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    Capítulo 058

    Perguntas e Respostas

    A sala de Xvim era bastante típica no que diz respeito a salas de professores — uma pequena sala dominada por uma mesa grande e várias estantes, com boa parte do espaço livre ocupada por pilhas misteriosas de papel que todos os professores acumulavam em suas salas por algum motivo. Era relativamente apertada, mesmo em circunstâncias normais; com quatro pessoas lá dentro, entrava-se claramente em território desconfortável. Não havia nem cadeiras suficientes para todos! Embora isso fosse algo facilmente resolvido com feitiços básicos de conjuração.

    É claro que grande parte do desconforto atual de Zorian decorria da natureza da reunião que ele e Zach haviam encontrado, e não da falta de espaço. A interação entre Xvim e Alanic poderia tornar o restante desse recomeço muito desconfortável, ou até mesmo forçar um fim prematuro. Ainda assim, a rapidez desse acontecimento, bem como a natureza apertada do ambiente atual, amplificaram enormemente os tons ameaçadores da reunião, e Zorian não pôde deixar de se perguntar o quanto daquilo era intencional. Será que Xvim e Alanic planejaram propositalmente que esse encontro acontecesse ali mesmo para exercer pressão psicológica adicional sobre eles? Seria uma jogada um tanto arriscada, se o fizessem. Algumas pessoas reagiam muito mal ao serem encurraladas. Zorian não teria feito tal coisa se estivesse no lugar delas.

    Mas não importa. Pode ser que ele estivesse interpretando demais a situação e eles simplesmente não considerassem as coisas dessa forma. Além disso, não era como se estivessem realmente encurralados. Zorian poderia começar uma nova iteração a qualquer momento, afinal.

    Depois de trocarem um olhar incerto entre si, Zach e Zorian cumprimentaram seus dois professores, entraram na sala e se acomodaram o mais confortável possível, dadas as circunstâncias.

    Enquanto se acomodavam na sala, Zorian se perguntou que tipo de informação os dois homens haviam trocado. Alanic provavelmente havia contado a Xvim tudo o que sabia sobre eles, mas, honestamente, isso não era muita coisa e, na verdade, apenas provava que Zach e Zorian estavam escondendo algumas coisas de Xvim. Xvim, por outro lado, tinha uma visão muito mais completa do que Alanic sobre o que estava acontecendo… mas será que ele realmente contaria ao sacerdote guerreiro sobre o loop temporal? E o outro homem acreditaria em Xvim, mesmo que ele contasse?

    Considerando a forma como os dois professores o observavam, ele imaginou que descobriria as respostas para essas perguntas muito em breve.

    “Surpresos em me ver aqui?” perguntou Alanic, em tom desafiador.

    “Sim”, admitiu Zorian sem hesitar. “É muito… interessante ver vocês aqui. Não pensei que vocês se conhecessem.”

    “Não nos conhecemos”, Alanic deu de ombros. “Fiquei preocupado com algumas coisas sobre vocês dois e sabia que vocês nunca me contariam a verdade. Então, fui atrás dele para ver se ele sabia de algo que pudesse me ajudar.”

    “E você o visitou por acaso no momento em que temos uma sessão marcada com ele?” perguntou Zorian, erguendo a sobrancelha para o homem. “Que coincidência curiosa.”

    “Não tem nada a ver com acaso. Este é, na verdade, meu terceiro encontro com o seu mentor, senhor Kazinski”, admitiu Alanic prontamente. “Vim aqui hoje especificamente para me encontrar com vocês dois.”

    “Ah”, assentiu Zorian.

    “Certo, vamos parar de enrolar e ir direto ao ponto”, disse Zach, aparentemente sem vontade de discutir. Ele se virou para Xvim. “Quanto você contou a ele?”

    “Dada a natureza da situação, achamos que seria tolice tentar enganar um ao outro”, disse Xvim. “Contei ao senhor Zosk tudo o que sei sobre o loop temporal… uma cortesia que eu gostaria que vocês dois tivessem me mostrado também. É bastante óbvio, a esta altura, que vocês sabem muito mais sobre isso do que escolheram me contar. Uma maneira bastante pobre de retribuir minha cooperação e generosidade, se me permite dizer.”

    Ai. Zorian supôs que poderia adicionar ‘fazer sentir culpa’ à lista dos muitos talentos de Xvim.

    “As pessoas reagem muito mal se você tentar contar tudo a elas”, disse Zach, sem se desculpar. Ao contrário de Zorian, sua experiência com Xvim e Alanic foi recente e relativamente curta. Ele não se importava muito com o apelo emocional de Xvim. “Eu sei porque eu tentei. Dê muitos detalhes e as pessoas ou surtam com você ou te descartam como um lunático. E isso foi quando eu não sabia metade das coisas que sei hoje. Já é difícil convencer as pessoas de que o loop temporal é real.”

