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    16 de março de 2024, sábado.

    Victor e Aki conversavam casualmente durante o café da manhã na casa dele. Após a noite anterior com os amigos no bar, foram para a casa do brasileiro. Sentados, cada um em uma cadeira, chegaram no assunto sobre a proposta recente. E, depois de entrarem nesse assunto, acabaram falando sobre o Event Link. 

    — O aplicativo está incrível, não acha? — Victor comentou, empolgado. — Ainda tem alguns bugs e erros, que podem ser resolvidos com certa facilidade…

    — Eu estou anotando tudo que eu vejo e acho estar errado. Vamos formular um arquivo depois para enviar para o Matheus. — Aki respondeu, após dar um gole no chocolate quente que tomava. 

    — Quando ele for lançado oficialmente, tenho certeza de que será um grande sucesso no nosso ramo. O Matheus me enviou um arquivo mostrando projeções de parcerias pós lançamento. Eu acabei esquecendo de te mostrar. Veja: 

    Victor pega o seu celular e abre o arquivo, contendo gráficos e números. Aki fica boquiaberta com as informações apresentadas e especuladas.

    — A Pacca Consortium é realmente incrível! — Ela elogiou. — Creio que a Elegance Affairs será muito beneficiada também, né? 

    — É o objetivo. Eu preciso tomar decisões que beneficiem as duas empresas. Embora tenha sido o Matheus e sua equipe quem formularam o arquivo, eu ajudei com os dados e pesquisas. 

    — Então você mandou aquele projeto para ele? 

    — Exatamente… — Ele respondeu, e em seguida deu um gole em sua bebida. 

    — Agora faz sentido toda essa precisão… mas esse arquivo não seria confidencial da Elegance Affairs? — Aki indagou, hesitando na pergunta. Mas seu modo curioso estava ativado. 

    Victor arqueou uma das sobrancelhas: — Bom… de certa forma, sim…

    Ele respondeu, procurando as palavras certas para não parecer que fez algo errado, pois realmente não era esse o caso. 

    — Lembra daquele lance de “freelancer” que foi oferecido para a gente aquela vez pelo senhor Tanaka, da Prestigie Events? Foi mais ou menos nesse sentido. Porém, além de supervisor da Elegance Affairs, também sou diretor da Pacca Consortium. Meio que é difícil separar as informações… — Ele coçou a nuca, meio sem graça por usar seu status para explicar. 

    Aki se sentiu surpresa pela explicação, quase um ar de superioridade vindo de Victor, embora ele fizesse de tudo para que não ocorresse. Ela deu uma risadinha. 

    — Bobo. Eu tô brincando. Não precisa ficar tão tenso. — Comentou, e logo completou: — Embora eu tenha ficado realmente curiosa. 

    Após terminarem a refeição, se levantaram e lavaram a louça que estava suja, além de organizar, rapidamente, a cozinha. Depois, ficaram no sofá. Aki estava com as pernas dobradas, em cima do estofado. E Victor mexia no celular, encostado, relaxadamente, no encosto. 

    Ele olhou de soslaio para Aki, que mexia no smartphone também, bem distraída. Então, mandou uma mensagem para ela: “Se quiser, pode esticar as pernas no meu colo.”

    Quando a notificação de mensagem recebida soou do telefone dela, ela deu um riso breve, olhando para ele: — Você podia simplesmente me falar. Mas… posso? 

    — Claro que pode. — Ele bateu levemente na sua perna, indicando o local. — Além disso, meio que lembra velhos tempos essa coisa das mensagens mesmo estando pertos, né? — Victor não precisou explicar mais, pois Aki se lembrou do dia que foram para Nagano e ela puxou conversa com ele usando o celular. 

    Ela, agora, estava deitada no sofá. A cabeça encostada numa almofada e as pernas no colo de Victor, enquanto conversavam novamente. 

    — O Matheus me mandou uma mensagem hoje, informando que eu preciso estar no Brasil dia doze de abril… A “Brilho Feliz” vai precisar de mim lá. 

