, se levantando da mesa. — Vamos lavar a louça e nos prepararmos. Temos que nos reunirmos com Royal Magister!
Dito e feito.
Horas depois…
O trajeto da Floresta do Dragão era longo. Por isso, o grupo tomou um ônibus até o Palácio.
Durante o caminho, Lilac, que estava sentada ao lado de Carol, estava muito pensativa.
— “Aquilo que Ying me pediu não para de passar na minha cabeça. Por ele ser um guardião, eu não poderia me negar, mas… — a dragão pensava ainda mais. — Ying estava certo em perceber que o Viktor gosta de tomar partido de tudo, mas não posso simplesmente ignorar o fato que isso pode fazer com que se envolva demais em nossos problemas… e isso pode ser mesmo perigoso!”
Ela olhou para trás, onde estavam Viktor e Milla, que conversavam. O jovem percebeu que a dragão o observou e disse:
— O que houve, Lilac? Quer alguma coisa?
— Ah, nada… — disse, voltando a olhar para frente. — Só queria saber se vocês dois estavam bem.
— Estamos sim. Pode ficar tranquila.
Era esperado que Carol falasse algo.
— Que foi? Porque tu se virou pra olhar pro piá?
— Era para saber se estavam bem, só isso — desconversou Lilac.
— Tá, sei… — Carol falou, cruzando os braços e fechando seus olhos. — “A diva linda tá um pouco estranha essa manhã. Ficou um tempo pensando na vida lá em casa e agora aqui no busão. Tem coisa aí, só pode… e eu vou descobrir!”
Enfim, a viagem não se estendeu muito mais, até que chegaram ao:
Palácio de Shang Tu | Início da tarde

Lilac e seus amigos foram prontamente recebidos pela guarda do reino.
O General Gong tratou então de levá-los até o salão imperial, onde lá estava Royal Magister.
Ao fundo, como esperado, estava também Neera Li que, como de praxe, olhava para Carol com um pouco de desprezo, com a felina desviando o olhar.
Milla logo tratou de abraçar sua mestra, mesmo que a retribuição não fosse imediata.
— Oi, mestra! Estava com saudades! — disse, sorrindo.
— Hm… — Neera foi mais racional, não expressando emoções. — Seja bem-vinda outra vez, Milla.
A tenente foi muito comedida ao receber sua pupila.
Mas não se enganem: a panda tinha um grande carinho por Milla, mesmo que não expressasse isso abertamente.
Após a recepção inicial, o monarca de Shang Tu convidou a todos para que fossem até o salão de planejamento, o mesmo de antes.
Chegando lá, com todos já sentados, o monarca se mobilizou:
— Muito bem, Sash Lilac… — ele caminhou até sua poltrona real no meio da tabula. — Fico feliz que tenha regressado em segurança de Shuigang. E vejo que todos vocês estão bem satisfeitos.
Antes que qualquer pessoa dissesse algo, a tagarela era ligeira e:
— Ah car… Digo, Vossa Excelência — Carol falou.— O piá deu um café da manhã pra gente digno de deusas!
Incrivelmente, Royal Magister se impressionou com isso.
— Então o jovem estrangeiro sabe cozinhar? Eu não sabia deste detalhe pitoresco — disse o monarca, voltando suas atenções para o jovem. — Devo parabenizá-lo, jovem Viktorius Ashem. É um dom magnífico que poucos sabem dominar.
— Mu-muito obrigado, vossa majestade! — o rapaz ficou um pouco acuado, mostrando estar envergonhado. — Nossa, o senhor lembrou do meu nome todo!
— Como manda os bons costumes. Eu gosto de receber todos os nossos visitantes de forma que os representem. Sua linhagem deve ser respeitada. Você tem cuidado muito bem de nossas benfeitoras.
Royal Magister era muito respeitoso. Tinha controle sobre o que falava e fazia isso com classe. Seu polimento era exemplar.
Entretanto, Neera estava afiada para dizer sua opinião. Ou provocar.
— Embora algumas delas não mereçam… — disse a panda, que estava de braços cruzados e de olhos fechados.
A indireta foi direta. Literalmente.
— Eu ouvi isso, duas cores. Tu tá só no cutuco, né? — respondeu Carol, sem filtros. — Diz pra mim: tu me ama, né?
— Já começou a ficar ouriçada, gatinha? Eu nem comecei — Neera abriu os olhos, a encarando.
— Já é, então! Parte pra dentro, pelúcia da ombreira de metal! — a felina trocou a “gentileza”, também a fitando.
— Do que é que você me chamou? – a tenente já estava de pé, cerrando o punho.
— Tá vendo? Eu também sei provocar. E aí, como fica? Vem tranquilo! — Carol fez o mesmo, já em base de luta.
A troca de farpas estava prestes a culminar em um duelo.
Carol e Neera nutriam nuances de rivalidade e antipatia, mas não a um grau de serem inimigas.
Por causa disso, Lilac precisou intervir.
