Notas de Aviso

    Anteriormente em MNVJ: Após uma reunião da Elegance Affairs, indicando números positivos, alguns funcionários vão comemorar no bar.

    17 de novembro de 2023, sexta-feira

    — Queremos uma mesa para oito pessoas, por favor. — Yumi solicita, ao passarem pela entrada do bar Flor da Noite.

    — Certo. Por aqui…. 

    Os oito funcionários da Elegance Affairs seguem pelo local indicado e chegam a uma mesa de canto. Eles fazem seus pedidos.

    — Então, a reunião hoje foi ótima! — Yumi exclamou, após todos já estarem acomodados e aguardando suas respectivas bebidas.

    — É gratificante ver nossos esforços dando resultados. Nossa equipe é demais! — Helsing respondeu, enquanto ajeitava seu corpo na cadeira. Por ser alto, às vezes era difícil achar uma posição para se sentar confortavelmente.

    — E o chefe Akashi é uma pessoa muito agradecida e gentil, embora seja sério… — Sayuri aponta, com Aki completando:

    — Eu devo muito a ele. Quando precisei, me deu uma oportunidade e aqui estou hoje. — Suas palavras carregavam um tom de agradecimento. 

    Aki via o chefe Akashi como uma figura de muito respeito e gratidão. 

    — Eu continuo encucada com aquele “anúncio” que ele ficou de falar mais dele futuramente. — Sayuri joga o assunto na mesa. — O que será que é?

    — Talvez uma parceria internacional? — Helsing propõe.

    — Ou novas tecnologias para a empresa. — Kenju falou a sua opinião.

    — Se fossem apenas tecnologias, não enrolaria tanto… — Aki suspira. — Provavelmente deve ser algo surpreendente. O chefe Akashi sempre surpreende.

    Arian, Kenju e Kazuya concordam, balançado a cabeça positivamente.

    — E você, Kazuya, nos conte, como estão os projetos para os próximos eventos? — Sayuri pergunta. — Vi que teve um grande investimento para o seu setor recentemente.

    — É verdade… — Ele alisa seus cabelos ruivos para trás. — Estamos com uma grande demanda e precisamos de contratar serviços extras. O chefe Akashi não quer que passe nenhum detalhe, então estamos caprichando.

    Victor se manteve mais calado, processando as informações da conversa. Ele sabia da maioria daqueles assuntos, inclusive sobre esse tal “lançamento”. Mas era um segredo, não podia vazar aquela informação ainda. 

    Aki percebe que Victor está quieto e tenta fazê-lo se enturmar.

    — Grande parte da satisfação do chefe Akashi se deve ao esforço do Victor. — Aki diz, repousando seu olhar em Victor, que arqueia a sobrancelha, surpreso.

    Todos olham para ele, esperando uma resposta. Mas Aki continua, antes dele responder algo.

    — Graças ao empenho dele, conseguimos aqueles três contratos, que foi uma baita conquista para a Elegance Affairs. Inclusive o contrato com a Aurora Decór foi ele quem conseguiu.

    Victor sentiu um arrepio, sentindo a pressão nos olhares de todos. 

    — Foi apenas sorte… — comentou. 

    Apesar dele estar acostumado a conversar com todos daquela mesa, sempre era na empresa, em assuntos completamente necessários, e nada mais. 

    Naquela mesa, no bar, como amigos, era a primeira vez. Sentia algum tipo de desconforto. Talvez pelo tempo que não fazia isso. 

    — Não seja tão modesto! — Helsing o interrompe, dando-lhe um tapinha no braço. — Pode se exibir um pouco. Você é sempre tão fechado. 

    — É verdade, Victor. Se solta um pouco! — Yumi incentivou. 

    — Aposto que não fica tão sério assim quando você e a Aki estão sozinhos. — Sayuri provoca, fazendo Aki desviar o olhar, instintivamente, para o lado.

    Aki sentiu um calor subindo em seu rosto, desejando não estar ouvindo aquilo. “Eu vou te matar, Sayuri. Bobona!” Pensava Aki.

    Victor arqueou a sobrancelha. Nesse pequeno momento, várias lembranças vieram de uma vez, como uma bomba explodindo. Sentiu como se todas suas emoções envolvendo Aki se misturassem, de uma única vez. 

    — Para, Sayuri. Já está bêbada antes de começar a beber? — Brincou Yumi, dando um cutucão na amiga, mas ainda achando graça na cena e na reação dos outros dois.