    Já estavam falando sobre as viagens internacionais, então a conversa não foi completamente do nada. 

    — “Brinlhu Felizu”? — Aki tentou repetir. — Parece que já ouvi esse nome antes… 

    — Ah, deve ter sido no dia do evento “Neospace”, ela foi citada. O nome significa: brilho feliz. 

    — Brilho feliz? E o que exatamente é? 

    — É uma organização filantrópica e solidária  brasileira. E no dia doze terá um evento especial. Eu queria poder faltar. — Victor explicou, quase lamentando a necessidade de sua presença. Mas foi exatamente isso que Aki indagou:

    — Por que você está convocado para estar lá? — Seus olhos curiosos encaravam Victor, que passou uma das mãos pelo cabelo. 

    — Boa pergunta… e isso me lembrou de algo que ainda não te contei… — Ele desviou o olhar, brevemente. — Eu devia ter te falado isso antes, mas, acho que nunca tive a oportunidade…

    Aki ficou inquieta com a enrolação: — E o que seria? 

    — Além de diretor da Pacca Consortium, eu sou parceiro da Unipet, como você sabe… E também sou o fundador da “Brilho Feliz”. 

    A japonesa se levantou num impulso, sentando-se: — Então, aquele dia do evento, você estava presente… por que disseram que não haviam representantes de nenhuma das citadas? 

    — Eu não me apresentei como representante da “Brilho Feliz”, ou brilho feliz, melhor dizendo… — Respondeu. 

    Ela concordou, balançando a cabeça: — Entendi. Eu sei que não foi intencionalmente… Mas isso foi muito repentino… — Comentou. 

    — Me desculpa, Aki… Eu realmente vacilei nessa. Me esqueci completamente de te contar sobre isso. É que, embora seja o fundador, não sou necessariamente o organizador, ou diretor. Existe uma empresa que cuida dessa parte para mim, já que ela fica em outro estado de onde eu morava. Então seria difícil ficar cuidando de tudo de tão perto. 

    — Depois de tudo que aconteceu, sinceramente, acho que não me surpreendo mais com você. — Ela sorriu. 

    Depois de se acertarem sobre esses assuntos, com Victor contando mais detalhes sobre a empresa, como ela funcionava e qual a área de atuação, o casal colocou outra pauta em questão: 

    — E sobre a reunião para a França? — Aki perguntou em certo momento. 

    Agora, ela estava deitada no colo de Victor, de barriga para cima. 

    — O chefe Akashi ainda não deu a data certa. E ainda temos a possível viagem para os Estados Unidos e a visita na sede da LUXury, em Londres. 

    — Ah, eu queria tanto conhecer Londres! — Aki exclamou, animada. — Está, com certeza, na minha lista de lugares dos sonhos. 

    — Lá é realmente legal. Tomara que dê certo essa reunião e sejamos enviados pelo chefe. — Ele respondeu, com um tom quase nostálgico. 

    — Você já foi em Londres? — Ela perguntou, agora muito curiosa. 

    — Sim. Foi a trabalho, mas tive a oportunidade de conhecer um pouco. Temos que ir juntos para conhecer melhor. — Seu olhar divagou levemente. 

    A conversa durou mais algum tempo e depois seguiram outros afazeres. 

    “Quantos segredos mais ele tem que eu não conheço? A cada dia, parece que conheço menos do Victor… apesar de conhecer cada vez mais…” — Aki pensou, agora deitada em sua cama, revirando de um lado para o outro. “Como me sinto sozinha sem ele aqui!” 

    Ela se levantou e pegou o Yume na prateleira: — O que eu faço? — Perguntou para o bichinho, como se ele pudesse compreendê-la e dar uma resposta. 

    Seus pensamentos estavam cada vez mais embaralhados. Tinha a sensação de que, quanto mais próxima estava de organizar sua mente, vinha uma coisa diferente e jogava tudo para o alto, bagunçando. 

