Notas de Aviso
Anteriormente em MNVJ: Victor e Aki vão ao cinema assistir a um filme de terror;
Capítulo 29: "Somos apenas amigos, certo?"
13 de outubro de 2023, sexta-feira.
O filme finalmente terminou, deixando os dois ainda imersos no misto de susto e excitação.
Durante o trajeto para casa, eles decidem passar numa loja de conveniência que tinha no caminho. Aki compra uma barra de chocolate, enquanto Victor apenas a acompanhou.
Eles sentam num banco próximo. Aki começou a comer a barra e ofereceu metade da barra para Victor, que acaba aceitando após sua insistência.
— Eu sabia que você era corajosa. — Ele fala, quebrando o silêncio, com um leve tom de sarcasmo.
Ela arqueia a sobrancelha:
— Como assim?
— Você conseguiu assistir ao filme todo. — Ele comenta, casualmente. — E nem desmaiou. Ouvi rumores de pessoas que acabaram apagando durante o filme. — Victor provoca.
Aki ri.
— Não seja bobo. Eu só não desmaiei porque estava com você.
“O que eu estou falando?!” Ela gritou consigo mesmo, internamente. Ela não planejava falar essa parte.
Victor olha para ela, surpreso.
— Então eu sou tipo um amuleto? — Ele fala com ironia. — Achei que eu quem precisasse de um amuleto.
Ele a encara com um sorriso, deixando-a ainda mais sem jeito. Ela mexe em seu cabelo, desviando o olhar.
— Vamos continuar a caminhada? — Propõe, levantando-se.
“Estou muito nervosa. Se acalme!” Insistia ela consigo mesma. Sentia seu coração batendo acelerado e mais forte, e um frio na barriga crescente.
Eles continuam conversando, falaram um pouco mais sobre o filme e também acabaram entrando no assunto do trabalho. Depois de alguns minutos, já estavam na porta da casa de Aki.
— Foi muito divertido assistir ao filme com você.
— Digo o mesmo. Tirando os contratempos, foi uma noite ótima. — Victor comentou, desviando o olhar. Não queria passar uma ideia errada para Aki. Não se sentia pronto para isso…
— Eu avisei que você estava com azar. — Ela retrucou, ironicamente.
— Sorte ou azar, não sei. — Ele faz uma breve pausa. — Você disse que eu precisava de um amuleto mais cedo, não foi?
Ela concorda, e ele continua.
— Eu acho que aquele abraço foi mais efetivo que qualquer amuleto. Como posso dizer que foi um dia de azar depois disso? — Ele a provoca, embora hesitante.
Ela, rapidamente, desviou o olhar e destrancou a porta, mas parou antes de entrar.
— Victor, somos bons amigos, certo? — Ela não olhou para ele, apenas comentou, quase jogando as palavras ao vento.
Victor arqueou a sobrancelha, sem entender o motivo da pergunta.
— Claro que somos. Te acho uma pessoa incrível. — Victor pensou bem antes de falar essa última parte, mas seguiu adiante.
— Fico feliz. Boa noite, Victor. Obrigada.
— Boa noite, Aki — despediu-se Victor, começando a se afastar lentamente, enquanto ela entrava e trancava a porta.
…
O caminho de volta para casa parecia curto, enquanto Victor refletia sobre a noite. Relembrava o calor do abraço de Aki, o perfume adocicado e intenso dela e o sorriso tímido que tanto mexeram com ele. Um turbilhão de pensamentos o fazia questionar seus sentimentos e o medo de se envolver emocionalmente.
“Eu não estou pronto para isso”, ele repetia para si mesmo, tentando conter o coração acelerado. Mas, ao mesmo tempo, não conseguia negar o quanto estar perto de Aki era algo que ele começava a valorizar mais do que gostaria de admitir.
Victor estava jogado no sofá, o braço sobre a testa enquanto fitava o teto. A sala estava silenciosa. Em sua mente, a noite se desenrolava como um filme, mas um momento específico insistia em se repetir: o “abraço” de Aki.
Ele soltou um longo suspiro, pegando o seu celular.
“Por que estou pensando tanto nisso?”, se questionava. Embora fosse viúvo, suas experiências passadas não o estavam ajudando agora. Era como se experimentasse esses sentimentos pela primeira vez.
“Que droga! Por que não consigo organizar meus pensamentos?”. Ele abre a galeria de fotos, passando brevemente pelas fotos que tinha com Aki, e dela sozinha. Seu coração não se acalmava. “Eu não posso fazer isso.”. Sentiu uma pontada no peito, quase uma decepção. Seus olhos arderam após vários pensamentos se misturarem e o deixar confuso.
“Eu realmente não sei como agir agora.” Pensou, levantando-se e se dirigindo para seu quarto.
