Rapidamente ele sumiu da vista de Kamito e apareceu próximo ao garoto. Sem reação, mesmo que Kamito estivesse preparado, o Carniceiro era veloz e imprevisível. Ele acertou um chute no estômago de Kamito, arremessando o garoto para trás, acertando a parede.

    — Dessa vez você não vai-me ferir!

    — Kamito! — Akane correu para tentar ajudar, mas o Carniceiro a segura, puxando-a pelo cabelo. Ela segura as mãos do Carniceiro com força enquanto tenta se soltar.

    — Me solta! Seu desgraçado!

    — Cala a boca, sua vagabunda! — Ele gritou acertando um tapa no rosto da garota. — Vocês vão pagar por tudo que aconteceu aquele dia, vocês me feriram muito. Vocês feriram o meu corpo e a minha honra!

    — Deixe-a ir… Pare de ser um covarde e me enfrente!

    Kamito se levanta com dificuldades, se apoiando na parede. Com o antebraço direito ele limpa o sangue que ficou em sua boca após o golpe.

    — Ela não tem nada a ver com isso. Fui eu quem te acertou naquele dia.

    — Ah, ela tem sim! — Respondeu lançando lâminas de ar na direção do Kamito.

    Atingido pelo golpe, Kamito cai debruçado, muito ferido, ele encara com dificuldades o Carniceiro segurando Akane pelo cabelo.

    — Eu pretendia me alimentar da alma dela naquele dia. A energia dela tem um aroma muito agradável. E você estava lá por acaso, por isso também pagará! — O Carniceiro arma uma lâmina em sua mão, ele iria cortar o pescoço de Akane e finalmente se alimentar.

    Kamito gritou desesperado, mas em vão. Ele já não tinha forças, mas tentou se levantar, era o fim.

    Porém a mão do Carniceiro congelou.

    Assustado, ele olhou para o segundo andar do prédio e avistou quem o atacou. Curioso, Kamito também acompanha com o olhar, e suspira aliviado ao ver Ryruka.

    Com um olhar frio, ela encara o Carniceiro, mas antes de qualquer fala, Ryruka lança estacas de gelo em sua direção.

    Ele larga Akane para desviar dos golpes enquanto Ryruka continua atacando para ganhar tempo suficiente para que Akane se aproximasse de Kamito.

    As mãos de Akane estavam trêmulas e escorriam lágrimas de seus olhos. Ver Akane naquela situação deixou Kamito furioso.

    — Eu disse para não serem capturados, e mesmo assim vocês foram. Eu devia saber, afinal, vocês ainda não estão prontos para um combate de verdade.

    Ryruka se defendia das lâminas do Carniceiro e contra-atacava a cada brecha. Kamito não parava de olhar a luta. Ryruka era poderosa como dizia ser, Kamito se sentia frustrado em não conseguir ajudar.

    — Desculpa… A culpa foi minha. — Respondeu Akane. Ela estava nervosa e preocupada com o estado atual de Kamito. Ela apertava suas mãos com força, se desculpava sem parar por Kamito ter-se machucado.

    — Não! Não! A culpa foi minha… Eu deixei ele me pegar desprevenido. — Kamito tentou se levantar, mas acaba escorregando, Akane o segurou antes de cair, colocou o braço de Kamito por trás da sua nuca, ajudando-o a levantar.

    — Não importa de quem foi a culpa. Eu cuidarei disso.

    Ryruka parecia irritada, ela não tirava os olhos do inimigo por um único segundo. Ela estava determinada a vencer a todo custo.

    — Que droga! Fiz de tudo para que se separassem. Meu plano era evitar lutar contra você, garota, mas parece que falhei. — Reclamou o Carniceiro, parando de atacar por um momento. Ele pretendia convencer a Ryruka a não se envolver, mas ela não estava interessada em ouvi-lo. — Você não tem nada a ver com isso. Por que você não finge que não viu nada e sai daqui?

    — Realmente, eu não tenho. Mas eu não tolero quem machuca uma garota! — Ela abriu os braços lentamente. Sua energia crescia e o ar ficava mais frio. Ela continuava encarando o homem e rapidamente fechou os braços, batendo suas mãos.

    — Freezing Gale!

    Uma onda de ar congelante saiu de seus braços em direção ao Carniceiro. Por onde o ar passava, tudo congelava. Era um poder lindo de ver, e mesmo estando por fora caminho daquela técnica, era possível sentir o imenso frio que causava.

    — Droga! — O Carniceiro foi atingido em cheio pelo golpe. Ryruka abaixou os braços, ela olhou para os dois e sorriu, tudo parecia ter acabado.

    — Essa brisa fresca não é nada! E você a chama de vendaval?! Uma vergonha! — Riu o Carniceiro.

    — Seu desgraçado! Eu vou acabar com você! — Ryruka se perguntava como ele havia resistido.

    Ela se preparou para avançar, mas Kamito segurou-a pelo pulso a tempo. Ele não queria que Ryruka lutasse contra o Carniceiro, Kamito queria derrota-lo. Mesmo que muito machucado, ele precisava se vingar pelo que houve com Akane.

    — O que você está fazendo?! Solte-me e eu o derrotarei!

    — Deixe isso comigo, por favor Ryruka, eu preciso… Eu… — Kamito a soltou e tomou a frente. — Eu o derrotarei!