    “Victor ainda parece muito misterioso, apesar de sentir que posso me casar com ele…” — Então, percebeu o que pensava e sentiu suas bochechas queimarem. 

    — Casar com ele… me casar com o Victor… — Balbuciou, estendendo a mão para o alto e olhando para o dedo, onde ficaria seu anel de compromisso. 

    “Será que ele vai me dar um anel? Será que estamos prontos para casar? Eu não sei…” — Ela sabia de uma coisa: Queria passar todos os dias da sua vida com ele. Mas a questão era: Eles estavam prontos para isso? 

    Pelo que sabia, morar juntos, casar, era algo muito grandioso. Embora não fosse uma ideia tão absurda, parecia algo grande demais, precioso demais. Tinha medo de estar sendo apressada, atropelando etapas… 

    “Eu acho que eu estou pronta. Eu quero morar com você, Victor…” — Divagou mais um pouco. 

    — Será que já podemos? — Comentou, falando sozinha. — Seria tão mais fácil algumas coisas. E eu me sinto muito só sem você aqui comigo… — Resmungou. 

    Aki pegou o celular e conferiu as horas: Onze e dezessete da noite. “Deveria mandar uma mensagem para ele? Deveria falar dessa solidão?”

    — Não, deixa para lá. — Ela colocou o telefone de lado. — Não posso incomodá-lo com isso agora. Vou falar com ele pessoalmente…

    Sentiu um arrepio passar pelo corpo com uma rajada de ar que passou pela pequena fresta da janela. “Eu achei que tinha fechado completamente…”

    Ela se levantou e fechou a fenda. “Pronto. Agora posso voltar para a cama…”

    Foi quando se virou e viu uma foto dos dois numa moldura em cima da cômoda, iluminada, parcialmente, pela luz que passava através do vidro. 

    — Ah, Victor! Por que você não está aqui comigo? — Ela reclamou. — Me chame logo para morar com você, caramba… — Aki fez biquinho, enquanto murmurava. 

    “E se eu estiver sendo precipitada?” — Novamente, esses pensamentos voltavam. Ela se jogou na cama, de barriga para baixo e o rosto afundado no travesseiro. 

    “Me ajuda, né, Victor… Você não quer morar comigo também?” — Ponderou, imaginando que a resposta era positiva. Talvez, faltasse um pouco mais de confiança para ter essa certeza e essa pequena brecha era amarga. 

    “E se ele não quiser morar comigo? E se eu não for uma boa namorada?” — Uma série de pensamentos negativos começaram a brotar, contudo, como se fosse uma luz de esperança, algumas lembranças preencheram sua mente:

    “Eu também acho que você será uma ótima mãe!” — As palavras ditas por ele no evento Safari reverberam dentro dela, a aquecendo, enquanto outras memórias recentes completavam: 

    “Você me fez viver de novo!”, “Você foi a luz que me guiou…”, entre outras frases ditas pelo brasileiro continuavam a aquecer seu coração. 

    “É, pare de pensar besteiras, Aki…” — Ela repreendeu a si, negando com a cabeça. “O Victor me ama, eu acredito nisso. Ele com certeza iria querer isso… Só precisamos do momento certo…”

    Então, o som de notificação do celular apitou, e ela pegou o telefone correndo para ver do que se tratava: 

    “Desculpa o horário, mas já estou com saudades! Uma pena que não pudemos ficar juntos hoje… queria poder estar com você… Boa noite, Aki. Tenha bons sonhos. Eu te amo.”

    O coração dela acelerou, apesar do reconforto. “Ele está lendo minha mente? Ou será que é por estarmos conectados?” — Ela pensou, olhando para o próprio punho com a pulseira que ele tinha dado para ela. 

    Após virar mais algumas vezes de um lado para o outro, enquanto seus pensamentos brincavam com sua mente e consciência, trazendo ideias e imagens, lembranças e previsões, Aki finalmente conseguiu dormir, em certo momento. 

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