Notas de Aviso
Anteriormente em MNVJ: Enquanto faziam o caminho de volta, Victor e Aki encontram uma árvore e decidem tirar fotos nela, quando Aki cai e torce o pé.
Capítulo 22: Pedido de desculpas
07 de outubro de 2023, sábado
De volta ao sofá, Aki ajeitou duas almofadas para apoiar o pé, enquanto se acomodava, deitando-se. O silêncio da sala lhe dava a sensação de estar sozinha, embora soubesse que Victor estava cozinhando no outro cômodo. Ela olhou para o teto, pensativa, relembrando tudo que havia acontecido naquele dia e nos anteriores.
“Se eu não tivesse inventado de subir naquela árvore…” Ela suspirou, mas logo um sorriso surgiu em seu rosto. “Não estaríamos aqui agora, só nós dois.”
“Será que fui um incômodo para ele? O que significa estarmos só nós dois aqui?”
Aki temia que Victor tivesse se incomodado. Conhecer o Senjojike Cirque era um sonho dele. E por ela ter se machucado, ele a carregou por vários metros, a levou para o hospital e ainda estava lhe cuidando ali. Além disso, o que era aquela sensação de estar a sós com ele? Eles já ficaram assim antes e foi completamente diferente.
Uma leve sensação de frio percorreu sua barriga enquanto as memórias invadiam sua mente. Tudo que eles passaram nesses últimos dois dias estavam lhe enchendo de ansiedade. Desde o início da viagem até naquela hora.
Lembrou-se do momento na roda-gigante, que parecia tirado de uma cena de romance e do desejo repentino de abraçar ele quando estavam na cabine do brinquedo. Também se lembrou do perfume de Victor, que sentiu ao ser carregada nas costas por ele. Aki quase podia ouvir seu próprio coração bater mais rápido ao reviver essas lembranças.
E ao lembrar da foto no celular dele, que ele havia tirado “escondido”, foi como se tivesse acabado de beber água gelada. Um frio percorreu seu interior, sentindo um misto de vergonha e ansiedade. Ela tapa o rosto com uma almofada, soltando um som inaudível.
“O que é isso?”, pensava.
Na cozinha, Victor estava totalmente focado. Havia três panelas no fogão, de onde saía um aroma delicioso. Na bancada, os ingredientes estavam organizados, e ele, habilmente, cortava os vegetais na tábua com uma faca. Apesar da concentração, um sorriso discreto apareceu em seu rosto enquanto dava os toques finais na receita.
…
— Está pronto, Aki. — Ele chamou, sua voz ecoando pela sala e despertando-a de seus devaneios.
— Que ótimo! — respondeu ela, animada, enquanto se levantava cuidadosamente.
A mesa já estava preparada. Victor puxou uma cadeira para ela e apresentou o prato com orgulho:
— Fiz bolinhos de camarão com molhos para acompanhar. Espero que goste. — Victor se lembrou que já havia feito para ela antes, e completou: — Aquele dia, demoramos um tempo para comer após fritar. Quanto mais “fresco” estiver, mais gostoso.
O aroma era irresistível, e Aki não conseguiu conter um sorriso ao olhar para os bolinhos dourados e crocantes.
— Você realmente sabe como me agradar. — O sorriso no seu rosto deixou Victor com uma sensação de dever cumprido e um sentimento “estranho” invadindo seu peito.
Os dois começaram a se servir, e Aki experimentou o primeiro bolinho. Ao mordê-lo, a crocância externa deu lugar a um recheio macio, com um sabor intenso invadindo seu paladar. Ela provou o molho agridoce que Victor preparara especialmente, e a combinação era simplesmente perfeita.
— Está delicioso! — exclamou, surpresa. — Acho que nunca comi algo assim antes.
— Fico feliz que tenha gostado. — Victor esboça um sorriso. — Você precisa experimentar esse molho aqui também. — Passando um dos bolinhos, com o auxílio de um garfo, em um dos molhos que estava com ele, levando o utensílio até próximo a boca da garota.
