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    22 de janeiro de 2024, segunda-feira.

    O frio ainda insistia, mesmo que a neve já tivesse ido embora. O céu cinza, coberto por nuvens, tornava o dia mais escuro que o normal, ao impedir que raios de sol chegassem até Tóquio. A umidade do ar estava alta, parecia que iria chover ao fim da tarde — e a própria previsão do tempo informava disso. 

    Victor, além da sua roupa habitual de trabalho, estava com um casaco preto. Logo que chegou na empresa, percebeu que Aki estava na recepção. Haviam chegado quase ao mesmo tempo. A garota usava uma espécie de sobretudo cinza, além de um cachecol. A recepcionista, Arian, também estava bem agasalhada. 

    Ele parou ao lado dela, e as cumprimentou. Arian fez um breve comentário sobre o frio congelante. Logo, tanto ele quanto Aki vão, juntos, para dentro da empresa, porém, se encontraram com Helsing, Kazuya e Oshi, no corredor, conversando sobre um evento que teria naquela semana, com Helsing explicando como fez a publicidade dele, e como pensou no projeto. 

    Após um breve diálogo com eles, continuaram até chegar em suas respectivas cadeiras. Ligaram os computadores, enquanto Aki pegou o controle remoto e regulou o aquecedor, para tentar se manter, pelo menos, um pouco mais aquecida. 

    — O clima está bem diferente do Brasil, não é? — Victor comentou, puxando assunto. 

    Aki se abraçou, quando respondeu: — Nem me fale! Eu tinha esquecido, por um momento, como era estar nesse frio. — Ela riu.

    Victor sorriu, enquanto pegava o seu celular e mexia nele. Então, mostrou para Aki uma foto que havia recebido de Matheus, onde também estavam Carla, João, Breno e Débora. Os cinco tomando sorvete no shopping. 

    — Na legenda está escrito: “Que calor!”. — Explicou. — Eu comentei que aqui estava muito frio e ele me mandou isso. Os cinco tinham ido ao shopping comprar algumas coisas. 

    Aki se manifestou, com falsa revolta, falando que era um absurdo fazerem isso com eles. E os dois riram. Logo, os dois começaram a trabalhar, focando-se nos eventos e deixando a conversa para outra hora. 

    ATCHIM! 

    Victor olhou imediatamente, por reflexo, para Aki, que acabara de espirrar. Ele retirou um lenço do bolso: — Aceita? Está limpinho. — Falou, em tom brincalhão. 

    — Não precisa, obrigada. — Ela respondeu, retirando o seu próprio lencinho, passando-o suavemente sobre seu nariz, que estava levemente avermelhado. 

    — Você está bem? 

    — Estou, é só uma alergia, provavelmente. — Aki fingiu não ligar, enquanto voltou sua atenção ao trabalho. 

    O rapaz observou ela, discretamente, sempre que possível, verificando se ela estava realmente bem. Seus pensamentos variam entre: “Você não tem esse direito, para de espiar”, “Será que ela está bem?”, dentre outros. Ele estava preocupado com a saúde dela, talvez estivesse parecendo  muito preocupado, ao mesmo tempo que pensava não ter o direito de se incomodar tanto. Um debate interno começou e ele tentou manter o foco. 

    Passou mais um tempo e a garota deu outros espirros, aumentando a preocupação de Victor, embora ele não tivesse falado nada. Apenas seguiu com comentários ao longo do dia. Após o expediente, ele a levou até a porta de sua casa, se despedindo. Não antes de perceber um leve rubor na maçãs do rosto da garota. 

    Já em casa, decidiu mandar uma mensagem: “Tem certeza que está bem?”.

    Aki respondeu: “Estou. É apenas um resfriado…”

    “Apenas um resfriado?”, pensou Victor. “Eu queria poder ajudá-la.”. Mas logo negou esses pensamentos, quando viu que estava tomando rumos não esperados. 

    Mesmo após o banho e se deitar para dormir, Victor continuava preocupado, mas logo conseguiu pegar no sono. 

    23 de janeiro de 2024, terça-feira. 

    No escritório, Victor percebeu que Aki estava com coriza e com o nariz entupido, além de espirros. Ele insistiu para que ela fosse ao médico, mas ela negou, dizendo ser apenas um resfriado e que iria melhorar. Continuou tomando chá, além de usar um medicamento para febre. 

    O expediente acabou e, ainda na porta da casa dela, Victor comentou uma última vez sobre ir com ela ao médico. Aki negou novamente. Disse que estaria melhor no próximo dia. O rapaz então se despediu e foi embora. 

    Mesmo que ainda tivesse preocupado, não tinha muito o que fazer, já que a própria garota não queria procurar atendimento médico. 

    25 de janeiro de 2024, quinta-feira.

    Mais um dia havia se passado, na quarta-feira, e Aki estava aparentando estar mais debilitada do que antes. Contudo, negou ir ao médico, por mais que Victor insistisse. 

