“Olhem! Tem um morcego gigante no céu!” Um grito alarmado do lado de fora do pub chamou a atenção de Dipp. Acompanhado por outros marinheiros tentando afogar suas mágoas em bebida, ele correu para fora para ver o espetáculo.

    “Hmm, por que esse morcego parece tão familiar?” Dipp segurava uma garrafa de licor com uma mão e coçava o pescoço com a outra.

    Quando o morcego desapareceu no horizonte, os marinheiros gradualmente voltaram para o pub. Apenas Dipp permaneceu do lado de fora. Ele se lembrou das palavras do vampiro cego sobre o capitão ter adquirido uma nova relíquia que lhe permitia se transformar em um morcego gigante. Aquele morcego no céu provavelmente era o capitão Charles.

    “O capitão está testando sua nova relíquia? Que legal. Eu também quero uma relíquia…” Dipp murmurou, sua voz carregada de inveja. Era difícil não sentir inveja, especialmente ao ver o capitão utilizando vários poderes graças às relíquias que possuía.

    Foi então que uma ideia brilhou em sua mente. Ele bateu as mãos em animação:

    “Eu juntei alguns Echo, não foi? Posso comprar uma relíquia também!”

    Olhando para o barulho vindo do movimentado pub ao lado, Dipp correu para dentro novamente. Uma onda de calor o envolveu. Ele estava novamente cercado por risadas altas e histórias de marinheiros bêbados, enquanto mulheres com roupas curtas passavam por ele. O ambiente estava extremamente animado.

    Dipp pulou em uma mesa de madeira e gritou sobre o barulho:

    “Ei! Alguém sabe onde posso comprar relíquias no Arquipélago dos Corais?”

    O silêncio tomou conta por um momento antes que um velho gordo, com nariz vermelho e um sorriso desdentado, soltasse uma risada e palavras de zombaria:

    “Olhem só, um garoto que mal consegue crescer uma barba quer comprar uma relíquia. Deve estar cansado de viver. Hahahaha!”

    O pub explodiu em gargalhadas, e o ambiente ficou ainda mais animado. Em uma mesa no canto da sala, onde a tripulação do Narval estava sentada, eles se levantaram com um barulho alto de garrafas, silenciando instantaneamente as risadas de zombaria.

    Os espectadores rapidamente desviaram o olhar de volta para seus copos. Afinal, ninguém ousaria arrumar confusão com membros de um navio de exploração.

    Sentindo que o ambiente havia esfriado, Dipp estalou os dedos na direção do bartender:

    “Amigo, uma rodada para todos. Por minha conta!”

    Os marinheiros no pub explodiram em comemoração, erguendo seus copos para brindar o jovem que havia sido alvo de suas piadas.

    Um marinheiro sem camisa tomou um gole grande de seu copo e disse em voz alta:

    “Meu amigo, tente sua sorte no Beco dos Capuzes. Alguns itens que nunca veriam a luz do dia são vendidos lá. Mas cuidado com os cães da polícia. As transações lá são ilegais.”

    “Obrigado!” Dipp pulou da mesa em animação. Acenou para seus companheiros no canto e correu para fora do pub.

    “Devemos seguir o garoto? Ele não vai se meter em encrenca de novo, né?” Conor perguntou aos outros.

    “Nah, está tudo bem. Ele sobreviveu àquela viagem à Ilha Cristal Negra. O que há para temer aqui? Se alguém ousar arrumar confusão com ele, nós simplesmente os matamos e jogamos ao mar,” respondeu Frey, acariciando de forma provocante as nádegas da anfitriã que servia sua mesa.

    Os outros membros da tripulação concordaram com a cabeça, continuando a se divertir no pub.

    Dipp já estava bastante familiarizado com a área do porto do Arquipélago dos Corais. Suportando o cheiro forte de peixe, ele passou pela área de secagem de peixes e chegou ao Beco dos Capuzes, estranhamente silencioso.

    Como o nome sugeria, todos no beco usavam mantos negros com capuz. Vestido em seu uniforme de marinheiro, Dipp se destacava como um dedo dolorido.

    Ele rapidamente se espremeu na multidão e observou com interesse enquanto as figuras encapuzadas retiravam itens escondidos debaixo de seus mantos e conversavam em voz baixa.

    “Ei, alguém tem relíquias? Alguém está vendendo relíquias?” O grito de Dipp chamou imediatamente a atenção dos outros no beco.

    Uma figura pequena se aproximou de Dipp e sussurrou em voz baixa:

    “Garoto, quanto você tem?”

    “Er… 30.000 Echo?” Dipp revelou suas economias.

    A figura encapuzada virou as costas imediatamente, cuspindo suas últimas palavras:

    “Tentar comprar uma relíquia com 30.000 Echo? Você acha que elas são como peixes no mar?”