Ela hesitou por um momento, sendo pega de surpresa. Não esperava que Victor fosse fazer isso. “Não posso estragar esse momento.”, pensou. Na verdade, era quase um momento que ela pedia para ter. Sem pensar muito, ela abocanha o bolinho, após segurar uma mecha de cabelo para não ficar no caminho e sentindo aquela mesma sensação apetitosa.
O molho era realmente diferente dos outros que ela tinha experimentado até o momento, tendo um sabor mais picante, embora não incomodasse.
Victor sentiu um reconforto ao ver Aki apreciando sua comida. Não era a primeira vez que acontecia, mas aqueles sentimentos não haviam aparecido antes. Não daquela forma.
“O que será que é isso? Se controle, Victor.” Ele pensava, tentando afastar essas ideias.
— Como você está se sentindo? — A pergunta repentina de Victor foi para fugir um pouco de seus pensamentos.
— Estou bem, acho que já consigo andar por aí. — Respondeu ela, movimentando o pé no ar.
— Isso é ótimo.
Nesse momento, eles já haviam acabado de comer.
— Victor? — Aki chama, fazendo-o olhar, instintivamente, em seus olhos. — Obrigada pela refeição. Eu adorei tudo isso.
“Ela se refere somente à refeição, não é?”, Victor pensou por um momento, se concentrando para não pensar coisas absurdas.
— Não precisa agradecer. — Victor se levanta e caminha para a cadeira ao lado de Aki, sentando-se nela, virando-se de frente para ela. Aki sente um calor subir pelo seu corpo, tímida, nervosa, ansiosa. Não sabia definir o que sentia. Nervosamente, ela ajeita seu corpo na cadeira, desviando o olhar brevemente.
— Eu estava ansiosa para experimentar um de seus pratos dessa forma. — Ela se adianta, tentando afastar o nervosismo.
— É verdade, eu estava te devendo isso. Essa foi uma boa oportunidade. — Ele responde. — Sabe, Aki… eu gostei de cozinhar para você hoje. Espero poder fazer isso mais vezes.
As palavras de Victor atingem Aki, que sente seu coração acelerado. Ainda tentando manter a compostura, pois estavam relativamente perto, ela responde:
— Eu espero poder experimentar outros pratos. E você também me prometeu uns drinks.
Não é como se ela tivesse totalmente à vontade, mas era uma boa oportunidade para aquela conversa. Ela reunia toda a sua coragem para falar tão tranquilamente. Internamente, um turbilhão de pensamentos agitava sua mente.
“Que rumo essa conversa vai tomar?”
— Eu não vou esquecer. Eu simplesmente adoro cozinhar para quem eu gosto. — Victor percebe que falou um pouco a mais do que planejou e sente um arrepio percorrer seu corpo, desviando o olhar dela.
“Falei demais! Devo fingir que não aconteceu nada? Ou devo me desculpar?” Victor estava tentando compreender o que estava acontecendo e sentindo naquele momento…
Naquela distância que estavam, de frente um para o outro e com aquelas palavras… “Meu coração vai explodir!”, ela gritou internamente.
O clima, abruptamente, ficou quase tenso, não no sentido ruim, mas ambos ficaram envergonhados com a situação. Até mesmo Victor, que tinha essa dificuldade, sentiu-se tímido. Ele pigarreou, tentando disfarçar, mas não conseguiu dizer nada, desviando o olhar após alguns segundos.
Talvez por sorte, ou azar, ambos são surpreendidos pelo toque inesperado do telefone de Aki, quebrando completamente o silêncio instaurado. Tanto Victor quanto Aki sentiram-se aliviados, ao mesmo tempo, ficaram pensativos sobre o que aconteceria caso não tivesse tocado.
— Era o Natsu. Eles irão demorar um pouco mais do que o planejado. — Aki informa Victor, sentindo sua voz quase vacilar.
