Capítulo 85: Novas informações
13 de fevereiro de 2024, terça-feira.
O quarto foi invadido por raios de sol que passaram pela fresta da cortina, clareando-o brevemente — o suficiente para que Victor acordasse. Ao olhar para o lado, notou que Aki dormia de bruços, o rosto parcialmente afundado no travesseiro. Um sorriso maroto se formou em seus lábios e ele sentou e espreguiçou.
Após um longo bocejo, voltou a atenção para a garota ali do seu lado, tão próxima que sentia seu calor. Ela então acorda, abrindo os olhos lentamente e olha para ele:
— Bom dia… — A voz dela saiu rouca de sono.
— Bom dia, Aki… — Victor se aproxima de seu rosto e deposita um beijo na sua testa. — Dormiu bem?
— Sim, muito bem… — Balbuciou, após um bocejo. Ela então se vira na cama e puxa ele pelo braço: — Fica mais um pouquinho aqui.
Victor não pôde negar aquele pedido cheio de manha e obedeceu, deitando-se e logo ela aninhou-se em seu ombro, puxando a coberta. Apesar de não tanto quanto o dia anterior, ainda estava frio e era cedo.
— Quando estávamos no Brasil… — Aki quebrou o silêncio. — Eu queria ter ficado assim com você. Eu estava com um certo medo, talvez por estar tão longe de casa, num mundo completamente diferente…
— Era só ter me pedido… — Victor falou em tom brincalhão e logo apertou o corpo dela com um abraço. — Aki, você é muito especial para mim. Eu quero que você saiba disso. Vou fazer o possível para te fazer feliz. Vou repetir isso quantas vezes for necessário…
Um sorriso bobo se formou nos lábios dela, que respondeu: — Fico feliz em saber disso. Eu te amo. — E logo apertou seu rosto contra o peito de Victor, sentindo seu rosto arder levemente.
— Aquele dia, em Nagano, sabe qual foi o meu pedido para a estrela cadente? — Victor perguntou, inesperadamente, fazendo Aki arquear a sobrancelha.
— Deixa eu pensar… — E logo um breve silêncio seguiu.
— Meu pedido foi para que você continuasse me ajudando e poder passar mais momentos com você. — Victor então tocou o pingente que ela estava. — E parece que se realizou muito bem…
Aki corou, seu coração que parecia estar mais controlado se agitou brevemente.
— Você me deixa com vergonha. Estou tentando não deixar isso me atrapalhar, mas você simplesmente me deixa de um jeito… diferente. — Comentou, quase como um protesto.
— Esse seu jeito é que faz de você a Aki que eu me apaixonei. — Ele então beija sua cabeça, a deixando ainda tímida, mas verdadeiramente feliz.
— E qual foi seu pedido? Já pode me contar ou ainda vai trazer azar? — Brincou.
— Bem… Eu pedi para que a gente tivesse mais momentos como aquele. Eu realmente me divertia, e ainda me divirto, quando estou com você… E ele vem se realizando há algum tempo já… — Seu coração estava batendo forte, enquanto confessava o pedido.
— Mais um motivo para eu te admirar tanto. — Respondeu, quase como uma provocação. Ela então o chamou de bobo, por estar com vergonha, e continuaram ali, apenas aproveitando o momento, em silêncio, enquanto o relógio não despertava para que levantassem.
…
— Agora estamos namorando, oficialmente. — Victor falou.
Os olhos do chefe Akashi se estreitaram brevemente: — “Agora”? Achei que já tivessem já um tempo. — Apesar de sua postura sempre séria, ele mostrou um pequeno sorriso. — Fico muito feliz por vocês, Victor e Aki.
Logo que chegaram na empresa e iniciaram seus afazeres, foram chamados por Akashi em sua sala. Aproveitaram a oportunidade para comunicar do relacionamento deles, já que, tanto Victor quanto Aki, tinham uma grande consideração por aquele homem. Também já haviam combinado de evitar comentar isso com os outros colegas de trabalho.
Embora, achavam que seria difícil manter isso escondido, pelo fato de que já rolavam rumores e fofocas sobre eles estarem namorando, antes mesmo de ser de fato.
Considerando esses pontos, apenas seguiram suas rotinas normalmente. Mas o ponto principal da reunião era a comunicação de uma possível reunião na França, onde Akashi desejava que os dois fossem até lá como representantes da empresa.
Tal compromisso aconteceria em Abril, sem data específica ainda. O que sabiam era que teria alguns fortes investidores, inclusive de outros países.
— Inclusive, eu gostaria de me desculpar com vocês, ao mesmo tempo em que quero lhes agradecer. Graças aos esforços de vocês dois, a empresa está tendo um grande crescimento. Como vocês sabem, nosso gráfico está numa subida crescente. — Comentou, enquanto fitava ambos com aquele olhar atento de sempre.
— Não precisa se desculpar, chefe Akashi. Apenas estamos fazendo nosso trabalho. E o senhor sabe o quão grato eu sou pela oportunidade que me deu quando precisei, e que ainda me dá. — Victor respondeu, se sentindo estranho ao ouvir desculpas daquele homem que tanto lhe ajudou e confiou nele.
— Eu também não mereço ouvir suas desculpas, chefe. Eu era tão insegura na comunicação interpessoal e, ainda assim, o senhor conseguiu ver meu potencial e me deu essa oportunidade. Sou extremamente grata. — Aki também sentia uma sensação desconfortável ao ver Akashi se desculpar.