    “Sinto que tenho a mente bastante aberta sobre isso”, observou Xvim.

    “Zorian levou vários anos de exercícios de modelagem tediosos para você levá-lo a sério”, disse Zach, revirando os olhos. “E mesmo assim, você tende a enrolar por semanas se ele errar o timing ou disser a coisa errada. E esse é o Zorian — quando eu tentei te convencer, você não levou em conta a minha história nem por um segundo.”

    Xvim franziu a testa profundamente, mas não disse nada.

    “Certo, isso está ficando um pouco acalorado”, disse Zorian, tentando evitar uma discussão. “Primeiro o mais importante. Senhor Chao, Senhor Zosk… Peço desculpas por mantê-los no escuro. Manter parte da história em segredo fez todo o sentido da nossa perspectiva, mas posso entender por que vocês se sentem um pouco traídos pelo nosso comportamento.”

    Alanic bufou com desdém. Zorian de repente se lembrou de algo.

    “Na verdade, você se importa se eu perguntar uma coisa?” perguntou Zorian, olhando para Alanic. “O que Xvim disse que te convenceu de que o loop temporal é real?”

    “Para que vocês saibam como me convencer no futuro?” supôs Alanic. Zach e Zorian imediatamente confirmaram sua suposição. “Para ser sincero, ainda não estou convencido de que isso não seja um absurdo.”

    “Ah”, disse Zorian, visivelmente desapontado. Droga.

    “Então por que diabos você está nos enchendo o saco com isso se nem ao menos acredita no que estamos dizendo?” perguntou Zach, cruzando os braços sobre o peito, na defensiva.

    “Porque eu sei que vocês acreditam no que estão dizendo”, disse Alanic. “Então, na pior das hipóteses, vocês estão delirando, em vez de apenas um bando de mentirosos. Estou um pouco magoado que o Xvim aqui tenha ouvido diretamente essa história de vocês, enquanto vocês aparentemente acharam que eu não era digno do esforço. Não é como se eu cortasse todos os laços com vocês se não acreditasse, sabe? Eu só teria pensado que vocês eram meio loucos.”

    Zorian lançou a Alanic um olhar nada divertido.

    “Você diz isso, mas se eu viesse até você com defesas da alma que você mesmo me ensinou e usasse a viagem no tempo como explicação quando me confrontasse sobre isso, faria toda a diferença se você acreditasse na minha história ou não”, disse Zorian a ele.

    “Ah, então essas são as minhas técnicas”, disse Alanic, assentindo para si mesmo. “Admito que isso já me incomodava há algum tempo. Foi uma das coisas que me levaram a procurar o Xvim. Era simplesmente improvável demais que um metamorfo soubesse como te ensinar algumas dessas coisas…”

    “Eu aprendi um pouco da minha consciência de alma com um metamorfo”, disse Zorian. “Mas a maior parte veio de você.”

    “Certo. Entendo como isso poderia ser um problemático”, refletiu Alanic. “Embora um loop temporal explique as coisas, existem explicações mais simples do que viagem no tempo para algo assim. Você poderia ser um mago mental poderoso, por exemplo…”

    “Eu sou”, admitiu Zorian.

    Três olhares surpresos foram imediatamente direcionados a ele. Até Zach foi pego de surpresa, provavelmente porque esperava que ele mantivesse esse pequeno fato em segredo a todo custo.

    “Ei, eles queriam toda a verdade. Deixe-os experimentar”, Zorian deu de ombros. “Sim, eu sou um mago mental poderoso. É uma das coisas em que mais me concentrei durante os reinícios”

    “Uma excelente escolha para alguém na sua situação”, Xvim assentiu em aprovação. “Infinitamente útil, e seria bastante perigoso treinar isso fora do ciclo temporal.”

    Alanic lançou a Xvim um olhar levemente escandalizado.

    “Então, enfim… eu venho até a sua casa e demonstro as defesas da alma que você me ensinou”, disse Zorian a Alanic, olhando-o diretamente nos olhos. “Você me pergunta como isso é possível e eu digo viagem no tempo. Você não acredita em mim e me examina para magia mental. E, surpresa, eu sou um mago mental. E agora?”

    “As coisas ficam complicadas”, admitiu Alanic.

    Houve uma breve pausa enquanto todos consideravam as coisas na privacidade de suas mentes.

    “Bem, isso não saiu como planejado”, disse Xvim, lançando a Alanic um olhar irritado. O sacerdote de batalha com cicatrizes deu de ombros para ele, sem o menor remorso.“Vamos deixar as hipóteses de lado por enquanto. Admito que simplesmente nos contar tudo pode não ser tão simples quanto parece à primeira vista. Mesmo assim, terei que insistir para que vocês façam isso só desta vez. Se não fizerem isso… então ambos nos recusaremos a continuar suas aulas durante todo este reinício.”

