Índice de Capítulo

    Há muito tempo atrás, em uma galáxia desconhecida, existiu um planeta azul reluzente cuja fauna rica e mares revoltos em um extremo e calmos no outro causavam admiração.

    Seus terrenos altos, com montanhas e picos abundantes, eram fascinantes, assim como seu solo fértil, próprio e ideal para o cultivo.

    Também se destacavam dois satélites naturais: luas que tomavam o céu à noite e causavam vislumbre. Eras a frente, receberam nomes de Dezoris, a menor, e Motavia, a maior.

    De dia, o sol proporcionava calor moderado, deixando claro que o lugar tinha condições ideais de vida.

    Eras depois, o planeta recebeu alguns poucos viajantes dos confins do universo. Embarcados em uma espaçonave, seres bípedes com escamas da cor bege e chifres sobre o alto de suas cabeças entraram na atmosfera do planeta a toda velocidade e, como consequência, uma aterrissagem forçada ocorreu.

    Por sorte, os integrantes se salvaram, embora estivessem preocupados com seu destino.

    Os Dragões Terrenos, raça com características humanóides, buscavam alento para que conseguissem voltar para sua terra natal, dadas as dificuldades que tiveram ao tentar explorar o cosmo.

    Porém, os recursos eram escassos e a desolação da região onde estavam não trouxe bons horizontes.

    Entretanto, como um fator determinante para a sobrevivência do clã, descobriram que o planeta era habitado por seres antropomórficos inteligentes, singulares como sua raça.

    O encontro foi amistoso e os naturais do planeta os convidaram até sua vila.

    Com isso, se uniram aos nativos para sobreviver e prosperar, empregando sua tecnologia para nutrir uma fonte de energia poderosíssima chamada Joia do Reino.

    A pedra, com potencial quase infinito, proporcionou mudanças bruscas ao planeta por completo.

    Vários povos cresceram, pólos se desenvolveram, cidades foram levantadas e conquistas foram obtidas em todos os sentidos.

    Uma vindoura era de transformações havia se estabelecido. O futuro do planeta era promissor.

    O seu crescimento foi tanto que, após estabelecerem uma base de cientistas por toda área habitada, descobertas e realizações revolucionárias vieram, trazendo crescimento de vários pólos, com povos unidos e diversos.

    O galgar de degraus foram muitos. Isso trouxe maior êxodo para outras partes do planeta, onde surgiram três polos: Shang Tu, Shang Mu e Shuigang.

    Conforme o tempo passava, elas cresceram exponencialmente, tornando-se cidades, grandes metrópoles com suas características únicas.

    A prosperidade foi tanta que os habitantes escolheram um nome para seu lar. E então deram o nome de Planeta Avalice.

    Anos de paz e união na Era Moderna.

    A Jóia do Reino, a relíquia poderosa que forneceu energia aos três grandes reinos de Avalice, alimentava a esperança do povo Avaliceano (gentílico de quem nascia no planeta) e manteve a paz entre eles por terem algo em comum: sua dependência pelo poder da pedra.

    Por isso, e como consequência desta condição, os reinos se respeitavam com relação a suas fronteiras e leis, trazendo com isso a ordem tão desejada e o progresso que todos esperavam.

    Mas isso foi no passado.

    Os anos seguintes trouxeram mudanças, tanto políticas quanto ideológicas.

    Conforme os tempos passaram, os três reinos reivindicavam uma maior parte do poder da Joia, dado o crescimento de cada nação, principalmente Shang Mu.

    Durante anos, as inimizades entre dois reinos, Shang Mu e Shuigang cresceu, trazendo a região discussões politicas onde nenhum dos lados aceitou do outro.

    A instabilidade só aumentava.

    No meio do atrito, Shang Tu se manteve uma nação neutra, escolhendo, a todo custo, ouvir as duas partes e sempre buscar a diplomacia.

    “Todos perderíamos se uma guerra ocorresse. Mas temo que isso será inevitável algum dia. A Jóia do Reino é realmente uma fonte de energia infinita, como estava escrito no livro Os Antigos?”

    E, por um breve momento, uma guerra quase surgiu.

    Um senhor da guerra apareceu em Avalice, trazendo consigo o pior dos mundos.

    Ele foi derrotado, mas o custo poderia ter sido alto demais.


    Cidade de Shang Tu – Atualmente
    Palácio Real
    Salão do monarca | Manhã

    Um reluzente palácio no meio de uma grande cidade, cuja arquitetura oriental era a maior vertente, abrigava em seu interior um exército das mais variadas espécies do planeta sortido.

    Entretanto, o cenário mostrado era um imenso salão com paredes azuis e estandartes prateados, que adornavam o espaço.

