Notas de Aviso
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Capítulo 38: Quando não temos palavras...
02 de dezembro de 2023, sábado.
O coração de Victor acelera e ele sente uma felicidade quase explodindo dentro dele. Ele conhecia bem aquele sentimento, mas lutava diariamente para suprimi-lo. O desejo de abraçá-la veio como um tiro e ele levantou-se.
Aki sentiu um frio percorrer sua espinha quando percebeu esse movimento e se manteve concentrada para onde olhava, fingindo não ver Victor. Ele caminha e para de frente para ela, ficando de cocares, de frente para ela.
— Obrigado… — A voz de Victor saiu quase inaudível. Sentiu que gaguejaria ou ficaria mudo se prolongasse o diálogo ali, tentando conter seus sentimentos e desejos. — Mas não se esqueça de uma coisa: seu sorriso me salvou da escuridão.
Victor, como um estalo, percebe que disse algo muito mais profundo do que tinha imaginado e se levanta, virando-se de costas. Sentiu suas pernas quase vacilarem e tentava achar palavras para continuar.
Aki recebeu aquilo como se fosse uma flechada em seu peito. Uma sensação quase perfurante. Aquele sentimento de antes voltou ainda mais forte e sua mão tremeu, quando pensou em apoiar-se em Victor e lhe abraçar.
“Calma! Não posso abraçar ele assim!”, exclamava, internamente. O desejo de envolver Victor era inquietante. “Por que estou me sentindo assim?”, ela tentava compreender, enquanto se levantava, instintivamente.
Aki sente que não deveria perder essa oportunidade… aquelas palavras eram tão gentis e impactantes, seu corpo se movia sozinho. Seu raciocínio não acompanhava seus movimentos. Ela sente seus braços se estendendo para frente, mas, inconscientemente, não tentava relutar.
Por um momento, ela pensou que não queria aquilo, mas logo percebeu que não conteria essa ação. Vendo tudo como se estivesse em câmera lenta, Aki percebe que Victor se vira para ela, começando a falar algo, mas também não ouviu o que era. Seu corpo já estava tão próximo dele, que já era possível sentir seu calor.
Seus braços logo são tomados pela sensação quente do corpo de Victor, seguindo pelo seu peito e rosto. Seus braços se encontram nas costas dele. Victor não relutou, nem tentou tirar suas mãos, nem retribuiu.
Victor ficou como em estado de choque, surpreso pela ação dela. Durante um momento, apenas Aki havia lhe abraçado, e quando ela finalmente percebe, sentiu um arrepio percorrer seu corpo, seu estômago parecia fervilhar. Seu coração batia num ritmo acelerado e forte, porém, era uma sensação gostosa, reconfortante.
Mesmo com essa sensação, logo foi arrebatada desse momento, que ela definiria como “mágico”, ao, realmente, perceber o que havia acontecido. Ela acabara de abraçar Victor. O perfume amadeirado dele aumentava seu desejo de permanecer ali, mas ela força o movimento para recuar.
Entretanto, o que Aki não esperava, é que Victor fosse abraçá-la de volta, puxando seu corpo, menor que o dele, para si. Victor envolveu seus braços por cima dos ombros dela.
Sua expressão de surpresa e de nervosismo era visível, por tudo aquilo que aconteceu nos últimos segundos. “O que está acontecendo?”, ela se perguntava, quase em transe. Desejou que aquele momento durasse por muito mais tempo do que realmente aconteceu. “É isso que acontece quando não temos palavras e agimos por impulso?”
Quando Victor se afastou e ela voltou seus braços, sentiu seu rosto como se estivesse queimando, tendo certeza que estava vermelha. Ela não teve coragem de olhar em seus olhos e ficou em silêncio, sem saber o que dizer. Aquilo tudo pareceu muito mais rápido do que realmente foi, e muito mais rápido do que desejou que fosse.
Victor não estava numa situação muito mais favorável. Seu coração estava disparado, e ele sentia que exagerou. Por um momento, agiu instintivamente, deixando palavras saírem de seus lábios que não teria dito se pensasse um pouco mais.
Mesmo pensando que Aki tivesse sofrido um pouco com o efeito de álcool, avaliando agora, ele também não teria feito o que fez se estivesse totalmente sóbrio. Ainda que, com toda experiência de vida, não sabia como agir.
Pensou se deveria pedir desculpas para Aki, agradecê-la ou manter a conversa como se aquilo fosse normal. A cada segundo, o constrangimento aumentava pela situação que acabara de acontecer.
— Eu… Acho que vou embora. — Aki falou, hesitante, tão baixo que Victor mal pôde lhe ouvir, mas alto o suficiente para quebrar o silêncio que assombrava o clima.