    “Além disso”, Alanic acrescentou rapidamente. “Se você nos contarem tudo honestamente, eu lhe direi o que vocês precisam fazer para que eu não suspeite de vocês em reinícios futuros.”

    Zorian murmurou pensativamente. A cenoura e o porrete.1 Na verdade, a ameaça não o preocupava muito — perder as aulas pelas duas semanas restantes nesse reinício seria meio irritante, nada mais.

    Ele trocou um olhar com Zach, que deu de ombros indiferentemente.

    “Por mim, tudo bem”, disse Zach. “A gente já tinha planejado fazer algo assim no futuro, não é? Na pior das hipóteses, teremos um exemplo do que não fazer quando for pra valer.”

    Pensando um pouco mais, Zorian teve que concordar. Aquilo não estava nem de longe tão planejado e controlado quanto ele queria que estivesse a revelação final, mas e daí? Poucas coisas saíram inteiramente conforme o planejado, mesmo no loop temporal. Ele poderia muito bem contar tudo e ver como reagiriam. Ele abriu a boca para falar, apenas para ser interrompido por Xvim.

    “Preferiríamos que Zach contasse a história, se possível”, disse Xvim.

    “Eu?”  Zach perguntou em tom surpreso, apontando o dedo para o próprio peito. “Por quê? Zorian explicaria muito melhor do que eu. Ele não só descobriu a maior parte dessas coisas antes de mim, como conhece vocês dois muito melhor do que eu.”

    “Talvez”, admitiu Alanic. “Mas é muito mais fácil para mim avaliar sua honestidade do que julgar a de Zorian.”

    Zach lançou-lhe um olhar incerto.

    “Eles não estão usando magia mental em você”, disse Zorian, balançando a cabeça. “Eu conseguiria dizer. Mas, entre isso e alguns comentários anteriores de Alanic, parece provável que ele tenha algum jeito sobrenatural de verificar a honestidade das pessoas.”

    Ele então franziu a testa. Algo o incomodava. Uma lembrança que dançava na periferia de sua consciência, tentando se fazer notar. De repente, ele percebeu do que aquilo lhe lembrava: Kylae, a sacerdotisa que previa o futuro, também dissera ter algum jeito de saber se ele estava sendo honesto com ela.

     “Sabe, você não é o primeiro sacerdote que afirmou ser capaz de dizer se as pessoas estão mentindo”, disse Zorian a Alanic. “Isso é algum tipo de habilidade que os sacerdotes possuem e que eu desconheço?”

    “É uma habilidade ligada à magia de alma”, disse Alanic. “Mas sacerdotes de alto escalão costumam ser treinados em magia de alma, então você não está longe da verdade. A parte externa da alma — a aura — reage, em certa medida, aos pensamentos e emoções de seu hospedeiro, e aqueles com visão da alma podem aprender a ler e interpretar esses movimentos. Como a maioria das pessoas não tem consciência de sua própria alma e, portanto, nenhum controle sobre ela, um mago de alma pode frequentemente obter pistas muito mais fortes e confiáveis sobre as pessoas do que se baseasse apenas na linguagem corporal e na entonação.”

    “Mas eu consigo sentir minha própria alma, então isso não é um indicador confiável para mim”, supôs Zorian.

    Alanic assentiu.

    “Mas eu não consigo detectar e manipular minha aura a tal ponto”, observou Zorian.  “Tudo o que você me ensinou foi como endurecê-la para resistir a ataques espirituais.”

    “E eu só tenho a sua palavra quanto a isso”, Alanic deu de ombros.

    “Tudo bem, tudo bem, eu explico”, disse Zach, interrompendo a conversa. Ele acenou com as mãos à frente, evocando a ilusão do planeta acima da mesa de Xvim.

    “Este é o mundo”, disse Zach, apontando para a esfera azul e verde que girava suavemente. Em seguida, moveu a mão para apontar para uma mancha verde que parecia vagamente com Altazia. “E este lugar aqui é mais ou menos onde fica Cyoria. Abaixo da cidade, há uma instalação de pesquisa de magia temporal que estuda um poderoso artefato antigo, provavelmente de origem divina. Os pesquisadores acreditam que seja uma câmara avançada de dilatação temporal e, de certa forma, estão certos. Quando ativada, ela faz um registro detalhado de tudo que existe… e o copia.”

    Zach acenou com as mãos novamente, e o planeta fantasmagórico se dividiu em duas esferas idênticas — uma flutuando à esquerda do original e a outra à direita. A diferença era que a cópia da esquerda não estava mais girando, parada como se estivesse congelada no tempo, enquanto a da direita girava loucamente como um pião.

