Capítulo 28: O Pedido de Elizabeth
Charles fingiu ignorar o significado implícito das palavras de Elizabeth e calmamente se sentou.
“Senhorita Elizabeth, qual o motivo da visita?”
“Você disse que precisava da geleia. Parecia algo urgente, então a trouxe para você,” Elizabeth respondeu, tirando uma pequena caixa de trás de si.
“Obrigado. Quanto custa?” Charles perguntou.
Elizabeth empurrou a caixa diretamente para os braços de Charles.
“Por que tanta formalidade? É um presente; não vale muito mesmo.”
Elizabeth então entrou no quarto e analisou o espaço mal iluminado. “Meu amor, por que não encontra alguém para lhe fazer companhia? Pode ser bem solitário ficar sempre sozinho.”
Antes que Charles pudesse responder, Elizabeth fechou a porta do quarto atrás de si e sentou-se na beira da cama.
Observando suas ações, Charles sentiu um frio na espinha. Ele olhou para os pares de olhos brilhando embaixo da cama, tossiu e caminhou até a mesa para colocar a caixa sobre ela.
“Diga um preço, por favor, não gosto de ficar devendo favores.”
Os cantos dos lábios de Elizabeth se curvaram em um sorriso travesso. Um rubor apareceu em seu rosto quando o desejo brilhou em seus olhos. “Nesse caso, por que não se dá a mim?”
“O-O quê…?” Charles gaguejou.
Antes que Charles pudesse dizer mais alguma coisa, Elizabeth ergueu o pequeno bastão de madeira em sua mão e o tocou na lamparina a óleo sobre a mesa. A lamparina se despedaçou instantaneamente e a escuridão envolveu o quarto.
No instante seguinte, Charles sentiu um aroma doce no ar e uma figura macia pressionou-se contra ele.
“Relaxe, meu amor. Você precisa aprender a relaxar. O mar já é sufocante o bastante,” Elizabeth sussurrou em seu ouvido como uma sedutora.
A respiração de Charles ficou mais rápida. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, na escuridão, uma suavidade envolveu seus lábios.
Mesmo sem entender totalmente a situação, ele não seria um homem se não sentisse nada diante daquela circunstância. Um fogo ardente despertou em seu peito enquanto ele correspondia ao beijo.
Quando a pressão finalmente recuou, sons de respiração ofegante preencheram seus ouvidos.
Justo quando Charles estava prestes a se entregar completamente, um guincho veio debaixo da cama. O som foi como um balde de água fria, extinguindo instantaneamente o desejo em seu coração. Se fosse qualquer outra coisa, talvez ele conseguisse ignorar. Mas o quarto estava repleto de observadores atentos.
Com um movimento de sua mão esquerda, os tentáculos invisíveis rapidamente se enrolaram ao redor de Elizabeth e a afastaram.
“Senhorita Elizabeth, me desculpe, mas hoje realmente não estou no clima.”
Na escuridão, a expressão dela ficou amarga. Ser rejeitada tão diretamente a fez duvidar de seu próprio encanto.
Sua voz tornou-se fria quando ela questionou: “Charles, não acha que isso é um pouco demais? Não me diga que é ‘aquele período do mês’ ou algo assim.”
Charles respirou fundo e abriu a porta, deixando a luz do corredor entrar. “Desculpe, mas realmente não estou no clima hoje.”
“Na Associação, eu sempre estive lá para lhe dar conselhos e ajudar, mas você não demonstra um pingo de gratidão. Que coração frio o seu,” Elizabeth murmurou, ajustando suas roupas desarrumadas antes de caminhar para o corredor com uma expressão serena.
Antes de sair, a bela e imponente mulher lançou sua última provocação: “Você não teria uma preferência por homens, como o governador, teria?”
Um sorriso irônico surgiu no rosto de Charles. A amiga que ele tanto se esforçou para conquistar poderia se tornar uma estranha novamente. Embora suas intenções não fossem puras…
Lily ainda estava no quarto. Ela pode ser apenas um rato agora, mas no fundo, ainda era uma menina de 11 anos.
No escuro, Charles tateou até o armário, pegou uma vela e a acendeu. Ele refletiu por um momento antes de dizer: “Lily, na verdade, agora há pouco—”
Uma voz vinda debaixo da cama interrompeu Charles. “Eu sei o que vocês estavam fazendo. Meu pai é médico, ele me ensinou sobre essas coisas. Sr. Charles, eu atrapalhei você?”