    — Hahahaha!!! Você?! Você mal aguentou um único golpe meu, olha o seu estado garoto! Você não pode me vencer! — Debochou o Carniceiro.

    — Ele tem razão, Kamito, deixe isso comigo. — Ryruka encostou no ombro direito do garoto, mas ao sentir o calor que emanava de seu corpo, recolheu sua mão.

    — Kamito? — Ryruka estava impressionada com a quantidade de poder que emanava em Kamito, mesmo nas condições em que se encontrava.

    — Está tudo bem. Só tome conta da Akane por mim. — Kamito olhou para Akane, sorrindo, esperando sua aprovação. — Eu vencerei por você, Akane.

    — Você não é capaz de me vencer, garoto. Desista! — Provocou o Carniceiro.

    — Eu acredito em você, Kamito. — Sorriu Akane. Seu sorriso doce e sereno, dava a confiança necessária para Kamito.

    Kamito tinha em sua manga uma técnica que havia aprendido em seu treinamento com Raishi. Uma técnica que seria capaz de por um fim nesta batalha, em um único golpe.

    Com os olhos fechados, Kamito se vira para o Carniceiro. Já focado no inimigo, ele abriu seus olhos. Controlava sua respiração ao máximo enquanto afastava suas pernas, flexionando os joelhos. As palavras de provocação e ameaça do Carniceiro e o que fez com Akane, tudo isso vinha na mente do garoto.

    Kamito recolheu os dedos da mão esquerda, deixando apenas o indicador esticado enquanto levava a mão até a altura do peito.

    O corpo de Kamito ficou envolto em chamas azuis, o garoto posicionou o braço direito para trás, como se fosse sacar uma arma.

    — Uau, essa postura com sua Manifestação era para me por medo? Pois saiba que não funcionou!

    O Carniceiro correu até o garoto, lançava suas lâminas na direção dele, mas Kamito sabia que se tratava de uma armadilha.

    — Spiritual Razors!

    — É inútil!

    As lâminas tocavam as chamas e se incineravam. Desesperado com o que aconteceu com suas lâminas, o Carniceiro avançou para ataque corpo a corpo.

    — Idiota… Agora você pagará pelo que fez a Akane!

    Ao ver a quantidade de energia que Kamito emanava, ele parou de avançar.

    — Blue Flame Sickle! — Kamito lançou um disparo, uma foice de chamas.

    O Carniceiro tentou se defender com sua Manifestação, mas as chamas incineraram suas defesas. A lâmina de chamas o acertou. Seu corpo foi incinerado, e Kamito o observava gritar de dor. Ainda que o ódio e o desprezo pelo Carniceiro fossem grandes, Kamito desviou o olhar.

    — Incrível… Com tão pouco tempo de treino ele já consegue criar ataques. — Ryruka mal acreditava no que viu e não parava de se perguntar como alguém que acabara de ter um curto treinamento teria uma técnica tão poderosa.

    — Kamito! — O garoto caiu para trás, mas Akane correu até ele e o segurou antes que ele atingisse o chão.

    — Idiota. Você usou toda a sua energia.

    — Eu sei… Eu queria vencer ele com um único golpe. — Kamito fechou os olhos e sentiu as lágrimas de Akane cair em seu rosto. Ele toca o rosto de Akane, secando suas lágrimas.

    — Não precisa chorar… Eu vou ficar bem.

    — Desculpe ter que atrapalhar o casal, mas nós precisamos sair daqui. Essa energia pode ter chamado muita atenção.

    Ryruka se aproximou de Kamito e abaixou para ajuda-lo a levantar. Kamito estava fraco e cansado pelo golpe que aplicou. Ela acompanhou Akane e Kamito até certo ponto do caminho para casa. Akane continuou ajudando-o a caminhar. Após alguns minutos, Kamito pediu para que Akane parasse por um momento.

    — Akane… Me desculpe… Por minha causa, aquele desgraçado te machucou. — Com raiva, Kamito baixou a cabeça. O garoto não conseguia se perdoar. Mesmo com a promessa de que protegeria Akane, ele permitiu que aquilo acontecesse.

    — Está tudo bem, Kamito. Já passou. — Akane tocou o rosto de Kamito, deslizou a mão até o seu queixo e o fez levantar a cabeça. Ela o olhava sorridente, com as bochechas coradas. — Além do mais… Você me protegeu.

    Envergonhado, Kamito a abraçou com a pouca força que ainda possuía, Akane retribuiu o abraço acariciando seu cabelo.

    Eles voltaram a caminhar para casa. Podiam respirar aliviados, embora não soubessem o que os esperava no dia seguinte. A nova vida que levavam, era repleta de mistérios e incertezas.

    Enquanto isso, no prédio em que lutaram. Um homem encapuzado caminhava pelo campo de batalha, e caminhou em direção ao corpo incinerado do Carniceiro. Ele abaixou e tocou no corpo, notando que ainda estava quente. Então, ele olhou para a direção contrária, e viu o local de onde o golpe foi desferido.

    Ele deduzia que uma lâmina de fogo partiu o homem ao meio e o queimou de dentro para fora. Sadicamente ele sorriu e se levantou, caminhando até a saída. Ali, sete homens encapuzados estavam esperando por ele.

    Algo grande estava prestes a começar, e eles não tinham ideia disso.

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