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    Após a luta no prédio em construção contra o Carniceiro, se passaram três dias, e tudo voltava ao normal. Ryruka, caminhava por um corredor, em direção a uma porta. Ao abri-la, viu Raishi sentado em um sofá daquela sala.

    — Finalmente te encontrei. — Ela o confrontou friamente. — Quer me explicar o que foi aquilo? Por que você ensinou uma coisa daquelas para ele?!

    Embora Ryruka estive exaltada, Raishi não demonstrava preocupação.

    — Você me disse que eles tinham pouco tempo de treinamento, então como ele sabia usar uma coisa daquelas?!

    — Que diferença isso faz? Eles estão bem e evoluindo bastante, aliás. — Sorriu Raishi olhando para Ryruka.

    Raishi parecia estar escondendo algo, o que deixou Ryruka ainda mais irritada.

    — Eu disse que eles estavam prontos, você viu a prova disso.

    — Poderia levar isso a sério?! Isso não é um jogo! Você os colocou em risco!

    Ryruka o conhecia bem, sabia que havia algo, mas Raishi não revelava.

    — Aquela habilidade é arriscada até para alguém como eu, e você ensinou isso a alguém que não tem nem um mês de treinamento! Você quer matá-los?!

    — Não. Eles sabiam dos riscos que corriam e os aceitaram. Você parece se importar demais, para alguém que os conheceu há pouco tempo. — A voz tranquila e o olhar neutro de Raishi, contrastavam com a expressão de fúria de Ryruka.

    — Eles não são tão fracos e tiveram um treinamento adequado. Estão prontos.

    — Você… Por qual treinamento você os fez passar? — Ryruka o olhava com raiva, porém, quanto mais tentava tirar informações dele, mais neutro ele ficava. — Vamos, diga-me ao menos isso!

    — Eu os treinei por quinze dias em uma dimensão paralela. Era o único treinamento capaz de prepará-los o mais rápido possível. Você deveria saber. — Ele fechou os olhos e inclinou a cabeça para a esquerda, desviando o olhar. — Se não acredita em mim, por que você não os testa? Garanto a você que eles realmente estão prontos.

    Com a resposta de Raishi, Ryruka se retirou da sala sem dizer mais uma única palavra.

    Era uma manhã de sábado, e enquanto Raishi e Ryruka se encontravam, Kamito estava na casa de Akane. Kamito poderia estar dormindo ou até treinando, mas foi gentilmente obrigado pela senhora Karin a limpar e arrumar seu quintal.

    — “Kamitinho, tenho uma pequena coisinha para te pedir. Por favor, arrume meu quintal, ou vai se arrepender por estar enganando minha filha até agora!” — De uma mulher doce ao demônio em pessoa no mesmo pedido.

    O garoto empilhava algumas tralhas quando viu Akane e Luise saírem de casa com uma bandeja, provavelmente, o café da manhã.

    — Como elas tem sorte. Eu ainda nem comi e fui obrigado a trabalhar. — Resmungou Kamito.

    — Kamito! Kamito, está com fome?!— Gritou Luise. Ela estava sentada ao redor de uma mesa que ficava na área externa da casa, protegida por uma grande sombra da árvore que ali havia.

    — Óbvio! Sua mãe me obrigou a isso logo que acordei! — Reclamou Kamito. Embora tramasse algo contra a senhora Karin, ele estava aliviado por não ter apanhado desta vez.

    — Sorte a sua! Akane fez o café da manhã e caprichou porque é para você — Sorriu Luise com malicia.

    Kamito já conhecia seus truques e intenções, e precisava contornar a situação o quanto antes.

    — Eu?! Não, não foi isso! Eu só achei que ele devia estar com fome. — Argumentou Akane envergonhada.

    Luise dedurou sua irmã, e Kamito precisava pensar em algo rápido, se não outra confusão se iniciaria.

    — Mas se não estiver com fome, tudo bem!

    — Eu estou sim. — Respondeu Kamito desviando o olhar.

    — Que bom! Espero que goste… Eu fiz suas torradas favoritas. — Sorriu Akane. Kamito sabia que Luise falava a verdade desta vez, afinal, Akane era uma ótima cozinheira.

    — Obrigado.

    Kamito se sentou próximo a Akane, pegou uma torrada e começou a comer. As torradas estavam crocantes e deliciosas, no ponto em que ele amava. Já fazia muito tempo em que ele havia comido algo preparado por ela.

    — Está muito bom! Você seria uma ótima esposa, Akane! — Kamito continuou comendo sem notar o que havia dito.

    — Oh! Mamãe! O Kamito disse que a Akane seria a esposa dele! — Luise gritou.

    Akane ficou vermelha de vergonha, Kamito se engasgou com a torrada.

    — Eu ouvi bem isso?! — Com uma velocidade inimaginável, a senhora Karin saiu para a área externa, se sentou ao lado de Kamito e colocou seu braço no ombro do garoto. Olhou no fundo de seus olhos como se enxergasse a alma do garoto. — Então você já quer roubar minha filha de mim? Quanta audácia, Kamito.

    — Não é nada disso! — Kamito já esperava pela agressão da senhora Karin. — Luise! Não diga coisas que criem um mal-entendido!

    Kamito tossia, enquanto tentava desentalar o pedaço de torrada da garganta.

    — Então você está enganando minha filha de novo? — A senhora Karin pressionou o ombro de Kamito. — Suas últimas palavras?

