Notas de Aviso
Finalmente alcançamos a marca de 50 capítulos! Obrigado a todos que lêem e acompanham, e sempre deixam seus comentários. Isso é muito importante para mim. Minha nova vida no Japão é uma obra pela qual tenho muito carinho e fico muito feliz que estejam gostando. Agora, vamos curtir o arco \"Viagem ao Brasil\"... acompanhem os próximos capítulos.
Capítulo 50: "Finalmente estou aqui!"
05 de janeiro de 2024, sexta-feira.
O aeroporto de Confins estava movimentado, mesmo naquele horário. Victor puxava sua mala enquanto Aki seguia ao seu lado, seus olhos ainda explorando o ambiente ao redor com um misto de curiosidade e cansaço.
Embora imaginassem que não sentiriam sono ao chegar no Brasil, por, para seus respectivos corpos, ser aproximadamente a hora do almoço, o cansaço pesava. Mesmo que na maior parte do tempo, durante a viagem, estivessem sentados, o estresse ao corpo era inevitável.
Aki sentiu rapidamente a diferença climática. Estava calor, apesar do céu levemente nublado. Há poucas horas, estava num local coberto de neve. Era difícil para ela processar isso. E seu corpo também sentiu a diferença.
A leve brisa da madrugada trazia uma refrescada, deixando o clima agradável.
Logo que saíram da área de desembarque, encontraram um motorista segurando uma placa com o nome de Victor. Sem perder tempo, foram em direção ao veículo que os levaria ao hotel.
Aki entrou primeiro, acomodando-se no banco enquanto soltava um suspiro profundo.
— Como se sente? — Victor perguntou, fechando a porta.
Ela olhou pela janela, enquanto o carro começava a se mover.
— Estranha. Mas não de um jeito ruim… — virou-se para ele. — É muita coisa para absorver.
Victor assentiu. Ele se lembrava bem da primeira vez que chegou ao Japão. O choque cultural, a nova paisagem, o peso da realidade de estar tão longe de casa. O clima e o fuso horário eram fatores que deram o maior impacto quando chegou. Ele pensou no quão cansada Aki poderia estar devido a esse estresse.
Aki observava curiosa cada detalhe que podia. Os prédios daquela cidade, ao longe, as regiões verdes. Era bem diferente do que estava acostumada no Japão.
— Como você está? — Ela pergunta, ainda olhando para fora da janela.
— Nostálgico, eu acho. — Victor responde. — Eu fazia muito essa rota quando morava aqui.
— Desculpa se te lembrei de algo que não deveria.
Victor virou-se para ela por um momento, antes de responder:
— Tudo bem, não tem nada para se desculpar. Só o fato de estar aqui já me traz recordações. Não me importo em responder suas dúvidas.
Aki esboçou um sorriso, mas permaneceu em silêncio por um tempo. Ainda observando a paisagem, notou um prédio enorme, parecia ser completamente preto, graças a escuridão da noite e a cor escura do edifício.
— Que lugar incrível. — Aki comentou, empolgada.
— Essa é a “Cidade Administrativa”. Algo como cidade administrativa. É a sede do poder executivo de Minas Gerais.
— “Minas Gerais”? — Aki pronunciou, com alguma dificuldade.
— É algo como minas gerais. É o estado em que estamos agora. Muitos nomes podem soar estranhos para você, vou tentar explicar os significados sempre que possível para você entender.
Aki se sentiu grata, com um calor preenchendo seu peito. Ela sorriu, agradecendo-o pela ajuda.
“Eu estou muito feliz de estar aqui!”, Aki pensava.
…
Quando chegaram ao hotel, o ambiente estava silencioso e o saguão era iluminado por uma luz amarelada. Victor foi até a recepção e pegou as chaves dos dois quartos que havia reservado.
— O seu é o 304, o meu é o 306. — Ele entregou uma das chaves para Aki.
Ela segurou a chave por um instante, mas depois desviou o olhar para ele.
— Victor… Será que não podemos ficar no mesmo quarto? — Falou, com uma hesitação visível.
Ele arqueou a sobrancelha, surpreso com o pedido.
— Hã? — Expressou, instintivamente.
— Não me entenda mal! — Aki apressou-se em explicar, percebendo que soava estranho. — É que… eu estou num local totalmente desconhecido e diferente. Não me sentiria confortável dormindo sozinha em um quarto.
Victor ficou parado, assimilando as palavras dela.
— Eu entendo. — Disse, finalmente. — Mas tem certeza? Não quero que se sinta desconfortável.
Ela balançou a cabeça.
— Eu confio em você. Sei que não tem problema.
Havia tanta sinceridade naquelas palavras que Victor sentiu algo aquecer dentro dele. Ele esboçou um sorriso leve e assentiu.
— Certo. Vou pedir para trocarem a reserva.
Poucos minutos depois, subiram para o novo quarto, que possuía duas camas de solteiro e uma grande janela com vista para a cidade. O ambiente era simples, mas confortável, com tons neutros e luzes suaves.
Aki caminhou até uma das camas e se jogou nela, soltando um suspiro satisfeito.
— Isso é tão bom…
Victor largou sua mala ao lado da outra cama e sentou-se na beirada.
— Você está bem com essa decisão? — Victor perguntou, apenas para ter certeza.
— Sim. Eu confio em você, Victor. — Ela respondeu, virando-se para ele, sorrindo.
Essas palavras ecoaram em sua mente por um momento.
— Fico feliz com isso.
O silêncio tomou conta do quarto por alguns segundos. Então, Aki riu baixinho.
— O quê? — Victor perguntou.
