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    05 de janeiro de 2024, sexta-feira.

    Ainda no quarto do hotel, Aki percebe Victor saindo do banheiro. Seus cabelos levemente molhados e penteados. Aki sente um frio na barriga ao vê-lo sair. 

    — Já terminei, pode ir. — Victor diz, enquanto sentava em sua cama.

    Aki o encara por alguns segundos. 

    — Victor… O que eles falaram sobre mim? — Ela pergunta, a voz saindo mais baixa que o normal. 

    Victor se surpreende com a pergunta, se levantando. 

    — Vejamos… — Victor faz um drama, antes de finalmente falar. Esse intervalo deixou Aki ansiosa. 

    — Espera! — Ela se pronuncia, balançando as mãos. — Deixa eu tomar banho primeiro. Enquanto penteio meu cabelo, você me conta… Assim, ganhamos tempo. 

    — Claro. É uma ótima ideia. 

    Aki pega suas coisas e vai para o outro cômodo. Victor, ao vê-la fechar a porta, sentiu seu coração acelerado. Breves pensamentos diversificados tentaram entrar em sua mente, mas ele os repreendeu, pegando o seu celular para espairecer. 

    No banheiro, Aki ainda se sentia nervosa e ansiosa. A água ajudava a aliviar a tensão, mas um sentimento inquietante insistia em fazer seu coração bater mais forte. 

    “Tantas coisas diferentes…” ela pensava. “Estou ansiosa, nervosa, curiosa…”. Enquanto tentava se organizar, o tempo passou mais rápido do que percebeu. 

    Ela saiu do banho, já com roupa e, sentando-se na cama dela, de frente para Victor, mostrou um sorriso discreto, enquanto começava a pentear seus longos cabelos. 

    Victor observa a mulher à sua frente, com o cabelo jogado por cima de um dos ombros, enquanto os penteava. O coração dele não havia se acalmado e uma sensação de calor percorreu seu peito. 

    “Eu posso te ajudar?” Pensou Victor, mas logo afastou seus pensamentos. “Para de pensar nessas coisas!” Se repreendeu. 

    A pele clara e delicada de Aki contrastando com seus cabelos pretos, e os olhos de cor âmbar, dando um destaque especial para o seu rosto. Mesmo não olhando muito, a imagem ficou cravada em sa mente. Ele tentava se recompor. 

    — Então… Me conta… — Aki falou, com certa hesitação. 

    — A maioria dos funcionários te elogiou… — Victor faz uma breve pausa, desviando o olhar. — Disseram que você é linda e elegante. 

    Falar aquilo, naquela hora, depois de tentar organizar seus pensamentos, fazia tudo parecer algo diferente… talvez fosse o que ele realmente quisesse dizer. Sentiu uma sensação estranha, mas familiar. Já havia experimentado esse sentimento outras vezes. 

    — Alguns perguntaram qual a nossa relação… — Outra pausa rápida. 

    Victor pensava nas palavras antes de dizer, com receio de dizer algo incoveniente. 

    — E o que o “Matthaus” disse? — Vendo-a errar a pronúncia, Victor dá uma risada. — O que? Eu disse algo errado? — Aki pergunta. 

    — Não é isso. Só foi bonitinho você falando o nome do Matheus. — Victor comenta e, logo em seguida, raspa a garganta, tentando disfarçar. 

    — Ele gosta de me provocar, então, bem… disse que eu não enganava ele sobre nossa relação. — A voz dele saiu quase inaudível. 

    Aki sentiu seu rosto corar e, aproveitando que estava penteando o cabelo, acabou por jogar uma mecha na frente do rosto enquanto continuava. 

    — Enfim… — Victor continuou comentando alguns fatos para ela.

    — O que ele disse sobre a pulseira? — Ela questiona, apontando para o pulso dele. 

    “Ela percebeu? Matheus, seu idiota…” Pensou, com certa irritação ao lembrar do desdém do irmão.

    — O Matheus prefere ostentar um relógio caríssimo no pulso a uma pulseira de miçangas ou uma fita. 

