Capítulo 39: Um Novo Companheiro Vampiro
Quando o Narval retornou ao Arquipélago dos Corais, um mês já havia se passado.
Com novas pistas sobre o mundo da superfície, Charles ansiava por zarpar imediatamente para a Cidade do Caos, Sottom. Porém, sua tripulação estava à beira do colapso.
Uma borboleta gigante, uma divindade de outro mundo, vampiros sanguinários… Eles haviam passado por tanto, e o cansaço era evidente em seus rostos.
Charles não queria pressioná-los mais. Sabia que ninguém era super-humano e todos precisavam de um descanso merecido. Até o Narval precisava de uma pausa.
As turbinas instaladas às pressas foram levadas ao limite, e, somadas aos danos do ataque sônico, o navio precisava urgentemente de reparos.
Em pé no convés danificado, Charles acariciou suavemente o corrimão desgastado e murmurou:
“Você se saiu bem, minha querida.”
“Sr. Charles. Parece que sua expedição foi… turbulenta. Que perigos encontraram para o navio ficar tão avariado?” Uma voz soou atrás dele. Era Woode, quem lhe vendera o Narval.
Woode estava surpreso ao ver o navio novamente. Nunca imaginara revê-lo, pois achara que ele já estaria no fundo do mar. Uma premonição surgiu: talvez aquele jovem realmente tivesse potencial para se tornar Governador de uma ilha.
“Quanto custam os reparos?” Charles foi direto, sem tempo para conversa fiada.
Woode entregou-lhe a fatura:
“Trocar as turbinas e reformar o convés custará 1,21 milhão de Echo.”
Assinando a fatura, Charles calculou mentalmente seu dinheiro restante. Dos 1,6 milhões originais, sobraram apenas 150 mil Echo após salários e reparos. Uma quantia perigosa para uma expedição. Sua próxima viagem a Sottom, por motivos pessoais, não geraria renda. Um dilema entre seu objetivo e o bem-estar da tripulação.
Pensativo, ele caminhou até a saída do estaleiro. Lá fora, viu uma figura familiar: Audric, com seus óculos escuros característicos.
Charles aproximou-se:
“O que faz aqui?”
“Sr. Charles,” a voz de Audric tremia de emoção enquanto ele se curvava na direção dos passos.
“Precisa de mais tripulantes? Quero me juntar a vocês.”
“Desculpe. A tripulação está completa.” Charles recusou sem hesitar, passando por ele. Um vampiro cego não seria útil em um navio.
Antes que Charles andasse alguns passos, Audric correu até ele, desesperado:
“Capitão! Não serei um fardo. Ascendi e ganhei novos poderes!”
Sua capa negra esvoaçou, e em segundos ele se transformou em um morcego negro, circulando Charles.
“Capitão, sou um Barão agora. Como morcego, navego mesmo sem visão.”
Olhando para o morcego do tamanho de seu antebraço, Charles sacou o revólver.
Bang!
O morcego caiu, voltando à forma humana. Audric segurou o ombro ferido, com aflição em seu rosto.
“Se quer viver, é melhor continuar pintando,” disse Charles friamente, guardando a arma.
Audric, ouvindo os passos se afastarem, gritou:
“Capitão! Você vai a Sottom buscar a luz solar? Estive lá há 40 anos! Posso guiá-lo!”
“Não preciso de ajuda. Tenho meus métodos.”
Audric suplicou:
“Sr. Charles, serei útil. Sou um vampiro! Minha força supera qualquer tripulante!”
O silêncio pairou até Charles responder, já próximo:
“Não tem medo da luz solar? Por que quer se juntar a mim?”
Um sorriso amargo surgiu no rosto de Audric:
“Sua tripulação ganha em uma expedição o que eu levo anos para juntar. Não tenho ambições… só quero um trabalho estável e pacífico.”
Charles observou-o, perplexo. Um vampiro tão patético era novidade.
“Você agora é marinheiro do Narval.”
“Obrigado, Capitão!”
‘3 de agosto, 8º Ano do Cruzamento
Minha tripulação e eu chegamos sãos ao Arquipélago dos Corais há três dias.
O vampiro cego, Audric, juntou-se a nós. É tímido — traço que não aprecio —, mas servirá como marinheiro comum. Sua habilidade de transformação pode ser útil como vigia.
Vampiros regeneram-se rápido. Os marinheiros anteriores morreram. Preciso de outros que não morram tão facilmente.
Em seguida, irei a Sottom buscar a luz solar na caixa. Se for real, há um caminho para a superfície.’
Click.
A porta abrindo interrompeu Charles escrevendo seu diário. Lily entrou, orelhas caídas, seguida por ratos.
“Onde esteve?” perguntou Charles.
Lily, cabisbaixa, subiu no travesseiro e deitou-se com desespero.
“Não vou contar…”
Charles fechou o diário:
“Vou sair. Cuide do lugar.”
O rato branco ergueu a cabeça:
“Sr. Charles, aonde vai?”
“É sábado. Os capitães se reúnem na Associação dos Exploradores. Vou buscar informações.”
“Isso parece divertido! Leve-me!”
“Fique aqui,” respondeu Charles, saindo e fechando a porta.
Assistindo à porta ser fechada sem piedade, Lily socou o travesseiro em um acesso de fúria infantil.
“O Sr. Charles é tão malvado!” Lily gritou e desferiu mais alguns socos no travesseiro. Depois, deixou-se cair sobre ele.
“Humph. Já que não quer me levar, vou dormir. E vou perturbar você toda a noite quando tentar dormir!”
O tempo passou despercebido enquanto Lily dormia. Porém, batidas repentinas na porta a despertaram.
As batidas persistiram, e Lily ficou agitada.
“Q-Quem é? Não tem ninguém aqui!”
Com um estalo alto, a maçaneta foi torcida com força, e um monstro horrível de tentáculos apareceu na porta.
Lily soltou um grito estridente ao ver os tentáculos se contorcendo e os olhos gigantes cheios de fúria. Os ratos marrons cercaram-na imediatamente, mostrando as presas afiadas para o intruso.
Olhando para o rato branco gritando, a criatura grotesca de tentáculos passou por uma rápida transformação e uma mulher sexy se materializou na sala.
Os olhos de Lily se arregalaram de surpresa com a beleza diante dela. Ela reconheceu a mulher como aquela que o artista cego havia pintado.
“Entendo, é só um rato. Você me deu um belo susto, coisinha. Ouvi uma voz de mulher e pensei que Gao Zhiming estava me traindo sem que eu soubesse.” Anna lançou um sorriso gentil para o rato.
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