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    Notas de Aviso

    Anteriormente em MNVJ: Depois de chegarem em Nagano e um dia cheio de novidades, Victor, Natsu, Aki, Fuyu e Haru vão em um parque de diversões. Devo desculpas a todos vocês. Eu tive muitos problemas esses dias e não consegui postar. Espero que compreendam. Obrigado.

    06 de setembro de 2023, sexta-feira.

    Enquanto os irmãos riam, Victor mostra um sorriso discreto. Eles continuam caminhando por mais um tempo, brincando em outras barracas, como lançamento de argola e pescaria. Nessa, Haru pega um peixinho premiado e ganha uma caixa de bombons.

    Depois param em uma barraca que vendiam pipocas. O cheiro amanteigado abria o apetite, e havia sido esse sentido que os atraíram até o local. Cada um deles saem com um saco de pipoca pequeno. Todos escolheram opções de pipoca salgada. 

    Continuando o passeio, eles sentem o aroma de espetinhos no ar, olhando aquela barraca ornamentada com carnes num espeto assando sobre a brasa. Mas já tinham a pipoca e decidem continuar andando. 

    A próxima barraca exalava um cheiro hipnótico de milho-cozido e eles continuam andando. 

    — Eu não deveria ter comprado a pipoca. Queria o milho-cozido. — Reclamou Natsu, fazendo uma careta.

    Todos riem dele e de seu drama e eles avançam.

    Cada barraca ali tinha algo para comer mais apetitoso que o outro. Guloseimas, doces, salgados, aperitivos, porções, havia tantas opções… Apesar disso, não queriam comer algo mais pesado. Como ainda iriam andar em alguns brinquedos, preferiram algo leve.

    — Victor, vamos comigo naquela montanha-russa? — Aki perguntou, timidamente, sem que os irmãos a ouvissem. — Estou com medo de ir sozinha…

    Victor arqueou a sobrancelha, sentindo um arrepio percorrer seu corpo com a forma que Aki usou para falar. 

    — É claro! Eu vou com você. — Victor se dispôs.

    “Esse jeito de falar…”, Victor pensou, afastando seus pensamentos.

    Victor estava começando a perceber que sentia algo diferente na presença de Aki, especialmente durante esse passeio no parque. Estava revivendo emoções que não sentia há muito tempo. Estava conseguindo se soltar… Pensando em tudo isso, seu coração acelerava, mas ele não podia se deixar levar pelos sentimentos, pelo menos pensava assim.

    “Eu ainda não estou pronto para tentar qualquer coisa. Não seja precipitado!”, ele repetia mentalmente. “É só um passeio entre amigos…”, insistia ele.

    Após mais alguns brinquedos e barracas, o tempo já havia corrido. Victor e Aki decidem ir na montanha-russa, e conseguem despistar Natsu e Fuyu enquanto vigiavam Haru em outro brinquedo.

    — Vamos… — Aki cochicha, enquanto seus irmãos estavam distraídos.

    Os dois sobem as escadas para o acesso aos carrinhos do brinquedo, com Aki um pouco nervosa. Victor percebe seu jeito um pouco diferente. 

    — Está tudo bem? — Ele questiona, logo após que sentaram no carrinho. — Ainda dá tempo de sair, caso não esteja. 

    — Não se preocupe. Estou só um pouco nervosa, porque tenho medo de montanha-russa. — Ela se explica, com a voz mais baixa que o normal. 

    “E como eu não vou me preocupar?”, pensava. Ele queria poder segurar suas mãos, mas hesitou. Poderia soar como uma ideia errada. Mesmo que ele gostasse muito de Aki, não sabia definir exatamente seus sentimentos, e não queria fazer nada fora do que ele poderia corresponder. Ou talvez soubesse exatamente o que sentia, mas se forçava a não pensar sobre.

    O carrinho começa a se mover, e Aki agarra o braço de Victor. Era uma montanha com apenas um looping, logo após uma descida acentuada. Ainda que fosse mais tranquila do que a outra, ainda era considerada radical. No topo do brinquedo, antes da primeira queda, a garota aperta o braço de seu amigo com ainda mais força, até que finalmente descem em alta velocidade, fazendo o looping, seguido por duas curvas, sendo a segunda meio inclinada. Por fim, após mais algumas curvas, terminam o trajeto. 

    Aki ainda segurava o braço de Victor com força, e ele novamente pergunta se estava tudo bem. Ela diz que sim, que tinha sido, de certa forma, divertido, mas aterrorizante. 

