Índice de Capítulo

    Carol estava em um dilema, a exemplo de Lilac mais cedo.

    De fato, as explosões ocorreram e trouxeram apreensão aos moradores da área oeste de Shuigang.

    A região litorânea, com seus barcos ancorados ao cais, estava polvorosa, com várias pessoas nas ruas, buscando alguma resposta do que estava acontecendo.

    Houveram feridos, mas poucos e sem gravidade.

    Inclusive Ying, o panda vendedor de doces, foi uma das vítimas.

    Neste cenário com muitas incógnitas e poucas respostas, a história continua, com Carol seguindo para o centro da região.

    Ela desceu de sua moto, a deixando estacionada à margem da rua.

    Andando por entre as pessoas da região, a felina falou em direção que estava com vários guardas do reino de Shuigang ajudando aos feridos, Carol chegou até o lugar.

    Logo foi até um dos guardas, perguntando:

    — Aí tiozin… — ela disse, mostrando preocupação em seu rosto. — Que tá pegando?

    — Como é? Eu sou um dos guardas do reino — o guarda não gostou de como ela o tratou. — E eu não sou seu tio, garota!

    — Ih, ah… Foi mal aí, moço! — ela se desculpou, sorrindo sem graça. — Mas, sério… Tipo, que aconteceu?

    — Não tem nada pra você ver aqui. Quando chegamos, esses ninjas já estavam abatidos e as pessoas salvas.

    — Como é? Já tava tudo tranquilo?

    — Exatamente. Quero dizer, tranquilo totalmente não. A explosão danificou o sistema de energia da Costa Oeste de Shuigang.

    — Pelo menos os ninjita foi tudo preso, né?

    — Hunf… — o guarda lhe deu as costas, voltando ao que estava fazendo. — Saia daqui, garota. Estamos trabalhando.

    — Tá. Firmou!

    Carol estava ainda desconfiada daquilo tudo.

    Ela sabia, assim como Lilac, que tudo ocorreu rápido demais, porém não seriam eventos aleatórios ou sem motivação.

    — “Pô, a Ruby Scarlett é mó mina sem noção e sem talento pra ser líder, mas a papagaiada que a chiclete peluda fez causou frisson na frente boa de Shuigang. Tá mei cabuloso isso tudo, não foi feito do nada.”

    E, surpreendendo Carol, eis que uma pessoa bem conhecida se aproximou: era Ying, que parecia assustado.

    Sua mala de doces estava toda quebrada.

    — Carol! Carol! — o panda andrógino gritava, com seu rosto sujo de poeira, assim como sua roupa.

    — Ying?! Cara, tu tá bem? — a gata chegou o abraçar, enquanto falava.

    — Mais ou menos. Eu estava aqui quando teve a explosão e… — Ying buscou ar, pois estava ofegante. — Tudo aquilo aconteceu muito rápido!

    — Cara, calma! Tu precisa voltar pra casa. A cidade tá sob ataque. Os Red Scarves tão criando maior quizumba aqui, kawaiizinho. As ruas não tão tão seguras.

    — Mas, Carol, e os outros? Onde estão? E como estão?

    — Ih, é mesmo!

    Carol, então, apertou o ponto eletrônico em sua orelha, visando entrar em contato com:

    — Lilac, cadê tu?

    — Carol?! Eu estou um pouco ocupada… — disse ao comunicador, com ruídos ao redor.

    — Lilac, você tá bem? Que barulheira é essa aí?

    — Estou, Carol! E por aí?

    — Aqui tá suave, mas não suave na nave.

    Carol continuou com a conversa, mas não pôde evitar de visualizar a movimentação das forças de Shuigang, que rumavam para a estrada em direção ao centro da cidade.

    Entretanto, Lilac não tinha noção desse detalhe e manteve o diálogo.

    — E como estão as coisas aí?

    — Ah, saí na porrada contra uns dez Red Scarves da forma mais clichê porque o escritor deveria estar sem criatividade e blá blá blá… Cê sabe, né? Passou na triagem da Vulcan, agora é só molezin pra ganhar views.

    — Carol, mantenha o foco! Para com essas suas maluquices!

    — Tá… tá… — ela (a tagarela) havia confirmado sua atenção, começando outro assunto em seguida. — Escuta, o Ying tá aqui.

    — Ele está bem?

    — Está sim, mas tem algo estranho nessa parada.

    Durante o diálogo, Carol ouviu ruídos de socos e chutes, algo bem conhecido por ela.

    — Caraca, tu tá lutando aí? Deixa eu adivinhar: ninjitas Red Scarves, né?

