Notas de Aviso
Anteriormente em MNVJ: Quando chegam na porta da casa de Aki, os dois acabam se abraçando, revelando sentimentos que não queriam.
Capítulo 48: "Pronta para a aventura?"
03 de janeiro de 2024, quarta-feira.
Aki estava deitada no sofá da sua sala, acabara de sair de um banho relaxante. Vestia uma camisa de tom azul-turquesa de mangas longas, com um gatinho de olhos brilhantes e fofos na estampa. Usava uma calça da mesma cor e tecido, parte do conjunto de pijama. E seus pés estavam cobertos por um par de pantufas.
Mexia despreocupadamente em seu telefone, navegando pela sua rede social. O clima estava frio e uma coberta de tom rosa ajudava a manter seu corpo aquecido.
De repente, o barulho da campainha de sua casa desperta sua atenção, fazendo-a se levantar instintivamente do sofá, colocando o seu aparelho no sofá, enquanto se dirigia à porta.
“Quem seria a essa hora? Aposto que é engano”, pensava.
Aki nem se preocupou em verificar quem era antes, já supondo que era algum engano. Ela abre a porta numa fresta o suficiente para aparecer seu rosto e falar com quem lhe chamava.
— Boa noite, Aki! — O coração de Aki acelera ao ver aquele sorriso ao lhe cumprimentar.
— Victor? Que surpresa! — Ela exclama, abrindo a porta.
— Desculpa se te assustei. Eu estava fazendo uma caminhada e quando me dei conta, estava aqui perto. Decidi passar aqui um pouco.
— Não precisa se desculpar. Vamos, entre. Está frio aqui fora.
Victor entra, após pedir licença. A sala de Aki estava igual da última vez que ele esteve ali. Organizada e limpa.
— Fique à vontade. Vou preparar um chá para a gente.
— Não precisa se preocupar. — Victor sentou no sofá.
— Eu faço questão. Espera um pouquinho. — Ela se dirige até a cozinha.
“Ter o Victor aqui comigo é uma sensação diferente”, pensava ela, enquanto colocava água para ferver. “E se ele tocar no assunto do ano novo? Ai, que vergonha!”
“A casa dela é aconchegante. Lembre-se, não posso comentar do abraço… toda aquela cena e eu não consegui falar nada no fim…” Os pensamentos de Victor estavam variando entre o quão agradável era estar ali e como parecia uma situação desafiadora.
Passado algum tempo, Aki retorna, colocando sobre a mesa de centro duas xícaras com chá.
Ao provar, Victor sente um calor preencher sua boca, com um aroma de frutas vermelhas.
— Esse chá está delicioso! — Ele elogia.
Aki sorri, satisfeita por ele gostar.
— Eu gosto muito desse chá. — Ela comenta.
— Faz parte dos chás da família Yamada? — Victor pergunta, com tom de brincadeira, mas ainda curioso.
— Podemos dizer que sim. Gostamos bastante dele. — Era possível notar um tom de orgulho nas palavras dela.
Após terminarem de tomar o chá, enquanto conversavam, Victor fala:
— Eu preciso ir embora. Tenho que arrumar minhas coisas.
— Arrumar suas coisas? — Aki questiona.
— Ah é, eu não te falei. Eu estou indo para o Brasil amanhã.
Aquelas palavras foram um choque para Aki, mudando sua expressão negativamente.
— Você vai voltar para o Brasil?! — Ela exclama, com sua voz levemente alterada.
Victor, percebendo o mal-entendido, rapidamente se explica.
— Não. Não é isso. Lembra que comentei que precisava ir ao Brasil?
— Lembro. — Ela gesticula com a cabeça, desviando o olhar.
— Meu irmão está precisando da minha presença lá, e eu já estou enrolando ele há um mês por causa do trabalho de fim de ano. — Victor explicava, casualmente.
— Irmão? Você tem um irmão?! — Aki, surpresa, pergunta.
Victor, nesse momento, percebe que já havia comentado dele, mas nunca tinha falado que era seu irmão.
— As ligações que você sempre me vê fazendo, geralmente, é com ele que estou falando.
— O “Mathaas”? — Ela tenta pronunciar “Matheus”, errando. Victor ri brevemente, confirmando.
— Ele mesmo. Veja.
Victor abre uma foto em seu celular e vira o telefone para Aki, que se espanta, dando um salto no sofá.
— Vocês são gêmeos?! — A cada segundo, a conversa estava ficando mais surpreendente para ela.
— Me desculpa, por nunca comentar… Me sinto culpado agora. — Ele ri, brevemente. — Tirando essas informações, eu realmente preciso ir lá. Mas não se preocupe, eu vou voltar. Como eu já te disse antes, eu não tenho intenção de morar lá novamente.
— Eu realmente tenho medo de você ir e não voltar. — Aki comenta baixinho. — E eu não programei nada, então vou ter que ficar apenas em casa o restante das férias.
“Eu tenho uma ideia para ela ficar mais tranquila. Será que vai funcionar?”
— Você tem passaporte? — Victor pergunta inesperadamente, após pensar numa ideia.
