Capítulo 80 – Agora estamos resolvidos
Ryuji caminhava pelo território hostil, sua confiança inabalável. Após derrotar Juan, parecia que nada poderia detê-lo. Ao seu redor, a paisagem continuava caótica: delinquentes caídos, caçambas de lixo tombadas, e o chão repleto de marcas de combate.
Logo, ele foi cercado por mais delinquentes da escola 24. Eram figuras menores no ranking, mas ainda assim, estavam determinados a proteger o território.
— Vocês estão no caminho errado — disse Ryuji, ajustando sua corrente nos punhos. — Não sou o tipo de cara que vocês deveriam enfrentar.
Sem responder, os delinquentes avançaram, armados com pedaços de madeira e barras de ferro.
Ryuji deu um passo à frente com um sorriso arrogante. Ele girou a corrente, criando um som cortante no ar antes de usá-la para desarmar o primeiro oponente, arrancando a madeira de suas mãos.
Com um movimento rápido, ele envolveu a corrente no tornozelo de outro e puxou com força, fazendo o rapaz cair de costas.
— Próximo! — gritou ele, desafiador.
Os demais avançaram juntos, mas Ryuji era um veterano em combates de rua. Ele usava o ambiente ao seu favor, empurrando um adversário contra uma parede enquanto desferia um golpe certeiro no estômago de outro com o cotovelo.
Em menos de cinco minutos, os delinquentes estavam no chão, gemendo de dor.
— Isso foi decepcionante — Ryuji disse, ajeitando sua corrente e seguindo em frente sem sequer olhar para trás.
Enquanto isso, em outro canto da cidade, Lee e Mia já estavam em ação. Após o descanso, as duas pareciam renovadas, com a determinação brilhando em seus olhos.
— Pronta para isso, Mia? — perguntou Lee, enquanto esticava os braços.
— Sempre. Só espero que eles tenham melhorado desde a última vez, porque quero algo mais desafiador desta vez — respondeu Mia com um sorriso confiante.
As duas começaram a avançar em direção ao território da escola 24. Pelo caminho, encontraram pequenos grupos de delinquentes tentando barrar sua passagem.
O primeiro grupo veio com cinco delinquentes armados com canos de ferro. Lee foi a primeira a agir, correndo para o centro do grupo como uma tempestade.
Ela desferiu um chute lateral que acertou o líder do grupo no peito, jogando-o contra uma cerca. Antes que os outros pudessem reagir, ela já havia derrubado mais dois com socos precisos e rápidos.
Mia, por outro lado, era mais metódica. Ela usava esquivas e contra-ataques para desarmar seus oponentes. Um deles tentou acertá-la com um cano, mas ela agarrou a arma no ar, torcendo o braço do adversário antes de derrubá-lo com um golpe direto no queixo.
— Eles não são páreo para nós — disse Mia, olhando para os corpos no chão.
— Isso é só o começo — respondeu Lee, limpando o suor da testa.
As duas continuaram avançando, derrotando pequenos grupos pelo caminho. Cada vitória parecia reacender a chama de determinação em ambas.
— Estamos perto de entrar na zona principal da escola 24 — disse Lee, olhando ao redor.
— Então é hora de levar isso a sério — respondeu Mia, ajustando suas luvas.
Com isso, as duas seguiram em frente, preparando-se para o que viria a seguir. A guerra entre as escolas estava esquentando, e elas estavam prontas para deixar sua marca nesse conflito.
Yuna caminhava pelas ruas devastadas do território em disputa, cada passo ecoando em sua mente com pensamentos conflitantes. Seu coração batia rápido, não pela tensão da guerra, mas pelo desejo de encontrar Hayato.
— Onde você está? — murmurou, segurando firme sua espada de madeira. A lembrança dos momentos que passou com ele a impulsionava, mas também a fazia sentir o peso da traição que cometeu.
