Índice de Capítulo

    Enquanto isso, Akane caminhava tranquilamente pelo shopping ao lado de suas irmãs. As três carregavam algumas sacolas e conversavam animadamente sobre as lojas que ainda pretendiam visitar. Após alguns minutos de caminhada, algo em uma vitrine chamou a atenção de Akane, fazendo-a parar de súbito. Na vitrine de uma pequena joalheria, havia um delicado par de pingentes. Um dos pingentes tinha a coloração azul, enquanto o outro possuía um brilhante tom de dourado.

    Seus olhos brilharam ao vê-los. Eram simples, mas belíssimos. Ela tentava disfarçar seu encantamento pela joia. Antes que pudesse se afastar, um atendente, percebendo seu interesse, aproximou-se gentilmente e perguntou se podia ajudá-la. Suzumi e Luise, que haviam notado a parada repentina da irmã, seguiram seu olhar até a vitrine e entenderam de imediato o motivo de sua atenção.

    Suzumi, sem hesitar, interveio com naturalidade: disse ao atendente que estavam apenas olhando e que o chamariam quando decidissem algo. O homem assentiu e se afastou discretamente. As três entraram na loja logo em seguida, Suzumi os examinou de perto, ficando visivelmente impressionada.

    — Eles são lindos. — comentou sorrindo — Você quer comprar para usar com o Kamito, estou certa?

    Suzumi disse de forma bem direta, deixando sua irmã sem reação e um tanto envergonhada.

    — E-Eu?! Eu só estava olhando… E mesmo que eu quisesse comprar, não teria dinheiro. Me sinto uma idiota achando que poderia comprar isso.

    Ela desviou o olhar, levemente triste. Queria os pingentes, sim, mas lhe faltava dinheiro. Além disso, faltava-lhe coragem.

    — Akane, essa é uma ótima iniciativa. Você realmente está dedicada em conquistá-lo. Por que não os compra? — Suzumi dizia com ternura enquanto olhava sua irmã — Eu pago. Se é para te ver feliz, eu não ligo em comprá-los para você.

    Os olhos de Akane brilhavam, tocados com o gesto de sua irmã. Suzumi sempre se preocupava com suas irmãs, mas ainda assim, aquilo aquecia seu coração. Ela chamou o atendente novamente e lhe mostrou os tão desejados pingentes.

    — O Kamito vai adorar isso! Tenho certeza que vai! Você deveria ter escolhido alguma aliança ou algo do tipo, mas isso é melhor que nada. Se dependesse dele, você não teria nada. — disse Suzumi com convicção.

    Luise se queixou da escolha dos pingentes, fazendo Akane ficar ainda mais envergonhada. A mais nova sorriu ao perceber isso e disse que vai esperar na frente da loja enquanto as mais velhas iam em direção ao caixa. Suzumi a alerta para ela não sair de perto delas, deixando Luise irritada, cruzando os braços com raiva enquanto se queixava. Akane ri ao ver a reação da sua irmãzinha.

    — Eu não sou nenhuma criancinha! Eu sei me cuidar muito bem sozinha!

    — Nós sabemos disso — respondeu Suzumi com firmeza —  Mas você pode acabar se perdendo ou aquilo pode acontecer de novo… Então será bem melhor se você esperar aqui com a gente.

    Suzumi estava cumprindo bem o papel de irmã mais velha: protetora, racional e sempre atenta. A mesma então se aproximou do caixa e pagou pelos pingentes. Após comprá-los, as três voltam a passear pelo shopping, porém Akane estava diferente. Seu olhar era triste e preocupado, mas não parecia ser pelo presente e sim por alguma outra coisa que a deixava apreensiva.

    Luise sugeriu que elas parassem para tomar sorvete e Suzumi concordou. Ela havia notado que Akane estava estranha, então pediu para que Luise fizesse os pedidos, a deixando bastante animada pelos seus cinco minutos de independência. Ela então entregou as sacolas e correu para a fila, deixando suas irmãs para trás num instante. Suzumi continuou a olhar Akane, que parecia estar perdida em pensamentos. Ela então tocou com delicadeza no ombro de sua irmã, esperando alguma reação.

    — O que foi, Akane? Ainda está pensando se os pingentes são uma boa ideia?

