Notas de Aviso
Anteriormente em MVNJ: Victor e Aki participam do evento \"Hanami & Becker\", o qual tiveram um problema antes para resolver. Durante a ocasião, são surpreendidos pela notícia do interesse dos chefes da empresa em fazer uma parceria com a Elegance Affairs. Após uma reunião, Victor e Aki tem um prazo de 72 horas para responderem a proposta.
Capítulo 9: Bar “Flor-da-Noite”
25 de setembro de 2023, segunda-feira.
Após o evento do dia vinte e três de setembro, Victor e Aki foram direto para casa. Eles avisaram o chefe, imediatamente ao saírem do salão, sobre a necessidade de uma reunião urgente na segunda-feira.
Já no escritório do chefe, os três estavam assentados em volta daquela mesma mesa de vidro de sempre. Victor e Aki apresentaram seus respectivos relatórios, dando tempo para o chefe poder lê-los.
Enquanto Akashi analisava os documentos, os dois se encaravam de canto de olho algumas vezes, com um certo nervosismo, principalmente por parte da garota. O rapaz não conseguia compreender se sentia nervosismo ou felicidade; era difícil para ele saber defini-los. Já Aki era mais sensível nesse ponto e facilmente se emocionava.
Ao término, o chefe pediu uma explicação oral de cada um deles. Em seus respectivos tempos concedidos, eles responderam e explicaram os pontos. O homem mais velho se impressionou com a capacidade que eles demonstraram em resolver uma questão tão importante para a empresa.
Victor explicou que, provavelmente, eles esperaram o evento acontecer para saber se podiam confiar na Elegance Affairs, por isso não entraram em contato antes desejando a aliança.
Aki ainda sentia um frio na barriga ao lembrar da situação; nunca havia sido colocada sob tamanha pressão antes envolvendo o trabalho. Contudo, ela avaliava que Victor aparentava já estar acostumado com esse tipo de reunião.
Ainda que o rapaz não fosse bom em expressar seus sentimentos, a forma como lidou com tudo foi muito profissional, demonstrando ter uma experiência adequada para resolver os desafios que apareceram. Ou talvez seria apenas coincidência com sorte? Seus pensamentos estavam a mil.
Por outro lado, Akashi sentia um orgulho fluindo em seu ser. Sentiu que sua decisão foi correta em colocá-los no setor que atuavam, bem como em enviá-los para aquele evento. Por um momento, pensou que toda sua experiência de vida valeu a pena, pois lhe ajudou a escolher essa dupla para o dia.
Ainda sério, Victor não mostrava suas expressões com facilidade, e nenhum dos dois ali conseguiria definir o que ele estava pensando ou sentindo. Apesar disso, dentro de si, mesmo que não conseguisse entender, o rapaz estava aliviado que deu certo e que não foi uma situação vergonhosa, principalmente pelo evento ter acontecido perfeitamente bem.
— Estou orgulhoso do trabalho que vocês executaram! — elogiou Akashi, com seus olhos serenos e determinados, fitando-os após um breve silêncio.
Ambos agradeceram ao mesmo tempo, pelo elogio, em uníssono.
Continuando, ele também elogiou como atuavam dentro da empresa; o profissionalismo deles era invejável, segundo suas palavras. Expressou ainda que esperava que eles crescessem profissionalmente e fossem bem-sucedidos, dando valor ao que a vida lhes dá.
Victor fitou o chefe, demonstrando uma certa irritação no olhar. Aki percebeu a forma diferente com que Victor olhou para o chefe e não entendeu. Akashi, entretanto, sorriu.
— Me desculpem, não foi nesse sentido que falei — expôs o superior.
A garota se sentia mais perdida do que antes, sem entender o contexto daquela conversa.
— Tudo bem, me precipitei. Me perdoe também — declarou o rapaz.
E isso não ajudou ela a compreender a situação.
— Mas voltando ao assunto da parceria… — continuou o chefe.