— Espera… Aki… — Victor procurava palavras para continuar. Ele sabia que não estava preparado para assumir nenhum relacionamento amoroso, apesar de, seu coração mandar abraçá-la novamente. — Eu…
O silêncio entre as palavras deixou Aki apreensiva. No fundo, desejava uma resposta que nem ela mesmo sabia qual era e temia que as palavras que ele dissesse pudesse lhe magoar. Nesse curto intervalo, vários pensamentos tomavam conta de sua cabeça.
— Me desculpa. — Ele soltou, finalmente, quase inaudível.
“Mas que droga eu estou falando?”, pensou. Ele compreendeu que aquelas palavras não eram as mais adequadas para o momento. “O que eu faço agora? O que diabos estou pensando e falando? Não consigo entender… meu coração tá uma bagunça…” Victor se repreendia, enquanto procurava palavras para dizer ou tentar amenizar a situação. Ele sabia que aquelas palavras eram quase ofensivas.
“Desculpa?”, Aki pensava, tentando entender. Sentiu um amargor na boca. “Eu agi de forma maldosa?”, seus pensamentos inquietantes a atormentou naquele momento.
— Como assim? — Ela deixou escapar.
— É que… Eu não quero te magoar. — Nem Victor sabia como se explicar. As palavras pareciam escapar de forma aleatória.
Aki sentiu seus olhos lacrimejando e um líquido quente escorrer pelo seu rosto. Ela se vira, indo em direção à porta.
— Boa noite, Victor. — Sua voz pausada e rouca denunciou o que sentia, já que Victor não a olhava diretamente naquela hora.
Quando deu o primeiro passo, ela sentiu a mão firme de Victor segurando seu braço, fazendo-a virar-se instintivamente.
— Não é isso que eu quero dizer… Por favor, não entenda errado. — Quanto mais Víctor falava, mais Aki não entendia. Toda aquela montanha de sentimentos, às vezes, até conflitante, lhe confundiam.
Nem mesmo Victor sabia o que fazer direito. Tudo aquilo era muito confuso, muito difícil de lidar. Ele não queria magoar Aki, não queria dar esperanças que ele não pudesse corresponder e nem queria vê-la chorar.
— Eu não sei o que dizer… — Aki respondeu, sua voz denunciado sua tristeza.
— Eu me expressei de forma errada. Eu te agradeço muito pela sua presença, foi um presente inestimável para mim. — Victor começa a falar, tentando explicar como se sentia. — Preparar tudo isso para você foi tão especial quanto sua presença e esse presente. — Ele ergue o punho para ela. — E tudo que aconteceu, nunca vou me esquecer.
Os olhos de Aki estavam fixados nele, prestando atenção em cada palavra. Ela queria responder algo, embora não soubesse o que falar. Então apenas continuou ouvindo.
— Seu abraço é muito gostoso, me trouxe um conforto que não sei explicar direito, mas, Aki, eu não sei como eu deveria me expressar para você. Tudo que aconteceu comigo, ainda me deixa inseguro e receoso.
— Victor! — Aki interrompe, num tom mais alto que planejou, então ele fixa seu olhar no dela. — Não precisa se preocupar. Eu queria fazer isso e fiz, quase por impulso, admito, mas não me arrependo. Vamos deixar isso de lado por enquanto? Não quero que nossa amizade mude por causa disso.
“O que estou falando? Nem eu sei…”, ela apenas torcia em pensamentos para que Victor entendesse seu lado.
“Eu fui um idiota!”, Victor exclamava internamente, apesar de não deixar isso se mostrar. “Por que você me deixa assim, Aki?”…
— Tudo bem… — Victor tenta forçar um sorriso, na tentativa de ignorar tudo que aconteceu, embora seus pensamentos estivessem a milhão. — Fique mais.
— Eu preciso ir embora. Já está tarde. — Aki confere o horário, mostrando Victor.
— Eu te acompanho até em casa, então. — Victor pega um casaco e oferece para Aki. — Você está só com essa blusa. Está fazendo frio na rua. Vista isso.
Os dois caminharam a maior parte do tempo em silêncio, apesar de seus pensamentos serem gritantes. Era como se estivessem ouvindo o que pensavam. Aki entra em sua casa, após se despedir de Victor e devolver-lhe o agasalho.
— O que acabou de acontecer? — Aki comenta consigo mesma, após fechar a porta, caminhar até seu quarto e se jogar na cama.
…
Victor teve a sensação de sua casa ter ficado muito mais longe do que realmente era. Cada passo parecia não o tirar do lugar. Seus pensamentos estavam acelerados e diversificados.
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