    Akane demorou alguns segundos para responder. Estava com o olhar baixo, e sua voz saiu hesitante.

    — Hã? Bem… É que hoje o Kamito me chamou para sair… E eu recusei. Não sei por que, mas parecia que ele não queria ficar sozinho. Me sinto mal em não ter aceitado. Eu deveria ter insistido para ele vir comigo, mas ao invés disso eu só disse que o veria mais tarde.

    Ela não conseguia encarar a irmã, claramente constrangida pelo que acabara de admitir. Aquilo a incomodava mais do que gostaria.

    Suzumi permaneceu em silêncio por um momento, observando-a com atenção. Então, com ternura, tocou a bochecha esquerda de Akane e sorriu de forma suave.

    — Akane… não se culpe tanto. Você e o Kamito passam o dia juntos, é normal recusar às vezes. Eu garanto que ele estará na casa dele com aquela cara de tapado sem fazer nada.

    Suzumi continuou acariciando seu rosto por mais alguns segundos antes de recolher a mão. O sorriso de sua irmã era tudo o que queria ver. Elas continuaram seu caminho até Luise, antes que a mais nova perdesse a paciência e saísse da fila do sorvete.

    — O-Obrigada, Suzumi, você está certa. Ele está bem, provavelmente deve estar dormindo ou jogando. Eu vou surpreendê-lo com meu presente! E assim ele finalmente vai me…

    Akane travou a frase no meio. Mesmo tomada por uma súbita confiança, não conseguia completar o pensamento em voz alta diante da irmã. Suzumi sorriu com carinho, compreendendo sem forçar a resposta.

    — Não precisa agradecer, eu só quero te ver bem. Agora vamos logo antes que a Luise se irrite com a nossa demora. Vamos nos divertir bastante, tá bem?!

    Ela segurou o pulso de Akane com leveza e a puxou com delicadeza em direção à fila do sorvete. As duas riam, descontraídas. Quando se aproximaram, Luise, para a surpresa de ambas, ainda estava pacientemente esperando no mesmo lugar, algo raro, considerando seu temperamento explosivo. Logo elas compraram os sorvetes: chocolate para Luise, morango para Suzumi e creme para Akane.

    Elas seguiram juntas até a praça de alimentação do shopping, procurando uma mesa para descansar um pouco. Luise estava radiante, no dia seguinte seria o último dia de aula, e ela falava animadamente sobre os planos para as férias. Seu maior desejo era passar alguns dias na praia.

    — Seria uma boa oportunidade para seduzi-lo com seu biquini! — dizia entre risos.

    Akane ficou corada na hora, levando as mãos ao rosto em puro constrangimento.

    — E-Ei! Eu não preciso apelar desse jeito! Sei muito bem como conquistar ele sem precisar mostrar tanto!

    Por sorte, Luise estava entretida com seu sorvete e não prestava atenção na conversa. Suzumi sugeriu para que elas tirassem uma foto juntas, fazendo suas melhores poses. Luise ficou no meio por ser menor, Akane à esquerda e Suzumi à direita. Seus sorrisos estavam incrivelmente lindos e descontraídos na foto. Foi o melhor dia que elas tiveram juntas.

    Enquanto isso, do outro lado da cidade, Coiote encarava Kamito seriamente. Ele estava encostado em uma árvore, encurralado, e seu olhar era firme. Ele não morreria ali. Definitivamente voltaria para Akane, custasse o que custasse. Coiote caminhava lentamente em sua direção, mas Kamito já não estava mais assustado. Estava mais calmo e decidido a pôr um fim naquilo.

    — Não vai fugir? Tanto esforço para criar uma distração e você ficou encurralado como uma ovelha para o abate. Que pena que você desperdiçou sua chance de escapar!!!

    Coiote avançou rapidamente, posicionando a espada esquerda para frente, esperando perfurá-lo. Sua espada direita estava virada para trás, como se a escondesse no braço. Provavelmente era para o caso de Kamito tentar se esquivar, mas dessa vez ele conseguiu ver e ler o ataque.

    — Dessa vez eu consigo ver seus movimentos!!!