Falaram das metas traçadas e objetivos, bem como pontos positivos e negativos, assim como os riscos. Tanto Aki quanto Victor expuseram suas opiniões sobre o acordo, deixando Akashi esperançoso com isso, independentemente dos riscos que foram apresentados, como a possibilidade de faltar mão de obra para atender à Hanami & Becker. Já haviam pensado em soluções, paliativas e definitivas, para certos ocorridos. Por fim, decidiram assinar o contrato.
Akashi entrou em contato com Gege para terminarem as negociações, e os dois jovens foram dispensados. Aki perguntou ao colega de trabalho se ele não ficou nervoso, e ele respondeu que não sabia dizer. Queria perguntar algo mais íntimo, como, por exemplo, sobre o que estavam falando na sala onde ocorreu a reunião, mas não conseguiu, se contentando com o que ocorreu.
Victor percebeu que a garota carregava uma expressão diferente e perguntou se estava tudo bem, com ela afirmando. Ele manteve suas suspeitas sobre a resposta, entretanto, não insistiu.
Ambos voltaram ao trabalho, em seus respectivos computadores. O rapaz propôs que eles fizessem uma planilha com informações que tinham sobre a Hanami & Becker, assim como outro documento com uma agenda onde poderiam cruzar as informações para evitar confusões com os dias de evento.
Aki aceitou a proposta e eles iniciaram o trabalho. Com o passar de algumas horas, terminaram. Pouco antes de visitarem o chefe, foram convidados pelo mesmo até sua sala.
Chegando ao local, o chefe os esperava na porta, diferente do habitual costume de ficar atrás da mesa. Foram recebidos calorosamente por ele.
— Vamos, entrem, tenho boas notícias!
Os três se acomodaram em suas respectivas cadeiras. Iniciando o discurso, o superior informou o resultado positivo do acordo. Eles celebraram, exceto Victor, que mantinha uma expressão mais séria, suavizada apenas pelo sorriso de canto de boca esboçado. Era uma vitória considerável, já que a Hanami & Becker era uma empresa importante no ramo de turismo. Akashi ainda os convidou para irem beber após o serviço, comemorando. Eles aceitaram.
Ao chegarem no bar Flor da Noite após o serviço, foram surpreendidos pela atmosfera envolvente do local. Era a primeira vez que Victor o visitava. O interior do lugar parecia um refúgio do agito da cidade. Lanternas de papel penduradas no teto emitiam uma suave luz dourada sobre as mesas de madeira escura, acompanhadas por cadeiras acolchoadas em tons de marrom e vermelho. Pequenos LEDs posicionados nas prateleiras atrás do comprido balcão de madeira iluminavam as várias garrafas de saquê, shochu e uísques japoneses, além de diversos ingredientes para drinks.
Hiroshi, um dos dois bartenders do lugar, era um homem de meia-idade com uma expressão amigável e mãos hábeis. Agitava uma coqueteleira com precisão e elegância. Seu uniforme preto ficava ainda mais sofisticado com o avental de couro que usava.
Eles se acomodaram numa mesa mais ao fundo do bar, enquanto uma atendente, usando um tradicional uniforme japonês, chegou para recolher o pedido. Akashi pediu porções de Gyoza e Yakitori para eles. Também pediu um Whisky Highball, enquanto passava a palavra para Victor e Aki, que pediram o mesmo.
Não demorou muito até a comida chegar. Eles se serviram dos petiscos, que chegaram antes das bebidas, conforme solicitaram. As pequenas trouxinhas douradas e crocantes de Gyoza eram recheadas com uma mistura suculenta de carne de porco e vegetais, servidas com um molho especial à base de soja.
Os Yakitoris também estavam deliciosos. Marinados em uma mistura de molho tarê, perfeitamente caramelizados, os espetinhos de frango estavam incrivelmente suculentos.
— Isso está incrível! — comentou Akashi, experimentando um Gyoza e sorrindo.
— O sabor desse Yakitori também está divino! — declarou Aki, maravilhada com o que experimentava.
Victor não comentou muito, mas era o que mais saboreava cada detalhe da comida. Tentava identificar cada tempero, especiaria e ingrediente usado.
Quando as bebidas chegaram, eles brindaram:
— Ao futuro da Elegance Affairs! — disseram em uníssono, batendo os copos empolgados.