    Logo ao centro podíamos ver um grande trono, combinando com as cores harmônicas citadas, onde a parte de trás levava até uma vista privilegiada de toda a cidade.

    Próximo ao balaústre, lá estava o monarca.

    Ele vestia uma roupa característica de sua posição hierárquica, com um manto sobre seu dorso, também utilizando das mesmas cores azuis e douradas, com um elmo sobre sua cabeça, que escondia totalmente sua face.

    Seus olhos roxos eram a única parte visível a todos.

    Observando a cidade, ele ganhou a companhia de um panda que usava uma armadura. Era um dos seus generais.

    Se aproximando do monarca, o panda tinha a armadura de cor púrpura em seu peitoral e ombros, com a cor preta completando as demais partes. Nas costas possuía um grande escudo.

    Além disso, ele tinha um corpo forte, deixando claro seu bom preparo físico. Seus olhos cor de jade quase combinavam com sua vestimenta, mas em um tom mais escuro.

    Assim que percebeu sua presença, o monarca disse:

    — General Gong, pode se aproximar.

    — Afirmativo, Royal Magister.

    Ele ficou a seu lado, deixando claro o grau de confiança. Uma conversa se iniciou.

    — Gosto de vê-la assim — disse Magister, olhando para a cidade. — Shang Tu nunca esteve tão em paz como hoje em dia.

    — Iria falar sobre isso mesmo, Majestade. Recebemos informes dos nossos agentes em Shuigang que as últimas forças de Brevon foram derrotadas. Torque nos ajudou muito com isso. Os Cruzadores Espectrais são uma força incrível.

    — Uma ótima notícia para todos os reinos. Mesmo um ano depois daquele evento nefasto, ainda tínhamos um pouco de seus rastros de destruição.

    — Sim, de fato. Acho também que a ajuda daquela dragão foi de extrema importância, não acha?

    — Todo o Reino de Shang Tu deve muito a ela e a seus aliados.

    Entretanto, ninguém de nosso querido reino tem ciência de suas ações.

    — Deveríamos dar a elas homenagens, não?

    — Bem, creio que isso não seja necessário — ele disse, voltando para o salão.

    — Hã? Como assim, Majestade? — Gong falou, o olhando caminhar.

    — Sash Lilac, a dragão que mudou o panorama da situação, escolheu o anonimato.

    — Sim, ela disse. Mas eu não concordo com essa opção. Os heróis devem ser festejados.

    — Eu concordo com você, General Gong. Porém devemos respeitar a sua decisão. Mas não deixarei de lhe presentear de alguma forma. Pelo menos isso ela aceitou de bom agrado.

    — Entendo, Majestade.

    Magister então se sentou ao trono, com Gong lhe oferecendo reverência, como seguia a etiqueta do reino. A conversa continuou.

    — Gong, como está Shuigang? Nosso agente deve ter mostrado mais em seu relatório.

    — Afirmativo. Dail se recuperou, o livraram da terrível lobotomização feita pela Syntax, a inteligência artificial do desgraçado do Brevon.

    — Estupendo saber disso.

    — A cidade de Shuigang voltou a sorrir. Todos os habitantes do reino vizinho estão felizes com os novos ares. Se tornaram fortes em hortifrutigranjeiros também. Isso foi bem rápido.

    — Ótimo. Gostaria de fazê-los nossos novos parceiros de importação de seus produtos. Ambos sairemos fortes com essa união.

    — Sim, Majestade. Entretanto, nosso agente falou de Spade também. O ladino da The Red Scarves, esse clã de ninjas maldito, sumiu.

    — Estou sabendo dos detalhes. Ele retornou ao seu grupo, tenho certeza. Ao menos ajudou a reger Shuigang, como segundo herdeiro direto do trono. Seu pai, o Rei de Shuigang, deve estar orgulhoso.

    — Mesmo após sua morte, eu também acredito nisso. Mas Spade me surpreendeu em ter comandado o reino por um breve período. Foi fácil para nosso agente obter informações.

    — Mas está ótimo como deixou o trono. Dail precisava de toda ajuda possível, e seu meio irmão honrou o nome de sua família. Fico satisfeito com isso. A monarquia de pandas viveu por várias eras.

    Após um breve intervalo, o relatório citado prosseguiu por Gong.

    — Reino de Shang Mu. Hehe, do meu mais novo amigo, o monarca Mayor Zao.

    — Você adquiriu muita estima pelo pequeno monarca, não? Aquele panda vermelho é bem carismático, devo reconhecer.