“Erm….”
Na manhã seguinte, Lily ainda estava dormindo, enrolada no travesseiro. Quando abriu os olhos e se preparava para desejar “bom dia” a Charles, percebeu que a cama estava vazia.
“Jumpy, o Sr. Charles está no banheiro?” Lily perguntou.
Um rato marrom passou correndo pela fresta da porta e logo voltou, chiando algumas vezes para Lily.
“O Sr. Charles saiu tão cedo… Ele deve estar ocupado,” Lily murmurou para si mesma, espreguiçando-se sobre o travesseiro antes de se sentar.
Após um momento de reflexão, ela olhou para os ratos debaixo da cama. “Vamos sair para brincar, sim?”
Ouvindo a resposta entusiasmada dos ratos, um sorriso iluminou o rosto peludo de Lily enquanto ela saltava da cama.
Ignorando os gritos e sustos ao seu redor, Lily liderou os ratos enquanto corriam pelas ruas movimentadas da ilha interior.
Elas passaram por mulheres em vestidos elegantes que gritavam cobrindo a boca, cachorros de rua latindo, velhas brandindo suas vassouras e até cocheiros que freavam bruscamente. Para os ratos, tudo parecia imenso e cheio de novidades.
Mas com o aumento dos olhares hostis ao redor, Lily rapidamente conduziu os ratos para um beco próximo.
O beco era mais tranquilo do que a rua principal. Lily caminhava tranquilamente, seguida pelos ratos.
“Uau! Olha o tamanho desse pão. Eu poderia até dormir dentro dele. Jumpy! Não chegue perto! Isso pertence a alguém!”
“Não toque na carne também! Isso pode trazer problemas para o Sr. Charles!”
Enquanto vagava sem rumo pelas ruas, Lily avistou uma figura familiar à distância. Era o homem musculoso que trabalhava na câmara das turbinas do Narval.
Lily estava prestes a cumprimentar James, mas percebeu que ele estava vestido com um terno justo, em vez de seu habitual macacão sujo de graxa. Ele segurava um buquê de flores elegante e parecia nervoso, com as costas do terno já úmidas de suor.
“Vamos segui-lo discretamente e ver o que ele está aprontando,” Lily sugeriu.
James percorreu um labirinto de becos antes de parar em frente a uma padaria.
Naquele momento, uma mulher graciosa de vestido saiu da loja. James tirou uma pequena caixa do bolso e se ajoelhou sobre um joelho. O público na padaria explodiu em aplausos.
“Uau! É um pedido de casamento!” Lily gritou, animada.
Vendo a mulher assentir com lágrimas nos olhos e abraçar James, um sorriso doce iluminou o rosto de Lily.
“Que lindo,” Lily comentou.
Enquanto o casal entrava na padaria, Lily continuou seu caminho. Justo então, seu estômago roncou alto.
“Se o Sr. Charles disse que sou sua tripulante, ele deveria me pagar um salário. Assim, eu poderia comprar comida para todo mundo.”
Os ratos ao seu redor chiaram em concordância.
Observando ao redor, Lily notou uma grande torre do relógio ao longe. Virando-se para os ratos, ela disse: “Minha casa não fica muito longe daqui. Vamos ver minha mãe e depois voltamos para pedir comida ao Sr. Charles.”
Lily saiu correndo, seguida pelo grupo de ratos. Desta vez, aprendeu a lição e escolheu becos para evitar chamar atenção.
Mais uma vez, chegou à frente da vila. Os ratos marrom formaram habilmente uma torre para que a ratinha branca pudesse espiar pela janela.
Pressionando-se contra o vidro, Lily observou atentamente a família de três pessoas jantando à mesa.
“Papai saiu do trabalho tão cedo hoje?” Lily murmurou.
Vendo as risadas e conversas dentro da casa, lágrimas brotaram nos olhos de Lily.
Ela ficou ali até o almoço terminar. Quando sua mãe saiu para jogar o lixo, Lily rapidamente se escondeu.
Segurando uma espinha de peixe, Lily levantou-a para mostrar aos ratos ao redor.
Com lágrimas escorrendo pelo rosto, ela soluçou: “Viram? Eu estava certa, não estava? A sopa de peixe da mamãe é mesmo deliciosa.”
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