Um ponto em comum de Victor e Aki em relação ao chefe era o fato de ambos terem sido agraciados com uma grande oportunidade pelo homem, quando precisaram e, por esforço próprio deles, conseguiram atender às expectativas.
— Não precisam dessa formalidade toda. — Ele respondeu, com um tom sereno. — Se não fossem pela atitude de vocês, nos eventos dos últimos meses, e pelos esforços nas análises e projeções, provavelmente não teríamos alcançado tanto crescimento em tão pouco tempo. Aproveitando que agora oficializaram o relacionamento de vocês…
Nesse momento, os dois se entreolharam, sentindo uma sensação fria, mas não desconfortável. Algo como uma surpresa, algo inesperado. O chefe continuou:
— (…) Quando precisarem, podem pedir alguns dias de férias, para aproveitarem. Só não peçam em uma semana muito corrida. Além disso, nos próximos meses, teremos algumas reuniões internacionais, e eu gostaria que vocês participassem. Por isso, acho justo vocês terem um momento juntos. Os próximos meses serão agitados, se tudo der certo…
Os dois se sentiram lisonjeados pelas palavras dele. Ao passo em que, finalmente, a ficha caiu sobre o que ele falou, de “reuniões internacionais”. Conversaram mais um pouco sobre isso e depois voltaram ao serviço.
Já em seus respectivos lugares, Victor recebe uma ligação por vídeo de Matheus. Após um momento de conversa, onde Aki foi inserida na chamada, ele finalmente contou o motivo do contato:
— O início dos testes do Event Link estarão disponíveis à partir do dia três de março. — Disse, mostrando empolgação na voz.
— Tão perto? Que incrível! — Aki exclamou.
— A equipe da Pacca Consortium não brinca em serviço… — Victor comentou, com um tom de superioridade, com Matheus concordando e adicionando:
— Todos nós estamos muito empenhados em desenvolver esse projeto e finalizá-lo. Inclusive, depois quero te mostrar umas simulações novas com IA que a gente aplicou no visualizador 3D. — Matheus respondeu, gesticulando com uma caneca na mão e animado.
— Estamos bastante empolgados para ver isso… inclusive, como está o clima aí? Aqui está frio, muito frio… — Victor falou quase de forma dramática.
Matheus arqueou a sobrancelha, surpreso pela forma como o irmão estava conversando desde que iniciaram a chamada.
— Hoje não está tão calor… Está ventando bastante também. — Ele fez uma pausa, dando um gole na bebida. — Você está bem animadinho, irmão… Por acaso, finalmente posso chamar a Aki de cunhada?
Matheus riu exageradamente, como uma desculpa de “claramente era brincadeira”, e em seguida deu um gole no seu café.
— Sim! — Aki respondeu com um tom animado, praticamente de forma imediata. Logo, sentiu seu rosto arder e tapou o rosto com as mãos… Mas sua ação não foi a única exagerada.
Matheus se engasgou quando ouviu a resposta da japonesa, se levantando da cadeira, enquanto tossia e tentava recuperar o fôlego. Victor colocou a mão no seu próprio rosto, fazendo um movimento de negação com a cabeça. “O Matheus nunca muda… é essa resposta da Aki… Ela estão tão feliz assim?” — Ele pensou, feliz com a forma como aconteceu.
— Espera aí, para tudo! Me conta isso aí direito! Como assim? — Mateus exclamou, desta vez, tão surpreso, que acabou falando em português em vez de inglês e Aki não entendeu o que ele disse.
Victor riu, e explicou para a garota o que ele tinha falado, e respondeu calmamente sobre como tudo aconteceu. Ele precisou voltar um pouco no tempo e explicar desde o começo, como foi acontecendo e como ele foi superando, passo por passo.
Mas antes que pudesse contar sobre o beijo, ele interrompeu o irmão mais velho:
— Me fala uma coisa, antes de continuar: Quem que deu o primeiro passo?
Aki desviou o olhar e tapou o rosto com uma mecha de cabelo, enquanto Victor apontou para ela com o dedão: — Ela…
Matheus riu: — Então você esperou ela falar primeiro? Você decepcionou o nome Pacca. — Ele fez uma exagerada e falsa encenação de decepção.
Victor também sorriu: — Ela tentou fugir logo em seguida, mas eu tive que entrar em ação… — Ele tentou despistar e olhou para a japonesa, que, explicitamente, estava envergonhada. Percebendo que falou um pouco demais, chamou a sua namorada:
— Desculpa, Aki… acho que falei demais. Acabei indo na onda dele. — Apontou com um tom de acusação, embora mantivesse um tom leve de brincadeira.
Aki riu: — Bobo… — Em seguida, deu um YAIM nele, dando um leve toque com o indicador na testa dele. Após terminarem de falar sobre o relacionamento, voltaram com o assunto principal da ligação.
Victor e Aki, bem como Matheus, estavam bem ansiosos para testar o novo projeto. Matheus passou mais algumas informações, além de enviar um e-mail para seu irmão, com tudo que precisava passar para o senhor Akashi. Logo, se despediram e encerraram a chamada.
Aki ficou cuidando de alguns relatórios que precisavam ser revisados naquele dia no escritório, enquanto o brasileiro voltou até a sala do chefe para conversar sobre o novo aplicativo e as novidades que tinha recebido do CEO da Pacca Consortium.
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