Capítulo 42 - Soma das partes (1/3)
Capítulo 042
Soma das partes
Não muito longe do restaurante onde ele deveria encontrar Raynie, Zorian sentou-se em um banco e esperou. Não havia sinal dela ainda, mas isso não era de forma alguma incomum — ele havia calculado mal o tempo que levaria para encontrar o lugar e, por isso, estava um pouco adiantado. Ele não deixou que isso o incomodasse, escolhendo, em vez disso, passar o tempo experimentando seu senso mental nas multidões que passavam, conectando-se nos olhos dos pombos voando acima e praticando suas habilidades de modelagem no punhado de seixos1 que ele passou a carregar consigo o tempo todo.
Honestamente, exercícios de modelagem eram meio relaxantes quando ele não tinha Xvim respirando em sua nuca e sendo um babaca. Ele deveria tentar encontrar um que fosse realmente desafiador — desafiador de verdade, mas sem a besteira patenteada do Xvim de ‘você-ainda-não-domina-realmente-isso’ — e reservar algum tempo para… hm?
Ele atraiu as pedras que flutuavam na sua frente de volta para a palma da mão e as guardou no bolso, antes de se inclinar sobre um arbusto ornamental próximo, onde seus sentidos mentais detectaram uma assinatura mental extremamente tênue. Apesar de saber exatamente onde olhar, levou dois segundos inteiros para localizar o louva-a-deus camuflado entre as folhas. Ele olhou para o inseto por um tempo, antes que uma ideia lhe ocorresse…
Ele apontou a palma da mão para o inseto e se concentrou, tentando atraí-lo telecineticamente para si sem esmagá-lo como um… bem, inseto. Algo que foi muito complicado, pois o louva-a-deus segurou-se por sua vida ao galho em que estava. Ele esperava surpreendê-lo com essa manobra repentina, mas suas reações foram surpreendentemente rápidas para algo que estava se movendo de forma tão lenta e ponderada apenas um segundo atrás. No entanto, Zorian não foi tão facilmente dissuadido. Cinco minutos depois, ele finalmente conseguiu separar o louva-a-deus do galho sem machucá-lo e estava levitando-o na sua frente. O louva-a-deus se contorceu e se debateu no ar, claramente infeliz com sua situação, mas Zorian havia estabelecido um controle muito firme sobre ele para que seu controle telecinético falhasse só por isso.
Pelo menos até o louva-a-deus decidir que tinha suportado o bastante desse aborrecimento e, de repente, abrir suas asas e voar para longe. Ah, certo – louva-a-deus podem voar se precisarem… Ele se esqueceu completamente disso. Dando de ombros, ele se concentrou em seu sentido mental por um momento, verificando se Raynie já havia chegado.
Ela tinha. Ela ainda estava escondida pelo prédio próximo de onde ele estava, mas sua assinatura mental era inconfundível. Ele partiu na direção do restaurante e logo estava de volta à entrada, tentando não olhar para a esquina da rua de onde sabia que ela surgiria. Quando ela finalmente dobrou a esquina, no entanto, ela parou no meio do caminho e apenas olhou para ele com apreensão, em vez de ir encontrá-lo. Sinceramente, qual era o problema agora? Ele já concordava com ela que não era um encontro, então por que ela estava apreensiva? Ele ‘acidentalmente’ se virou na direção dela, fingiu que tinha acabado de notá-la e acenou um pouco.
Ela parou de enrolar e foi cumprimentá-lo adequadamente.
“Desculpe se estou me atrasando um pouco”, ela disse. “A maioria das pessoas que conheço, é um milagre se elas chegam apenas dez minutos atrasadas, então aprendi a não ser muito pontual para esse tipo de coisa. Você não esperou muito, não é?”
“Meio que sim”, admitiu Zorian. “Mas, para ser justo, eu cheguei bem cedo. Não se preocupe, encontrei coisas para me divertir.”
“Ah?”, ela perguntou. “E o que seria, se você estiver disposto a compartilhar?”
“Nada muito interessante. Eu estava apenas fazendo alguns exercícios de modelagem”, disse Zorian, pegando os seixos do bolso e fazendo-os flutuar em um anel giratório acima da palma de sua mão. “Bobo, eu sei, mas passa o tempo.”