    — Sim. Fui convidado diversas vezes por ele para compartilhar informações entre os reinos. Bem, como eles são da nação com maiores riquezas e tamanho territorial, era necessário essa interação, Majestade.

    — Deveras. Que seu crescimento se mantenha.

    Todavia, logo depois do diálogo, Magister se levantou, tomando uma abordagem mais introvertida.

    Ele se guardou em silêncio, o que chamou atenção de seu general.

    — Majestade, o que houve?

    — Essa união dos reinos. É até irônico que uma adversidade compactuou na nossa aliança abençoada. Tivemos perdas pelo caminho, mas obtivemos avanços, maiores que o esperado.

    — Eu entendo, Majestade — disse Gong, animado. — E fico muito feliz por compartilharmos nossas competências com ambos os reinos.

    Mais uma vez, como sempre gostava de fazer, Royal Magister seguiu para o balaústre da sacada do palácio.

    Observando a cidade, suas palavras cheias de sabedoria — sua principal característica — , foram ouvidas.

    — Todos sobre essa terra têm seu próprio tempo, seu rito, sua vida. Passamos o tempo todo evoluindo, adquirindo mais e mais conhecimento.

    — Majestade… — Gong foi mais polido no que disse dessa vez. — Avalice recebeu uma fonte inesgotável de energia após a Jóia do Reino ser desintegrada na atmosfera pela explosão do bombardeiro de Brevon. É disso a que se refere?

    — Precisamente, caro general. A Espiral do Reino é uma conquista gigantesca. Praticamente um presente dos deuses deste mundo.

    — Aquilo que vimos nos céu foi algo inesperado. Mas toda essa energia que temos agora talvez tenha nos presenteado com novos horizontes.

    — Dessa vez demos um pulo muito maior nesse desenvolvimento. Nossa tecnologia seria utilizada pensando em novos tempos, mas justamente esse novo tempo é o nosso atual.

    — Não sabemos o que virá pela frente. Então devemos mesmo expandir as nossas pesquisas? Novos ventos virão, mas não creio que só de benevolências teremos.

    — Coerência, Gong. Coerência — Magister falou, se virando para Gong. — Ninguém deve ser privado de sua própria existência. Temos tecnologia para isso e todos devem usá-la.

    — Certamente, Majestade — ele o reverenciou, tomando a palavra em seguida. — Devo fazer os preparativos para a próxima missão, Royal Magister?

    — Sim, deveras. Temos agora que limpar nosso planeta dos últimos resquícios da Jóia do Reino. Já acionaram a tenente Neera?

    — Sim, Majestade. E era isso que iria avisá-lo.

    — O que seria?

    — A dragão púrpura Lilac, sua amiga gata selvagem Carol e a canina alquimista Milla foram convocadas pela tenente.

    — Excelente — Magister respirou fundo, mostrando satisfação em seu olhar. — Então aquela dragão quer mais aventuras? Isso será interessante.

    Depois da conversa lotada de bons planos, Gong deixou o salão do trono.

    Magister se manteve no mesmo lugar, observando a cidade.

    O monarca de Shang Tu gostava de monólogos. Ele falava consigo mesmo, um hábito que preservava a mais de cem anos.

    — Evitamos uma grande guerra, que envolveria todos os reinos, e derrotamos um senhor da guerra. Brevon teria conseguido concretizar seus planos nefastos se não fosse pela dragão púrpura e seus aliados. Os eventos que todos nós passamos foram terríveis, mas tudo isso nos tornou mais fortes.

    Contudo, seus pensamentos o levaram para longe.

    — “Sash Lilac, Carol Tea e Milla Basset. Essas três jovens salvaram Avalice. Seus corações humildes me fascinam. A força e o brilho de suas almas são tão poderosas que iluminam os corações dos justos. Mas desta vez os desafios serão maiores e…” — ele interrompeu seus pensamentos, suspirando em seguida.

    Logo um sentimento de mal agouro foi pressentido pelo sábio monarca, o que lhe causou incômodo.
    Não se absteve, em seguida, de falar consigo mesmo.

    — Temo que essa paz que conseguimos a tanto custo não dure muito tempo. E até que os contratempos apareçam, precisaremos ter fé e determinação. Estamos mais fortes, mas nunca saberemos o que virá no futuro. Desejo que estejamos prontos.

    O planeta Avalice recentemente passou por uma crise, mas saíram vitoriosos.

    Os três reinos de Avalice, Shuigang, Shang Tu e Shang Mu, agora eram as nações mais unidas de toda Avalice.

    Heróis surgiram, alianças se fortificaram.

    E ameaças estavam por vir.

    Uma nova missão se iniciava.

    E mais aventuras viriam.

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