Capítulo 57: "Essa é a minha namorada!"
05 de janeiro de 2024, sexta-feira.
— Cai fora, vacilão. — Carla intervém, entrando na frente de Aki.
Mas outro homem, amigo desse primeiro, já tinha se aproximado também. Tinha cabelo curto e usava piercing em uma das sobrancelhas. Seu olhar carregava lascívia.
— Calma, gata. Só queremos conversar. Vocês são solteiras? — Indagou, não fazendo qualquer esforço para olhar para a mão de alguma delas, que tinham alianças, exceto Aki.
— Não. Todas nós temos namorado. E eles estão aqui no bar. Não queremos problema. Se nos dão licença. — Carla responde com frieza, vidando-se para continuar a caminhada.
Seu braço é segurado pelo homem, enquanto um terceiro se aproximava ao lado de Débora.
— Qual seu nome, gatinha? Ou devo te chamar de minha? — O homem perguntou, claramente fazendo uma cantada.
— Era só o que me faltava… — Débora revira os olhos, já irritada com a insistência.
— Se não saírem, vamos chamar os seguranças. — Carla ameaça, puxando seu braço para se soltar do aperto do homem, que, embora magro, parecia ser forte, conseguindo manter suas mãos em contato.
— Uma conversinha não faz mal, né? — Ele inclina em direção de Carla, que dá um passo para trás.
Aki, sentindo seu coração disparado, estava assustada, tentando pensar em uma solução. Apenas pelos olhares dos homens ela já havia entendido, mas não esperava aquela falta de respeito.
Ela pouco podia fazer. O som ambiente estava algo, as pessoas estavam muito distraídas para notar qualquer assédio naquele ponto.
— Você parece ser japonesa… Como eu deveria dizer mesmo? — O primeiro homem se aproxima de Aki, se forçando a lembrar de algo. — Ah sim… “Anata wa kawaii”.
Lembrando-se de alguns comentários, tentou repetir o elogio… Aki, embora a pronúncia do homem estivesse errada, entendeu o que ele quis dizer.
— “I… You… Kiss…” — O homem comenta, fazendo sinal de “beijando” com as mãos. Não sabia inglês o suficiente para conversar, apenas algumas palavras.
Aki tenta se afastar, mas esbarra em Débora, que tentava afastar o homem com ameaças. Os três homens haviam as cercado, de forma que não conseguiam sair sem um contato físico.
— Vamos gatinha, qual seu nome? — Insistiu o terceiro homem, pela quinta vez.
— Mas que saco! Você é surdo? — Débora, sem paciência, gritou. Mas, estavam relativamente afastados e, por causa da música, ninguém ouviu.
— Seus namorados são ciumentos? Pois eu não sou. Que tal um beijo? — O homem ri, tentando se aproximar. Débora afasta o corpo, antes de ser agarrada pelo homem pela cintura.
Tudo isso acontecia ao mesmo tempo e as garotas não conseguiam se comunicar. Foi tudo tão rápido, mal estavam raciocinando o que estava acontecendo, especialmente Aki.
Ela fecha os olhos.
“Por favor, Victor, me ajuda!” Implorou, em pensamentos.
— Não fica com medo. Eu vou te mostrar como um brasileiro sabe tratar uma mulher. — O odor de álcool era facilmente sentido. Aki sentiu seu estômago embrulhar, com toda a situação, mesmo que não estivesse entendendo o que ele falava, sabia que era algo indesejado.
Aki fechou os olhos novamente, sentindo-se completamente vulnerável. Não falava aquele idioma, não tinha como reagir. Era pequena, não tinha força para lutar contra aquele homem, mesmo se quisesse. Seria facilmente dominada.
Vários pensamentos negativos invadiam sua cabeça.
— Vou chamar a polícia para você, seu porco fedorento! — Carla exclamou, tentando soltar do homem que a segurava.
— Relaxa, gata… O papai vai te fazer sorrir hoje. — Insistiu o homem que tinha cabelos curtos e piercing.
— Eu já disse que tenho namorado! Me solta! — Carla gritou, mas o homem apenas avançou contra seu corpo.