— É engraçado… Eu nunca pensei que iríamos atravessar o mundo juntos… — Percebendo o peso das palavras, ela sentiu suas bochechas arderem levemente, corando. — Quero dizer, talvez dê uma ideia errada…
— Eu entendo o que você quer dizer. — Victor se pronunciou, percebendo que ela estava tentando se explicar. — Eu também não pensei que isso aconteceria. Foi tudo meio rápido, né?
Ele sorriu para ela, na tentativa de tranquilizá-la, e funcionou.
— Ainda bem que eu tenho passaporte. — Ela respondeu.
— Fico feliz com isso.
Eles conversaram mais um pouco e logo decidiram tentar dormir. O cansaço estava pesando sobre eles, embora não sentissem necessariamente sono.
O silêncio tomou conta do ambiente. Depois de um tempo, os dois já estavam adormecidos.
…
O despertador tocou, vibrando sobre a cabeceira da cama, ecoando um som abafado pelo quarto. Victor o desligou, logo que iniciou. Ele já estava meio acordado há alguns minutos, esperando, preguiçosamente, o alarme despertar.
Ele finalmente reuniu forças e se sentou na cama, espreguiçando-se, antes de esfregar um dos olhos que ardeu levemente.
“Finalmente estou aqui!”, pensou, divagante, com alguns flashes invadindo sua mente. “Nem parece que é a realidade…”, concluiu, olhando para uma Aki deitada, com o corpo levemente encolhido sob o cobertor do hotel.
Os cabelos longos e negros caídos sob o travesseiro branco, criando um contraste hipnotizante. Victor, se prendeu nessa imagem por alguns segundos: “Se recomponha…” Disse, dando um leve tapa na sua cabeça.
“Estou feliz que você veio, Aki…”
Imagens continuavam a surgir na sua mente, dessa vez, dum passado não muito recente: numa sala de reuniões, várias pessoas reunidas e Victor, de pé, apresentava um projeto. Via, dentre os presentes, seus pais.
Senhor Santana, o pai de Victor, com sua barba bem-feita, escura, sentado ao lado da senhora Aparecida, a mãe dele. Ela tinha cabelos médios e castanhos, levemente grisalhos. Ouviam atentamente o que o filho dizia.
Sem se oporem ao projeto, assim como a maioria dos membros presentes, eles se levantam, tomando a palavra. As janelas grandes daquela sala iluminavam o ambiente com uma quantidade boa de luz natural, com persianas prontas para serem usadas, caso necessário.
A mesa era de um material cromado, com o tampo de vidro, se estendendo por boa parte da sala, rodeada de cadeiras com estofamento preto. Quase todas ocupadas, nesse momento.
Logo, Victor é arrebatado dessa pequena viagem no tempo, quando ouve a voz de Aki lhe chamando.
— Bom dia, Victor! — A sua voz rouca e preguiçosa denunciava que acabara de acordar.
— Bom dia, Aki! — Victor acena. — Dormiu bem?
“É mesmo, eu dormi no mesmo quarto que ele!”, exclamou, mentalmente. “Meu cabelo tá bagunçado, devo estar com uma cara de boba!”
— Eu dormi bem. — Ela senta na cama, colocando o travesseiro na frente do rosto. — Por favor, não olha agora. Eu devo tá com a cara horrível.
Victor estreitou os olhos, olhando-a com um sorriso quase debochado.
— Isso é sério? — Ele se levanta, atendendo o pedido. — Pode ir no banheiro primeiro, eu vou à sacada enquanto isso.
Victor passou pela porta de vidro, que dava acesso ao local comentado. Estavam no décimo andar e ele puxou o ar profundamente, preenchendo seus pulmões com aquele ar fresco. Era cedo e visualizava o sol erguendo no horizonte, por detrás dos prédios.
“Daqui a pouco vamos nos encontrar…”, pensou, perdendo a noção do tempo ao seu redor.
— Victor? — Aki chamou, despertando-o de seus pensamentos. Ele olha rapidamente para ela, como quem acaba de se assustar.
Aki estava com os longos cabelos pretos ainda úmidos, jogados por cima do ombro esquerdo, enquanto os penteava. Os olhos âmbar dela harmonizavam com o seu tom de pele claro e rosto delicado. Victor a encarou por mais tempo do que pensou, fazendo Aki corar.
— Estou estranha? — Balbuciou, desviando o olhar.
— Não! Não é isso. Bem, eu vou tomar banho para podermos sair.
Victor caminha em direção ao banheiro, deixando Aki, ainda enrubescida, pensativa.
…
O céu estava limpo, sem sinal de nuvens no céu. Victor solicita um motorista do hotel para levá-los até o destino. Esse era um dos serviços oferecidos pela hospedaria.
O trânsito estava intenso. Embora o caminho fosse relativamente curto, estava demorando mais do que Victor havia planejado.
“Esqueci de considerar o trânsito desse horário.”, pensou, se repreendendo internamente.
Apesar disso, Victor manteve a conversa com Aki, mostrando-lhe algumas coisas únicas da região que estavam, ou comentava sobre a cultura regional.
Depois de alguns minutos, eles chegaram ao destino. Victor e Aki estavam, finalmente, na porta da Pacca Consortium. Victor olhou para cima, seguido por um suspiro, passando os dedos da mão em suas têmporas.
“Que sentimento é esse? Depois desse tempo, finalmente estou aqui. Por que me sinto dessa forma?”.
Victor sentia um misto de nostalgia e ansiedade, com pequenos flashes da sua família querendo invadir sua mente. Ele se forçava a não pensar nisso, tentando seguir adiante para o compromisso.
Já Aki, se via parada de frente à enorme estrutura. O prédio era imponente, com uma fachada envidraçada, que refletia o céu azul, com faixas onduladas, de cor vermelha, atravessando horizontalmente a construção, para quebrar a monotonia do vidro espelhado.
— Impressionante. — Aki comentou, encantada.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.