Índice de Capítulo

    Várias vinhas apareceram no ambiente, se unindo em uma maior, serpenteando como uma cobra.

    Seus ataques eram terríveis, sempre buscando acertar a pequena, mas Milla conseguia se esquivar, executando saltos para trás, em espiral, com uma habilidade impressionante.

    A ameaça, então, retraiu suas vinhas para entre as árvores, as escondendo. Milla se manteve em prontidão, aguardando por mais ataques.

    E, como esperava, a vinha apareceu de um outro ponto entre as árvores, a surpreender Milla que, usando de seus feixes, criou uma barreira poderosa chamada:

    — Escudo de Proteção! — gritou Milla, conjurando seu poder de feixes verdes.

    Todos os ataques foram repelidos, um a um, por todas as direções, mostrando que a pequena era de fato habilidosa no combate.

    Embora Milla estivesse se saindo bem, a ameaça aumentava: várias vinhas logo aparecem, tentando golpeá-la.

    A garota se esforçava ao máximo, se esquivando de todos os ataques com uma agilidade única, evitando danos. Ela inclusive acionou seus poderes para se proteger quando assim precisasse.

    Porém ela parecia estar em uma armadilha.

    O inimigo, cuja área da floresta era toda utilizada, continuou a sua busca em atingi-la, sem parar e de forma mais intensa.

    Milla estava conseguindo se defender como podia, mas era evidente que o cansaço seria seu maior vilão.

    Ela, pensativa e exausta, mantinha sua base de luta, mas por tanto utilizar de suas habilidades especiais sem descansar entre seu uso, se mostrou ofegante, puxando ar pela boca.

    – Eu já estou no limite — ela pensava, muito cansada. — Não sei quanto tempo mais irei aguentar. Eu preciso sair daqui, mas também devo achar aquele moço!

    Milla estava quase esgotada.

    Seu cansaço era visível.

    Mas de forma cruel as vinhas não cessavam seus ataques, exigindo muito das habilidades dela para se defender.

    E, num movimento brusco, uma das vinhas enfim consegue golpeá-la, fazendo com que fosse arremessada para longe, se chocando contra uma árvore.

    A canina sentiu o golpe, mas seu cansaço era seu maior problema.

    – Vocês não vão me vencer! — ela indagou, se levantando em seguida.

    Todavia, Milla diminuiu muito da sua agilidade. Tentou até mesmo emanar seus poderes, mas o desgaste era tanto que a canina mal conseguia se mexer.

    Porém, ajudou a mudar sua sorte: Milla conseguiu farejar a presença de suas amigas, Lilac e Carol.

    Sendo um momento muito oportuno, ela não pensou duas vezes em chamar por elas.

    – Lilac! Carol! Rápido! Eu estou aqui!

    Em outra parte da floresta…

    Foi imediato a reação da dragão púrpura e da gata selvagem verde ao ouvir pela chamada da pequena.

    Lilac e Carol conseguem ouví-a e correm a toda velocidade em seu resgate.

    — É a Milla, Carol! Vamos! — disse a dragão, correndo em seguida.

    — Caraca, vambora!

    As duas eram bem ágeis, correndo a toda velocidade por entre as árvores vivas; e não demoraram até que enfim encontraram sua amiga.

    Entretanto, para infelicidade de Milla, as vinhas contraíram mais de seus cipós, formando um emaranhado vegetal bastante ameaçador: um turbilhão foi formado, indo em direção a Milla em um último golpe poderosíssimo.

    Os poucos metros que restavam era um obstáculo para que Lilac chegasse a tempo. Milla seria golpeada ferozmente.

    — Milla! Não! — Gritou a dragão púrpura, com o desespero estampado em seus olhos.

    Mas, no último instante, aquele mesmo rapaz conseguiu pegá-la com um salto de sorte, a retirando da frente do terrível movimento do inimigo.

    Os dois vão ao chão, com ele abraçado à pequena com força, caindo com ela sobre si.