Raynie encarou o anel giratório de seixos por um segundo antes de balançar a cabeça, murmurando algo ininteligível e gesticulando para que ele a seguisse até o restaurante. Ele devolveu as pedrinhas ao bolso e foi atrás dela.
No momento em que ele pisou dentro do salão de jantar do restaurante, ele entendeu de fato o motivo por trás do nome um tanto incomum do restaurante – ‘Temível Bagre’. Pendurado no teto da sala de jantar estava um corpo preservado de um enorme bagre, grande o suficiente para engolir um homem adulto inteiro. Uma… escolha interessante de ornamentação para um restaurante. Raynie parecia divertida e satisfeita que o troféu taxidermicamente preservado o fez parar por um momento, embora ele só soubesse disso por causa de sua empatia – ela não reagiu nem disse nada a ele enquanto o levava para uma mesa próxima onde eles se sentaram.
Ele meio que esperava que Raynie pedisse um prato cheio de carne, já que ela era uma metamorfa lobo e tudo mais… mas ela, na verdade, pediu uma truta grelhada e um prato de vegetais. Huh. Ele julgou que não deveria ser tão rápido em supor… embora, falando em supor coisas, ele deveria pagar por ambos? Seu lado cínico estava dizendo que sim, já que a escolha de refeição dela era mais cara… mas, novamente, ela era filha de um chefe tribal. Talvez ela tivesse muito dinheiro e isso fosse perfeitamente normal para ela. Talvez ela ficasse ofendida se ele tentasse pagar por sua parte da comida e achasse que ele estivesse tentando cortejá-la, no final…
“Vai levar algum tempo para os chefs prepararem a comida”, disse Raynie. “Por que você não me conta sobre esses seus metamorfos gatos enquanto esperamos?”
Zorian examinou as outras mesas do salão de jantar em busca de bisbilhoteiros. Eles não eram de forma alguma as únicas pessoas no restaurante, e Zorian meio que achava que este era um local muito público para ter esse tipo de conversa… mas eram principalmente os segredos de Raynie que estavam em jogo aqui, então se ela achava que estava tudo bem, então estava. Nenhum dos outros clientes estava prestando atenção neles, então, pelo menos isso.
Ele contou a ela o máximo que pôde sem mencionar a invasão ou informações sobre o passado de Rea que ele obviamente não deveria saber. Mesmo assim, ele sinceramente esperava que Raynie não quisesse falar com Rea depois da conversa, porque ele quase certamente se encontraria em uma situação um pouco cabeluda se isso acontecesse — ele dificilmente conseguiria explicar como conseguiu algumas de suas informações sem admitir que espionou a família Sashal de alguma forma.
“Não acho que eles pretendam te machucar de forma alguma”, Raynie disse quando ele terminou. “Eles não estariam dispostos a te deixar sozinho com a filha deles desse jeito se pretendessem, nem a deixariam se apegar à sua irmãzinha se quisessem fazer de você um alvo. A maioria dos metamorfos gatos é desonrosa, mas eles não têm como alvo seus próprios vizinhos, amigos, contatos e coisas do tipo. Eles nunca criam problemas em seu próprio território.”
Bem. Zorian já sabia que os vários grupos de metamorfos não eram de forma alguma unidos, mas, particularmente, parecia que eles nem estavam em bons termos. Ou, pelo menos, o grupo de Raynie não parecia gostar muito de metamorfos gatos.
“Imagino que os metamorfos gato e lobo não se dão bem, então?”, Zorian tentou deduzir.
“Nós quase nunca interagimos um com o outro. Nossas relações não são ruins porque são praticamente inexistentes”, disse Raynie. “Eu pessoalmente acho que eles dão má fama ao resto dos metamorfos, e sei que não sou a única na minha tribo com essa opinião. Você deveria tomar cuidado perto de seus novos amigos. Sei que acabei de dizer que eles não estão conspirando contra você, mas isso não significa que eles não sejam perigosos. Metamorfos gatos raramente são apenas metamorfos gatos — eles são o grupo de metamorfos que mais abraçou as tradições mágicas Ikosianas. Eles gostam especialmente de se entreter com ilusionismo, magia mental, clarividência e… outras disciplinas obscuras. Eu não duvidaria se estivessem te espionando de alguma forma.”
