Após o encontro acidental na rua e de Victor sorrir pela primeira vez em muito tempo, depois de Aki confundir uma foto de pães de queijo com mochi, eles começaram a ter mais contato, mesmo dentro da empresa. Seja supervisionando eventos, ou trabalhando no escritório, continuam tendo momentos em que se conhecem melhor.
Victor começa a perceber que consegue se comunicar melhor com Aki do que com qualquer outra pessoa, e isso acaba mexendo com ela, que se pega pensando várias vezes sobre as palavras que ele havia lhe dito, mas essa inquietação foi embora ao receberem um convite do chefe Akashi, convidando-lhes para participar e supervisionar um evento do grupo Wallmart.
Capítulo 6: Wallmart
09 de setembro de 2023, sábado.
O clima estava levemente frio sob um céu estrelado e uma lua cheia radiante. O salão de festas alugado para o evento do Wallmart já estava repleto de convidados, preenchendo o ambiente com uma atmosfera vibrante e acolhedora. As mesas dispostas ao longo do salão, cada uma com quatro cadeiras, eram decoradas com forros brancos e porta-guardanapos em azul-escuro, uma das cores predominantes da empresa. Colunas de balões nas cores azul-escuro, branco e laranja adornavam o palco, formando um cenário elegante e harmonioso.
Victor e Aki estavam sentados próximos à entrada, a uma distância confortável do palco, o que permitia a eles uma visão ampla do local. O som ambiente estava ajustado de forma agradável, permitindo uma conversa tranquila sem interferência.
Aki estava em um vestido mídi azul. Sua cintura era marcada por um cinto da mesma cor, e ela usava um par de sapatos nude de salto médio. Seu cabelo estava preso num coque, que deixavam suas orelhas expostas, adornadas com brincos de pérola.
Victor, por sua vez, estava em uma camisa social branca e um terno cinza-escuro, complementado por uma gravata azul. Calçava sapatos de couro preto, e o cinto, no mesmo tom, era parcialmente coberto pelo paletó.
Enquanto analisavam o ambiente, Aki pegou o celular e mostrou a Victor uma imagem para ilustrar sua opinião sobre a decoração. Ele notou as unhas dela, pintadas em um tom suave de rosa, achando-as delicadas e bonitas, embora tenha guardado o elogio para si.
Ela comentou que achava interessante se houvesse mais luzes de LED no palco, projetando um brilho suave na cor predominante da logo da empresa.
Enquanto finalizavam a conversa, uma leve brisa da entrada trouxe consigo uma fragrância floral e fresca. Victor inalou o ar com mais intensidade, sem perceber, e ficou surpreso ao notar o perfume de Aki, que o transportava para uma memória que ele não sabia identificar. Por um instante, desejou que aquele momento se repetisse, mas afastou o pensamento e decidiu se movimentar para espairecer.
— Vou buscar algo para beber — disse ele, inclinando-se para se levantar. — Você gostaria de algo?
Ela hesitou, recusando num primeiro momento, mas, ao vê-lo já se afastando, mudou de ideia.
— Aliás, pensei melhor. Pode me trazer o que você preferir.
Ele assentiu e se dirigiu ao bufê, onde foi recebido por uma atendente de cabelos lisos, curtos, trajando uma roupa social clássica de garçom, que se desculpou pela demora no serviço, explicando que um imprevisto havia atrasado a distribuição das bebidas. Mesmo assim, ela lhe entregou dois copos de água, que ele levou de volta à mesa.
— Trouxe água mesmo, espero que não se importe. Vamos esperar o serviço começar para experimentar algo do bufê — ele entregou o copo para Aki e fez uma breve explicação, num tom quase desanimado.
— Tudo bem — ela sorriu, tomando um gole rápido. — Você pretende relatar essa demora?
Victor não demonstrou expressões negativas, mas seu tom de voz denunciou levemente seu verdadeiro sentimento em relação ao ocorrido.
“Apenas dois copos d’água. Sério?”, pensou, antes de falar.
— Precisamos registrar, mas eles alegaram um imprevisto, embora não tenham dado detalhes. Precisamos verificar depois o que aconteceu.
Passado algum tempo, a anfitriã do evento, senhora Ino Wallerstein, pegou o microfone e se desculpou pela demora, informando que o serviço de bebidas estava começando. Os garçons se espalharam pelo salão com bandejas de drinks, sucos e refrigerantes.
Aki e Victor aceitaram um Bellini, com purê de pêssego. Victor conhecia bem a bebida, mas para Aki foi uma novidade.
— Está uma delícia! — comentou ela, ao fechar os olhos e apreciar o sabor, embora rapidamente tenha retomado a postura.