    Lilac, percebendo que Milla estava salva, se preparou para atacar a enorme vinha.

    Usando de seu ataque supersônico, conseguiu triturar a soma absurda de vegetação reunida com um único ataque, eliminando momentaneamente a ameaça.

    — Ciclone!

    Com seus cabelos rodopiando junto com o movimento de seu corpo, ela eliminou as vinhas, assim como os outros dois que estavam ao solo acidentado da região.

    Assim que terminou seu ataque, logo voltou suas atenções aos dois caídos. Ela, desesperada, foi ao encalço de sua amiga.

    — Milla?! Você está bem?

    — Sim, eu estou — disse, olhando em seguida para o garoto. — Ajuda ele, Lilac!

    Enquanto Milla se levantava lentamente, Lilac foi ao encontro do rapaz de kimono.

    Ela, o apoiando com um de seus braços em suas costas, se prestou a saber de seu estado.

    — Você está bem? — ela o olhou, percebendo que tinha um pequeno ferimento no braço. — Nossa, deixa eu te ajudar!

    E eis que de fato Lilac consegue vê-lo melhor. Embora a dragão e os demais não saibam, ele era um humano.

    O jovem tinha olhos castanhos, cabelos pretos com corte nas pontas. Seu kimono branco estava bem sujo.

    Ela também havia percebido que ele possuía um ferimento em uma de suas pernas, pois havia um rasgo em sua calça.

    O humano estava bastante cansado e assustado.

    — O que houve aqui?! — disse, ainda mais confuso. — A garotinha está bem?

    — Sim. Ela está. Graças a você! – Lilac colocava uma bandagem no ferimento do jovem.

    — Bom saber disso. Mas falando nisso: quem são vocês?!

    A pergunta que ele fez foi até pertinente, mas o momento não permitia maiores explicações.

    — Olha, vamos sair daqui antes que aquelas coisas apareçam outra vez, tudo bem?

    — O que está acontecendo aqui?! Onde eu estou? E porque vocês estão fantasiadas?!

    — Hã?! — Lilac não entendeu a última pergunta.

    A conversa antecedeu a aparição de Carol que, montada em sua moto, olhou para Milla, expondo sua empatia a seu modo.

    — Milla, tu tá bem, garota? — ela gritou, arregalando os olhos.

    — Estou sim, só um pouco cansada.

    — Mó bom saber disso, nyah!

    Ela desceu de sua motocicleta, ao nem tempo que tinha percebido que sua amiga dragão estava ajudando a um desconhecido.

    Ela logo levou a imagem a pessoa que estava agora a sua frente.

    — Ah então tu é o figura que tava doidin lá na mata. Como ele tá, Lilac?

    — Agradeça a ele por ter salvado Milla! — disse Lilac, ainda o ajudando.

    — Hã? O pessoínha aí que salvou a Milla? Sério mesmo?

    — Sim. Se não fosse ele na certa Milla estaria muito machucada.

    — Ah, fala sério. Como que um cara como ele ia ter condições de fazer essa parada? Mó cara de piá.

    — Carol, tenha modos!

    — Tá bom, diva linda. Fica sussa.

    Só que esse foi o momento que o choque de culturas ocorreu, envolvendo Carol (a gata tagarela) e o jovem.

    A conversa entre os dois deixará isso claro.

    — Espera aí. Quem é o rapaz nessa roupa de gato aí?

    — Hã?! De quem você está falando? — Lilac dizia, confusa.

    — Esse cara vestido de gato verde que está ao seu lado.

    — Mas do que você está falando?!

    E Carol, bem, deixemos a cena continuar.

    — Eu não sou um cara, ô Cobra Kai! Qual é, pô! Sou uma garota! — disse a gata, com sua face demonstrando irritação. — Agora é proibido ser moleca? Tu tá falando com a kid Carol, a badgirl número um de Avalice!

