Notas de Aviso
Anteriormente em MNVJ: Depois de um dia muito divertido no parque de diversões, Victor e Aki têm um encontro inesperado durante a madrugada.
Capítulo 17: Estrela-cadente
07 de outubro de 2023, sábado.
— Aki! Desculpa!.— O olhar deles se encontram e seu coração bateu um pouco mais rápido. Talvez pelo susto, ou seria pela presença de Aki? Ele se perguntava isso.
— Tudo bem. — Aki também sente seu coração batendo mais forte. — Aconteceu alguma coisa?
— Não aconteceu nada. Na verdade, eu perdi o sono e decidi beber um pouco de água e respirar ar fresco.
— Eu também estava sem sono. Vamos nos sentar na varanda? — Ela convida. Victor aceita e ela sente um frio na barriga por estar naquele momento: de madrugada, sozinha com Victor, observando as estrelas.
Eles se acomodam em duas cadeiras ali. Victor observa que o céu em Nagano era fácil de ver as estrelas, diferente de quando estão em Tóquio, que a luminosidade da cidade é muito maior.
— A sua família é muito legal. — Victor quebra o silêncio que pairava, exceto pelo farfalhar de folhas de árvores próximas quando o frio gélido soprava.
— Você não está incomodado, principalmente, com Natsu e Fuyu? — Ela questiona, surpresa.
— Às vezes eles falam muito, mas são boas pessoas. — Em seguida, ele explica o que achou dos outros familiares. — A Haru é uma graça e lembra muito você. Seu pai é uma pessoa muito divertida e séria, sua mãe é surpreendentemente gentil e é muito bonita também.
Essa resposta a surpreendeu. E ela concorda com Victor nesses pontos. Aki via a Haru como sua irmãzinha super fofa, e a mimava muito. Ela também via seu pai como uma pessoa fácil de se comunicar, mesmo que ele fosse mais calado na maior parte do tempo. A sua mãe era especialmente gentil e carinhosa, principalmente com os filhos.
Seus irmãos Natsu e Fuyu eram muito legais, apesar de serem um pouco inconvenientes às vezes. Natsu era mais extrovertido e brincalhão, sendo mais barulhento, enquanto Fuyu, apesar de se inspirar em Natsu, mantinha uma postura mais tímida em relação ao irmão.
— Às vezes, fico muito incomodado por não conseguir ler bem o ambiente. — Victor quebra o breve silêncio. — Não é como se eu escolhesse estar ignorando ou sendo grosseiro, simplesmente acontece.
— Não tem problema nenhum nisso. — Ela sorri para ele, tentando confortá-lo.
— E também pelo fato de estarmos aqui, em Nagano, na casa dos seus pais, tenho o receio de que possam entender isso errado e gerar algum mal-entendido.
— Somos bons amigos, certo? Não tem problema. — Essas palavras alcançam Victor. Era reconfortante ouvir da própria boca dela que eram bons amigos. Não era como se houvesse alguma desconfiança sobre essa relação deles, mas, ter a certeza disso transmitia mais segurança para ele.
— Então, como uma boa amiga, você ficaria comigo aqui mais tempo? — Victor responde quase sem pensar.
— Claro! — Aki sentiu seu coração batendo muito forte. Respondeu quase instintivamente.
As cadeiras em que estavam eram reclináveis. Ficaram ali por algum tempo em silêncio.
— Eu esperei muito tempo para poder ver as “folhas de outono” no Japão. — Victor quebra o silêncio.
— Tem algum motivo em específico para querer vê-las? — Aki direciona o olhar para ele, curiosa.
— O outono é minha estação preferida, e eu sempre quis ver de perto o outono japonês. — Sua explicação faz o coração de Aki bater um pouco mais forte, pelo significado de seu nome. — E conhecer essa estação ao seu lado está sendo muito especial para mim, e no nosso próximo passeio tenho certeza de que não será diferente.
— Essas palavras me deixam com vergonha. — Ela fala baixinho, e ele inicia um pedido de desculpas, mas é interrompido. — Apesar disso, fico muito feliz de ser chamada de “alguém especial”.