— Mas estamos em trabalho. Melhor pegar leve — disse, com um tom levemente decepcionado e afastando o copo.
— Podemos manter o foco hoje. Mas se quiser, eu sei preparar alguns drinks; qualquer dia faço para você experimentar.
Apesar das palavras apáticas, Victor atingiu a garota. Aki sentiu um leve frio na barriga pelo convite inesperado.
— Vou cobrar essa, então — respondeu, sorrindo, enquanto desviava o olhar brevemente, acompanhando a movimentação dos garçons.
Eles continuaram a observar o evento, avaliando aspectos como iluminação, sonorização e o serviço do bufê, sempre anotando os pontos que julgavam importantes.
Victor se levanta após um período e caminha até o balcão que distribuía as bebidas. Ele inicia o diálogo com a mesma atendente de antes.
— Acontece que o freezer estava queimado e não gelou parte das bebidas que havíamos guardado nele. Por isso demorou tanto para iniciar. — A mulher de cabelos curtos se justificou, após Victor conduzir a conversa até esse ponto.
Victor retorna para a mesa onde Aki estava, lhe explicando toda a situação relatada.
Então a culpa era, em sua maior parte, da equipe responsável pelos equipamentos do evento. Victor anotou essa informação para garantir que não a esqueceria na hora do relatório.
…
Algum tempo se passou, e Victor e Aki conversaram com algumas pessoas presentes no evento, principalmente os que se aproximavam da mesa deles.
Os garçons e garçonetes passavam de um lado para o outro, com bandejas contendo aperitivos e bebidas. No meio do salão, um homem com um caminhar elegante e posturado, ao se aproximar com uma bandeja, tropeçou num tapete que havia dobrado, lançando copos em várias direções, e um deles foi direto em direção ao rosto de Aki.
Com um movimento rápido e instintivo, Victor ergue a mão, jogando a taça para outra direção e protegendo a face da garota, que se assusta, dando um pequeno salto para trás.
Mesmo com o esforço intuitivo de Victor, ainda derramou um pouco de bebida na blusa de Aki. O barulho, quando os recipientes de vidro atingiram o chão, sendo completamente estraçalhados no impacto, foi alto o suficiente para que todos os presentes olharem apressadamente para aquela direção.
Victor olhou para ela, demonstrando preocupação no seu olhar, antes indiferente. Antes de perguntar algo, ele ouviu a resposta dela.
— Apenas me molhei um pouco, Victor, estou bem — disse Aki, um pouco envergonhada pelo incidente, levantando-se automaticamente.
Victor se sentiu aliviado e então se aproximou do garçom, que estava no chão, verificando se ele havia se machucado. Era um senhor de meia-idade, com um bigode grisalho que combinava com os cabelos.
— Não, estou bem. Foi só um susto — respondeu o garçom, recuperando o fôlego.
Victor novamente pôde se sentir aliviado e o ajudou a se levantar. O velho homem agradeceu, fazendo uma reverência, enquanto outros garçons se aproximavam, preocupados, outros, iniciando a limpeza. Talvez ninguém tenha percebido o movimento de Victor para proteger Aki.
— Use-o, só para garantir que não vai se resfriar. — Victor retira seu paletó e joga sobre os ombros dela, que cora ligeiramente.
Ela sentiu um calor confortável no peito, apreciando o gesto dele. Mas logo, foi tomada por uma preocupação repentina, quando percebeu um corte na mão dele, que minava sangue.
— Victor, você se machucou! — exclamou, erguendo a mão dele para olhar mais de perto, automaticamente.
Ele olhou para a mão.
— Foi só um corte — então tirou um lenço do bolso de sua calça, pressionando contra o ferimento. — O importante é que ninguém se feriu seriamente — respondeu, mas seu tom de voz agora deixava transparecer um certo alívio.
— Não fale isso. Você se machucou. — Aki insiste, soltando a mão dele ao perceber o contato.
— Não foi nada grave. Você podia ter se machucado sério se batesse no seu rosto. — Deixou escapar, desviando o olhar. Victor não entendeu o motivo de ter se sentido daquela forma.
“Apenas fiz o que qualquer um faria. Se acalme, Victor.”, repetia mentalmente.
— Vamos cuidar desse corte — disse ela, dirigindo-se até a saída e ele a seguiu. Do lado de fora, Aki pegou uma garrafa de água e limpou o machucado, verificando se não havia cacos no ferimento.
Usou outro lenço, de sua bolsa, para cobrir o corte, amarrando-o cuidadosamente.