    Explicando melhor para não haver confusões, Carol era uma felina com visual tomboy; ela não só se parecia com um garoto por usar roupas fora do padrão de uma garota e, principalmente, por ter uma forma de falar de alguém que aprendeu na periferia todos seus dialetos e maneirismos.

    Mas o humano não acreditou a princípio e:

    — Nossa, sério? Tá precisando comer mais, hein! Nem parece uma gar… — ele foi interrompido.

    — Ih caraca. Que tu tá falando, mano? Pô, já tô ficando fula contigo.

    — Não, espera — o jovem tentava divagar, agindo na defensiva. — Eu não queria te ofender.

    — Cala a boca, rapá! Senão eu vou aí te dar uma cabeçada!

    O jovem, ainda cansado mas bem disposto a discussão, recebeu aquilo como uma provocação e partiu para o embate contra a felina verde.

    E ele não parecia ter medo.

    — Espera aí, deixa eu ver se entendi bem: você vai me dar uma cabeçada? Foi isso mesmo que você disse?

    — Fica na sua, cara! Tu tá no lucro!

    — Ah é? Vem então! Vem me dar uma cabeçada!

    Lilac não entendia nada no momento, só observando a discussão sem noção entre Carol e o humano que acabara de conhecer.

    Milla, olhando tudo aquilo tão confusa quanto, ficou com dúvidas.

    — Ela vai dar uma cabeçada nele?

    — Não, Milla — disse, com um olhar um pouco receoso.

    O humano, já bem nervoso, continuou a discussão.

    — Vem me dar uma cabeçada, sua maluca!

    — Já falei pra parar, mané! Tu não me conhece!

    — Vem! Vem me dar cabeçada!

    Milla, ainda confusa, novamente ficou com dúvidas.

    — Lilac, a Carol vai mesmo dar uma cabeçada nele?

    — Não, Milla. Ela não vai — ela disse, visivelmente constrangida, com uma das mãos em seu rosto.

    A discussão entre os dois seguiu, que mais pareciam assim tipo de rinha ou coisa assim.

    Entre ameaças e provocações, a garota dragão não poderia ficar mais um segundo aguentando aquela situação.

    E então, ela precisou resolver com aquilo.

    – Parem com isso vocês dois! Já chega! — Lilac gritou, chamando a atenção dos dois.

    Carol e o humano logo pararam de discutir, com a gata verde olhando para a amiga.

    Foi nesse momento que ela se deu conta que tinha passado dos limites.

    — Foi mal aí, Lilac. Pô, foi o pia ai que começou!

    – Não. Foi você que começou, Carol!

    – Tá bom. Desculpa!

    – Não é pra mim que você deve pedir desculpa.

    Tão logo, e a contragosto depois de refletir, Carol reconheceu o que sua amiga disse era verdade, que o rapaz desconhecido fez uma boa ação.

    A felina, virando-se para o rapaz, um pouco envergonhada, foi mais devagar dessa vez e prestou as devidas ações.

    — Aí, desculpa, cara. Eu tava mó grilada com esse lance da Milla. Foi mal, sem caô.

    — Eu também lhe devo desculpas — o humano respondeu. — Eu não sou de tratar mulheres dessa forma, tudo bem? Só estou confuso com tudo isso que está acontecendo.

    — Ih, relaxa. Tamo junto, pia!

    — Hã? Piá?! — ele estava mais confuso.

    — Hehehe, nyah!

    Finalmente os dois se entenderam.

    Após os momentos de muita tensão, agora o quarteto estava mais aliviado.

    Tomando uma direção para saírem o mais depressa possível da área, o grupo seguiu por um descampado sob a luz do luar que ocorria na noite de céu sem nuvens.

    Lilac começou a conversar com o jovem desconhecido, ainda que brevemente.

    — Acho que não te perguntei antes. Qual seu nome?

    Enfim, as apresentações.

    o jovem sorriu, segundos antes de dizer:

    — Eu me chamo Viktorius Ashem. E você?