    — Estava. Já acabei. Porque as coisas estão estranhas? — disse Lilac, derrotando o último ninja e o colocando fora do prédio.

    — Pô, cheguei aqui e já tinham passado o cerol em geral.

    — Carol, você está falando sério?

    — Serião! Tipo, tá maior zorra aqui mas tá tudo sob controle, na maciota.

    — Eu já terminei aqui. Volte para onde Viktor e Milla estão. Eu estou indo pra lá agora.

    — Tá, show! Vamo nessa!

    Carol ficou um pouco mais no local, ajudando Ying. E Lilac se preparou para voltar a praça.

    Mas as coisas não seriam tão fáceis assim.

    Enquanto isso…
    Praça Rubrantina | Final da manhã

    Tudo estava acontecendo muito rápido e ao mesmo tempo.

    Milla ainda se destacava ao lutar contra os Red Scarves, enquanto Viktor só observava suas ações.

    Dadas as habilidades especiais da pequena, os ninjas passaram a atacar a distância, com suas kunais sendo arremessadas. Obviamente, Milla voltou a se utilizar do:

    — Barreira Protetora! — gritou a canina, concentrando seus poderes nas mãos e formando um escudo com seus feixes.

    Ela foi efetiva em seu movimento, mas se deixou levar pelo momento: os Red Scarves, oito deles, flanquearam pela esquerda, seguindo até Viktor.

    — Hã?! Viktorius, cuidado!

    Seu grito veio justamente no momento que percebeu os planos do grupo ladino. As ordens de Ruby Scarlett estavam sendo obedecidas à risca pelo visto.

    Contudo, diante a situação criada, Viktor sabia que teria de lutar.

    E, por causa disso, estava um pouco diferente: sua base de luta havia mudado, com seus dois punhos à frente enquanto ficava se movimentando para frente e para trás, o que causou estranheza a Milla.

    — “Viktorius, o que você está pensando em fazer? Eu nunca vi essa base antes. É uma forma de lutar bastante ofensiva, como se estivesse chamando os ninjas para lutarem… Espere! Viktorius?!”

    Era o que Viktor queria fazer de fato: sua mudança de postura era para chamar a atenção dos ninjas restantes.

    Os oito, então, foram ao encontro do jovem carateca de uma só vez. Viktor também fez o mesmo, indo ao encontro deles com bastante ímpeto em seu olhar.

    Milla havia entendido, os dois lados da estratégia.

    — Não, Viktorius! É isso que eles querem! — bradou a canina, pensando em seguida. — “Eu não vou poder usar meus poderes porque eu posso machucar o Viktorius! Está muito longe e ele pode ser acertado também!”

    Mas talvez não fosse necessário.

    Viktor parecia saber o que estava fazendo dessa vez, como sei permanente deixou claro:

    — “Eu também sei lutar. Estava me segurando para não machucar ninguém, mas estamos correndo riscos dessa vez. Não há mais o que fazer: eu vou com tudo!”

    Já com um dos ninjas a sua frente, prestes a lhe golpear com uma kunai, Viktor se esquivou no último momento, desferindo um contra ataque devastador: acertou um forte soco no rosto do ninja, que foi ao chão em seguida.

    — Chega de pegar leve. Mudança de estilo: karatê de contato total Kyokushin1! — disse o humano, com confiança em sua voz e postura.

    Viktor continuou progredindo, indo para o próximo, que tentou o atingir tem sua cabeça com uma espada ninja.

    Ele, mais uma vez, se esquivou, ainda que com dificuldades, e desferiu um poderoso chute no dorso de um dos ninjas, fazendo-o cair desacordado. O golpe foi mesmo violento, com um som seco sendo ouvido.

    Logo vieram dois de uma vez, com bastões.

    Mas Viktor era um carateca e era natural o que fosse fazer em seguida: com um soco, quebrou a defesa de um deles, usando o bastão para atingir ao outro.

    Com a guarda aberta, o caminho estava feito: Viktor atingiu cada um em seguida, executando dois chutes precisos e poderosos para completar a sua sequência de golpes potentes.

    Era fato que o karateca era lento comparado as habilidades dos ninjas Red Scarves. Como eram avaliceanos, tinham como vantagem essa natureza, já que Viktor era um humano de um outro mundo.

    Mesmo com suas limitações, o humano havia derrotado quatro ninjas só usando de sua força de vontade.

    Seu preparo físico era um diferencial, ademais, mas sua mente, focada e preparada, soube se adaptar ao momento, sendo um fator determinante para seu sucesso.