Aki sentia que seu coração ainda estava inquieto, além de sentir como se suas bochechas estivessem queimando. Por alguns momentos, Aki sentia que o vento que soprava não a incomodava, o frio foi expulso momentaneamente. Victor, por outro lado, sentiu-se feliz ao falar isso, algo que ele não esperava. Na verdade, ele não pensava muito em como se sentia, sendo isso um reflexo do seu trauma. Recentemente, ele tem percebido algumas mudanças.
A garota, com o olhar fixo para as estrelas, nota um risco brilhante cortar o céu. Era uma estrela-cadente. Com a ajuda de um breve salto, ela se levanta.
— Olha, Victor, uma estrela-cadente. Feche os olhos e faça um pedido! — Ela exclama, assustando-o brevemente pela forma com que ela se levantou.
Victor faz como Aki sugeriu, fechando seus olhos e fazendo o pedido. A princípio não pensou exatamente em algo, mas após alguns segundos de olhos fechados, desejou que ele continuasse tendo momentos divertidos e felizes ao lado de Aki, que ela o continuasse ajudando e não lhe deixasse sozinho.
Ao olhar para a garota, Victor percebe o seu olhar de excitação e curiosidade, perguntando-lhe o que ele tinha desejado. Ele responde que o seu desejo já estava sendo realizado, e sorri discretamente para ela.
Aki expressa como ficou envergonhada, tapando o rosto com as mãos, e dizendo que ele não devia falar assim, que a deixava com o rosto queimando. Ela olha para ele, que está rindo, fazendo-a sentir um calor percorrer seu peito.
— O que você desejou? — Victor perguntou, curioso. Ao ouvir essas palavras, ela imagina que seria vergonhoso se ela contasse o que realmente desejou, então, decide brincar com ele.
— Se eu contar, vai trazer azar. — A voz calma e gentil o deixa satisfeito, mesmo que não tenha alcançado a resposta que queria.
Victor se perde em seus pensamentos, enquanto observava o céu. Alguns flashes do passado apareciam na sua mente, ao mesmo tempo, ele imaginava e relembrava situações com a Aki e dos eventos.
Um tempo havia se passado, e ao olhar para o lado, se depara com uma Aki encolhida e dormindo profundamente na cadeira. Talvez ele tivesse deixado um clima estranho ao ficar calado, pensou. Observando a garota, a forma inocente e desprotegida com que ela se encontrava, fez o coração de Victor acelerar e ele se levanta.
Estava frio e ventando. Ele se perguntava como faria para levá-la para o quarto que ela deveria dormir, já que estava junto de Haru. Não tinha como ele simplesmente entrar lá, e não queria acordá-la, tendo em mente que ela havia alegado que não estava conseguindo dormir.
Victor se aproxima dela e seu coração acelera ainda mais. Ele a envolve em seus braços, sentindo o calor corporal dela intensamente. O perfume dela, a sensação de estar lhe segurando, tudo isso tomou conta de Victor por um momento. Ela encolhe um pouco mais, quase acomodando-se em seus braços e só então ele percebe que, se ela acordasse ali ou alguém visse, seria difícil de explicar a situação. Por um momento, desejou não ter tomado essa decisão, após pensar no que poderia acontecer.
“Ela deve estar bem cansada. Além da viagem, não descansamos muito durante o dia. Foi bem movimentado.” Ele pensou.
Apertando o corpo dela contra o seu, para evitar dela cair, ele começa a carregar a garota até o quarto onde ele deveria dormir, junto de Natsu e Fuyu. No trajeto, sente o perfume adocicado de Aki mais intensamente, sempre se lembrando que era a mesma fragrância que atraiu a sua atenção naquele dia do restaurante, quando sentiu o odor de forma tão intensa.
Normalmente, no dia a dia, o cheiro era mais natural e não lhe atraía tanto. Mas sentir ele de forma tão intensa trazia sentimentos que ele não conseguia definir. Naquele momento ali, sentiu um desejo de segurá-la por pelo menos mais alguns minutos, mas se recompõs, até porque já havia chegado ao quarto.
Victor acomoda Aki no seu futon, cobrindo-a com a coberta. Ele observa o rosto dela, e conscientemente, pensa no quanto ela é bonita e gentil. Ainda na sua cabeça, deseja a ela “boa noite”, enquanto reza para que ela acorde primeiro que todos os outros membros da família.