“Vou manter isso em mente”, Zorian assentiu. “Mas estou curioso — isso é algo geral? Diferentes grupos de metamorfos geralmente evitam uns aos outros?”
“Não, de jeito nenhum”, Raynie disse, balançando a cabeça. “Tentamos manter contato com outros grupos de metamorfos, é que os metamorfos gatos são… bem, é uma longa história, e eu consigo sentir o cheiro da nossa comida chegando. Conversaremos mais depois de comermos.”
Ela estava certa — a comida foi de fato trazida para a mesa deles pouco depois disso. E Raynie estava com muita fome ou comia muito rápido, porque ela devorou sua refeição em meia hora e então continuou dando olhares impacientes para Zorian enquanto ele comia sua própria comida em um ritmo muito mais calmo. Rude. Ele se recusou a se apressar só por causa dela.
“Certo”, disse Zorian eventualmente, colocando seu prato de lado para sinalizar que ele tinha terminado de comer. “Estávamos falando sobre relações entre os metamorfos.”
“Sim”, Raynie concordou. “Bem, a primeira coisa que você precisa ter em mente é que a imagem atual dos metamorfos como algum tipo de magos estranhos vivendo nas margens da sociedade normal é algo muito… moderno. Antes que a enxurrada de refugiados ikosianos chegasse ao continente e conquistasse tudo, os metamorfos não viviam à margem de nada — em parte porque o resto dos nativos nos odiava e nunca nos permitiria viver perto deles, mas também porque não precisávamos. Tínhamos nossas próprias tribos e territórios para viver.”
“Os outros nativos odiavam vocês tanto assim?” Zorian perguntou.
“Oh, sim”, Raynie confirmou. “Até hoje, os restos dispersos das tribos originais que viviam na região — as pessoas que vocês chamam coletivamente de Khusky — não suportam nos ver. Felizmente para nós, eles conseguiram se marginalizar completamente ao longo dos anos e não têm mais nenhuma voz sobre como os metamorfos são tratados. Essa foi a coisa boa que veio com a conquista ikosiana — os ikosianos não achavam os metamorfos tão ameaçadores ou desumanos quanto os nativos Altazianos. Para eles, éramos apenas um grupo típico de magos nativos superespecializados que eles esperavam absorver à sua sociedade.”
“Mas?” Zorian incitou.
“Mas suas tentativas de nos absorver nunca tiveram muito sucesso”, Raynie deu de ombros. “Nós falamos Ikosiano e seguimos as leis da terra, mas a maioria dos grupos de metamorfos se agarrou teimosamente a cada resquício de autonomia e independência que pôde. Os metamorfos lobos foram os mais vocais e bem-sucedidos nesse aspecto.”
“Ah, entendo”, disse Zorian, entendendo. “E já que os metamorfos gatos decidiram descartar sua autonomia para se assimilarem mais intimamente ao resto da população, vocês não se dão bem.”
“Sim”, ela suspirou. “Não somos inimigos, mas eles rejeitaram completamente nossa política e seguiram caminhos separados. Ambos os lados concordam que não têm nada a dizer um ao outro e evitam contato.”
Zorian murmurou reservadamente. De alguma forma, ele duvidava que os metamorfos lobos realmente não considerassem os metamorfos gatos inimigos. Ele compraria a ideia de que os metamorfos gatos realmente são apáticos sobre o assunto, mas os metamorfos lobos devem estar bem amargos com o outro lado por quebrar a formação desse jeito. Eles só não tinham poder para fazer qualquer coisa a respeito.
“Então, quão bem-sucedidos são os metamorfos gatos?” Zorian perguntou curiosamente.
“Muito bem-sucedidos”, admitiu Raynie. “O governo de Eldemar adora apontá-los para tribos metamorfas preocupadas com o que aconteceria se desistissem de seus direitos tradicionais. É por isso que eles são tão relutantes em reprimi-los seriamente, apesar de seu comportamento obscuro. Se o maior caso de sucesso do programa de integração metamorfo fosse alvo de represálias, isso provavelmente faria com que todas as outras tribos metamorfas que estão considerando seguir esse caminho recuassem e se fechassem ainda mais.”
Certo, definitivamente não eram inimigos.