Enquanto vagava, uma presença forte e assustadora surgiu à sua frente. Era Philips, o número 3 da escola 27. Ele estava encostado em uma parede, as mãos nos bolsos, com uma expressão calma, quase entediada.
— Olha só quem está aqui… — disse Philips, com um sorriso enigmático. — A cachorrinha perdida da escola 24.
Yuna parou no mesmo instante. O olhar de Philips era intenso, como se ele pudesse enxergar diretamente através dela.
— Não estou aqui para você, Philips. Saia do meu caminho. — Sua voz soou firme, mas por dentro, ela sentia o peso da presença dele.
Philips soltou uma risada baixa.
— Procurando alguém especial, não é? Hayato, talvez? O rapaz da escola 25. Deve ser difícil, não é? Amar alguém e ainda assim traí-lo.
As palavras dele perfuraram como lâminas. Yuna respirou fundo, tentando manter a compostura.
— Não vou ouvir provocações. Só preciso passar.
Philips deu um passo à frente, ainda com aquele sorriso indiferente.
— E se eu disser que não vai? — Ele inclinou a cabeça, estudando-a como se fosse uma peça em um tabuleiro. — Mostre-me do que você é capaz.
Yuna segurou sua espada de madeira com ambas as mãos e avançou sem hesitar.
— Não subestime quem eu sou! — gritou, desferindo um golpe rápido em direção ao peito de Philips.
Ele desviou com facilidade, movendo-se como uma sombra. Antes que ela pudesse recuar, ele agarrou a lâmina de madeira com a mão e a girou, forçando-a a perder o equilíbrio.
— Previsível. — Philips soltou a espada e a empurrou para trás com um leve toque.
Yuna não desistiu. Ela atacou novamente, desta vez tentando variar os ângulos de seus golpes. Mas Philips era implacável. Cada golpe que ela desferia era evitado ou bloqueado com uma precisão quase sobrenatural.
— Você não tem chance — disse ele, desviando de mais um ataque e girando ao redor dela. Com um único movimento rápido, ele a acertou com o cotovelo nas costas, fazendo-a cair de joelhos.
Yuna arfou, tentando se levantar. Philips, no entanto, estava apenas começando. Ele caminhou até ela lentamente, seus passos ecoando no beco silencioso.
— Está vendo? — disse ele, inclinando-se para olhá-la nos olhos. — Não importa o quanto você tente, não está no meu nível.
Com um único chute, Philips a derrubou completamente. Yuna tentou se levantar novamente, mas sua visão estava embaçada e seu corpo, pesado.
Philips olhou para ela no chão, sem qualquer traço de piedade.
— Eu esperava mais de alguém que diz ser uma guerreira — ele disse, virando-se para sair. — Se quiser sobreviver, sugiro que repense sua vida antes de enfrentar alguém como eu novamente.
Yuna permaneceu no chão, encarando o céu enquanto lágrimas escorriam de seus olhos. Não era apenas a dor física; era o peso de suas decisões e a humilhação de ser derrotada tão facilmente.
Ela apertou os punhos com força, sussurrando para si mesma:
— Hayato… eu ainda vou encontrá-lo. Não importa o que aconteça.
Philips desapareceu nas sombras, deixando para trás uma Yuna quebrada, mas determinada a se reerguer.
Yuna estava sentada no chão, os joelhos puxados contra o peito, enquanto as lágrimas desciam sem controle. O peso de sua derrota para Philips e as lembranças de sua traição eram esmagadores.
— Por que eu sou tão fraca? — murmurou para si mesma, a voz embargada. — Hayato… eu só queria estar ao seu lado…
Enquanto afundava em sua própria vulnerabilidade, ela não percebeu a aproximação de um grupo de delinquentes da escola 25. Eles riam maldosamente, cercando-a como predadores diante de uma presa indefesa.
— Olhem só quem temos aqui — disse um deles, um rapaz de cabelos curtos e cicatriz na sobrancelha. — A “princesa” da escola 24. Que ironia, hein?
