Índice de Capítulo

    Quando o Narval retornou ao Arquipélago dos Corais, um mês já havia se passado.

    Com novas pistas sobre o mundo da superfície, Charles ansiava por zarpar imediatamente para a Cidade do Caos, Sottom. Porém, sua tripulação estava à beira do colapso.

    Uma borboleta gigante, uma divindade de outro mundo, vampiros sanguinários… Eles haviam passado por tanto, e o cansaço era evidente em seus rostos.

    Charles não queria pressioná-los mais. Sabia que ninguém era super-humano e todos precisavam de um descanso merecido. Até o Narval precisava de uma pausa.

    As turbinas instaladas às pressas foram levadas ao limite, e, somadas aos danos do ataque sônico, o navio precisava urgentemente de reparos.

    Em pé no convés danificado, Charles acariciou suavemente o corrimão desgastado e murmurou:

    “Você se saiu bem, minha querida.”

    “Sr. Charles. Parece que sua expedição foi… turbulenta. Que perigos encontraram para o navio ficar tão avariado?” Uma voz soou atrás dele. Era Woode, quem lhe vendera o Narval.

    Woode estava surpreso ao ver o navio novamente. Nunca imaginara revê-lo, pois achara que ele já estaria no fundo do mar. Uma premonição surgiu: talvez aquele jovem realmente tivesse potencial para se tornar Governador de uma ilha.

    “Quanto custam os reparos?” Charles foi direto, sem tempo para conversa fiada.

    Woode entregou-lhe a fatura:

    “Trocar as turbinas e reformar o convés custará 1,21 milhão de Echo.”

    Assinando a fatura, Charles calculou mentalmente seu dinheiro restante. Dos 1,6 milhões originais, sobraram apenas 150 mil Echo após salários e reparos. Uma quantia perigosa para uma expedição. Sua próxima viagem a Sottom, por motivos pessoais, não geraria renda. Um dilema entre seu objetivo e o bem-estar da tripulação.

    Pensativo, ele caminhou até a saída do estaleiro. Lá fora, viu uma figura familiar: Audric, com seus óculos escuros característicos.

    Charles aproximou-se:

    “O que faz aqui?”

    “Sr. Charles,” a voz de Audric tremia de emoção enquanto ele se curvava na direção dos passos.

    “Precisa de mais tripulantes? Quero me juntar a vocês.”

    “Desculpe. A tripulação está completa.” Charles recusou sem hesitar, passando por ele. Um vampiro cego não seria útil em um navio.

    Antes que Charles andasse alguns passos, Audric correu até ele, desesperado:

    “Capitão! Não serei um fardo. Ascendi e ganhei novos poderes!”

    Sua capa negra esvoaçou, e em segundos ele se transformou em um morcego negro, circulando Charles.

    “Capitão, sou um Barão agora. Como morcego, navego mesmo sem visão.”

    Olhando para o morcego do tamanho de seu antebraço, Charles sacou o revólver.

    Bang!

    O morcego caiu, voltando à forma humana. Audric segurou o ombro ferido, com aflição em seu rosto.

    “Se quer viver, é melhor continuar pintando,” disse Charles friamente, guardando a arma.

    Audric, ouvindo os passos se afastarem, gritou:

    “Capitão! Você vai a Sottom buscar a luz solar? Estive lá há 40 anos! Posso guiá-lo!”

    “Não preciso de ajuda. Tenho meus métodos.”

    Audric suplicou:

    “Sr. Charles, serei útil. Sou um vampiro! Minha força supera qualquer tripulante!”

    O silêncio pairou até Charles responder, já próximo:

    “Não tem medo da luz solar? Por que quer se juntar a mim?”

    Um sorriso amargo surgiu no rosto de Audric:

    “Sua tripulação ganha em uma expedição o que eu levo anos para juntar. Não tenho ambições… só quero um trabalho estável e pacífico.”

    Charles observou-o, perplexo. Um vampiro tão patético era novidade.

    “Você agora é marinheiro do Narval.”

    “Obrigado, Capitão!”

    ‘3 de agosto, 8º Ano do Cruzamento

    Minha tripulação e eu chegamos sãos ao Arquipélago dos Corais há três dias.

    O vampiro cego, Audric, juntou-se a nós. É tímido — traço que não aprecio —, mas servirá como marinheiro comum. Sua habilidade de transformação pode ser útil como vigia.

    Vampiros regeneram-se rápido. Os marinheiros anteriores morreram. Preciso de outros que não morram tão facilmente.

    Em seguida, irei a Sottom buscar a luz solar na caixa. Se for real, há um caminho para a superfície.’

    Click.

    A porta abrindo interrompeu Charles escrevendo seu diário. Lily entrou, orelhas caídas, seguida por ratos.

    “Onde esteve?” perguntou Charles.

    Lily, cabisbaixa, subiu no travesseiro e deitou-se com desespero.

    “Não vou contar…”

    Charles fechou o diário:

    “Vou sair. Cuide do lugar.”

    O rato branco ergueu a cabeça:

    “Sr. Charles, aonde vai?”

    “É sábado. Os capitães se reúnem na Associação dos Exploradores. Vou buscar informações.”

    “Isso parece divertido! Leve-me!”

    “Fique aqui,” respondeu Charles, saindo e fechando a porta.

    Assistindo à porta ser fechada sem piedade, Lily socou o travesseiro em um acesso de fúria infantil.

    “O Sr. Charles é tão malvado!” Lily gritou e desferiu mais alguns socos no travesseiro. Depois, deixou-se cair sobre ele.

    “Humph. Já que não quer me levar, vou dormir. E vou perturbar você toda a noite quando tentar dormir!”

    O tempo passou despercebido enquanto Lily dormia. Porém, batidas repentinas na porta a despertaram.

    As batidas persistiram, e Lily ficou agitada.

    “Q-Quem é? Não tem ninguém aqui!”

    Com um estalo alto, a maçaneta foi torcida com força, e um monstro horrível de tentáculos apareceu na porta.

    Lily soltou um grito estridente ao ver os tentáculos se contorcendo e os olhos gigantes cheios de fúria. Os ratos marrons cercaram-na imediatamente, mostrando as presas afiadas para o intruso.

    Olhando para o rato branco gritando, a criatura grotesca de tentáculos passou por uma rápida transformação e uma mulher sexy se materializou na sala.

    Os olhos de Lily se arregalaram de surpresa com a beleza diante dela. Ela reconheceu a mulher como aquela que o artista cego havia pintado.

    “Entendo, é só um rato. Você me deu um belo susto, coisinha. Ouvi uma voz de mulher e pensei que Gao Zhiming estava me traindo sem que eu soubesse.” Anna lançou um sorriso gentil para o rato.

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