“Então, se metamorfas gatos são tão bem-sucedidos, não faz sentido copiá-las até certo ponto?” Zorian perguntou. “Quer dizer, eu posso entender não querer ser criminoso, mas o que impede você de ter alguns magos clássicos entre suas fileiras? Eu apostaria que a decisão deles de adquirir conjuração de magia no estilo Ikosiano teve muito a ver com seu sucesso.”
“Por que você acha que estou aqui?” Raynie perguntou a ele com um sorriso.
“Ah, bem…” Zorian se gaguejou. “Embora você esteja claramente treinando para ser uma maga clássica, você é uma rara exceção pelo que estou ouvindo, não a regra. Por que sua tribo está enviando alguém para aprender isso só agora? Por que não antes?”
“Há uma razão pela qual o grupo metamorfo mais bem-sucedido em adotar a magia do estilo Ikosiano também é o grupo que menos se importa com nossos direitos tradicionais”, ela disse. “Embora a ideia pareça simples em princípio, na prática, equivale a abrir uma porta dos fundos para o governo central influenciar a tribo. Membros treinados como magos têm uma tendência a fazer jogos de poder e envolver a guilda dos magos e, através dela, o governo central para disputas tribais internas quando não conseguem o que querem.”
“Ah”, Zorian assentiu em compreensão. “E o governo central é totalmente intencionado em abolir grupos autônomos como o seu quando tem uma chance.”
“Sim”, ela concordou. “Além disso, os anciãos tribais são muito tradicionais e frequentemente reagem mal se o novo mago mostra muitas influências externas ao retornar. Muitas vezes o mago simplesmente sai da tribo em desgosto depois de alguns anos de conflito com eles.”
“Então que mudança aconteceu para fazer você vir aqui?” perguntou Zorian. Um lampejo de emoção indecifrável, mas decididamente negativa, surgiu na garota na frente dele. “Ou essa é uma pergunta muito pessoal?”
“É… não exatamente, não,” ela disse, franzindo a testa por um momento antes de controlar suas feições. Ela estava irritada com alguma coisa, mas não parecia culpá-lo por isso. “Acho que há duas razões principais. Desde a fragmentação da Velha Aliança, as políticas de centralização que caracterizaram seus anos finais foram um tanto desacreditadas, diminuindo a pressão sobre as tribos metamorfas para se assimilarem. Isso torna os membros treinados por forasteiros menos ameaçadores para muitos na tribo. Além disso, a recente campanha de colonização para as Terras Altas Sarokianas deixou muitas tribos metamorfas cautelosas, já que suas terras estão diretamente no caminho dos colonos. Se um grupo de magos decidir se estabelecer dentro de nossas fronteiras, não é nada certo que conseguiremos fazê-los sair sem pedir ajuda ao governo central.”
“Ajuda pela qual eles exigiriam concessões”, Zorian supôs.
isso gratuitamente”, disse Raynie. “É o dever deles. Mas toda vez que falhamos em resolver problemas nós mesmos, enfraquecemos nossa autoridade e credibilidade. Se fizermos isso demais, nossa suposta autonomia acabará ficando apenas no papel. Então seria melhor se tivéssemos alguns magos próprios para lidar com as coisas. De qualquer forma, esses dois fatores se combinaram em uma situação em que a liderança tribal sentiu que precisávamos adquirir alguns magos e que poderíamos arcar com o risco que vinha com tais tentativas.”
Zorian assentiu e não falou mais sobre o assunto, embora pudesse dizer que havia mais por trás daquilo. Não era como se Raynie tivesse mentido para ele — ele não detectou nenhuma intenção de enganar em sua empatia — mas havia claramente algum fator que ela não queria discutir ali. Algo pessoal, ele adivinhou. Algo que a deixava com raiva e amargura com sua tribo, sobre a qual, de outra forma, ela falava com orgulho e reverência.
Ele tinha a sensação de que a vinda dela para Cyoria era uma espécie de exílio.
Ele pediu que ela lhe desse um resumo de outros grupos de metamorfos e ela aproveitou a chance de mudar de assunto para outra coisa.