— Parece que teve um dia ruim, garota — zombou outro, chutando levemente a espada de madeira caída ao lado dela.
Yuna tentou se levantar, mas suas pernas estavam fracas. Ela recuou contra a parede, o olhar cheio de medo e desespero.
— Por favor, me deixem em paz… — pediu, mas suas palavras apenas provocaram mais risadas.
— Paz? — o líder do grupo respondeu, aproximando-se. — Depois de tudo que sua escola fez, você acha que vamos deixar essa chance passar?
Eles avançaram, prontos para atacá-la, mas antes que pudessem tocar nela, uma voz firme cortou o ar.
— Parem agora.
Os delinquentes se viraram, confusos, apenas para encontrar Hayato parado a poucos metros de distância. Seus olhos brilhavam com uma intensidade assustadora, e sua postura era imponente, emanando uma aura de força inabalável.
— Quem você pensa que é para se meter? — perguntou o líder do grupo, tentando soar confiante, mas sua voz vacilou ao perceber quem era.
— Hayato… — Yuna sussurrou, os olhos arregalados de surpresa.
Hayato deu um passo à frente, a tensão no ar aumentando com cada movimento seu.
— Eu sou o número 2 da escola 25 — disse ele calmamente, mas com uma firmeza que gelava a espinha. — E eu não vou permitir que toquem nela.
Os delinquentes se entreolharam, claramente intimidados. Depois de alguns segundos de hesitação, o líder deu um passo atrás, levantando as mãos em rendição.
— Tudo bem, tudo bem… Ela é toda sua. Vamos, pessoal. — Eles recuaram, sumindo na escuridão do beco.
Hayato se aproximou lentamente de Yuna, que ainda estava sentada no chão, as lágrimas escorrendo pelo rosto. Ele estendeu a mão para ajudá-la a se levantar.
— Você está bem? — perguntou, sua voz agora mais suave.
Yuna hesitou, mas pegou a mão dele, sentindo uma mistura de vergonha e alívio.
— Hayato… eu… — começou, mas sua voz falhou.
Ele a ajudou a ficar de pé, encarando-a com um olhar sério, mas não hostil.
— Por que você fez isso, Yuna? Por que me traiu? — perguntou, sua voz carregada de mágoa.
Yuna começou a chorar novamente, cobrindo o rosto com as mãos.
— Eu fui estúpida… Eu achei que estava fazendo o certo, mas só acabei destruindo tudo… Me desculpe, Hayato. Por favor, me perdoe…
Hayato suspirou, colocando uma mão no ombro dela.
— Eu não vou mentir, Yuna. O que você fez me machucou. Mas, no fundo, eu sei que você não é má. Você só estava confusa.
Yuna levantou o olhar, surpresa com as palavras dele.
— Hayato…
Ele deu um leve sorriso, embora houvesse tristeza em seus olhos.
— Escute, eu vou derrotar o Kaito. E quando isso acabar, vou trazer você para a escola 25. Nós vamos consertar isso. Juntos.
As palavras dele atingiram Yuna como uma onda de alívio e esperança. Ela começou a chorar novamente, mas desta vez, lágrimas de gratidão.
— Você faria isso por mim? — perguntou, sua voz trêmula.
— Eu faria — respondeu Hayato, com firmeza. — Mas você precisa prometer que não vai mais me trair.
Yuna assentiu, o rosto ainda molhado de lágrimas.
— Eu prometo. E… me desculpe por tudo.
Ela o abraçou, segurando-o como se ele fosse a única âncora em meio à tempestade. Hayato retribuiu o abraço, embora soubesse que ainda havia um longo caminho pela frente.
— Vamos consertar isso juntos, Yuna — ele disse baixinho.
O destino deles estava em jogo, e a batalha estava longe de terminar, mas naquele momento, havia uma faísca de esperança que os dois compartilharam.
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