    “Tão fofa…”, os pensamentos de Victor ficaram distantes por um momento, mas ele logo volta à realidade, quando Aki o chama para irem numa barraquinha antes de reencontrarem os irmãos.

    Eles param numa barraquinha de doces. A dona era uma mulher simpática, atenciosa e educada. Eles compram um pouco de doces, e a mulher diz para eles esperarem. Ela se vira e volta com uma maçã do amor.

    — Esse é um presente para um casal tão amável. Vocês são um casal lindo. — Aki sente um frio na barriga e ela enrola o indicador numa mecha de cabelo, desviando o olhar. Victor é quem assume a situação, agradecendo o presente e pegando. Eles saem da barraquinha. 

    — O que vai fazer com ela? – Aki pergunta, com certo receio. Ela adorava maçãs do amor. De certa forma eram nostálgicas e deliciosas.

    — Não vou desperdiçar. – Ele dá uma mordida na maçã. A rigidez do caramelo com a suculência da maçã invade o paladar dele. — Está uma delícia.

    Em seguida, ele oferece a maçã para ela. 

    — Obrigada. — Uma breve gaguejada e a hesitação em pegar faz Victor entender a vergonha que ela sentia. 

    — Ah, me desculpe por morder primeiro. Eu não resisti. — Ele explica. —  Você quer que eu compre outra para você?

    — N – Não precisa. Eu amo maçãs do amor e não vou desperdiçar. — Ela logo morde um pedaço, concordando que era deliciosa. Victor sente aliviado que ela não rejeitou comer depois dele ter mordido, e repara como ela estava bonita com seu cabelo sendo balançado pelo vento, enquanto comia a maçã. 

    “Preciso me concentrar”, pensava. “Não posso agir assim com ela.”, ele tentava se controlar emocionalmente. Victor não compreendia completamente o que eram aqueles sentimentos. Mesmo adulto e experiente, após a tragédia, muita coisa mudou e existia uma barreira que impedia dele ser como era antes. Para o rapaz, era quase como se fosse a primeira vez que estava experimentando aqueles sentimentos. 

    Mesmo que considerasse a possibilidade de ter qualquer sentimento romântico, não queria que isso fosse verdade. Se forçava a pensar nisso. Um medo crescente nele tornava quase impossível ter qualquer desejo de se relacionar. 

    Apesar de tudo isso, Aki era como um conforto para esse receio. Ele se sentia seguro perto dela, como se pudesse se entregar ao seu desejo. Mesmo que essa visão fosse inconsciente. E era um dos motivos dele não compreender bem os seus sentimentos. Era quase um paradoxo dentro de si.

    Aki termina de comer a maçã enquanto caminhavam, até se reencontrarem com os irmãos. Natsu propõe deles irem na roda gigante e todos se animam para ir. O parque já estava relativamente cheio, e luzes coloridas iluminavam o local. Já havia escurecido, e o frio estava um pouco mais acentuado. Decidem que depois desse brinquedo, iriam embora, principalmente por Haru, tinham medo de que ela se resfriasse, embora estava agasalhada usando calça de moletom e uma blusa de frio de lã. 

    Ao subirem em direção às cabines do brinquedo, foram informados que só poderia ter no máximo três ocupantes. Fuyu, Natsu e Haru vão em uma, a pedido do próprio irmão mais velho, que pisca o olho para a irmã mais velha, deixando-a feliz e envergonhada, e na outra fica Victor e Aki sozinhos. O espaço interno era relativamente grande, na visão da garota, e caberia facilmente cinco pessoas. 

    “Por que eles limitam a três pessoas? Seria uma brincadeira do destino?”, a garota se perguntava.

    A cada vez que subia, Aki sentia seu coração bater mais forte e rápido. Um silêncio, perturbador para ela, estava instaurado, e ela não sabia como quebrá-lo. Estava ansiosa e nervosa. Victor estava bem atento ao horizonte. Do alto da roda gigante, tinham uma visão magnifica do Senjojiki Cirque. 

    — É lindo, não é? — A garota finalmente consegue quebrar o gelo. 

    — Sim. Amanhã finalmente vou conhecer o Senjojiki Cirque, um dos locais que eu mais queria conhecer do Japão. 

    — Tem algum motivo em específico para isso? 

    — Não necessariamente. Uma vez vi umas fotos dele e desde então, pesquisei sobre e quis conhecê-lo. —  Comentou, casualmente. 

    Uma brisa gelada soprou e Aki se encolheu ligeiramente.

