Capítulo 40: Ordem da Luz Divina
No momento em que Charles entrou na Associação dos Exploradores, ficou surpreso com a cena à sua frente. O salão normalmente vazio estava repleto de pessoas.
Sofás e mesas de café estavam dispostos aleatoriamente. Homens e mulheres vestidos com trajes marítimos diversos se aglomeravam em grupos, e suas conversas animadas enchiam o ambiente.
Entre a multidão, havia alguns claramente não marinheiros. Eles circulavam em volta dos capitães, sussurrando entre si.
Charles atravessou a multidão até o balcão para relatar os resultados de sua missão. Pelos fragmentos de conversa que ouviu, aquelas pessoas estavam ali para solicitar que a Associação publicasse missões em seu nome.
“Ei! Charles! Aqui!” William, incomumente animado, acenou com uma garrafa de licor. Ele estava cercado por alguns capitães que Charles reconhecia.
Quando o olhar de Charles se voltou para eles, Elizabeth soltou um resmungo e virou o rosto.
Assim que Charles se aproximou do grupo, William entusiasticamente jogou um braço sobre seus ombros.
“Meu amigo, aquela faca sua é incrível!” exclamou William.
O cheiro enjoativo de William perturbou Charles. Ele empurrou o braço do homem e perguntou:
“É uma relíquia poderosa?”
Na última vez que se encontraram, Charles vendera duas relíquias não avaliadas a William. Pela expressão dele, parecia que apostara certo.
“Sim. Tão poderosa! Não poderia ser melhor! Acidentalmente dei a faca a um inimigo, e adivinhe? Ele acabou matando todos em seu navio. Hahahaha!!!” William irrompeu em uma risada maníaca, e um calafrio percorreu a espinha de Charles.
Relíquias podem ser usadas assim?
Um homem rechonchudo cutucou Charles com o cotovelo:
“Ouvi que você voltou ao mar. Encontrou algo interessante? Conte-nos.”
Charles lembrou-se involuntariamente da mão gigante emergindo das profundezas. Com um sorriso forçado, respondeu:
“Nada digno de menção. Perdi alguns marinheiros e falhei na missão.”
“Qual é! Conte algo. Para que vir aqui se não vai trocar informações? Melhor ir ao cassino tentar a sorte.”
Sem argumentos, Charles relatou tudo: a borboleta gigante, a mão colossal e a Ilha Cristal Negra.
Ao ouvirem o relato, os capitães maravilharam-se com sua sorte. Enfrentar tantos perigos e sobreviver era um milagre.
“Suspiro… Stark não teve tanta sorte,” comentou o homem rechonchudo.
“Quem é Stark?” perguntou Charles.
“Se ele soubesse que você nem lembra seu nome, reviveria de frustração. Foi quem o trouxe aqui com Elizabeth antes. Lembra agora?”
Charles lembrou-se do homem corpulento de personalidade jovial. Suas pupilas contraíram:
“Ele morreu?”
O homem rechonchudo assentiu, mordendo uma fruta azul:
“Morrer é comum aqui. Na verdade, este mês foi tranquilo: só perdemos sete.”
Charles observou as expressões ao redor, mas não viu traços de tristeza. Todos conversavam como se nada houvesse acontecido.
A compreensão de que cada morte dissipava parte do nevoeiro do mar aprofundou-se em Charles.
Após um momento de silêncio, ele fez a pergunta que o queimava:
“Pessoal, o que sabem sobre a Cidade de Sottom?”
Era por isso que viera à Associação. Ouvira falar de Sottom, mas precisava de mais informações.
Ao mencionar o nome, todos olharam para um homem de meia-idade no canto, de rosto sombrio e nariz adunco.
“Charlie foi pirata. Pergunte a ele,” explicou William, bebendo da garrafa.
“Só posso dizer que é um lugar caótico e sem lei. Não vá sem uma boa razão. Quem não estiver muito confiante em sua força está cavando a própria cova,” respondeu Charlie com voz grave.
“Já ouviram falar de luz solar sendo vendida lá?”
A pergunta de Charles fez Charlie balançar a cabeça.
“Não?” A voz de Charles tremeu de ansiedade.
“Não tenho certeza. Em Sottom, se o preço for certo, conseguem qualquer coisa. Lá, vá ao Anchor Pub e peça a bartender. Diga que ‘Seadog’ mandou. Ela é minha amiga.”
“Obrigado,” disse Charles, grato. Saber disso era um gesto de boa vontade raro.
O homem rechonchudo cutucou Charles:
“Ele vê potencial em você. Alguém que encontrou uma divindade e sobreviveu, certo? Seu futuro é promissor.”
Charles riu secamente. Ninguém podia prever o destino aqui. Ele era apenas um homem comum arriscando a vida para sobreviver.
O ambiente reanimou-se. Charles continuou conversando, bebendo e comendo petiscos. O vínculo entre eles fortaleceu-se com o tempo.
Charles pegou um bolo redondo da mesa e mordeu. A massa macia e o creme doce eram deliciosos. Era a primeira vez que provava algo tão refinado neste mundo.
Ao terminar o bolo, decidiu ir embora. Foi interrompido por um jovem comum de robe vermelho e um triângulo branco na testa:
“Capitão Charles?”
Charles virou-se, inspecionando o recém-chegado. Suas roupas contrastavam com as dos capitães.
“Sim?”
“Me chamo Sonny. Também sou Explorador, como você.”
Elizabeth, que o ignorara até então, tossiu fingidamente. Mergulhou o dedo na bebida e desenhou traços horizontais na mesa: “PERIGO, AFASTE-SE.”
Charles entendeu os sinais náuticos e ficou em alerta.
“Ouvi que o Sr. Charles busca a Terra da Luz. Por que não o vejo em nossos cultos?”
Ordem da Luz Divina?
Charles dispensou fingimentos e levantou-se para ir embora.
Sonny bloqueou seu caminho:
“Sr. Charles, é um extremista da nova doutrina? Estão equivocados. A única verdade está na doutrina antiga. A Terra da Luz é uma farsa. Devemos rezar e realizar rituais para o Deus Sol voltar.”
Charles não sabia como responder. Esses fanáticos certamente não basearam seus textos no Sol real.
“Não sou de sua igreja. Saia do caminho.”
Surpresa estampou o rosto de Sonny:
“Se não é crente, por que busca a Terra da Luz?”
“Parei de buscá-la. Adeus.”
O triângulo na testa de Sonny brilhou. Uma substância gelatinosa translúcida emergiu de sua roupa, envolvendo Charles.
“Que tal discutirmos isso em outro lugar?”
O rosto de Charles endureceu. Em um instante, seu revólver apontava para a cabeça de Sonny.
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