    — “Meu mestre me disse que só deveria usar esse estilo em momentos de crise. Eu não gosto, mas é a única arma que tenho. O estilo Kyokushin é realmente uma doutrina de guerra moderna e esses ninjas estão mesmo dispostos a nos machucar!”

    O progresso de Viktor preocupou os outros quatro ninjas restantes e, para surpresa do jovem, um deles recebeu um tipo de chamada.

    — Uh?! — os olhos do ninja mudaram de foco, falando em seguida. — Grupo zeta, retirada estratégica!

    Uma cortina de fumaça surgiu, deixando todos os Red Scarves anônimos. Enquanto Milla e Viktor tossiam, o grupo de ninjas sumiu junto com os resíduos esfumaçantes no ar.

    — Droga… Porque eles fizeram isso? — Perguntou Viktor.

    Entretanto, Milla tinha um faro muito aguçado e pôde rastrear rapidamente o paradeiro dos ninjas: estavam no alto de um dos prédios.

    Eles estavam em fuga, o que chamou a atenção de Milla, que disse:

    — Viktorius, eles estão fugindo!

    — Rápido, Milla… — o jovem falou, olhando a direção para onde os ninjas estavam indo. — Vamos atrás deles!

    Os dois, logo após a constatação de que os Red Scarves estavam se movendo, correram pela praça em direção aos membros do clã ladino, que não paravam de saltar sobre os prédios.

    Todavia, Milla, ainda no rastreio dos fugitivos, recebeu um chamado de Lilac. A dragão parecia preocupada.

    — Milla, está me ouvindo? Está tudo bem?

    — Sim, Lilac. Estamos bem.

    — Aguardem nosso retorno. Carol e eu já estamos voltando.

    — Lilac ,nós estamos indo atrás dos ninjas da The Red Scarves agora. Viktorius e eu

    — Viktor?! Ele está bem?

    — Está sim, Lilac! O Viktor lutou! Ele é bem forte!

    — Milla, não saiam daí. Temos que nos reagrupar. Tudo isso está muito estranho.

    — Hã? Mas eles vão fugir se a gente… — a pequena foi interrompida.

    — Não, Milla! Fique aí! Nós precis… — a exemplo da canina, a dragão foi silenciada na ligação.

    Derrubando a comunicação entre as duas, um forte clarão foi visto no horizonte, tomando mais intensidade.

    O fenômeno abrangeu toda a cidade, cobrindo tudo, que chegou até mesmo a ofuscar quem estava de olhos abertos. O incômodo foi tremendo.

    Depois de descobrirem os olhos, Milla tentou novamente comunicação com Lilac, sem sucesso.

    — Viktor, não consigo falar com a Lilac.

    — Hã? Como assim?

    — A conexão parece ter caído. Estamos mudos.

    — Caramba… E o que ela disse antes disso acontecer?

    — Pra gente não sair daqui.

    — Mas eles vão fugir!

    — Sim, mas a gente é um time e ela é a líder. Lilac disse pra gente ficar aqui, então é isso.

    Viktor não questionou Milla por causa disso, pelo contrário: tinha muito respeito e, até então, ciência do risco que era o momento.

    Tomado por dúvidas, olhou em volta: toda a cidade estava com problemas.

    As pessoas que se abrigavam não conseguiam usar seus telefones. A cidade parecia estar incomunicável.

    — Milla, tem algo errado. Acho que devemos prosseguir — disse Viktor, com convicção no olhar.

    — Espera. Você quer seguir os ninjas, é isso? — Milla falou, surpresa com a ideia do jovem.

    — Sim. Essa gente daqui dessa cidade pode ser atacada outra vez. Temos que saber para onde foram.

    — A Lilac disse pra gente não sair daqui! Viktorius, não podemos desobedecer!

    — Milla, temos mesmo que fazer alguma coisa! Só a gente sabe pra onde eles estão indo. E aquela raposa ninja deve estar planejando algo. Essa fuga desses caras tem algo a ver com isso, não tenho dúvidas.

    Que fique claro: os riscos eram grandes só em estarem no centro da cidade naquele instante. Sem comunicação e com a iminência de mais ataques, os dois tinham dilemas.

    Milla pensou bem no que Viktor havia dito. Era certo de que segui-los seria um subterfúgio mais apropriado do que simplesmente ignorar esse fator.

    Lilac não tinha noção da fuga inesperada que os Red Scarves tomaram após o breve embate de outrora. Esse era o entendimento maior que Milla tomou para tomar sua decisão.

    Não era a mais apropriada. Mas, diante dos acontecimentos, era fato de que precisariam fazer algo.

    — Você está certo, Viktorius — disse a canina, ficando ao lado do humano. — Só tem a gente aqui e só nós sabemos para onde os ninjas foram.