    Todos riram da cena, com exceção de Victor e Aki. Victor ficou pensativo, tentando compreender aquelas palavras. Realmente fazia sentido ao pensar nisso:

    Perto de Aki, quando estavam a sós, ele conseguia ser diferente. Havia experimentado “novas emoções” ao viajar para Nagano com ela e conhecer sua família. 

    Mas ali na mesa, era como se tudo fosse a primeira vez, embora já tivesse feito isso muitas vezes no passado. Ele, nesse pequeno intervalo de tempo, tentava processar isso tudo. 

    Aki, ainda desviando o olhar, acabou rindo, pensando que realmente era verdade. Um riso de felicidade, mas suas bochechas permaneciam coradas. 

    — Não sejam tão maldosas. — Helsing interviu. — Victor, Kazuya, vamos comigo ali? Vai ser rapidinho… 

    — Tudo bem, vamos lá! — Kazuya, com muita energia, se levantou, cutucando Victor, lhe chamando. — Vamos, Victor. 

    Victor suspira, sabendo que não teria como fugir disso. Sentiu-se até aliviado, na verdade, por não precisar continuar naquela conversa iniciada. Ele agradeceu Helsing internamente, enquanto se levantava. 

    — Arian, tinha algo que eu gostaria de ver no balcão. Vamos comigo? — Kenju convida, para poderem deixar as três amigas à vontade. 

    Embora todos se dessem bem, aquelas três tinha uma intimidade muito maior do que com eles.

    Arian se levanta, deixando somente as três amigas na mesa. 

    — Vamos Aki, fala pra gente, o que está rolando entre vocês? — Sayuri se inclina em direção a Aki. 

    — N – Não tem nada. — Ela fala, gaguejando. — Somos apenas bons amigos…

    Aki quase comete o mesmo “erro” de quando falou com Natsu, mas conseguiu evitar dessa vez. 

    — Ninguém acredita nesse papinho. — Yumi revira os olhos, debochando. — Vocês formam um casal tão bonito. Por que não se declara para ele? 

    — Não é tão simples assim… — Aki balbucia, sentindo seu coração dispararar.

    — Então você realmente quer? — Sayuri ri. — Tudo bem, estamos só te provocando. Não leva pro coração. Se precisar de qualquer coisa, pode falar com a gente, né, Yumi?

    — É verdade. Somos suas amigas. Conte com a gente. 

    Aki hesitou antes de responder. “Mesmo que eu goste realmente dele, o que ele sente por mim? Ele é mais velho, experiente, o que ele iria querer comigo?” Aki foi bombardeada por dúvidas que vinham mordiscando seus pensamentos há um tempo. “Ele já é, ou era, papai… é viúvo… para de fantasiar, Aki…” Ela sente uma pontada de desesperança. 

    “Me sentir assim… isso que é amor?” Indagava. 

    Seus pensamentos ainda continuavam: “Falam que amor é tão colorido… é como me sinto perto do Victor… mas pensar nisso, nesses detalhes… deixa tudo monocromático…” ela avaliava. 

    — Você está bem, Aki? A gente só estava te provocando. — Sayuri percebe o semblante diferente de Aki. 

    — Estou bem… — Ela responde, com alguma hesitação. — É só que estou pensando numas coisas… 

    — Se precisar, pode desabafar… — Yumi aproxima seu rosto da amiga. 

    Aki agradece, forçando um sorriso. Sentia que poderia desabar em lágrimas se falasse como se sentia, então, resolveu guardar para si.

    Elas mudam de assunto, fazendo Aki, momentaneamente, esquecer desses detalhes. 

    Enquanto isso, Kenju e Arian se aproximam do balcão. O bartender Hiroshi os recebe. 

    — O que vocês gostariam de beber? — Pergunta, com um tom calmo e caloroso. 

    — Highball? — Kenju repousa seu olhar em Arian, que confirma com a cabeça. 

    — Dois, por favor. — Kenju sinaliza “dois” com os dedos indicador e médio, e o bartender, habilmente, começa a prepará-los. 

    — Você está muito tenso… pode se soltar um pouco com a gente. — Helsing reclama. — Estamos num bar. Aqui é só alegria. — Ele ri.

    — Estou meio enferrujado para beber com amigos… — Victor comenta, coçando a nuca. 

    — Não seja tão pessimista… e outra, não ligue para o que a Sayuri e a Yumi falam, elas são sempre tão entusiasmadas… — Helsing aconselha. 

    — Não é que eu tenha ficado com raiva ou qualquer coisa do tipo. — Victor suspira. — Só me deixou pensativo. 

    — Pensativo? Então está rolando algumas coisas entre vocês mesmo? — Kazuya se surpreende. 