    Aki sente uma pontada de decepção. Não esperava ouvir isso. Pensar dessa forma a fazia se sentir uma idiota. Ela franze o cenho, enquanto pensava sobre. 

    — Ele é assim, sempre foi esse esnobe. Ele é um idiota as vezes. — Victor sorri, como se lembrasse de alguma história engraçada. — Mas o Matheus é uma pessoa muito gentil, apesar disso. Ele não entende o valor que isso tem para mim… — Suas últimas palavras saindo de forma hesitante. 

    Victor ergue o próprio punho, o exibindo para Aki. 

    — Para mim, essas pulseiras valem mais do que qualquer relógio ou outra pulseira no mundo. Saiba disso, Aki… Esses presentes foram muito importantes para mim. 

    Aki, que já sentia seu coração inquietante, foi atingida por uma explosão de sentimentos eufóricos. Suas mãos tremeram enquanto fazia o movimento da escova, sentindo seu estômago borbulhando. 

    Seu peito foi preenchido por um calor que ela já havia experimentado antes, mas de forma intensa, mais intensa do que da última vez. E a coincidente razão para todas as vezes que teve essa atenção era a mesma: Victor. 

    — E – Eu… Eu não sei o que dizer… — Aki balbuciou, olhando para o chão, ainda que seu cabelo tapasse sua expressão e seu olhar. 

    “Tão fofa…” Victor pensou, contendo seus pensamentos.

    — Não precisa responder, mas quero que grave isso. Ok? — Victor conseguiu falar com uma determinação que Aki não ouvira antes. — O significado desses presentes para mim é muito maior do que o dinheiro pode comprar. 

    Esse fato a deixou ainda mais tensa. Vários pensamentos batiam em sua mente, mal conseguindo processar tudo aquilo…

    — Eu vou até a recepção. Vou trazer algo para bebermos. Tem alguma preferência? — Victor se levanta, caminhando em direção à porta. 

    — O que você quiser… — Ela respondeu. 

    Victor sai do quarto e após o “bam” da porta, Aki se joga de costas no colchão macio do hotel. 

    Ela soltou um suspiro alto e pesado, como se estivesse há muito tempo sem respirar. Mas essa era quase a verdade. Sentiu seu ar preso no peito enquanto ouvia aquelas últimas palavras. 

    Ela abre os braços sobre os lençóis. 

    “Você quer me matar, Victor? Não fala isso… Você me deixa… Estranha… Feliz… Eu acho… Eu nem sei o que pensar.” Divagou por um momento, quando ouviu a porta destrancando e sentou-se rapidamente.

    Victor presenciou uma cena que fez seus lábios se curvarem num sorriso cheio de felicidade… Aki com os cabelos todos jogados para frente, graças ao movimento repentino e impulsivo de se levantar, com ela atrapalhada tentando arrumar. 

    — Perdi algo? — Ele comentou, rindo. 

    — Para com isso… — Ela falou, sentindo seu rosto ardendo. 

    Victor se aproximou, entregando-lhe uma lata de suco. 

    — Esse suco aqui é muito gostoso. Experimente. — Ele ignora essa cena, percebendo que ela estava quase constrangida. 

    Aki agradece pelo suco, enquanto continuaram a conversa. Victor evita tocar no assunto anterior, mas ainda falando da Pacca Consortium. 

    — O que você achou do prédio? 

    — Aquele prédio é enorme, e muito bonito. Digno da Pacca Consortium, a matriz do nosso grupo. — Aki respondeu com empolgação. 

    — Eu concordo. Uma curiosidade aleatória: Foi meu pai quem planejou toda a arquitetura do prédio. Ele quem desenhou e pensou em toda a estrutura, tanto física quanto de gerenciamento. 

    Victor faz uma pausa, sorrindo, orgulhoso.

    — Meu pai era incrível… — Comentou, com um tom saudoso e nostálgico. 

    Aki não sabe o que dizer. Tocar naquele assunto era algo delicado. 

