Capítulo 97: Três perguntas…
30 de março de 2024, sábado.
— Aki… — Ele começou, devagar e ainda pensando nas palavras que usaria. — Eu já te disse isso, e vou repetir, me escute com atenção, ok? — Ele colocou as sacolas no chão.
Ela fez “sim” com a cabeça, ainda sentindo uma explosão de emoções. Estava ansiosa pela resposta, nervosa pela sua própria ousadia, até perplexa com a sua atitude. Nunca se imaginou, de forma pensada, fazer algo assim. Mesmo agora, era difícil acreditar.
— Eu nunca pensei que fosse viver de novo, na verdade, nem desejava isso. Depois do que aconteceu, eu só queria que acabasse a dor e o sofrimento, até cogitando coisas que não valem a pena ser citadas. — Ele desviou o olhar para a porta da casa. — Me mudei para cá, depois de muito tratamento, tentando recomeçar minha vida. Começar uma nova vida. Queria não lembrar do passado, não lembrar de tudo que passei. E com isso, acabei criando uma parede invisível ao meu redor, impossibilitando qualquer contato…
Aki ouvia atentamente, sentia sua mão tremer levemente com a tensão. Não desviou o olhar dele, querendo compreender completamente o que estava vindo.
— Mas, desde aquele dia, daquele momento em que começamos a conversar fora do serviço, sem que eu percebesse, essa muralha foi caindo e agora, hoje, eu me sinto uma pessoa completamente diferente de seis meses atrás. Naquela época, não imaginava que estaria aqui hoje, com você, namorando você, e com tantas responsabilidades da Elegance Affairs, e as conquistas que fizemos juntos pela empresa… foi tudo muito grandioso…
Ele fez uma breve pausa, olhou para o chão, procurando palavras, e voltou seu olhar para os olhos âmbar de Aki.
— E tudo isso foi graças a você. Meu mundo era monocromático, tudo preto e branco. Não tinha cor. Não tinha luz. Não tinha brilho. Você chegou como um arco-íris iluminando um dia após a chuva, como uma luz no fim do túnel. Como uma estrela-cadente que brilha intensamente no céu escuro. Você mudou completamente a minha vida…
Aki sentia seu olho arder, quando lágrimas começaram a se formar, prontas para serem derramadas.
— Eu demorei a perceber isso, e também demorei a aceitar isso, eu confesso. Embora seja pouco tempo, que a gente realmente tenha contato, sinto como se estivesse pronto para passar toda minha vida ao seu lado. E não digo isso da boca para fora… O que sinto por você, é algo sério, algo que eu realmente quero viver. Viver ao seu lado, com você. Minhas noites têm sido solitárias quando não estamos juntos, mesmo antes da gente começar a namorar. Sua companhia me agrada e me faz bem…
Aki estava com a respiração presa, como se esperasse uma única palavra para poder soltar todo o ar acumulado. Seu coração batia tão forte que ela achou ser possível ver…
— E, sinceramente, eu quero te fazer três perguntas… mesmo que possa parecer cedo demais, eu não vou ficar chateado, nem nada, se sua resposta não for a que eu espero para todas, porém, eu quero te falar:
Ele ergueu o dedo indicador, indicando que era a primeira pergunta:
— Você aceita meus sinceros pedidos de desculpas pelo tempo que demorei a perceber isso?
Agora, ergueu o dedo médio, formando o “número dois”, enquanto enfiou a outra mão no bolso e tirou uma caixinha, com acabamento, aparentemente, de veludo.
— Você aceita esse anel como símbolo do meu amor por você? — Ele abriu, revelando um anel prateado polido com uma pedrinha azul. — E terceiro…
Ele apoiou um dos joelhos no chão, com a outra perna dobrada, a mão erguida com a caixinha e o anel. Aki sentia que estava prestes a explodir de felicidade. Ela não sabia qual era a última pergunta, mas um milhão de pensamentos começou a se passar na sua cabeça:
“Ele vai me pedir em casamento? Tão rápido? Será que estou pronta para isso? Como vou responder? Vou conseguir responder? Ou seria um pedido para morarmos juntos? Isso é basicamente um casamento! Meu coração está muito acelerado, batendo muito forte. Que sensação é essa?” — E vários outros pensamentos vinham impetuosamente.
A tensão, não sendo de uma forma ruim, era forte e intensa. Parecia não existir nada além daquele pequeno espaço, daquele metro quadrado, onde os dois estavam. O par de olhos de cor âmbar fixos nos olhos escuros de Victor.
— Você quer morar comigo?
As palavras foram como um grande impacto. Mesmo que estivesse cogitando — e ela mesma havia “pedido” por isso, quando interpretou daquela forma, ouvir ele dizer claramente, era uma sensação quase arrebatadora.