    — Não exatamente… — Victor fala, após pensar um pouco. — É bem mais complicado que isso. 

    — Se quiser um ombro amigo, estamos aqui. — Helsing aponta para si mesmo, com um certo orgulho. 

    — Está encenando o Koda? — Kazuya ri. 

    Victor não pode conter um sorriso breve… Ele agradece aos seus colegas de trabalho, e após uma caminhada até numa loja de conveniências ao lado do bar, eles voltam para perto das meninas. 

    Para a surpresa deles, Kenju e Arian não estavam mais ali. 

    — Para onde aqueles dois foram? — Indaga Sayuri, com um certo tom de provocação e curiosidade.

    — Deixa eles. Já são adultos, afinal. — Kazuya responde, gesticulando com as mãos. 

    Nesse momento, a bebida que eles pediram estava sendo entregue. Helsing pediu para levar somente quando voltassem, para que todos pudessem brindar. 

    Helsing, Sayuri e Kazuya pediram cerveja artesanal, enquanto Victor, Aki e Yumi pediram drinks. 

    — Nada melhor que uma boa cerveja artesanal! — Helsing exclamou, depois de dar um gole na bebida.

    — Eu não gosto muito de cerveja. — Victor respondeu, surpreendendo até mesmo Aki. 

    — Isso não parece ser real! — Sayuri exclamou, após botar a caneca de cerveja na mesa, pela metade. — É impossível não gostar de cerveja. 

    — Eu concordo com Victor. — Aki comenta. — Drinks são mais divertidos.

    — Vai ficar defendendo ele, é? — Sayuri respondeu, com um tom falsamente irritado. 

    — Já está bêbada com meia caneca… imagina depois da segunda rodada. — Yumi ri, enquanto apreciava o sabor do seu Bellini. 

    Victor e Aki trocam olhares, surpresos com a animação dos amigos. Não esperavam que fosse tão enérgicos, especialmente Victor.

    Ele já havia percebido que eles gostavam de conversar, mas não imaginava que seria daquele jeito no bar. Tão animados. 

    Victor até tentou ser mais atento e participar da conversa, mas os outros eram simplesmente muito acima do que ele esperava. 

    “Não consigo acompanhar a conversa… será que um dia vou ser como eu era?” Pensava ele, enquanto forçava um sorriso da conversa engraçada que estavam tendo. 

    Aki parecia na mesma situação de Victor, embora, demorasse mais tempo que o necessário para conseguir acabar o seu drink, um Bellini de manga.

    Ela não queria sofrer efeitos do álcool muito cedo e acabar falando coisas que não queria. Então se conteve apenas com um copo, assim como Victor. 

    Eles pedem apenas água, na segunda rodada em diante, enquanto se divertiam com os assuntos da mesa. Mesmo Victor, estava prestando atenção e tentando sentir aquela energia positiva. 

    Aki recebe uma mensagem de Arian, dizendo que estavam bem, que ela não se sentiu muito bem e Kenju a acompanhou até em casa. Inocentemente, Aki perguntou se estava mesmo legal, com a sua colega respondendo que sim. Ela não insistiu, nem pensou muito no assunto. 

    Após mais algumas rodadas, Victor, o mais sóbrio entre eles, chama dois táxis, que deixariam cada um em suas casas. Ele e Aki vão num veículo, enquanto os outros quatro amigos foram levados pelo segundo carro. 

    — Eles são barulhentos, mas divertidos. — Victor comentou, no caminho para casa.

    — Você não estava incomodado? — Aki se surpreendeu. Não esperava que Victor fosse iniciar o diálogo. 

    — Não. Foi divertido. Eu só fiquei meio… perdido, talvez. Ainda tenho que acostumar com isso novamente. — Ele responde, casualmente. Aki sentiu-se feliz por ele, mas logo, foi inundada de pensamentos… 

    “Então ele já participou disso outras vezes, dessa roda de amigos… Ele é muito mais experiente que eu… por que eu tenho que me sentir assim?” Ela se afogava em seus próprios pensamentos. 

    Depois dela entrar em casa, Victor indica o caminho para a sua própria residência, enquanto pensava no quão diferente havia sido aquela noite. 

    Aki, por outro lado, não conseguia dormir. Mesmo após tomar um longo banho, seus pensamentos não se acalmaram…

    “Isso que é amor?” Os pensamentos se repetiam como um eco em sua cabeça. Ela deita de barriga para cima na cama, rolando de um lado para o outro, abraçada com o gatinho de pelúcia que Victor havia lhe dado. 

    — Por que você me deixa assim, Victor?!

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