    Kamito já estava pronto para apanhar mais uma vez da senhora Karin, seria outra manhã desastrosa, mas Suzumi os interrompeu.

    — Odeio ter que interromper, mas tem uma garota procurando o Kamito.

    Kamito escapou naquele momento, mas o olhar de Suzumi e sua mãe demonstravam o ódio que estavam sentindo.

    — Garota? Quem é? — Questionou Akane. Ela imaginou que poderia se tratar de Ryruka, e sobre os motivos da procura por Kamito naquele momento.

    — Uma tal de Ryruka. Ela disse que precisava falar com o Kamito. — Suzumi se virou e entrou na casa.

    — Você ouviu, Senhora Karin! Preciso ir agora! — Kamito conseguiu escapar, respirou aliviado.

    Ao chegar até a porta, viu Ryruka o esperando. Objetiva e direta, ela dizia que havia algo que ele precisava saber. Seu olhar sério entregava o que era, ela queria lutar com Kamito. Sem medo, e ansioso por tal momento, Kamito aceitou. Preocupada, Akane se juntou aos dois, perguntou se era algum novo Carniceiro, mas Ryruka negou, e afirmou que era um assunto entre ela e Kamito.

    Ao ver a seriedade na troca de olhares entre os dois, Akane ficou ainda mais preocupada. Kamito sorriu, tocou seu rosto e disse que precisava ir, pediu para que avisasse sua mãe que ele terminaria com o quintal assim que retornasse. Conformada, Akane desiste de tentar saber sobre o que se tratava e apenas concordou.

    Kamito e Ryruka caminharam até um galpão abandonado, próximo à estação de trem. Ryruka parou de caminhar e virou-se para Kamito, seu olhar e a energia que saía de seu corpo já revelavam suas intenções.

    Os dois se encaravam e rodeavam um ao outro, analisando o oponente. Kamito queria entender o motivo de tudo aquilo, mas o olhar de prepotência e julgamento de Ryruka o irritava.

    — Por quanto tempo vai me encarar assim? Eu estou cansado desse seu olhar!

    Kamito queria provar que não era fraco como ela pensava. A maneira que ela o olhava, como se fosse inferior, era o combustível que ele precisava para lutar com ela.

    — Você é um fraco! É só um idiota! Está levando tudo isso como se fosse uma brincadeira, mas não é! E eu irei te mostrar isso.

    — Então é isso que você acha?! Você acha que eu não sei o risco que corremos?! Eu sei bem que a minha vida está em jogo! — Os dois continuavam se analisando, esperando por um primeiro ataque. — Eu realmente odeio esse olhar. Você me julga por achar que não sei das consequências, mas isso não te torna superior!

    — E eu sou. Sou superior em tudo, principalmente no uso da Manifestação Espiritual. Enquanto você tem dias de treino, eu tenho anos! — Retrucou Ryruka, prepotente e orgulhosa.

    Era claramente uma provocação, mas ela sabia que Kamito não suportaria ouvir aquilo.

    — Ryruka, vou fazer você parar com esse seu maldito olhar! — Com raiva, Kamito avançou em linha reta, sem nenhuma estratégia, preparou-se para acertar um soco.

    — Previsível. — Ryruka saltou para trás, Kamito acreditou que ela esquivaria, mas foi surpreendido por uma onda de estacas de gelo.

    — Ice Stakes!

    — Droga! — Surpreendido pelo golpe, sua única reação foi juntar os braços, formando um x para se proteger. O golpe o atingiu, empurrando-o levemente para trás.

    — Que tal isso? Kamito, você jamais acertaria com um golpe tão previsível. — Ryruka caminhou em direção a neblina que seu golpe criou, mas uma sensação passou pela neblina, e rapidamente, Ryruka levantou uma parede de gelo, bloqueando bolas de fogo.

    — Eu não pretendia te acertar! Só quis iniciar algo inevitável. — Com o braço direito, Kamito criou uma lâmina de chamas, cortando a neblina. As chamas tomavam seu braço inteiro, indo desde o ombro até as pontas dos dedos. — Você animou o meu dia. Prepare-se, pois farei você engolir o seu orgulho!

    — Animei? Pensei que você estava se divertindo com a sua namoradinha e a família dela! — Ryruka tocou na parede de gelo, criando várias pontas e disparando as estacas na direção de Kamito.

    — De novo?!— Kamito recuou, e quando as estacas se aproximavam ele as cortava com a lâmina de fogo. — Se esse é o seu único golpe, você jamais me acertará! — Disse Kamito, mesmo com dificuldade para cortar as estacas.

    — Convencido. — Sorriu Ryruka enquanto quebrava a parede de gelo.

    As estacas eram apenas uma distração, ela havia escondido seu verdadeiro golpe. Ryruka concentrou energia em seus braços, ela os fechou batendo as mãos.

    — Freezing Gale!

    O vendaval congelou tudo em seu caminho. Kamito só havia visto tal poder uma vez, não tinha escapatória. Ele tentou mover as pernas, mas elas já estavam congeladas. Ele insistiu, tentou se mover enquanto o vendaval se aproximava. Se aquele poder o atingisse, seria o fim.

    Apesar das tentativas, Kamito sofre o ataque. Podia sentir seu corpo tremer, sua pele queimava enquanto congelava lentamente. Era agoniante, ele rangia os dentes de dor, e em uma tentativa desesperada de escapar, incendiou seu corpo que clamava por suas chamas.

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