As bebidas estavam numa temperatura extremamente agradável, e o sabor podia ser chamado de glorioso.
Que lugar aconchegante! — Victor analisou, percebendo cada detalhe do bar.
“Isso está muito gostoso! Quero voltar mais vezes.” Esses e outros pensamentos inundavam a mente de Aki, que saboreava cada parte daquela refeição.
Algum tempo depois, Victor pediu licença e se retirou por alguns minutos, indo ao banheiro. Quando retornou à mesa, foi a vez de Akashi se levantar. Sozinhos, o silêncio se manteve, exceto pelo jazz clássico japonês que enchia o ambiente, bem como os murmúrios das outras mesas.
— Acho que demos um grande passo para ajudar a empresa — comentou Victor, quebrando o gelo.
A garota se surpreendeu levemente pelo comentário e manteve a conversa.
— Realmente! — A empolgação era nítida em sua voz. — Inclusive, achei admirável a sua atuação durante o evento. Foi muito profissional! Você estava incrível! — disse Aki, elogiando a postura de Victor.
Talvez devido ao álcool ingerido naquela noite, ela sentia que estava mais fácil falar o que pensava. Provavelmente, numa situação sóbria, pensaria melhor nas palavras a usar.
— Você também foi muito bem! — Victor olhava diretamente para ela ao dizer isso, fazendo-a sentir um calor no peito. — Reuniões assim são difíceis de lidar quando não se tem experiência — completou.
— Você já participou de outras reuniões assim? — indagou a garota, tentando se organizar emocionalmente.
Pelo mesmo motivo de achar mais fácil falar algumas coisas, também estava mais vulnerável aos sentimentos.
Antes que Victor pudesse responder, a atendente chegou até eles com três drinks diferentes. Um deles foi servido numa taça de champanhe, com uma cor rosada vibrante, uma espuma sedutora formada por cima do líquido e uma fatia de morango colocada na borda. Esse Bellini era, sem dúvidas, muito bonito.
O outro coquetel foi servido num copo de martini clássico, com a bebida dourada, brilhante e intensa, acompanhada por uma fatia de manga flutuando no líquido.
Por fim, outro martini, porém de chocolate. O líquido marrom aveludado era encantador e parecia delicioso.
— Eu fiquei te devendo, lembra? — declara Victor. — O Martini de Manga é do chefe Akashi. O de chocolate é seu. — completa, servindo-a o copo. — O Belini é meu.
Victor, na verdade, sentia vontade de fazer o drink para ela, mas se surpreendeu ao ver as opções oferecidas pelo local.
— Eu disse que faria para você, mas como eles tinham a opção aqui no cardápio, pensei em te dar esse presente.
Pelo mesmo motivo de Aki, Victor estava conseguindo expressar algumas palavras que seriam difíceis quando sóbrio.
Aki está encantada. Pessoalmente, parecia muito mais gostoso do que pelas fotos, além do aroma que exalava ser sedutor. Ao experimentar, Aki sente o sabor intenso do chocolate preencher sua boca, seguido pelo sabor do álcool preenchendo seu paladar.
Aki sentiu um calor no peito e não sabia se era pela bebida ou pelo presente de Victor. Realmente, não compreendia bem os seus sentimentos e nem a intensidade deles. A única coisa que ela podia afirmar era que o motivo disso era Victor. Ela queria continuar bebendo o drink, mas estavam esperando o chefe voltar.
Quando o chefe finalmente volta, eles brindam novamente. Aki termina a sua bebida, assim como Victor e Akashi. Ainda conversam por um tempo antes de irem embora. Victor diz que irá acompanhar a garota até sua casa, pois já estava tarde, e eles se despedem.
O tempo estava fechado e ventava forte. Ao olhar no celular, havia alerta de tempestade severa na área para aquele horário. Eles lamentam pelo fato de não ter visto isso mais cedo, e Victor reforça que era um motivo a mais para acompanhá-la.
Chegando na porta da casa de Aki, estava começando a chover. O rapaz diz que precisa ir embora rápido, mas Aki insiste que ele fique e espere a tempestade passar. Na pior das hipóteses, ela tinha espaço na casa que daria para ele dormir. Victor recusa, contudo, pela insistência da garota, ele acaba cedendo, pois a chuva estava aumentando.