Mesmo sem entender direito onde ele queria chegar, ela responde:
— Tenho.
— Você quer ir para o Brasil comigo? — Victor pergunta, com alguma hesitação em sua voz. — Quero dizer, você não quer ficar sozinha e o Brasil é um lugar muito legal. Tenho certeza que você vai gostar.
Aki fica pensativa, como se estivesse tentando compreender a pergunta. “Ir para o Brasil com o Victor?! Seria muito legal. Eu quero ir. Mas eu deveria?”, seus pensamentos chegaram como um bombardeio.
Após um breve silêncio, Victor complementa: — Vai ser chato viajar sozinho. Eu acharia bom se você vier comigo. — Essa última parte soou quase inaudível.
Sentindo seu coração acelerado e um calor subir em seu peito, Aki responde: — Eu quero.
— Eu te busco aqui amanhã às 09:00. Pode ser?
— Tão rápido?! Será que dá tempo de arrumar minhas coisas? — Ela se levanta rapidamente, com uma voz preocupada. — Eu nem sei o que deveria levar.
Victor ri.
— Relaxa. Vamos ficar pouco tempo lá. Não precisa levar tanta coisa.
Victor explica como seria a viagem e os lugares que iriam, para ela se preparar.
— Você quer jantar aqui comigo? — Aki pergunta, animada e hesitante, num determinado ponto da conversa.
— Infelizmente não vou poder. Eu realmente preciso ir em casa terminar de organizar algumas coisas. Mas na próxima, eu não vou recusar.
…
O voo sairia às 13:00, eles precisavam chegar por volta de 10:00 no aeroporto. Victor chega na porta da casa de Aki no horário marcado, num táxi, buscando-a com seus pertences.
O aeroporto internacional de Tóquio estava movimentado, mesmo estando em pleno inverno, com resquícios de neve por todo lado, tendo o saguão principal iluminado por grandes janelas que deixava a luz do sol entrar, além de enormes lâmpadas de LED no alto. O chão lustroso refletia bem os halos, e os inúmeros painéis digitais que exibiam voos para destinos no mundo todo mudavam quase ininterruptamente.
Aquele barulho era constante, interminável. Passos apressados, várias vozes em idiomas diferentes e anúncios no sistema de som. A movimentação das pessoas dava a impressão, para Aki, de quando se cutucava um formigueiro.
“Esse lugar é incrível e assustador ao mesmo tempo”, pensou, enquanto caminhava ao lado de Victor, admirando tudo que seus olhos viam.
Victor observou Aki de soslaio, quando ela apertou a alça da bolsa que carregava, tentando, instintivamente, proteger-se do frio. Ela ajeita seu cachecol cinza em volta do pescoço e Victor continuava carregando a pouca bagagem.
Era a primeira vez de Aki saindo do Japão e o nervosismo tomava conta. Sentia seu coração se apertando, enquanto suas pernas pareciam que iriam vacilar a qualquer momento. Seus olhos âmbar brilhavam de excitação, embora estivesse sentindo toda essa inquietação.
— Parece bem maior do que imaginei. — Aki comenta, enquanto observava toda aquela movimentação.
— Parece um pouco assustador no começo, mas é tranquilo. Só não pense demais nisso. — Victor aconselhou.
— Ainda assim… Esses aviões parecem enormes.
— É só um avião, Aki… um meio de transporte como qualquer outro, mas ele voa. — Victor falou num tom de brincadeira.
Ela deu um leve tapa em seu braço, sua timidez momentaneamente substituída por indignação fingida.
— Não ajude muito, Victor.
Mesmo assim, ela sorriu, sentindo um pouco de alívio na tentativa desajeitada dele de tranquilizá-la.
Eles se aproximaram do balcão de check-in, onde a fila já começava a se formar. Aki percebeu que suas mãos estavam geladas, e ela as esfregou juntas. Seus pensamentos estavam a mil. “Será que a cultura é muito diferente? Será que vou conseguir me comunicar?” Vários pensamentos duvidosos invadiam sua cabeça.
Enquanto a atendente conferia os passaportes, Aki não conseguiu evitar uma última olhada para a paisagem lá fora. O céu cinzento do inverno e a neve acumulada no chão, um clima que ela provavelmente não veria no Brasil, pelo que ela sabia. Era estranho pensar que em algumas horas tudo mudaria, e o que era familiar seria substituído pelo desconhecido.
Uma cultura bem diferente, com um clima totalmente diferente. No Brasil era verão, enquanto no Japão era inverno. Aki sentiu um pouco de medo dessa mudança brusca, embora confiasse nas palavras de Victor, que tentava lhe tranquilizar.
Após todo o procedimento, eles caminhavam já para embarcarem no avião. Victor percebeu que Aki ainda parecia nervosa, então tentou tranquilizá-la:
— Pronta para a aventura? — Ele pergunta empolgado.
— Claro. Estou pronta!
Aki percebeu que, apesar do nervosismo, também sentia uma ansiedade crescente em descobrir o desconhecido.
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