    Porém, quando Victor chegou ao escritório na quinta-feira de manhã, a garota não estava. Foi quando ele recebeu uma ligação dela, dizendo que não estava se sentindo muito bem para trabalhar e que o chefe Akashi havia dado uma folga para ela. 

    Victor, então, comentou que na hora do almoço levaria algo para ela comer e ela aceitou.Passou umas horas e o rapaz estava na porta da casa da garota. Ele bateu e ela não atendeu. Ele ligou e ela atendeu, depois de um tempo relativamente demorado. Sua voz estava cansada e rouca, onde ela informou que havia dormido. E que já estava indo abrir a porta. 

    — Como está se sentindo? — Victor perguntou, depois de já ter entrado na casa dela. Ela estava com uma blusa de frio rosa, além de calça e meia. 

    — Pareço bem? — Ela brincou, e tossiu em seguida. — Acho que eu deveria ter ido ao médico antes… — Ela comentou com ironia. 

    Victor franziu o cenho.

    — Não foi falta de aviso. — Respondeu. — Você deveria ir ao hospital agora à tarde. 

    — Posso te contar um segredo? Não gosto de ir ao hospital sozinha… Na verdade, não gosto de hospital de forma alguma. Aquela vez em Nagano eu só fui sem retrucar porque achei que pudesse ter sido algo sério. — Se explicou. 

    — Medo de hospital? — Victor respondeu, indignado. — Certo. Certo. E agora não parece nada sério?

    Aki riu sem graça: — Aquele dia eu estava com você… — Respondeu, baixo.

    — Então, senhorita, eu posso te acompanhar até o hospital, e quem sabe, seguro a sua mão para não ficar com medo. — Provocou, já agarrando uma das mãos dela. 

    Aki sentiu seu coração acelerar, mas não recuou. Ela sorriu, em resposta.

    — Tá bom. Você venceu. — Falou, com certa dificuldade quando tossiu. — Te espero depois do expediente. 

    — Marcado. Você pode me dar uma cópia da sua chave? — Aki fica sem jeito quando ouve a pergunta, respondendo sem pensar.

    — Minha chave?! — Sua voz saiu um pouco mais alta do que pensou. Seu coração ainda batia em ritmo diferente. 

    — Não vou te sequestrar. — Brincou, dando uma risada com a expressão dela. — É para você não precisar abrir a porta quando eu chegar. Eu te devolvo assim que voltar. 

    “Não precisa devolver…” pensou, mas se conteve, entregando para ele uma cópia. “O que você está pensando? Se controle!”.

    Depois de se despedirem, Victor voltou ao escritório e continuou seu turno, sem maiores problemas. Se manteve focado e evitou mandar mensagem, pois ela disse que tentaria dormir um pouco. 

    Enquanto caminhava, Victor enviou uma mensagem para Aki, avisando que já estava chegando. Durante alguns minutos, tempo suficiente para chegar na casa dela, não obteve resposta. Então, decidiu ligar. O telefone chamou uma, duas, três, quatro vezes. Nada. Nenhuma resposta. “Ela deve estar… no banho, talvez?” Pensava. Não queria entrar, sem antes avisar. 

    Ele esperou mais alguns minutos, talvez uns três, e ligou novamente. E nada. Então, decidiu entrar. Destrancou a fechadura e girou a maçaneta. 

    — Aki? Licença, estou entrando. — Falou mais alto, enquanto observava o local. As coisas pareciam exatamente no mesmo lugar, desde a última vez que ele esteve ali. 

    Ele percebeu o celular dela em cima da mesa e a porta do seu quarto com uma fresta, quase fechada. Então, tornou a chamá-la pelo nome, mas sem resposta. 

    Hesitante, mas preocupado, ele se aproximou da porta do quarto e notou que ela estava deitada na cama, enrolada na coberta. Ele chamou novamente, e nada. Então, entrou completamente e se aproximou dela. Seu rosto estava, parcialmente, vermelho e ela aparentava estar dormindo. 

    Continuou lhe chamando, mas conforme se aproximava, percebia a falta de respostas e seu coração acelerou. Quando tocou nela, percebeu que estava com uma febre altíssima, com a pele muito quente. 

    Victor arregalou os olhos quando percebeu a temperatura corporal dela, e que ela estava desmaiada, provavelmente. Ele, rapidamente, chamou um táxi. Seu coração batia forte, acelerado, enquanto pensamentos variados passavam por sua cabeça. 

    Quase desesperado, ele tentava manter a calma, mas a inquietação era visível. Sua expressão estava mudada, e o medo de que algo pior acontecesse o preenchia, assolava seu coração, fazendo-o relembrar sentimentos dolorosos. 

    Quando o veículo chegou, e não demorou para isso acontecer, ele carregou aqui no colo até o carro, enquanto o motorista acelerou rumo ao hospital.

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