— Entendo. — Victor faz uma breve pausa. — Você está conseguindo andar?
A pergunta inesperada de Victor deixou Aki curiosa, dando-lhe uma resposta positiva:
— Sim, eu consigo.
— Me perdoe por pedir isso, já que você se machucou mais cedo, mas você quer dar uma volta? — Victor, apesar de na maioria das vezes ter um comportamento apático, conseguia surpreender a garota algumas vezes. — Quero dizer, não preparei nenhuma sobremesa. Você não quer comer algo doce depois desses bolinhos?
— Eu não vou mentir… eu quero. — Aki responde, ainda tímida, quase sussurrando na última parte.
— Certo. Eu vou arrumar as coisas aqui. Pode esperar no sofá.
— Eu não quebrei nada. — Aki responde, rindo. — Eu consigo te ajudar.
Aki sentia-se realmente grata pelo cuidado de Victor, porém, não queria ser um incômodo. Ela informou para Victor que iria aproveitar esse tempo para tomar um banho e se arrumar, ao perceber que seria inútil insistir.
Aki queria ajudá-lo, mas a situação anterior a havia deixado muito envergonhada e essa era uma boa forma de se recompor. Após pegar alguns pertences, como roupas e toalha, ela se dirige ao banheiro, enquanto Victor terminava de arrumar a mesa.
Aki ligou o chuveiro, deixando a água morna escorrer por seu corpo enquanto tentava reorganizar os pensamentos que pareciam estar em constante tumulto. “Por que eu fiquei tão nervosa? Outras vezes ficamos tão próximos quanto agora.”, perguntou a si mesma, sem encontrar uma resposta que a satisfizesse.
Sentia o calor do banho relaxando seus músculos e, ao mesmo tempo, lembrava-se do que havia acabado de acontecer. A proximidade, o cuidado, até mesmo o jeito desajeitado de Victor ao desviar o olhar… Tudo isso fazia seu coração disparar.
“Ele disse que gosta de cozinhar para quem ele gosta”, repetiu mentalmente. Sentia que talvez houvesse algo a mais nessas palavras, mas não tinha certeza. “Será que estou imaginando coisas?”. No fundo, ela até desejava estar certa sobre seus sentimentos, mas não os entendia completamente.
Do lado de fora, Victor terminava de organizar a cozinha. Ele recolhia os pratos, limpava a bancada e guardava os utensílios, mas sua mente estava longe. Pensava em Aki, naquele momento que estavam bem perto e ele falou um pouco a mais do que queria. “Eu sou um idiota?” Repreendeu a si mesmo.
Embora ele compreendesse um pouco melhor seus sentimentos, ainda tinha medo de não conseguir corresponder algo, ou de machucar a garota. “Eu preciso tomar cuidado com o que eu falo, para não criar uma situação embaraçosa.”, suspirou, enquanto pensava sobre.
“Por que fiquei tão nervoso aquela hora? As palavras simplesmente sumiram.” Ele se sentou, após terminar de ajeitar as últimas panelas. “Não deve ser nada de mais.” Ainda assim, não conseguia evitar o calor que subia ao rosto quando se lembrava do breve momento de proximidade entre eles à mesa.
Pouco tempo depois, Aki saiu do banheiro com os cabelos ainda úmidos, vestindo roupas casuais: uma camisa simples azul-claro, com o casaco de lã cinza por cima, ainda aberto e uma calça branca, que a faziam parecer ainda mais radiante aos olhos de Victor. Ele notou a mudança imediatamente, mas desviou o olhar, tentando não demonstrar sua reação.
— Você está melhor? — perguntou ele, quebrando o silêncio e tentando soar natural, levantando-se.
— Sim, muito melhor. — Aki sorriu. — O banho ajudou bastante. Obrigada por arrumar tudo.
— Não foi nada. Vamos?
— Vamos. — Ela respondeu animada.
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