Índice de Capítulo

    [Escola Secundária 25 – Quarto de Yoru, Madrugada]

    A lua alta banhava o dormitório em prateado. Yoru estava deitado na cama, mas o sono não vinha. As palavras de Hina, o beijo, o sentimento de impotência ao ver Reo… tudo rodava na sua mente como um turbilhão silencioso. Levantou-se devagar, vestiu a jaqueta e saiu pelos corredores escuros do dormitório.

    No pátio vazio, encontrou Hina sentada no banco de pedra. Como se o destino tivesse marcado aquele encontro.

    — Você também não consegue dormir? — ela perguntou, sem olhar para ele.

    — Não desde que vi o Reo de novo — respondeu, sentando ao lado dela.

    Ela respirou fundo, olhando o céu.

    — Eu sonhei com ele. Com o Reo. Sabe o que ele disse no sonho? Que nós somos fracos demais para mudar qualquer coisa. E que, no final, todo mundo morre sozinho.

    Yoru apertou os punhos.

    — Ele tá errado. Eu não vou deixar ninguém morrer sozinho. Mesmo que eu tenha que sangrar por isso.

    Ela o olhou. Um brilho nos olhos.

    — Então me prometa… que, quando tudo acabar, a gente vai viver uma vida comum. Longe disso tudo. Mesmo que seja por um tempo. Só… ser feliz.

    — Eu prometo.

    O silêncio caiu de novo. Mas era um silêncio confortável. O tipo que só duas almas feridas, mas conectadas, podem compartilhar.

    [Escola Secundária 35 – Sede dos Executivos, Manhã Seguinte]

    Philips estava em reunião com os Executivos Nº 9, 8 e 7. Uma atmosfera pesada, carregada de intenção assassina, pairava no ar. Mikhail, sentado à cabeceira da mesa, mantinha os dedos entrelaçados sobre a boca.

    — A fase dois do plano de Haruto está para ser iniciada. É hora de testar a força real da escola 25. Começaremos com um ataque cirúrgico. — disse Philips, passando fichas para os três.

    — Que tipo de ataque? — perguntou Mikhail.

    — Sequestro. Vamos capturar alguém importante. Alguém que eles não podem perder. Alguém que vai quebrar o moral deles.

    Bunkjae sorriu, mostrando os dentes afiados.

    — Finalmente…

    — Quem será o alvo? — Mikhail cruzou os braços.

    Philips se virou para uma tela, onde a imagem de Hina aparecia.

    — Ela. A garota de olhos castanhos. Íntima de Yoru. Vamos ver o quanto ele consegue manter a pose quando tirar algo que ele ama.

    Mikhail suspirou.

    — Isso é clichê. Mas eficaz. Vou preparar o plano.

    [Escola 25 – Sala de Treinamento, Tarde do Mesmo Dia]

    Sophie e Yuna treinavam golpes de evasão com Lee. Sophie era veloz, mas impulsiva. Yuna, ao contrário, mantinha a concentração fria, como uma guerreira experiente.

    — Sua mente é mais afiada do que parece — comentou Lee para Yuna. — Você já lutou antes.

    Yuna assentiu.

    — Treinei por anos com um homem chamado Isshin. Um ex-membro de uma unidade especial de elite. Ele me ensinou a nunca perder o foco. Nem mesmo diante do medo.

    Ben chegou, apoiado em uma muleta improvisada.

    — E como você perdeu esse foco quando eu apareci, hein? — disse ele, com um sorriso.

    Sophie bufou.

    — Ele tá insuportável desde que ganhei dele no xadrez.

    — Você perdeu, banana! Você fez um movimento ilegal e ainda trapaceou!

    Yoru entrou na sala, junto de Kaito e Hiroshi. Todos pararam para ouvi-lo.

    — Gente, preciso falar com vocês. Temos sinais de que a escola 35 vai agir em breve. E temos razões pra crer que eles vão mirar em alguém daqui. — disse Yoru, sério.

    — Você acha que vão atacar a Hina? — perguntou Sophie.

    — É o mais provável.

    Kaito se adiantou.

    — Vamos armar uma emboscada. Usar isso a nosso favor. Se querem vir atrás dela, vamos dar a eles um alvo… mas no nosso campo.

    Mikhail, do outro lado da cidade, sorria, analisando o mesmo movimento com um tabuleiro de xadrez em sua frente.

    — Vamos ver, Yoru. Se você consegue jogar xadrez comigo.

    [Escola Secundária 35 – Prédio dos Executivos, Sala de Reuniões Restrita]

    O ambiente era quase sufocante. As luzes piscavam de forma irregular, como se até a eletricidade tivesse receio de fluir naquele espaço. No centro da sala, um trono metálico erguia-se sobre um pequeno altar, onde Haruto, agora trajando um sobretudo negro com marcas prateadas nas mangas, observava todos com olhos semicerrados.

