Capítulo 48: Liberando a Luz Solar
“Você sabe que essa coisa é como uma bala, não é? Some após um único uso.”
“Só preciso de uma. Consegue uma?” A voz de Charles transbordava urgência.
A bartender com tatuagem de caveira cruzou os braços e refletiu. “Hmm… Se é só uma… Deixe-me pensar…”
Alguns segundos depois, ela juntou as mãos. “Ah! Ouvi dizer que o Tubarão interceptou um carregamento recentemente, e havia Caixas de Espelhos entre os itens. Se precisa com urgência, posso vender uma por 40.000 Echo. Não pense que estou te enganando — essas coisas já são caras por natureza.”
“Sem problemas! Traga-me uma imediatamente.”
Vendo que Charles aceitou o preço tão facilmente, a bartender amaldiçoou mentalmente. Devia ter cobrado mais.
“Luna, acompanhe nosso amigo. Volto já.” No instante em que a bartender se virou para sair, uma jovem de trajes translúcidos rastejou pelo balcão em direção a Charles.
Por mais tentadora que a mulher diante dele fosse, era a ansiedade que dominava sua mente. Ele estava consumido por inquietação.
Normalmente, apenas a luz solar reduziria vampiros a cinzas. Porém, a luz do sol não era algo que se continha em uma caixa. A ilógica deste mundo subterrâneo já lhe apresentara muitas surpresas. Agora, ele já não estava tão certo dos fatos do mundo superficial.
“Ei~ Por que suas pernas tremem tanto? Está… se controlando?” A mulher de roupas leves sussurrou, aproximando-se para deitar em seu colo.
Irritado, Charles ergueu a mão com o anel de tentáculo e a afastou.
Vendo a oportunidade, Audric envolveu-a em sua capa. Com uma mão sobre sua boca, revelou suas presas vampíricas e as cravou em seu pescoço alvo. Seus pés descalços, fora da capa, contorciam-se sem parar.
A espera pareceu uma eternidade para Charles. Cada segundo passado era como dias.
A bartender retornou meia hora depois com uma Caixa de Espelhos nas mãos — uma réplica exata do esboço no pergaminho.
Charles não pôde esperar para abri-la.
“Espere! Capitão! Deixe-me sair primeiro!” Com os lábios manchados de sangue, Audric disparou para a saída.
De mãos trêmulas, Charles segurou a tampa da caixa enquanto sua respiração acelerava.
“Quer abrir agora? Está mesmo tratando um tesouro de 40.000 Echo como brinquedo?” A bartender arregalou os olhos.
Whoosh!
A caixa foi aberta, e uma luz cegante inundou o pub. A luz não era como o sol rigoroso do verão. Parecia o sol do inverno — quente, reconfortante, induzindo à sonolência.
Ao ser banhado por aquela luz, a ansiedade de Charles dissolveu-se, substituída por serenidade. Ele se deleitou com a sensação da luz solar acariciando sua pele. Nunca se sentira tão perto de casa.
A luz intensa veio e foi. Durou meros três segundos. O pub retornou à penumbra anterior.
O silêncio durou apenas um instante antes que o burburinho recomeçasse.
Um sorriso leve surgiu nos lábios de Charles ao aspirar o cheiro de ácaros mortos em suas roupas. Uma lágrima escorreu do canto de seu olho.
De fato, a caixa continha luz solar genuína — luz emanada diretamente do próprio sol. Era também o farol que guiaria seu retorno para casa.
“O amigo do Seadog é rico mesmo, tratando uma Caixa de Espelhos como brinquedo. Ei, precisa de uma mulher? Que tal eu?” A bartender retomou seu lugar e continuou a misturar drinques.
Com a Caixa de Espelhos nas mãos, Charles fungou e perguntou: “De onde isso veio?”
“Já não respondi? O Rei libera um lote a cada quinzena.”
“Não. Quero saber: de onde vem o que está dentro da caixa?”
A bartender parou de agitar o coqueteleiro, seu rosto tornando-se sério. “O que planeja? Quem tentou roubar os negócios do Rei acabou espetado e dado aos tubarões.”
“Não quero roubar seus negócios. Só quero a fonte dessa luz.”
“Não é a mesma coisa? Se estivesse no lugar dele, você diria? Sabe quanto o Rei lucra com isso? Como você é amigo do Seadog, te aconselho: não procure a morte.”
Porém, Charles insistiu: “Quando ele costuma aparecer?”
A bartender suspirou. “O Rei geralmente aparece no leilão. O próximo é em quinze dias.”
Os dedos de Charles tamborilaram rapidamente no balcão. “Ele é o rei de Sottom? Controla tudo aqui?”
“Sim. E não só Sottom. Seu poder é vasto. Possui uma frota de navios de cem metros, e até os piratas do Mar do Norte lhe obedecem. Governantes de ilhas pisam em ovos perto dele.”
Com expressão grave, Charles perdeu-se em pensamentos.
“Chega de enrolação. Pague.” A bartender exigiu, mãos nos quadris.
Ajudado por Audric, Charles retornou à sua cama. A dor do ferimento não bastava para distraí-lo de suas dúvidas.
Se esse Rei realmente tinha um caminho para a superfície, por que não subia? Por que permanecia neste mundo subterrâneo sem sol? Estaria explorando recursos da superfície para dominar o submundo? Ou talvez aquela luz nem viesse do sol?
Seja como fosse, Charles decidira encontrar o Rei. Era sua única pista.
Enquanto sua mente fervilhava, o Segundo Imediato Conor irrompeu no quarto.
“Capitão! Consegui informações sobre o velho com os locais!”
“O que disseram?” Charles apoiou-se na cama.
Conor hesitou. “Capitão, conseguir isso me custou caro. Poderia reembolsar…?”
“Sem problemas. Fale.”
“Certo. Os locais dizem que o velho está aqui há eras. Ninguém sabe quando chegou. Quando a maioria dos piratas veio, ele já curava doentes e feridos. Cura qualquer ferida, não importa o quão grave. Só isso. É um médico, e ninguém ousa perturbá-lo. Afinal, todos podem precisar dele.”
“Entendo…” Charles murmurou.
“Capitão, por que investigá-lo? Não é só um médico?”
“Não acha que falta um médico do navio no Narval?”
A boca de Conor abriu-se. “Você quer…”
O som da porta abrindo interrompeu Conor. Laesto entrou, mancando, e ordenou em tom monótono: “Tire as roupas. Hora de trocar o curativo.”
Ao receber o sinal de Charles, Conor saiu rapidamente.
Com sua mão metálica, Laesto arrancou as bandagens do peito de Charles, revelando feridas que deveriam estar cicatrizando — mas ainda sangravam.
“Correndo por aí gravemente ferido. Quer conhecer o ceifador?”
Laesto espalhou um pó negro sobre as feridas. Retirou a mão metálica, revelando uma ferramenta parecida com uma grampeadeira. Pressionou-a contra a carne.
Click! Click! Click!
As feridas foram fechadas com grampos metálicos. Charles não sentiu dor — apenas observou, fascinado, sua carne sendo unida.
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