    — É isso mesmo, Milla!

    Decididos, continuaram com o plano, mas:

    — Espera… Eu tô sentindo o cheiro dela! — disse Milla, farejando o ar.

    — Hã?! Dela quem? — Viktor disse, olhando para a canina.

    — A Ruby Scarlett!

    — Sério?! Nossa! Para onde ela foi, Milla?

    — Vem comigo! — a pequena falou, correndo em direção ao norte da cidade.

    E os dois, após Milla encontrar o rastro da Kunoichi, seguiram na direção que a canina farejando, pelas ruas da cidade de Shuigang.

    Isso durou um bom tempo.

    Horas depois…
    Em algum lugar de Shuigang | Início da noite

    A noite já havia chegado à cidade.

    Um caminhão de suprimentos se aproximava de uma imensa construção, soturna e cheia de muros altos, com tijolos verdes. Esses eram os detalhes possíveis de serem vistos no cenário.

    Em seu interior haviam membros armadurados da guarda real do Reino de Shuigang.

    Somente a guarda tinha autorização para fazer tal coisa, tendo em vista que a segurança de todo reino estava muito mais forte desde a invasão de Brevon.

    O veículo se aproximou do portão principal e foi confirmado as identidades dos guardas à entrada.

    Continuando sua diligência, o caminhão ultrapassou os portões daquela construção imponente, com seus altos muros e sentinelas a postos para impedir qualquer invasor.

    Já dentro do lugar, entrando em suas dependências, o caminhão estacionou em um tipo de armazém escuro, que guardava suprimentos.

    De dentro do veículo de carga, surgiram os dois guardas mais cedo.

    Enquanto aquilo não parecia algo normal, pelo menos pelo comportamento que eles tomaram logo a seguir: eles foram ao chão, com Ruby Scarlett aparecendo em seguida de dentro do veículo.

    Com um sorriso no rosto, ela parecia confiante demais.

    — Tudo está correndo como planejado. As informações que peguei de Spade foram úteis. Bem, seguiremos com o plano — disse, olhando para trás. — Rapazes, podem sair.

    Logo o baú do caminhão se abriu e, de seu interior, vários membros dos Red Scarves surgiram, formando uma fila e se organizando.

    Eram dezenas, que conseguiram caber no grande baú do veículo.

    Ruby, então, começou a dizer a seus comandados palavras de boas notícias. A algazarra veio, junto ao sorriso de satisfação da Kunoichi.

    — Estamos prestes a chegar até nosso objetivo. Não há um guardião por aqui, hehe. Isso está fácil demais, então vamos aproveitar!

    A comemoração do bando foi contida, mas estampava totalmente a certeza de que conseguiriam cumprir com sua missão.

    Mas existia mais um grupo, justo e corajoso, que possuía um dever também. Com o peso de terem ordens de Royal Magister, a determinação, mesmo diante das adversidades, se manteve intacta.

    Esse foi o fator que determinou a ação a seguir: embaixo do caminhão, estavam Milla e Viktor. A dupla improvável havia conseguido a esconder em um compartimento no veículo, logo abaixo do baú que trouxe os Red Scarves.

    Viktor, como esperado, tinha dúvidas.

    — Milla, onde nós estamos?

    — Viktorius… — Milla tomou a palavra, já sabendo o lugar onde estavam. — Estamos mesmo em apuros agora!

    — Hã?! Porque? — a dúvida do jovem parecia ainda maior, após perguntar.

    E a resposta veio.

    — Estamos dentro do Castelo do Reino de Shuigang!

    O Castelo do Reino de Shuigang?!

    Os Red Scarves conseguiram mesmo adentrar ao lugar mais protegido de todo o reino?!

    Ruby Scarlett também sabe que não há um guardião, como Ying disse a Viktor. Mas o que isso quer dizer?

    Seja o que for, agora a dupla estava no cenário ao qual a Kunoichi tanto planejou estar.

    O que virá a seguir?

    1. nota: O estilo Karatê Kyokushin foi batizado no Japão, em 1957, pelo Grão Mestre Masutatsu Oyama. Kyokushin significa “aprofundar-se na verdade”. Este estilo de karatê consiste em utilizar toda a força dos golpes dessa arte marcial. Tradicionalmente, golpes de karatê são usados para a preservação do oponente e para obter controle dos golpes (semi contato). No estilo Kyokushin, todo o potencial destrutivo do karatê é liberado, com golpes que buscam neutralizar seus oponentes com um movimento apenas, a fim de preservar a própria integridade física. O poder dos golpes são totais.[]

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