    Desanimado, Dipp coçou o pescoço. Ele tinha economias maiores inicialmente, mas os vampiros da Ilha Cristal Negra o roubaram quando o sequestraram.

    “Você quer uma relíquia?” Uma voz soou repentinamente atrás de Dipp.

    Assustado, Dipp virou-se e viu uma figura encapuzada e rechonchuda atrás dele.

    “Quero dizer, eu queria. Mas só tenho 30.000 Echo.”

    “Fechado. 30.000 Echo então.” A figura encapuzada tirou uma pulseira de prata com uma espessa camada de calcificação de seu manto.

    “Sério? Você está disposto a vender para mim por 30.000?” Dipp ficou surpreso. A figura anterior havia zombado dele, dizendo que o valor era insuficiente.

    “Você quer ou não? Se não, estou indo embora.”

    Quando a figura fingiu ir embora, Dipp, de apenas dezesseis anos, não pensou muito em suas ações e concordou apressadamente com a transação.

    “Sim, sim, eu levo! Mas primeiro, me diga quais são os poderes desta relíquia.”

    “Ao usá-la, sua força aumenta. O custo é que você fica com mais sede.”

    Depois de testar a relíquia e confirmar as palavras da figura, Dipp pagou pelo item com um sorriso. Seu coração estava transbordando de alegria por ter conseguido um bom negócio.

    A figura encapuzada partiu imediatamente após receber o dinheiro. Navegando pelos becos sinuosos, ele se ajoelhou diante de uma porta.

    “Sumo Sacerdote, o item foi entregue. Confirmo que ele é membro do navio de Charles.”

    A porta de madeira se abriu, e Sonny saiu com um sorriso.

    “Depois que partirem, dê a outra pulseira para aquele homem. Já que ele não quer ficar do meu lado, vou garantir que ele não trabalhe para Kord também!”

    “Capitão! Capitão! Você está aí?” Dipp bateu insistentemente na porta do quarto de Charles, animado.

    Creek.

    A porta se abriu. Era um dos ratos marrons de Lily.

    O olhar de Dipp caiu sobre Charles, que estava sentado em uma cadeira em silêncio. Ele tremia, sua expressão distorcida, e seus punhos estavam cerrados, como se estivesse tentando se segurar para não explodir.

    “O que foi?” A voz de Charles soou incomumente rouca.

    Dipp era jovem, mas longe de ser burro. Claramente, a situação não era adequada para ele exibir sua nova relíquia.

    “N-nada. Por favor, descanse bem.” No momento em que Dipp se virou para sair, um morcego voou para o quarto com um pacote vermelho em suas mandíbulas.

    O morcego rapidamente se transformou em Audric, que segurava nervosamente o saco de sangue diante de Charles.

    “Capitão, isto é do hospital.”

    Com mãos trêmulas, Charles arrancou o pacote dele. Ele afundou suas presas no pacote e sugou avidamente o conteúdo. Sangue escorria pelo canto de sua boca. Naquele momento, ele parecia mais vampiro do que Audric, um vampiro de verdade.

    Dipp se aproximou de Lily, que estava em um canto. Incapaz de conter sua curiosidade, perguntou:

    “O que há de errado com o capitão?”

    O medo era evidente na voz de Lily:

    “O capitão foi procurar aquela irmã mais velha… Quando voltou, estava assim. Ele quase me mordeu agora há pouco.”

    Foi então que Dipp notou uma expressão de dor no rosto de Charles. Seus lábios tremiam, como se estivesse murmurando algo.

    Charles empurrou Audric para longe e cambaleou até sua escrivaninha. Ele abriu a gaveta, pegou uma geleia verde e pegajosa e a enfiou na boca.

    Envolto em suor frio, a respiração de Charles lentamente voltou ao normal. Parecendo exausto, ele gesticulou para os membros da tripulação:

    “Preciso descansar. Por favor, saiam.”

    Dipp e Audric saíram imediatamente do quarto. Olhando para a porta fechada atrás deles, Dipp virou-se para Audric:

    “Por que o capitão está sempre tão deprimido? Ele já tem um navio de exploração nessa idade, o que poderia perturbá-lo? Se eu tivesse meu próprio navio, estaria rindo até dormindo.”

    Audric balançou a cabeça, tentando se mover tateando as paredes.

    “Quem sabe. Mas se o capitão continuar assim, ele pode não aguentar por muito mais tempo. Você não acha que ele está começando a se parecer com aqueles loucos nas ruas?”

    Dipp lançou um olhar furioso para Audric:

    “Que bobagem você está falando! O capitão Charles é formidável, então isso não é possível! Se continuar menosprezando ele, não me culpe por ser rude!”

    Dizendo suas últimas palavras, Dipp virou-se e caminhou rapidamente em direção às escadas.

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