Foi quando sentiu seu ombro ser puxado violentamente para trás, quase caindo, e soltando Carla.
— O seu merdinha, você não ouviu ela falando que tem namorado?! — Matheus exclamou, furioso.
Os outros homens pararam suas respectivas investidas e indo em direção ao amigo que foi empurrado.
Débora correu para o lado de Breno, bem como Aki correu para o lado de Victor.
Victor, sem que Aki esperasse, envolveu Aki com um dos braços, a abraçando contra seu peito, enquanto ela se aproximava.
— E vocês, quem são? — Perguntou um dos homens, sua voz falhando em determinado ponto da fala.
— Essa é a minha namorada! O que pensa que está fazendo, seu desgraçado?! — Victor exclamou, sentindo seu sangue fervendo.
— Ah, entendi… Os príncipes encantados chegaram. Agora vamos todos apanhar de vocês? — Um dos homens zombou, se colocando à frente.
— Nós três lutamos. Acham que vão conseguir fazer algo? — O homem mais baixo falou, fazendo pose de luta.
— Vocês têm algum atraso? Não entenderam a situação?! — Breno exclamou, também furioso. Foi quando João colocou a mão em seu ombro.
— Relaxa, maninho. Cuide das meninas. Deixa esses lixos com a gente. — João Batista estalou os dados das mãos, se pondo à frente.
Aki ainda tentando entender tudo que estava acontecendo, ainda perdida em pensamentos com aquele abraço repentino de Victor.
Sentia o perfume dele e o leve odor de álcool, do vinho. O calor de seu corpo a apertando, fazendo todo seu corpo se arrepiar.
— Ele te machucou? — Victor perguntou, trazendo-a de volta à realidade.
— Não. Estou bem. — Ela respondeu, com a voz baixa.
— Fique com o Breno e as meninas. — Victor pediu, ficando na frente dela, a empurrando para trás.
Aki se desequilibrou, dando alguns passos tentando se recuperar, quando Carla a segurou. Ela se assustou com a atitude de Victor, mas ao virar o rosto, teve uma surpresa e logo entendeu.
O homem mais baixo tinha atacado e Victor a empurrou para que ela não se ferisse.
Victor ergue o antebraço e desvia o primeiro golpe, que foi sucedido por um cruzado. Victor ginga para desviar e desfere um soco, que atinge o rosto do adversário, que cambaleia.
Mas ele avança novamente, dessa vez tentando um chute lateral. Victor, habilmente, executa um movimento de contra-ataque, amortecendo o impacto do chute, agarrando a perna do homem. Em seguida, uma rasteira e o adversário estava no chão, dominado, com Victor lhe dando um soco no meio do rosto e o homem solta um grito de dor.
Matheus atacou primeiro, quando percebeu que o homem entrou em posição de combate. Desferiu um soco, mas não acertou. O homem de piercing lhe acerta um pontapé na coxa, mas Matheus insiste na investida e consegue acertar uma cotovelada no queixo do homem, que sentiu sua visão escurecer por um instante.
Ele se recupera e quando pensa em atacar, sente apenas um impacto forte no estômago, era uma joelhada de Matheus, seguido por um gancho que o botou de costas no chão num baque.
João Batista, quando percebeu que o homem à sua frente pegou uma garrafa que estava próximo, avançou, agarrando o braço do adversário, que ainda tentou contra-atacar usando a outra mão.
Mas João aplicou um golpe no braço, que o fez perder as forças na hora, seguido de um chute, que pegou na região da orelha, o jogando no chão, desacordado.
Foi tudo tão rápido que Aki mal teve tempo de entender a situação. Quando percebeu, os agressores estavam no chão. A confusão rapidamente chamou atenção e em instantes os seguranças estavam no local, cercando-os.
— O que está acontecendo? — Um dos seguranças perguntou.
Com a situação controlada e explicada, os seguranças arrastaram os meliantes para fora. O grupo volta à mesa.
— Que nostálgico, não? — João comentou, dando um soco na palma da mão, apertando-a.
— Lembra tempos de escola. — Matheus riu. — Que papinho foi aquele lá em? “Essa é a minha namorada”?