Ao voltar para a sala, ele se acomoda no sofá, e decide dormir ali. Após um pouco de relutância, finalmente adormece profundamente, podendo assim, finalmente, descansar da viagem.
***
Aki abre seus olhos lentamente, com raios de sol entrando pela fresta da cortina e batendo em seu rosto. A garota se estica, espreguiçando-se, até ela se sentar no futon e ver Natsu e Fuyu dormindo. Assustada, por não recordar o que havia acontecido no primeiro momento, rapidamente ela se levanta e vai para a sala, onde encontra Victor sentado no sofá, enquanto mexia no seu celular e ouvia música com seu fone de ouvido.
Ela se aproxima dele, sem que ele percebesse, tampando a sua visão com as mãos. Victor se assusta, e levanta rapidamente, retirando os seus fones de ouvido.
— Bom dia, Aki! — Ele a recebe, ainda se recompondo do susto que tomou.
— Bom dia, Victor! — Ela sorri para ele, quase que de forma travessa. — Me desculpa pelo susto. Eu só queria que me visse, já que estava de fone.
— Não tem problema. É um prazer ver seu rosto logo cedo. — Suas palavras não foram pensadas, mas Aki corou levemente. — Você dormiu bem?
— Sim, descansei bem. — Essa era justamente uma brecha que Aki queria. Ela podia supor o que aconteceu, entretanto, queria ter certeza do que tinha acontecido.
— Mas eu não me lembro quando fui parar naquele quarto. — Ela aponta da direção em que veio. — Estávamos na varanda e acordei no quarto junto de Natsu e Fuyu.
— Eu te carreguei até lá. — Victor responde de imediato, tentando soar natural, mas a hesitação não pôde ser evitada.
Mesmo sentindo envergonhada por ter sido carregada, sentiu-se aliviada e feliz por ter sido carregada por Victor, principalmente pelo cuidado que ele teve em levá-la ao quarto e não a deixar na sala, com receio de que ela se resfriasse.
Após uma breve conversa, Aki pergunta se ele queria ajudá-la a preparar o café da manhã, e de imediato ele aceita. Ambos vão para a cozinha e começam a preparar.
Pouco a pouco os outros familiares acordam e se reúnem na sala, sendo tentados pelo cheiro gostoso que enchia o lugar. Pão inglês com manteiga, café preto, iogurte, ovos mexidos e uma salada de frutas. Uma refeição reforçada logo cedo para que tivessem forças para escalar o “Senjojiki Cirque”.
A família dialoga e Victor se mantém mais afastado das conversas, ainda que boa parte do assunto o envolvia, principalmente elogios pela sua ótima performance na cozinha. Além de que os irmãos de Aki continuarem se dirigindo a ele como “cunhado” ou “novo irmão”, ainda que ele não ligasse para isso e apenas ignorasse.
— Não sabemos como te agradecer, Victor. — Hana expressa, satisfeita por ele ter feito o café da manhã junto com a sua filha.
— Não precisa. Eu amo cozinhar, principalmente para as pessoas que eu gosto, ou para retribuir favores. — Aki nesse momento lembra da primeira vez que ela experimentou uma marmita dele, e fica pensativa se era por “gostar dela” ou “retribuir um favor”.
Por um momento, sentiu uma sensação de dúvida tentando lhe abater, mas forçou seus pensamentos nas palavras gentis de Victor.
— Vocês, além de me receberem aqui, são a família da Aki.
Aki se sente tímida. Natsu e Fuyu olhavam para ela fazendo caras e bocas, deixando-a ainda mais envergonhada. A garota ainda pensava em como Victor era incrível. Ao mesmo tempo em que ficava calado e não compreendia bem os seus sentimentos, conseguia responder com palavras que a deixavam em êxtase.
A conversa se estende dessa forma, com Haru dizendo que Victor era incrível e muito legal, e com elogios de Hana e Shouto, além das brincadeiras de Natsu e Fuyu.
Terminando a refeição, eles arrumam a mesa e se preparam para irem até a atração principal da viagem. Cada um separa a sua mochila e suas vestimentas. Era um dia de ventos, apesar do sol brilhar no céu.
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