Capítulo 21 — Conciliação
Akane olhava os dois e pensava em algo que fosse capaz de burlar tal habilidade. Ela odiava o homem que estavam enfrentando. De suas mãos, ela lançou pequenos escudos que empurravam o homem para trás com o impacto da Manifestação, no entanto, os escudos se desfaziam ao tocar a barreira criada por ele.
— Vocês não podem me tocar! Desistam, eu já venci! Deep Fragrance!
Ele iria usar sua névoa de odor novamente, mas notou que Akane o olhava com um sorriso. Percebendo que os ataques da garota foram uma armadilha que o prendeu em uma grande caixa de energia.
— Impossível! Você me atacou com suas barreiras pois queria saber qual era o limite da minha aura. Foi um movimento esperto.
— Eu precisava arriscar. Então eu precisei estabelecer esse limite para conseguir te prender com seu próprio poder. — Akane começou a reforçar a caixa que o prendia.
— Acabou para você. E, dessa vez, vou me certificar de que você não volte nunca mais. No passado, eu falhei em te impedir e isso custou a vida do meu melhor amigo! Agora eu vingarei a morte dele! — Yujiro estendeu a mão esquerda na direção do homem e a apertou com força, fazendo quatro paredes se formarem ao redor da caixa, lacrando-a.
— Morra! Stone Coffin! — O lacre tornou-se um caixão, esmagando-o. Os gritos agonizantes do homem eram abafados, mas ainda era possível escutar seus ossos quebrando até tornarem pó. Yujiro abriu a mão lentamente, e o caixão afundou.
— Conseguimos! Seu plano realmente funcionou! Como você tinha tanta certeza de que ele faria aquilo? — Akane começou a curar os braços de Yujiro, machucados pela sequência de chutes.
— Porque foi assim que ele matou meu melhor amigo. Há um tempo, havia surgido um novo Manifestador Espiritual especializado em odor. Fomos investigar, achando que podíamos vencê-lo, mas logo as coisas pioraram para o nosso lado. Meu amigo foi morto pela névoa. Ele se sacrificou para me dar uma chance de vencer, mas eu falhei. Não consegui mata-lo, só o enterrar. Eu não achava que ele seria capaz de sobreviver, muito menos que ele retornaria com sua ideia doentia de tentar controlar aqueles cães. — Ele desviou o olhar, não queria demonstrar sua tristeza. O sabor da vitória não traria seu amigo de volta a vida.
— Vamos tirar as garotas daqui, logo elas acordarão. Aparentemente, aqueles dois já terminaram também. Finalmente acabou.
Yujiro caminhou até a jaula e quebrou o cadeado, Akane rapidamente correu para socorrer sua irmã, verificando se não havia acontecido algo pior com ela e as demais. Com o tempo, Ryruka e Kamito chegaram ao local, cada um levou uma garota para fora do prédio. Akane não parava de olhar para Kamito, seus olhos estavam cheios de lágrimas, mas ela estava feliz.
No começo da noite, as garotas foram levadas ao hospital. Ryruka e Yujiro se despediram, e o garoto novo aceitou ser parte do time.
Luise ainda dormia, Kamito a carregava nas costas, com sua cabeça apoiada no ombro do garoto.
Em silêncio, Akane foi diminuindo o ritmo até parar por completo. Kamito, ao perceber a súbita ausência dela, interrompeu seus passos alguns metros à frente e voltou-se para a amiga.
— Kamito… eu… eu não fui justa com você. — Sua voz tremia. — Te culpei sem motivo. Mesmo quando você só tentava ajudar, eu agi sem pensar. No esconderijo do sequestrador, eu vi algo que me fez perceber o quanto fui injusta. Se algo acontecesse com você… eu não suportaria ver aquilo! Me desculpe pela forma como agi.
Com o rosto corado e a voz embargada, Akane abaixou a cabeça, desviando o olhar enquanto tentava conter as lágrimas.
— Está tudo bem. — A voz de Kamito era calma. — Eu não tenho irmãos, então não sei exatamente como é o que você sentia… mas cresci com você e com ela. Também a considero uma irmã. Eu queria poder fazer mais, queria ajudar de verdade… mas, no fim, sinto que não consegui fazer nada.
Ele então sorriu levemente.
— Mas eu não vou morrer, eu prometo.
— Nunca quebre essa promessa, eu não seria capaz de viver sem… Você. — Akane ergueu o olhar e encontrou os olhos de Kamito. Suas bochechas, já coradas, ardiam ainda mais à medida que o silêncio se prolongava. Havia uma tensão suave, quase dolorosa, pairando entre eles. Ambos estavam nervosos, inseguros diante da intensidade do momento, sem saber o que dizer ou fazer.
— Kamito, eu… — Luise se mexeu como se estivesse despertando. Akane afastou-se envergonhada, pois não conseguiria falar o que realmente queria enquanto Kamito a observa sem reação.
Kamito se perguntava o que Akane iria dizer a ele, o que aconteceria se não fosse a interrupção de Luise.
Enquanto voltavam para casa, os encapuzados agiam novamente. Desta vez, quatro deles estavam no galpão onde a luta contra os cães ocorreu. Eles analisavam o local e coletavam o máximo de informações. No prédio, três deles procuravam o corpo do Manipulador.
O último homem do grupo, estava no terraço do prédio, observando a noite tomar conta da cidade. Seu olhar vazio acompanhava as luzes que iluminavam a cidade naquela noite escura. Os demais se juntaram a ele, notificando a conclusão do serviço. Ele caminhou até o grupo se teletransportando com eles.
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