Diferente do outro dia, que era uma chuva mais casual, essa era uma tempestade, com alerta emitido. A quantidade de água que começou a cair era enorme, além de trovões e relâmpagos tornarem tudo mais assustador.
Ao entrar na sala, Victor se depara com um ambiente muito arrumado, apesar de ser um espaço pequeno. Todas as paredes eram brancas, com um sofá de três lugares de couro preto de frente à televisão de quarenta polegadas, presa num painel na parede. Apesar de sua dificuldade emocional, o rapaz estava sentindo-se um pouco desconfortável pela situação.
— Bom, a previsão é que vai chover até de madrugada — comenta Victor, quebrando o silêncio.
— Tudo bem, você pode dormir aqui. — E dessa vez foi Victor quem se sente um pouco tímido, por mais que não tenha sentido isso conscientemente.
— Não quero causar incômodo. — insiste.
— Não vai me incomodar. Você pode inclusive tomar um banho e se trocar. Tenho certeza de que as roupas de Natsu vão servir em você. — Aki soltava seu cabelo, após se assentar no sofá.
A cena, apesar de ser de certa forma normal dele presenciar, fez Victor sentir um breve arrepio. Juntando todos os fatos acontecendo, deixava a situação completamente diferente do habitual.
— Natsu? — indaga Victor, expressamente curioso.
— É o meu irmão mais velho. — ela sorri. — Acho que nunca te contei, né?
— É a primeira vez que escuto sobre ele. — Victor se senta na outra ponta do sofá.
— Somos no total quatro irmãos. Natsu, eu, Fuyu e Haru, nessa ordem.
Victor esboça um leve sorriso.
— O nome de vocês é bem legal.
— Obrigada. — ela se levanta. — Mas enfim, Natsu e Fuyu sempre vêm me ver quando dá, então tenho roupas deles aqui. Vou buscar uma muda de roupa e uma toalha. Já volto. — Ela se retira, indo em direção ao seu quarto.
Vendo Aki se afastando, Victor não pôde evitar olhar alguns detalhes, que o fez dar um tapa no rosto levemente, pensando: “Acorda!”
Enquanto aguardava, sentia o tempo passar mais devagar. Imagens de poucos segundos ou minutos atrás invadiam sua mente, além do pensamento de estar na casa dela martelar sua cabeça.
Aki volta, com uma camiseta de manga de cor salmão e uma bermuda branca, além de um par de chinelos.
— Pode tomar seu banho primeiro. É um agradecimento pelo Martini de chocolate. — ela sorri.
…
Após sair do banho, já vestido com a roupa, ele se encontra com Aki na cozinha, que preparava um chá.
— Vamos tomar um chá antes de eu ir para o banho. Eu estava com frio e fiz para aquecer. — Ela estava enchendo a segunda xícara.
Victor se serve com uma xícara e agradece novamente pela cordialidade. Ela diz que é um prazer retribuir o que ele fez por ela.
Ela fala que tinha um futon que seu irmão geralmente usa e que já estava arrumado na sala, se desculpando por não poder oferecer um quarto. Victor agradece e diz que já iria se deitar.
Aki vai para o banho, perdida em alguns pensamentos. Somente nesse momento percebeu a situação. Provavelmente o álcool retardou um pouco seu raciocínio. Estava sozinha com Victor dentro de casa e isso a deixou muito vermelha, envergonhada.
Enquanto a água quente descia em seu corpo, tentava relaxar seus músculos o máximo possível, desejando uma massagem. Pensamentos de tudo que ocorreu no dia invadiam sua mente, bombardeando-a.
Sentia-se extremamente tímida com tudo que aconteceu, sentindo que estava vermelha de vergonha e seu coração acelerado. Principalmente na conversa no bar, onde sentia ainda um frio na barriga.
Demorou um pouco mais do que planejou no banheiro. Quando saiu, já vestida e penteando o cabelo, ela percebe que Victor já estava dormindo. Ela sorri e vê que realmente já estava tarde e entra para o seu quarto para dormir também.
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