— Pronto, assim não entra sujeira. Se sentir algo, você me avisa, certo?
A preocupação dela era, principalmente, em relação ao jeito que ele agia. Provavelmente, se sentisse algo, guardaria para si, mas a garota queria ajudá-lo, já que ele a havia salvado.
Victor assentiu, admirando o cuidado dela.
“Ainda bem que você não se machucou, Aki.” – pensou, em seguida, olhando para a sua mão. “Poderia ter sido seu rosto.” Aliviado, ele seguiu a garota, que passava pela entrada.
Alguns flashes de seu passado insistiam em sua mente, após o cuidado dela. “Não fique pensando nisso…”
Uma mulher de pele morena enrolava uma faixa na mão e pulso de Victor, enquanto ele reclamava de ter sofrido uma queda num escorregão e se machucado. O sorriso dela era acolhedor, para ele, sentindo um calor indescritível acender em seu peito.
Suas memórias são rapidamente interrompidas quando voltam ao salão, com alguns olhares curiosos recaindo sobre eles, deixando Aki levemente desconfortável. Ela tentou ignorar a atenção.
Logo, a senhora Ino e seu marido, Aramatsu Wallerstein, se aproximaram. Após uma breve introdução, o casal expressou suas desculpas pelo incidente.
— Está tudo bem — respondeu Victor, após cumprimentá-los educadamente. — O importante é que ninguém se machucou gravemente.
— Ainda assim, nos sentimos muito mal por isso — disse o senhor Aramatsu, lançando um olhar preocupado para a mão de Victor. — É um evento especial para nós, e lamentamos muito o que aconteceu com você.
Victor acenou, minimizando o ocorrido.
— Não se preocupe. O evento está ótimo, e seria uma pena deixar isso atrapalhar o clima.
O casal pareceu aliviado com a resposta e, após um breve diálogo, logo se retirou, deixando-os novamente a sós. Aki, então, perguntou se o corte o incomodava. Victor admitiu que sim, mas ressaltou que a dor era leve e suportável, o que deixou a garota mais tranquila.
Pouco depois, a senhora Ino e o senhor Aramatsu voltaram à mesa com dois copos de Strawberry Mojito nas mãos, oferecendo-os como uma forma de desculpas pelo acidente. Victor e Aki trocaram olhares, surpresos.
— Agradecemos de verdade — começou Aki, com um sorriso gentil no rosto. — Mas preferimos nos manter sóbrios, já que estamos aqui para trabalhar. Ficaremos felizes em aceitar numa próxima oportunidade.
Ino sorriu e compreendeu.
— É uma pena, essa é uma receita secreta da nossa família. Mas respeitamos a decisão de vocês — disse ela, recolhendo os copos.
“É uma pena não podermos experimentar”, Victor pensou, enquanto dispensava cordialmente o convite e a insistência.
“Ah, eu queria tanto provar esse drink secreto”, Aki reclamou internamente, dispensando a proposta com um sorriso.
…
No palco, o casal Wallerstein discursou, agradecendo aos funcionários pelo trabalho árduo que levou a empresa a alcançar suas metas. Eles também reconheceram a dedicação de todos os envolvidos no evento – desde a decoração até o bufê e a música – destacando a importância da colaboração de cada um para um propósito maior. Antes de concluir, expressaram agradecimentos especiais a alguns convidados, incluindo Victor e Aki, desculpando-se publicamente pelo ocorrido.
Falaram mais algumas palavras de agradecimento e motivação, até que, ao término do discurso, os convidados começaram a se dispersar. Algumas pessoas abordaram Victor e Aki, perguntando se ambos estavam bem, e eles asseguraram que não houve problema.
Na saída, Victor acompanhou Aki até em casa. Ela insistiu que ele a deixasse no ponto de encontro próximo à Elegance Affairs, mas Victor permaneceu firme em acompanhá-la até a porta, desejando garantir que chegasse em segurança.
— Agradeço muito o cuidado e o paletó — disse ela, sorrindo, enquanto retirava o casaco, já estando pronta para entrar.
Victor a observou por um momento antes de responder.
— O importante é que você esteja bem.
Embora parecesse uma resposta ríspida pela forma que foi dita, a garota compreendia bem o que ele queria dizer.
Aki corou ligeiramente, surpresa e confortada pelo gesto. Com um último agradecimento, ela se despediu e entrou em casa, enquanto Victor começou seu caminho de volta para casa.
Queridos leitores, gostaria de expressar minha gratidão a todos que estão acompanhando a obra.
Quero deixar registrado que, os capítulos serão postados às terças e sextas.
Nos vemos na sexta-feira, dia 14/02/2025.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.