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    Se a informação de Raishi fosse verdadeira, Luise estava correndo perigo por culpa de Akane e Kamito, e se algo acontecesse com a garota, Akane jamais se perdoaria. Enquanto corria, Kamito evitava pensar nas piores possibilidades. O garoto estava tão aflito, que tentou atravessar a rua com semáforo aberto, por sorte, Ryruka o puxou de volta para calçada, evitando que um carro que passava o atingisse.

    — Tenha mais cuidado! De que adianta tanta pressa se você acabar morto?! Respire, Kamito. Você precisa se manter calmo. Se a sua energia se descontrolar, você colocará muito mais pessoas em perigo. — O olhar sério e cauteloso de Ryruka era somado com sua força segurando o braço de Kamito. Ela estava certa, o desespero não poderia tomar conta das ações de ambos.

    — Desculpa. Eu… Eu só quero chegar lá o quanto antes. Não quero acreditar que ela realmente desapareceu. Prometo que terei mais cuidado. — Kamito tentou se acalmar, voltaram a caminhar, e quando o semáforo fechou para os veículos, eles atravessaram.

    — Obrigado por vir, não tive tempo de agradecer. Eu sei que não é problema seu, mas mesmo assim você se ofereceu para ajudar. Obrigado, de verdade.

    — Não precisa me agradecer. Eu estou fazendo isso por mim, não por você ou pela Akane. Se o desaparecimento de Luise tem a ver com o Extra-Mundo, então isso se torna problema meu. — Ryruka estava séria, não havia arrogância ou superioridade em seu tom. Ela se se sentia responsável, não queria pessoas comuns se envolvendo nos assuntos do Extra-Mundo.

    — Talvez você esteja certa, mas esse problema não é só seu. Foi por nossa causa que isso pode estar acontecendo, então o problema é nosso.

    Kamito acompanhava Ryruka, estava mais calmo. Por outro lado, as pessoas caminhavam pela rua, era um dia comum do cotidiano, pássaros cantavam livres pelo céu, a paz era aparente naquele lugar, mas a mente de Kamito não parava de pensar em Akane e Luise.

    — Ryruka, eu gostaria de te pedir um favor. Assim que chegarmos lá, preciso que você rastreie aquela área para ver se encontra algum rastro de energia. Precisamos tirar logo essa dúvida.

    — Nem precisa pedir. Será a primeira coisa que farei assim que chegarmos, mas não sei se conseguirei. Luise não possui energia nem é sensível ao Véu. — Disse Ryruka. O fato de Luise não ser sensível ao Véu Espiritual, dificultaria o rastreio, porém, Ryruka guardou para si o peso de não saber se conseguiria, ela não poderia deixar Kamito sem esperanças.

    Já era hora do almoço, o movimento na rua era grande. Kamito e Ryruka foram para frente da escola, ali estava Akane, aguardando-os impacientemente. Trêmula e em lágrimas, ao ver Kamito, correu para seus braços, e o abraçou o mais forte que conseguia.

    Kamito retribuiu o abraço, tocou os cabelos de Akane, ele queria confortá-la, mas sabia que naquele momento, não seria possível. Ryruka aproximou-se, afirmou que não havia rastro algum de energia, mas um cheiro forte que estava tomando o local. Confusa, Akane soltou-se de Kamito, e questionou sobre o que Ryruka estava falando.

    — Achamos que sua irmã pode ter sido capturada por algum Carniceiro, mas não sinto a presença de nada além desse cheiro horrível por aqui. — Ryruka esticou o braço, e discretamente criou uma pequena caixa de gelo para capturar uma amostra do cheiro.

    — Espera aí! Vocês acham que a Luise foi raptada por um Carniceiro?! Kamito, por que você não me contou isso pelo telefone?! Por que você não me contou o que realmente está acontecendo!? — Com os punhos fechados, Akane começou a bater no peito de Kamito. Ela estava fora de si, empurrava e batia no garoto, não parava de questioná-lo, queria uma resposta.

    — Akane, se acalme! Eu também estou preocupado, mas não temos certeza de nada, por isso não te contei! Você sabe que eu não esconderia nada de você! — Kamito segurou Akane pelos ombros e a chacoalhou levemente, tentando trazê-la de volta a realidade. Ele queria ser ouvido, mas é ignorado, Akane empurrou seus braços e o acertou com um forte e estrondoso tapa no rosto.

    — Não me diga para ficar calma! Foi a minha irmã que desapareceu! Ela está correndo perigo e mesmo assim você não me contou nada! — As lágrimas de Akane seguiam escorrendo, lentamente ela recolheu sua mão. As pessoas que passavam na rua, pararam para olhar a discussão. Kamito baixou a cabeça.

    — Akane, a culpa não é dele! Ele disse a verdade. Fui eu quem pensou nessa hipótese, mas, como ele já disse, não tenho certeza se foi isso que aconteceu. — Ryruka calmamente afastou Kamito de Akane. Também sem entender o motivo do tapa, ela mudou o assunto, tentando entender o que havia acontecido antes da chegada dos dois. Já Kamito, não olhou mais para Akane.

    — Você parece estar aqui há um tempo, já falou com a professora ou o diretor?

    — Fiz isso assim que cheguei… A professora dela me disse que ela nem passou pelo portão. Eu havia a deixado na esquina daqui. Foi minha culpa, eu devia ter esperado ela ter entrado. — Nervosa e abalada, Akane se culpava. Por um momento, tentou fazer contato visual com Kamito, mas ele não a correspondeu, deixando-a com raiva de si mesma.

    — Acho que eu conheço alguém que pode nos ajudar. Ele estuda na minha classe, é um Manifestador Espiritual como nós e também tem talento para rastrear. Yujiro Nomura, o segundo melhor estudante da Yamashita Central.

    Apesar da própria sugestão, Ryruka não parecia contente com a ideia, mas era a opção que restava. Por telefone, a garota contatou Yujiro, até que combinaram um novo ponto de encontro.

    — Ele disse para nós o encontrarmos na cafeteria que fica aqui perto. Vamos o quanto antes. Quanto mais demorarmos, mais perigo a Luise corre.

    — Espero que esse cara seja tão bom quanto você diz, e que não seja arrogante e prepotente como você. Espero que a Luise esteja bem e que se realmente um Carniceiro estiver envolvido nisso… Eu o farei pagar! — Kamito estava determinado, ele queria acabar com aquilo o quanto antes, caso contrário, jamais conseguiria olhar para a Senhora Karin e para Suzumi.

    Com o punho cerrado, Kamito descontava a raiva em sua própria mão, a dor do tapa que recebeu de Akane não se comparava a dor que estava sentido com a situação de Luise. Akane tentava olhar para Kamito, tentava de desculpar de alguma forma, mas ele desviava o olhar.

    — Não fale assim de mim! Você sabe que tenho meus motivos. Mas não minto quando digo que ele é um ótimo rastreador. O Yujiro nunca errou uma busca. — Ryruka caminhou para a faixa de pedestres, Akane e Kamito a seguiram em silêncio.

    Enquanto isso, em um lugar escuro, um homem olhava para uma jaula, sem sentimento ou reação. Dentro da jaula, Luise e mais três garotas, desmaiadas da mesma faixa etária.

    Ele puxou uma cadeira, se sentou enquanto sussurrava consigo mesmo enquanto as olhava, seu olhar era perturbador.

    As garotas não teriam muito tempo, o grupo precisava agir rapidamente.

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