    Ao redor, nove figuras estavam presentes. Os Executivos.

    Danilo, encostado na parede, permanecia em silêncio. Mesmo entre monstros, sua aura era inegavelmente densa. Philips se aproximou de Haruto e entregou-lhe um relatório.

    — O núcleo da 25 está se reorganizando. Yoru sobreviveu e está se tornando símbolo de resistência. Ele… está crescendo.

    Haruto não respondeu de imediato. Ele encarava a ficha de Yoru como quem observa uma peça rara prestes a desabrochar ou se partir. Ele fechou a ficha com calma e ergueu os olhos.

    — Muito bem. Chegou o momento.

    Todos os Executivos se entreolharam.

    — A partir de agora… entraremos na Fase 2. A guerra entre escolas deixa de ser apenas uma guerra de egos e território. A partir de hoje… ela se tornará um massacre calculado.

    Um dos Executivos, de cabelos brancos e expressão sonolenta, murmurou:

    — Vamos mesmo usar ela?

    Haruto sorriu de lado.

    — Ainda não. Mas estaremos prontos. Philips, envie o chamado. Quero Mikhail, Bunkjae, e também os números 9 e 6 prontos para a ofensiva.

    Philips assentiu e saiu.

    — E você, Danilo… — Haruto apontou o dedo lentamente. — Vai ser o responsável por testar o verdadeiro poder do núcleo da 25. Vá até lá… e veja até onde eles podem sangrar.

    Danilo nada respondeu. Apenas virou-se e saiu da sala, o som de suas botas ecoando pelos corredores escuros.

    [Escola Secundária 25 – Dois Dias Depois]

    A noite havia chegado fria. O campo de treino improvisado no pátio de trás vibrava com o som de golpes e gritos de esforço. Kaito, Hiroshi e Sophie treinavam ao lado de Leonard, que demonstrava técnicas de movimentação evasiva com extrema precisão. Yoru estava um pouco afastado, socando uma árvore com bandagens nos punhos até que a casca se despedaçasse.

    — Mais uma vez… mais uma vez…! — murmurava ele, com os olhos cerrados e o corpo tremendo.

    — Você vai quebrar a mão, idiota. — Hina surgiu ao lado dele, trazendo uma toalha e uma garrafa de água.

    Yoru olhou para ela e sorriu brevemente, com sangue escorrendo dos dedos.

    — Se eu não quebrar a mão agora… vai ser alguém que eu amo que vai se quebrar no campo de batalha.

    Ela não disse nada. Apenas sentou-se ao lado dele, entregando a garrafa.

    Nesse instante, uma sombra surgiu por entre as árvores. Um assobio cortou o vento.

    — Não abaixem a guarda.

    A voz de Yuna soou antes que todos se virassem. Ao longe, cinco figuras se aproximavam com passos decididos. Um deles tinha os cabelos vermelhos e selvagens como fogo. Outro, loiro e de postura refinada. Atrás deles, um garoto com tatuagens nos olhos, um com uma máscara de ferro, e uma garota de rosto angelical… mas um olhar vazio como a morte.

    — Bunkjae. Mikhail. O número 9 o número 6 da escola 35 e a nova peça secreta… Aika.

    — Eles vieram… — sussurrou Sophie, com os olhos arregalados.

    Yoru ficou de pé, os punhos cerrados. O campo ficou silencioso. Até os insetos pareciam ter desaparecido.

    Bunkjae deu um passo à frente, sorrindo.

    — Então é aqui que estão os “heróis”. Vocês são… menores do que eu imaginei. Mas vamos ver se têm grito na garganta quando eu estiver arrancando seus braços.

    Mikhail pigarreou, ajustando os óculos.

    — Lembre-se, Bunkjae. O chefe quer que observemos primeiro. Não vamos nos precipitar. Pelo menos… não agora.

    Aika, a garota da expressão angelical, passou os dedos sobre uma rosa negra em suas mãos.

    — Posso brincar um pouco? Prometo não matar… todos.

    Leonard avançou dois passos, olhos frios.

    — Vocês não têm ideia do que estão enfrentando aqui.

    Mikhail sorriu.

    — E vocês não têm ideia do que está vindo aí.

    o Mikhail deu um sorriso muito frio e disse em um alto tom;

    — A Guerra das Escolas chegou à sua fase final. Quebrem seus limites ou sejam esmagados.

    Yoru olhou para todos ao redor. Sophie tremia, mas se manteve firme. Kaito cerrava os punhos com determinação. Hina respirava fundo. Yuna… tinha lágrimas nos olhos, mas sua espada estava desembainhada.

    Yoru então gritou:

    — Todo mundo em posição!

    E a primeira onda da batalha final começou.

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