    “A cópia do mundo existe em sua própria dimensão de bolso, submetida a uma dilatação temporal extrema. Do ponto de vista das pessoas-cópia que vivem neste mundo-cópia, o mundo original está congelado entre momentos. Cem anos se passam em uma fração de segundo. Não que elas saibam disso. A única pista de que o mundo é uma cópia presa à sua própria dimensão de bolso é que os planos espirituais foram cortados do mundo material.”

    Com o canto do olho, Zorian viu Alanic enrijecer de repente.

    “O tempo não flui normalmente dentro do mundo da cópia”, continuou Zach. Ele ajustou a ilusão novamente, alterando ligeiramente o planeta da direita. Ele ainda girava, mas agora havia uma hesitação sutil e trêmula, já que a cada duas rotações ele retornava à sua posição inicial antes de completar a rotação. “Em vez de sempre avançar no tempo, o mundo é periodicamente revertido ao seu estado original. Tudo é completamente desfeito, a terra e seu povo constantemente recriados a partir daquele registro inicial do mundo real que foi usado para criar o mundo da cópia em primeiro lugar. O tempo se repete continuamente, mês após mês após mês. Da perspectiva de alguém que vive em tal mundo, seria como se estivesse preso em um loop temporal.”

    Zach recostou-se em sua cadeira conjurada e lançou um olhar dramático para Xvim e Alanic. Zorian teve a sensação de que Zach estava gostando daquilo, apesar de suas reclamações anteriores.

    “Na verdade, existe alguém assim”, anunciou Zach. “Três deles, na verdade.”

     “Três?” perguntou Alanic, erguendo a sobrancelha.

    “Três”, assentiu Zach. “Era para haver apenas um — uma única pessoa ciente da repetição, com um marcador misterioso gravado em sua alma para garantir que ela retenha suas memórias durante as reinicializações. Zorian acha que sou eu. Se for, não me lembro de ter sido esse escolhido. Uma segunda pessoa encontrou uma maneira de manter a consciência durante os reinícios e mexeu com a minha mente, apagando muitas das minhas memórias. Muito tempo depois, decidi enfrentar um lich ancestral diretamente em batalha e ele tentou fundir minha alma com a de Zorian como punição.”

    Isso lhe rendeu um olhar curioso de Xvim e Alanic, mas Zach não tentou se aprofundar no assunto, preferindo terminar sua história.

    “Nós sobrevivemos, mas a experiência concedeu a Zorian uma versão funcional do meu marcador, concedendo-lhe a consciência do loop temporal”, disse Zach.  Infelizmente, isso também acabou motivando o segundo viajante do tempo a deixar o mundo cópia. Por motivos que não vou explicar agora, isso significa que ninguém mais poderá sair sem burlar o sistema de alguma forma. E o mundo falso está ficando sem energia e entrará em colapso em pouco mais de quatro anos.

    “E é isso aí”, Zach finalmente concluiu, apagando os dois planetas ilusórios com um aceno de mão e lançando um sorriso radiante para os dois professores. “Somos todos cópias do mundo real, vivendo em uma cópia hiperacelerada e em loop do mundo real. Uma cópia que logo desaparecerá, levando todos nós com ela. Nada do que vocês fazem realmente importa, e a menos que consigamos descobrir uma maneira de quebrar o sistema, nada do que fizermos importará no final também. Zorian, eu esqueci de algo?”

    Zorian conteve a vontade de revirar os olhos. Só um milhão de detalhes, só isso. E ele realmente precisava expressar as coisas de forma tão provocativa? Já seria difícil convencê-los, não havia necessidade de dificultar o trabalho.  Mas tudo bem, ele entraria no jogo de Zach.

    “Uma força invasora Ibasan vai invadir Cyoria no dia do festival de verão. O Culto do Dragão Mundial pretende libertar um primordial no centro da cidade enquanto os defensores estiverem distraídos. O prefeito de Knyazov Dveri é um necromante e pretende coletar todas as almas mortas no conflito em algum esquema maluco para ressuscitar sua falecida esposa como uma lich e legalizar a necromancia”, enumerou Zorian sem graça.

    “É, isso não tem relação direta com o loop temporal, então eu ia tocar no assunto depois”, disse Zach, com desdém.

    Um longo e desconfortável silêncio se instalou na sala. Tanto Xvim quanto Alanic pareciam sem palavras, apenas encarando os dois com indecisão e, ocasionalmente, trocando olhares estranhos.

    Zorian imaginou que era assim que ele e Zach pareciam quando se depararam com essa reunião, então isso era uma espécie de punição poética aos olhos deles.

     “Então”, disse Zach, batendo palmas. “Alguma pergunta?”

    * * *

    1. Uma expressão, que traduzindo do inglês, significa a existência de recompensas e ameaças. A cenoura seria a recompensa, e o porrete a punição.[]

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