A política dos metamorfos era surpreendentemente complexa. Além dos metamorfos gatos, os metamorfos corvos e corujas também abandonaram completamente suas raízes tribais em favor da assimilação à sociedade regular — não eram tão bem-sucedidos quanto os metamorfos gatos, mas ambos estavam se saindo razoavelmente bem. Os metamorfos víboras também tentaram seguir esse caminho, mas a história deles não foi bem-sucedida — eles falharam em se integrar e quase foram exterminados quando lançaram uma rebelião de curta duração durante as Guerras Fragmentadas. Os metamorfos lobo, cervo e javali consistiam o núcleo da facção autonomista, que buscava preservar sua estrutura tribal tradicional e seus privilégios especiais. Os metamorfos urso e raposa estavam alinhados com os autonomistas, mas estavam lentamente vacilando em seu apoio ao longo dos anos e tinham poderosas facções assimilacionistas trabalhando dentro desses grupos.
Finalmente, havia mais três grupos de metamorfos que se destacavam dos demais por algumas razões. Primeiro, havia os metamorfos águia, que não aceitavam ser governados por ninguém, com autonomia ou não. Eles simplesmente se transformavam e voavam na direção das Montanhas do Inverno, onde de alguma forma sobreviveram até os tempos modernos. Como eles lidavam com um ambiente tão hostil e infestado de monstros, ninguém tinha certeza, e eles não queriam nada com o resto da humanidade. Nem mesmo com outros metamorfos. O segundo eram os metamorfos foca, que ficaram do lado errado de Eldemar durante a Guerra dos Necromantes e, como resultado, foram quase todos mortos. Os sobreviventes partiram para Ulquaan Ibasa junto com outros grupos perdedores, e nunca mais se ouviu falar deles. Raynie suspeitava que eles não iriam querer falar com outros metamorfos, mesmo que ainda sobrevivessem em seu novo lar. Por fim, havia os metamorfos pombos, que nunca foram uma tribo para começar – eles eram um produto de um mago excêntrico que conseguiu obter um ritual de transformação de metamorfo e foi dedicado o suficiente para criar seu próprio clã de metamorfos com ele. Eles foram ridicularizados e menosprezados pelos outros metamorfos, mas Raynie admitiu (depois de alguma insistência) que eles estavam realmente se saindo muito bem. Ser capaz de se transformar em um animal voador à vontade tinha suas vantagens.
“Estou surpreso que não haja mais tentativas como essa, para ser honesto”, disse Zorian.
“Existem”, disse Raynie. “Eles simplesmente tendem a não ir a lugar nenhum. Eles começam bem, mas depois encontram problemas quando os metamorfos da primeira geração começam a ter filhos. Se não forem tratados corretamente, as crianças metamorfos tendem a crescer um tanto… disfuncionais. Grupos de metamorfos estabelecidos têm séculos de tradição para se basear a esse respeito – metamorfos novos e experimentais ficam presos sem orientação e devem agir com o máximo cuidado nas primeiras gerações. Algo para o qual muitos metamorfos novos não têm paciência.”
A conversa se afastou do tópico dos metamorfos depois disso, mudando para uma discussão sobre a recente invasão de monstros na cidade e como isso os afetou. Zorian desviou amplamente das perguntas de Raynie sobre o que exatamente ele fazia em ‘seu’ time sempre que eles iam caçar, pois ele suspeitava que Raynie estaria muito menos disposta a aceitar as habilidades implausivelmente altas de Zorian do que Taiven, e ela não forçou muito o assunto. Ele ficou bem surpreso com o quão grande foi o efeito que a invasão de monstros teve sobre ela, no entanto.
“Honestamente, toda essa crise de monstros está me deixando muito constrangida”, revelou Raynie. “Fui enviada aqui para aprender magia e me tornar um trunfo para a tribo, e pensei que estava indo bem nesse aspecto… mas agora sei que muitos dos meus colegas já são bons o suficiente para ir atrás de perigos reais e eu… não sou. Pensei que estava entre os melhores da classe, mas parece que isso é verdade apenas academicamente. Não gosto disso. Eu deveria estar entre vocês indo lá lutar contra essas coisas.”
Ele não tinha ideia de como responder a isso, então ele apenas ficou em silêncio. A conversa morreu depois disso, e eles seguiram caminhos separados. Não houve menção de um segundo encontro, mas ela mencionou que ele era bem-vindo para fazer mais perguntas se ele pensasse em mais alguma coisa. Isso era mais do que a aprovação que ele esperava obter, para falar a verdade.
E sim, ela realmente esperava que ele pagasse pelos dois.
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- Tipo de pedra natural[↩]
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