Além disso, ele estava lhe dando um anel. Aquilo parecia mais um pedido de casamento do que qualquer outra coisa. Aki teve a sensação que estava rodeada por uma densa e sufocante névoa de dúvidas e hesitações. Um suspiro fundo saiu, quando ela abriu a boca para responder, depois de erguer o dedo indicador:
— Sim. — Ela se referiu à primeira pergunta e em seguida ergueu o dedo médio: — Sim… E levantou mais um dedo, sinalizando o “três”… Mas, antes de responder, seguiu um silêncio de alguns poucos segundos, que pareciam mais algumas horas.
— Sim, sim e sim! Eu aceito suas desculpas, aceito sua prova de amor e aceito morar com você, Victor! — Ela disse, um pouco rápido demais, como se guardasse essas palavras por muito tempo.
“Apesar disso, precisamos discutir algumas questões…” — Victor ponderou, enquanto pegava a mão dela com delicadeza e colocava o anel na sua mão direita.
— Aki, eu te amo. E eu juro que vou fazer o que eu puder para te proteger e te fazer feliz!
Aki sentiu as lágrimas escorrendo pelas suas bochechas. Estava sentindo uma felicidade que, até o momento, não se lembrava de ter sentido antes.
— Isso é basicamente um pedido de casamento, certo? — Ela perguntou, quando o abraçou. — Posso me considerar sua noiva?
Victor riu.
— Um pedido de casamento… — Ele fez como se estivesse pensando. — Se fosse, você aceitaria?
Aki sentiu seu rosto ficando mais quente, e então, enrolou uma mecha de cabelo com o dedo indicador.
— E – eu acho que… s – sim. Aceitaria… — Respondeu, hesitante. Não por incerteza, mas pelo nervosismo.
“Afinal, isso é um pedido de casamento ou não?!” — Ela gritou internamente, duvidosa.
— Que bom em saber disso, Aki… — Ele apertou o abraço. — Eu poderia até refazer a pergunta, mas temos muita coisa para acertar somente em morar juntos. — Ele riu, sentindo uma tensão enorme. — Temos que ajustar muitas coisas e acho que isso não foi um pedido de casamento decente. Quando eu for te pedir em casamento, não vou medir palavras. Irei dizer com todas as letras.
Aki sorriu, dando um YAIM nele.
— Bobo… Você vai me deixar mais ansiosa. — Respondeu, agora acariciando o anel em seu dedo anelar.
Depois disso, Victor pegou as sacolas e se dirigiu até a cozinha. Junto dela, começaram a preparar o almoço juntos, enquanto conversavam sobre algumas coisas que precisavam ajustar para morar juntos.
— Você acha… que seria muito cedo… para a gente… morar junto? — A frase saiu mais baixa do que ela queria, e um pouco atropelada. — Apesar que… acho que está meio tarde para pensar nisso…
— Cedo? — Repetiu, como quem pensa alto. — O que você acha a respeito?
— Não sei… — Aki mordeu o lábio inferior, meio envergonhada. — Para mim? Para você? Pra gente? Eu fiquei pensando… A gente praticamente já está assim… Você dorme aqui, eu durmo lá… tem roupa sua no meu armário, tem coisa minha no seu banheiro… Já parece uma rotina de… — Ela hesitou antes de terminar: — casados…
— Você se sente confortável com isso? — perguntou, sem pressa. — Digo… não quero te pressionar ou parecer que estou te forçando a nada. Se você sente que quer… a gente pode conversar sobre como fazer funcionar.
— Eu queria. — Aki respondeu, mais rápida do que pretendia. — Eu quero. Eu não mudaria minha resposta. Na verdade… eu acho que queria isso antes mesmo de perceber. Só fiquei pensando se seria muito invasivo, se você… gosta de ter o seu espaço. Não queria parecer que tô… forçando nada também.
Ele sorriu mais uma vez, passando a mão devagar pelo cabelo dela, afastando uma mecha que caía no rosto.
— Você nunca foi invasiva… E eu gosto da ideia de ter você sempre aqui quando eu chegar. Ou estar com aqui quando você chegar… ou chegarmos juntos…
Aki sentiu o coração aquecer, bater mais rápido novamente.
— Então… estamos confirmando o “sim”?
— Sim. — Victor respondeu, como se aquilo já fosse óbvio desde antes dela perguntar. — Vamos começar a mudança agora ou vamos esperar até amanhã, com mais calma, ver como organizar tudo?
Ela riu.
— Podemos começar hoje… — Ela respondeu baixinho.
Após terminarem o almoço e de arrumar as coisas, o casal foi até a casa da garota, onde começaram a organizar as coisas para a mudança. Aki tinha poucos pertences pessoais, sendo bem simples. A maioria eram roupas, que tinha até uma boa variedade.
E, agora, Victor e Aki, oficialmente, estavam morando sob o mesmo teto.

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