    Kamito se jogou para a esquerda, tentando desviar do golpe, mas a espada ainda acertou seu ombro. Logo Coiote empunhou a outra espada e o golpeou, tentando cortá-lo. Kamito criou um escudo de chamas rapidamente, mas ainda assim a espada passou de raspão. Antes que Coiote pudesse fazer algo, o garoto criou uma lâmina de chamas e fez um corte repentino em sua direção, que foi desviado com facilidade. Seus ataques ainda não eram o bastante.

    — Você conseguiu desviar do meu golpe e ainda revidar. Quem diria, você está aprendendo com essa surra que está levando. Mas não é o bastante para me vencer, pois você nunca será capaz disso!!!

    Enquanto falava, um corte se abriu em sua bochecha e um pouco de sangue começou a escorrer. Ao sentir aquilo, Coiote fincou uma das espadas no chão e calmamente passou o polegar sobre o corte, limpando o sangue. Ao ver seu próprio sangue, seu humor mudou drasticamente.

    — Você me cortou?! Impossível!!! — ele gritou incrédulo — Como um fracote foi capaz de fazer isso?!

    — Eu já te disse para não me achar tão fraco! Se continuar acreditando nisso, será você o derrotado. Não importa o quão forte você seja, eu te derrotarei!

    Kamito se levantou com um pouco de dificuldade. Os ferimentos doíam muito. Se não fosse pelo treinamento do Raishi e aquelas roupas, ele já estaria morto. Intensificou a chama da lâmina, fazendo-a se manter estável enquanto encarava o inimigo seriamente.

    — Kamito Takeda, você é um homem-morto!!!

    Coiote puxou a espada do chão e correu em sua direção. Estava muito mais rápido que da outra vez. Kamito não conseguia acompanhá-lo tão bem, então sua defesa era tardia e desengonçada. Logo, Coiote começou a se mover de maneira tão veloz que parecia ter várias cópias suas, como se estivesse em mais de um lugar ao mesmo tempo. Ele o atacava de todas as direções enquanto Kamito tentava se defender sem sucesso algum.

    — O que acha disso?! Vamos!!! Me acerte agora!!! Vamos, reage!!!

    — CALA A SUA MALDITA BOCA!!!

    Kamito abaixou a cabeça e juntou os braços. Assim que os abriu, uma explosão de chamas saiu de dentro do seu corpo e devastou toda a área ao redor. Isso fez com que Coiote recuasse por um instante, mas ele logo avançou novamente, girando rapidamente com os braços abertos. Kamito começou a correr para escapar daquele redemoinho de lâminas que vinha em sua direção. Olhou para trás e lançou bolas de fogo contra ele, mas todas foram rebatidas pelas lâminas.

    — Já desistiu de me fazer calar a boca?! Patético!!!

    Ele então saltou, passando por cima de Kamito e caindo bem à sua frente. Kamito parou bruscamente e foi atingido pelo redemoinho de lâminas. Pedaços de sua roupa e gotas de sangue voaram no ar, até que Coiote desferiu um chute em seu peito e o arremessou contra uma rocha. O impacto foi brutal.

    — Você vê a diferença entre nossos poderes?! Você consegue compreender tal poder?! Sem sua Relíquia, você não é páreo para mim. E mesmo que tivesse uma, você não seria capaz, pois você é fraco! Kamito, aceite a morte de bom grado. Siga o meu conselho.

    — E… Eu… Eu já disse que não vou morrer! Eu não sou fraco! Você não me conhece, não sabe do que eu sou capaz! Eu não morrerei num lugar assim!

    Com dificuldades, ele se soltou da rocha. O impacto havia sido tão forte que as marcas do seu corpo ficaram gravadas na pedra. Estranhamente, ele estava sorrindo. Mesmo naquela situação desesperadora, o azulado sorria. Ele queria vencer, custasse o que custasse.

    — Eu ainda tenho um truque na manga! E eu vencerei você!

    Ele fechou os olhos lentamente, controlando a respiração. Quando os abriu novamente, seus olhos estavam tingidos de azul. Começou a afastar as pernas e dobrou os joelhos. Encarou Coiote friamente, com um único pensamento: vencer. Lentamente, fechou os dedos da mão esquerda, deixando apenas o indicador erguido enquanto a levava até a altura do peito. Estava prestes a usar sua técnica mais poderosa até então. Mesmo que houvesse consequências, ele precisava derrotar aquele homem.

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