Matheus aproveita o momento para caçoar do irmão mais velho, falando a frase em inglês.
Aki imediatamente entendeu o que ele estava falando, de qual momento era, e sentiu seu rosto arder. “Se tivesse um buraco no chão, eu pulava dentro. Que vergonha.” Pensou.
“O que exatamente eu sou para você, Victor?” Continuou pensando. Toda aquela cena havia lhe deixado ainda mais confusa.
— Foi o calor do momento. Você queria que eu falasse o quê? — Victor se defendeu, enquanto espreguiça na cadeira.
— Sabemos… — Carla e João falaram juntos para o provocar.
Victor revirou os olhos, mas sentindo-se imensamente grato por Aki não ter se machucado e por eles terem chegado a tempo de as proteger.
Eles continuaram conversando, enquanto alguns olhares curiosos recaíam sobre a mesa.
— Foi uma aventura e tanto, né? — Carla comenta com Aki, enquanto outra conversa rolava na mesa.
— Foi… Estranho, eu acho. — Balbuciou.
Carla sorri e diz para ela ficar tranquila. As duas continuaram conversando, com Débora participando da conversa, tentando tranquilizar a japonesa.
— Acabou que não conseguimos te mostrar o que a gente queria… — Lamentou Débora. — Aqueles idiotas.
— Isso me faz pensar… — Carla falou, logo interrompendo a conversa dos homens. — Como vocês acharam a gente?
— Foi sorte. Vocês estavam demorando e resolvemos dar uma volta. — João respondeu casualmente.
— O Victor não parava de falar da Aki, então resolvemos levá-lo até ela. — Brincou Matheus, dando um tapa nas costas do irmão.
— Cala a boca. Não deixe o álcool te dominar. Imbecil. — Reclamou Victor, sentindo-se envergonhado, mas fingindo estar com raiva.
— Tão dramático… — Breno brincou e eles riram. Mas Victor ainda se sentia meio desconfortável.
Ele olhou para Aki e encontrou seus olhos de cor âmbar.
— Você está bem? — Ele perguntou, em japonês.
— Estou. Obrigada por me salvar… — Aki faz uma breve pausa, como se pensasse se deveria falar ou não. — Lorde Victor Pacca III. — Ela completou, hesitante se deveria brincar ou não naquele momento.
Um sorriso quase travesso se formou nos lábios de Victor, antes de responder:
— Lady Yamada? — Ele riu brevemente, mas logo se recompôs, se aproximando mais do ouvido de Aki.
Aki sentia seu corpo arrepiar e uma sensação de surpresa percorrendo seu peito.
— Não… Na verdade, não salvei a Lady Yamada e nem foi o Lorde Victor Pacca III. Eu salvei uma mulher, que é corajosa e bonita, forte e gentil, um raio de esperança para uma pessoa que está no fim do poço. — Victor faz uma breve pausa, colocando, dramaticamente, a mão no queixo.
Os outros estavam distraídos e não perceberam a conversa dos dois, e mesmo se tivessem percebidos, o que entenderiam? Estavam conversando em japonês.
— Eu salvei a Aki Yamada. E quem te salvou foi o Victor Pacca, apenas. Nem lorde e nem terceiro. — Ele sorriu, enquanto observava a expressão da garota.
Aki estava visivelmente corada, tapando o rosto com sua bolsa.
— Você quer me deixar com vergonha? — Aki protestou, tentando desviar o olhar.
— Quem sabe… Talvez sim. — Com o tom de brincadeira, Aki sentiu seu coração acelerar. Ela não respondeu de imediato, enquanto estava pensativa.
“O que você faz comigo, Victor?” Aki pensou, sentindo seu coração vibrar intensamente com aquelas palavras.
Victor tinha voltado à conversa da mesa, mas parou ao ouvir Aki o chamando.
— Obrigada… Victor Pacca. — Ela sorriu.
Victor sentiu seu peito ser preenchido por um calor que não sentia há um tempo. Então retribuiu.
Após isso, continuaram conversando com os amigos, até que, finalmente, voltaram ao hotel.
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