— Eu não quero passar por isso de novo! Eu não quero machucar ninguém. Não quero ser machucado. Mas eu queria…
Victor sussurrava para si, com seus olhos se enchendo de água e então hesita por um momento.
— Realmente eu quero ficar com a Aki? — Victor se joga na cama de bruços, enquanto, fica imóvel com seus pensamentos martelando sua cabeça.
***
Aki largou a bolsa na cadeira ao lado da cama e se jogou no colchão macio, soltando um longo suspiro. O coração ainda batia acelerado, embora ela não soubesse exatamente por quê. Talvez fosse o filme, talvez fosse… suas palavras. Pegou o celular, desbloqueando-o automaticamente e abrindo a tela de mensagens.
O contato de Victor estava ali, com a troca de mensagens mais recente ainda visível: “Nos encontramos na porta do cinema às 20h30.” Simples, direto. Ela sorriu de leve ao se lembrar de como ele sempre parecia tão sério, mas ainda assim conseguia ser gentil de uma forma peculiar e até sendo brincalhão em momentos oportunos recentemente.
“Devo mandar algo?”, pensou, enquanto os dedos pairavam sobre a tela. Ela digitou lentamente:
“Obrigada pela noite. Foi divertido. :)”
Leu e releu a mensagem algumas vezes, mordendo o lábio inferior. “Isso soa casual? Ou parece que estou tentando… algo?”
Antes que pudesse decidir, apagou tudo.
“Não… ele deve estar cansado. Não quero incomodar.”
Colocou o celular de lado e se deitou, cobrindo o rosto com as mãos. A lembrança do toque acidental na sala de cinema voltou com força, fazendo suas bochechas corarem.
“Por que isso me deixou tão… nervosa? É só o Victor. Ele nem deve estar pensando nisso.”
Lembrou-se também das palavras de Victor, sobre o “abraço-amuleto”, e isso a deixou ainda mais nervosa.
“Por que você está me deixando assim, Victor?” Indagava, virando-se de um lado para o outro, tentando dormir.
Seus pensamentos ainda a assolavam. Os tique-taques do relógio pareciam muito mais longos do que o normal. Ainda com o quarto escuro, não conseguia dormir. O sono não vinha.
Tudo que acontecera no dia vinha na sua mente. Ela olha para uma das paredes, que era levemente iluminado pela luz natural de fora que passava pelas frestas da cortina, onde estava o gatinho de pelúcia que Victor havia dado para ela.
— Somos apenas amigos, certo? — Balbuciou, pensativa. — O que significa sermos bons amigos? É normal amigos se sentirem assim?
Inquieta, Aki se sentou na cama. Mexendo em seu celular, visitava as fotos recém-adquiridas do passeio. Seu coração bateu forte ao ver a foto que Victor havia tirado dela sozinha.
— Essa foto… por que você tirou uma foto minha assim? — Murmurava, tentando achar uma resposta.
“Se ele queria me deixar confusa, conseguiu. Parabéns, Victor!”, ela pensava, ironicamente. Após deitar novamente, seus pensamentos ainda não haviam se acalmado.
“Somos só amigos… bons amigos”, ela repetia.
Ainda assim, o sono parecia não vir. E a noite foi muito mais longa do que pensou que seria.
Para Victor não foi diferente. Após ter se jogado de barriga para baixo na cama, o sono não vinha. Rolou algumas vezes de um lado para o outro. Cada instante parecia maior que o normal. Ele pega seu celular, abrindo a galeria de fotos e reparando Aki nas fotos.
“Por que eu tenho que sentir isso? Eu não posso me aproximar de você dessa forma”, ele se lamentava.
Victor, recentemente, percebera que Aki era muito especial para ele, mas não podia e não queria se entregar a isso. Estava se forçando a não ver dessa forma, na esperança desse sentimento mudar.
Por mais que lutasse, parecia irrelevante. A cada vez que eles se encontravam para fazer algo, ela o surpreendia.
— Aki… — Victor murmurou, continuando a divagar em pensamentos, procurando uma resposta.
Seus pensamentos estavam bagunçados com flashes distantes e outros recentes, onde se misturavam, causando uma confusão para ele.
“Eu preciso me recuperar. Não posso falar nada… não por enquanto…”
Ainda relembrando tudo que acontecera recentemente, Victor sentiu um desejo de abraçá-la. “Não posso fazer isso”… Nem ele sabia definir o que estava pensando.
Seria pelo horário, pelo sono que começava a aparecer ou pelos seus sentimentos estarem realmente bagunçados? Victor queria, simplesmente, poder controlar suas emoções.
“Isso vai ser um pouco mais difícil do que pensei…”
Com esses pensamentos, a noite também foi longa para ele, com grande dificuldades para dormir.
“Somos apenas amigos, certo?”, repetia ele mentalmente, na expectativa de conseguir se concentrar e dormir.
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