— Ei, vocês duas. Carol, pare de ser infantil. E Neera, pare de querer encrenca. A “gatinha” aqui está do seu lado, tudo bem? – a dragão logo tratou de encerrar a disputa.
— Oh, sim, eu quase havia esquecido… — Neera logo voltou à posição inicial que estava antes, mas não sem antes ser ácida. — A dragão é a diplomata da gangue. Ao menos você tem cérebro, ao contrário de uma aí, que não aguentou uma única ressalva.
A alfinetada teria novamente reações.
— Essa bunita aí tá de saca comigo, Lilac! Tu tá vendo, né? – disse Carol, tentando se controlar.
— Estou sim, mas não vai adiantar nada vocês ficarem com essa briga de egos — apaziguou Lilac.
— Melhor ouví-la, “gatinha” – cutucou novamente Neera.
Elas estavam fugindo muito do assunto.
Claro, Royal Magister precisou tomar a palavra e injetar um pouco mais de seriedade ao assunto.
— Senhoritas, creio que inimizades precisam ficar fora desta conversa tão importante. Exijo total atenção neste exato momento.
Simples, direto e efetivo, o monarca deu fim à discussão.
Neera não tinha paciência com Carol, e a felina tinha rixas antigas com a panda. Mas, mesmo assim, ambas se toleravam na medida do possível.
Passada a conversa nada produtiva, Lilac ficou incubida para trazer de volta o assunto.
— Vossa Majestade, nós conseguimos cumprir com a missão… — falou a dragão púrpura, pegando a Bededst e a colocando sobre a mesa.
A resposta foi imediata.
— Estou muito satisfeito com o sucesso de vocês — disse Magister, observando a espada. Em seguida olhou para Lilac, curioso. — Diga-me: como encontrou o guardião? Acredito que obstáculos foram postos no caminho de seu time.
Lilac mudou rapidamente de semblante, ficando um pouco mais séria. Claro, não perdeu mais tempo e foi logo ao assunto.
Ela, olhando para Neera Li, disse:
— Neera, suas forças de inteligência estavam certas. Os Red Scarves estão mesmo por trás de tudo isso.
— Eu sabia! — disse a panda, olhando para a dragão. — E o que descobriram?
— Eles nos atacaram bem no centro da cidade de Shuigang para criar baderna. Mas, na verdade, tudo só foi uma forma de tirar nossa atenção para o verdadeiro objetivo.
Essa notícia trouxe preocupações ao monarca de Shang Tu.
— O que? — Royal Magister falou, surpreendido com o relato. — Mas qual foi o motivo de tamanha audácia?
— Tentaram invadir o Palácio de Shuigang.
Royal Magister e Neera Li trocaram olhares imediatamente após ouvirem a notícia.
O tom havia mesmo mudado.
Tomando a palavra, o monarca manteve a compostura, ao mesmo tempo que a panda começou a manusear um dos tablets da mesa.
— E o guardião? O encontraram? — disse Royal Magister.
— Ele que nos encontrou, vossa majestade! — Milla falou, com um pequeno sorriso em seu rosto. — O tempo todo a gente foi testado por ele.
— Isso é verdade? — perguntou o monarca.
Lilac respondeu, logo após.
— Sim, vossa majestade — a jovem não titubeou em lhe informar em seguida. — Sem maiores detalhes, porque prometemos a Dail sobre isso antes de voltarmos.
Observando bem nos olhos da dragão, Magister entendeu que havia pontos pessoais, mesmo que ninguém mais tivesse entendido assim.
O monarca não citou mais o assunto, porém tinha curiosidade para saber dos detalhes que não tocassem neste ponto.
— Me diga: o que aconteceu com o Palácio de Shuigang?
— Quando conseguimos entrar, nós… – tentou dizer Lilac, sendo interrompida por Milla.
— Eu e o Viktorius entramos num caminhão para seguir o rastro dos ninjas. As garotas até lutaram contra um robô libélula. Aí nós entramos no castelo e ficamos escondidos até que… – disse a canina, sendo observada por Neera Li
A panda, ao ouvir isso, se levantou e começou a caminhar lentamente.
O ruído de seus passos parecia uma marcha, pesada o bastante para causar intimidação.
Neera não estava de bom humor.
- Nota: A torta de maçã pode não ser uma receita de origem japonesa, mas Aomori, cidade mundialmente famosa por cultivar as mais deliciosas maçãs, é o lugar certo para apreciar do prato. Seu recheio consiste em creme de leite cremoso, com maçã e canela fresca.[↩]
- Nota: o chá verde japonês é uma bebida estimulante e calmante, que pode ser consumido em cerimônias e na culinária japonesa; é produzido a partir das folhas da Camellia sinensis, e existem vários tipos, como o Sencha, Bancha, Gyokuro e Matcha. O chá verde japonês pode ter vários benefícios, como: acelerar o metabolismo, controlar o colesterol e a pressão arterial, combater a osteoporose, manter o estado de alerta e atenção, evitar o surgimento do câncer no estômago, intestino e pulmão etc.[↩]
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