    — Ele planejou tudo sozinho? — Ela perguntou, somente após alguns instantes com a sua ficha caindo. Quando ela tiver dimensão do projeto, ficou estupefata. 

    — Sim. Quero dizer, a base sim. Ele fez toda uma consultoria com profissionais, e pensou na parte final com engenheiros, arquitetos, designers e profissionais do ramo. 

    Victor pega seu celular e acessa alguns arquivos na nuvem. 

    — Veja, talvez seja meio confuso, mas esses são desenhos que ele pensou sozinho. A base de todo o projeto. 

    Victor mostra os arquivos. Aki se surpreende com a complexibilidade que via. Tantos números e anotações, junto a desenhos geométricos e linhas perfeitamente alinhadas, algumas com cores diferentes e pontos específicos de observação. 

    Ela não fazia ideia de como funcionava a engenharia por trás, mas se encantou com o nível de detalhamentos. A única coisa que ela podia concluir vendo era que fora feito com muito cuidado, atenção e carinho.

    — Incrível! — Ela comentou, realmente empolgada. — Mesmo sem ser formado na área? 

    — Ele apenas gostava dessa área de engenharia e arquitetura, mas nunca estudou em faculdade. Apenas via vídeos e pesquisava sobre. Incrível, né? — O orgulho em sua voz era evidente. 

    — Como seu pai se chamava? — Aki comentou, curiosa.

    — Santana Pacca. Esse era o nome dele.

    — Espera… — Aki comentou, lembrando-se repentinamente de algo: ela nunca havia escutado o nome completo de Victor. 

    Ela sabia que em todos arquivos e documentos que via estava Victor P.. Somente agora percebeu que aquele dia do Halloween onde ele disse que era Victor Pacca não era apenas uma brincadeira… Juntando tudo agora, ficou em choque. 

    — O “P” em seu nome é de Pacca?! — Perguntou, de certa forma, com um ar de afirmação. 

    — Eu te disse naquele dia na empresa, Lady Yamada. — Victor brinca, deixando sua voz mais rouca, entrando no personagem do vampiro. 

    “Então não era apenas um trocadilho?” Aki pensou que Victor havia feito uma referência com o nome Pacca e “Lord”, pela família Pacca estar no topo da hierarquia do grupo.

    — Agora tudo faz mais sentido… — Comentou, dando um gole no suco. 

    — Eu achei que tinha ficado claro. Digo, eu combinei com o chefe Akashi que seria apenas Victor P., para não levantar mais suspeitas. Eu realmente não quero holofotes em mim. — Explicou. 

    — Eu entendo o que quer dizer, mas isso não é negar quem você realmente é? — Aki respondeu, com um tom de curiosidade e sinceridade. 

    Ela falou por impulso, não havia pensado direito nas palavras, mas eram sinceras. Aki desejava ver Victor se sentindo ele mesmo.

    Por alguns diálogos que tiveram, Aki percebia que ele tentava entender o seu “eu” atualmente. Como se tentasse mascarar a sua essência.

    O que ela queria dizer era simplesmente que Victor não deveria fugir de quem ele realmente era. 

    Victor foi pego de surpresa, ficando pensativo. Um silêncio perdurou por alguns instantes.

    — Você tem razão… — Victor respondeu. — Mas também não é fácil simplesmente mudar tudo… Aki, obrigado. 

    — É apenas algo que eu penso… — Ela comentou, hesitante. Mas suas palavras atingiram Victor muito mais do que ela pensou. 

    — Eu sei. Por isso te admiro. — Victor percebe o peso do que falou, e cogitou corrigir, mas o que disse era mais verdadeiro do que ele poderia expressar. 

    Aki pensa por um momento, sorrindo. A sensação em seu peito, no seu coração, era agradável, gostoso… Queria continuar sentindo aquilo. 

    Ela hesitou em falar o que pensou, até que Victor quebrou o silêncio. 

    — Já está na hora de irmos. . 

    Finalmente eles terminam de se arrumar e vão, juntos, de volta à sede da Pacca Consortium, prontos para se reunirem com potenciais investidores. 

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