Capítulo 51 — Akane e Camaleão Contra Harpia e Pombo
Camaleão a encarava com seriedade, sem demonstrar qualquer emoção. Não esperava que Pombo recorresse a algo tão baixo, e isso apenas reforçava sua decisão de lutar até o fim. Ela apertou o punho sobre o cabo do chicote com força, e, pouco a pouco, a arma começou a se alongar, como se ganhasse vida própria.
Pombo arregalou os olhos, surpresa. Nunca tinha visto uma Relíquia mudar de tamanho, algo assim parecia impossível. Mas o que mais a perturbava era o silêncio energético diante dela. Camaleão estava completamente neutra, sem emitir qualquer sinal, como se tivesse se apagado do mundo.
— Como você aumentou o tamanho do seu chicote?! — exigiu, dando um passo para trás — Eu pensei que era impossível alguém modificar o tamanho da sua Relíquia. Me diga!
A voz de Pombo tremia entre curiosidade e frustração. Sua Manifestação, que até então lia tudo sobre seus oponentes, agora não captava nada. Era como se estivesse diante de um vazio absoluto. Mas de repente, Camaleão sorriu.
— Por que eu diria?! Você não é capaz de ler tudo sobre mim?! Ou sua Manifestação não está mais funcionando?! — provocou, mantendo o olhar firme — Era esperado isso, já que você me feriu. Minha Manifestação é a camuflagem perfeita. Quando eu sou ferida, minha Manifestação se ativa automaticamente, camuflando todas as minhas informações para caso algum inimigo tente roubar informações ou me ler.
Enquanto falava, seu corpo e o chicote começaram a se fundir com o ambiente, tornando-se invisíveis até desaparecerem completamente. Pombo olhou em volta, desesperada, girando o corpo várias vezes, não havia sinal algum dela, nem mesmo um resquício de energia.
— Onde ela pode estar?! Não é possível que ela tenha alterado a sua Manifestação em tão pouco tempo. Isso não pode ser possível.
Deu alguns passos hesitantes, tentando rastrear algo, mas não encontrou nada. Então, de repente, algo agarrou sua perna e a puxou com força brutal. Pombo foi arremessada contra um prédio próximo, batendo com violência. O impacto fez o sangue escapar pelos seus lábios. Antes que pudesse reagir, foi puxada novamente, dessa vez para o alto, e, em seguida, algo a atingiu no estômago, lançando-a contra o chão com um estrondo que abriu uma cratera.
Harpia olhou em choque para a irmã caída. Tentou correr até ela, mas Akane, aproveitando o momento, disparou uma sequência de flechas, obrigando-a a recuar e desviando sua atenção.
— Pombo, eu não mudei minha Manifestação e minha Relíquia. Eu apenas as completei com o treinamento do Yujiro. — Camaleão reapareceu lentamente, revelando-se sobre o muro do campo. O chicote, agora visível, estava firmemente preso à perna esquerda de Pombo — Ele me ensinou a usar todo o meu potencial. Minha Relíquia estava incompleta até agora, mas o seu golpe me fez lembrar do treinamento dele e finalmente completar minha Relíquia.
Ela pulou do muro e aterrissou próxima à adversária caída, recolhendo o chicote com cuidado. O olhar determinado deixava claro: Camaleão se preparava para encerrar aquela luta.
— Acabou, Pombo. Não precisei jogar sujo como você… Agora esse será o golpe final. Vocês, vilões, no final sempre caem. Sinto muito, amiga.
Camaleão observou Pombo desacordada e respirou fundo, com o chicote ainda firme na mão. Ela se preparou para o golpe final, mas seu corpo tremeu subitamente. Virou o rosto e viu Harpia a encarar fixamente, impedindo-a de terminar o que havia começado. Harpia ignorou Akane e correu para socorrer a irmã. Akane, então, alcançou Camaleão e se juntou a ela, agora seriam duas contra uma.
— Camaleão, você vai pagar pelo que fez com a minha irmãzinha! Ninguém tem o direito de encostar nela! Ninguém!!! Você será a primeira a morrer!!! — a gêmea restan berrou com ódio.
Harpia então,empunhando a espada com ódio e avançando contra as duas, que ainda tremiam sob o efeito de sua Manifestação. Camaleão quase foi atingida, mas Akane formou uma barreira que as lançou para longe no momento em que ia quebrar, salvando-as por pouco.
— É inútil! Vocês não têm mais escapatória! Eu matarei vocês! Vocês pagarão por terem me tirado do sério! Vocês pagarão por terem machucado a minha irmãzinha! Vocês pagarão por terem entrado no nosso caminho!!! — Harpia gritou, a voz vibrando de fúria.
— Quem irá pagar por algo serão vocês! Vocês entraram no nosso caminho! Vocês ameaçam essa cidade e, principalmente, atacaram o meu namorado!!! — disse Akane, com os olhos em brasa — Eu jamais perdoarei vocês por terem o machucado!!! Vocês sentirão a minha esperança!!! O Kamito ama essa cidade e esse mundo, e se vocês ameaçam o que ele ama, eu jamais as perdoarei! Eu serei a esperança que ele sempre buscou, pois eu sou o seu escudo!!!
Akane invocou a Relíquia e o arco formou-se num X com duas cordas; ela mirou Harpia criando uma enorme flecha seguida de um muro cravejado de pontas. Harpia não escondeu a surpresa diante daquele poder; tentou manifestar algo para contê-la, mas Akane não vacilou.
— Você jamais irá parar a minha esperança! Sinta a… Glorious Arrow of Hope!!! — anunciou Akane, puxando a corda e disparando.
— Quanta fúria… Quanta determinação… Tudo isso por querer o bem daquele rapaz?! Você é tola! Seu desejo egoísta jamais irá superar o sonho que eu e a minha irmã temos!!! Não importa o quanto você tente resistir!!!
Percebendo que Camaleão havia desaparecido, Harpia entendeu tarde demais o que ocorrera. Akane já havia disparado.
— D-Droga!!! Eu não posso perder num lugar desses!!!
A flecha a atingiu em cheio e um vórtex de energia se formou, fazendo o chão tremer violentamente. Raishi e os outros, que subiam as escadas, sentiram o prédio sacudir e se seguraram; Ryruka perguntou se aquilo fora obra de Kamito, mas Raishi negou, explicou que fora Akane, pois aquela onda viera de sua verdadeira força. Solum e Kamito, próximos dali, também sentiram a intensidade.
Kamito tentou se erguer, mas perdeu o equilíbrio e caiu, rastejou, desesperado. Solum, mais recuperado, ajudou-o a levantar e apoiou-o no ombro, ajudando-o a andar até a entrada do campo. Kamito olhou para ele confuso; Solum não disse nada. O vórtex começou a se desfazer devagar, deixando no ar a incerteza sobre o resultado do combate.

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