    — Sash Lilac. A seu dispor.

    — Você tem um nome bem diferente, sabia?

    — O seu também. De onde você veio? Eu nunca vi alguém como você por aqui.

    — Sou da Grécia, mas atualmente estou vivendo aqui nos Estados Unidos.

    — Hã? — Lilac outra vez ficou confusa. — Que lugares são esses? Fica perto de Parusa ou Big Sea? Nos três reinos de Avalice tenho certeza que não.

    — Como assim três reinos? Temos mais de quarenta estados!

    — Estados? Como assim? Do que está falando?

    — Ora, o que não entendeu? Estados compõem um país — ele disse, desconfiado. — Você está brincando comigo, não é?

    Carol, dando sinais que era a única no momento com intenções de deixar o lugar o mais depressa possível, alarmou a todos:

    — Galerinha, aqui não é lugar pra aula de geografia! Hora de meter o pé, pode ser?

    — Você está certa, Carol — falou Lilac, olhando para o jovem humano. — Vamos, Vicotou, Victolis, Voctorius…

    O nome diferente do garoto era um problema. Estava mais do que certo que ele não era dali, percebendo que Lilac estava com dificuldades de pronunciar, interveio.

    — Me chamem de Viktor. Fica melhor.

    — Viktor? Nossa, fica muito melhor! Vamos!

    — Esperem! Preciso pegar minha mochila!

    — Mochila? — Lilac olhou para ele, ressabiada.

    — Sim, mas eu não sei onde ela está.

    Carol, inquieta e ansiosa como estava, não iria concordar com isso de jeito nenhum.

    Ela se colocou à frente dos dois, tomando toda a atenção.

    — Não, amiguinhos. Dessa vez não. Deixa essa sua mochila pra lá porque nossa vida é muito mais importante. Vou dizer de novo: vamo meter o pé daqui agora!

    — Carol, isso não são modos! — Lilac a repreendeu, irritada.

    — Não, ela está certa — Viktor disse. — Vamos sair daqui.

    — Mas Viktor, não é algo importante pra você?

    — Não, deixa. Vamos sair daqui!

    Imediatamente começaram a fugir do lugar, que começava a ficar mais tumultuado como antes. Não haviam mais as vinhas, mas aquelas criaturas voltaram a infestar o lugar.

    Na fuga, Lilac era seguida por Milla, que usava seus poderes de feixes verdes para tomar impulso e obter velocidade na corrida.

    As duas estavam sendo seguidas por Carol em sua moto, com Viktor na garupa.

    Se esquivavam, durante o caminho, das criaturas, que estavam em um número menor, mas ainda assim incomodavam.

    Porém, durante a fuga, Viktor percebeu algo no alto de uma árvore: era sua mochila.

    — Olha! Minha mochila!

    Milla, percebendo o objeto, usa o pouco que restou de seu poder e consegue fazer que um de seus feixes se transforme em um tipo de cubo.

    Ele era sólido o suficiente para quebrar o galho, soltando a mochila. A pequena aproveitou e correu a tempo de pegá-la antes de cair no chão.

    Só que aquela demonstração de habilidades especiais da canina lhe causou espanto; ele ficou impressionado com o que acabara de ver.

    Pensativo, segurou forte na moto, que ia a toda velocidade.

    — “O que está acontecendo aqui? — pensava ele. — Onde estou? E quem são essas pessoas? Porque estão vestidas assim? E esse poder dessa aí vestida de cachorrinha? Como consegue fazer esse truque?”

    Eles enfim deixavam a floresta para trás, indo em direção a uma trilha já distante do lugar.

    A luz da lua era um alento àquela noite conturbada. Lilac, Carol e Milla estavam seguras, assim como Viktor.

    Elas seguem para seu destino, nos arredores de uma cidade, que era possível ver ao horizonte.

    Uma aventura tinha terminado, por enquanto.

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