    — Que frio! — Exclamou ela, com o compartimento balançando.

    — Realmente está frio aqui em cima. — Ele comenta, se levantando no brinquedo e retirando seu moletom, jogando sobre os ombros dela. — Coloque isso, não quero que você pegue um resfriado. 

    — Mas aí é você quem vai se resfriar se ficar exposto. E eu já estou de agasalho. —  A garota gagueja, tentando recusar a proposta. 

    — Eu ficaria péssimo se você se resfriasse e não pudesse ir ao Senjojiki Cirque comigo. Além disso, você continua com frio, mesmo com esse agasalho. Por favor, aceite. 

    Aki, relutante, aceita a proposta, colocando o moletom branco de Victor. 

    — Ficou bom em você. — Ele comentou, já sentado de frente para ela novamente.

    — Não é hora para essas coisas. Assim que descermos daqui, eu vou te devolver. Não quero que você adoeça. — Definiu Aki, decidida.

    — Tudo bem. Mas por enquanto, fique com ele. 

    Os sentimentos de Aki estavam uma bagunça nesse momento. Ela não sabia como continuar o diálogo. Estava extremamente feliz por ele ter lhe emprestado o moletom, foi como se toda ansiedade e nervosismo tivesse ido embora. A garota pensava em como poderia retribuir a gentileza, ao mesmo tempo que queria saber porque se sentia daquela forma.

    Victor, quando tirou os olhos do horizonte e passou por Aki, admirando seus olhos âmbar, destacados com a paisagem de fundo. O cabelo dela esvoaçava com o movimento do brinquedo, seus olhos transmitiam um brilho intenso, hipnotizador para ele. O horizonte ao fundo era memorável e o rapaz teve uma sensação estranha, talvez até complicada. 

    Sem querer estragar o momento, ele se força a não comentar nada, com receio de acabar falando algo sem pensar que pudesse gerar um clima estranho. Victor pensou em pedir para tirar uma selfie com Aki, mas desiste da ideia.

    Pensamentos considerados estranhos por Victor invadem sua mente, como um desejo de ter essas fotos com Aki. Ainda se forçando a não pensar muito sobre, ignora aquelas ideias. 

    O brinquedo já estava girando novamente e eles falam pouco, fazendo comentários da paisagem.

    Após saírem do brinquedo e se reunirem com os outros, eles voltam para casa.

    — Preciso pegar minha mochila e ir para o hotel. — Comenta Victor, perto da casa de Aki.

    — Não seja bobo. — Respondeu Natsu. — Por que não dorme aqui em casa com a gente? A mamãe e o papai têm futons sobrando. 

    Aki, nos pensamentos, agradece muito a Natsu. Ela queria fazer o convite, mas não sabia como o faria. E o seu irmão acaba de salvá-la desse “fardo”. 

    — Não sei se é uma boa ideia. — Victor tinha medo de parecer abusado. Já tinha almoçado ali, bebido com o pai de Aki, e agora iria até dormir. 

    — Tenho certeza de que o papai e a mamãe não se importariam se fosse você. — Natsu olha para os irmãos.

    — É verdade! A mamãe te achou um cara super legal. — Comentou Fuyu. 

    — Eu apoio a ideia de você dormir lá! — Respondeu Haru, animada. 

    Mesmo tímida, Aki insistiu com Victor, que diz para pensar na possibilidade, precisaria ouvir de seus próprios pais. Então, chegando na casa, os irmãos conversam com os seus pais, que aprovam a ideia e dizem que nem precisaria perguntar. Victor se vê sem opção, além de aceitar. 

    Após uma conversa em família, mesmo Victor mais no canto, participou mais da conversa, respondendo algumas perguntas que faziam para ele. 

    Chega a hora de dormir. Todos, aparentemente, haviam dormido. Exceto Victor. Ele estava num quarto junto de Fuyu e Natsu. Em seus pensamentos, tudo que aconteceu no dia vinham em flashes junto com memórias nostálgicas, boas e ruins. Sua cabeça estava a milhão. Cada tique-taque do relógio pareciam minutos. Ele olha as horas e ainda era próximo de meia-noite. 

    Victor decide sair para tomar um pouco de ar. Ele se levanta sorrateiramente, para não acordar ninguém e caminha até a varanda. Mas, ao chegar na entrada do local, um susto: Ele dá de cara com Aki, quase trombando com ela. 

    — Victor? O que faz aqui? — Sua voz quase trêmula surpreende o rapaz, que não esperava encontrar alguém acordado. 

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