Capitulo 7: A Entidade Oculta
’11 de janeiro, Ano 435
‘Nós finalmente chegamos. Toda essa honra é do Grandioso. Quando eu trouxer o artefato sagrado de volta, Eu vou poder ser batizado e se tornar um verdadeiro seguidor do nosso Lorde!’
Essa foi a ultima frase escrita no diário. Julgando pelo conteúdo, era claro que o capitão era um seguidor de Fhtagh. Não era difícil de adivinhar que os cultistas tinham enviado seus próprios membros antes de buscar ajuda de Charles.
Charles então instruiu sua tripulação a vasculhar os outros navios, e a situação foi mais ou menos a mesma. Os diários dos capitães todos relatavam seus últimos momentos de animação por terem chegado na ilha.
Em quanto Charles estava pensando, sem conseguir entender essa situação bizarra, o cozinheiro magro, Frey, entregou um a ele um diário, a ultima peça do quebra cabeça.
“Capitão. Da uma olhada nisso. Esse é um pouco diferente.”
Pegando o diário de sua mão, Charles folheou as páginas, e suas pupilas diminuíram para o tamanho de uma agulha. Palavras desordenadas enchiam as páginas do diário.
‘Cuidado! Não vá para ilha! A própria tripulação! Eles não são humanos! Eles querem comer a gente! Eu não quero ser comido! Eu quero voltar pra ilha! Segura! Ilha!’
As frases ilógicas misturadas de forma caótica indicavam o estado mental anormal do escritor. Todo mundo que leu o diário sentiu um calafrio vindo da espinha em quanto imaginavam o que esse capitão tinha experienciado.
“Gulp”
Dipp engoliu seco e levantou sua cabeça. Ele cuidadosamente observou seus companheiros dos quais passou dias em noite junto. O diário falava de perigos vindo da própria tripulação. Isso significava que tinha monstros espreitando entre eles?
Charles sabia o que Dipp estava pensando e bateu levemente na cabeça dele com o diário.
“Não pensa demais, a gente nem entrou na ilha ainda.”
“Capitão, a gente ainda vai entrar nela?” A voz de Dipp estava cheia de hesitação.
“É claro.” A expressão de Charles se tornou decidida. Não importa que tipo de perigos esperavam eles na ilha, eles não poderiam o impedir de achar o caminho de volta para casa. Mesmo se ele tivesse que encarar a morte, ele preferiria morrer no caminho de volta.
O S.S. Mouse lentamente se aproximou da praia arenosa, e a ancora enferrujada foi jogada para água. A Fumaça escura das chaminés se dissipou lentamente.
Depois de abaixar um pequeno barco de madeira até a água, os sete homens abordo se conduziram até a ilha.
Em quanto se aproximavam da ilha sinistra, Charles abriu uma caixa de madeira e distribuiu rifles e pistolas de pederneira. No fundo da caixa estavam pacotes de pólvora.
Ele especialmente tinha preparado mais armas de fogo em preparação para essa missão. Com armas nas mãos, todo mundo se sentiu mais confiante.
Os sete homens musculosos armados com armas de fogo saíram do pequeno barco e andaram através da praia até uma distante floresta.
Bom, eles chamaram de “floresta”, mas era só por falta de uma palavra melhor. Não tinha nenhuma folha verde em vista. As arvores pareciam apodrecidas. Andar pela floresta fazia com que eles sentissem uma sensação esquisita de como se estivessem andando por dentro de um corpo humano.
A tripulação sabia que sua missão era uma estátua dourada de Fhtagn. Usando as tochas acesas em suas mãos como iluminação, eles procuraram incansavelmente por qualquer coisa que brilhava em seus arredores, mas sem sucesso algum.
Depois de andar por algum tempo, eles chegaram a uma trilha de pegadas espalhada pelo chão. Vendo pegadas aparentemente humanas os ajudou a acalmar. Afinal de contas, um caminho trilhado significava um caminho mais seguro.
Talvez seus instintos estavam certos. O grupo de sete andou por cerca de duas horas sem nenhum acontecimento fora do comum.
Se sentindo com fome, eles decidiram parar e encher seus estômagos primeiro. Eles pegaram alguns gravetos do chão e acenderam uma fogueira. A atmosfera tensa foi se passando,
O cheiro de pão branco torrado encheu o ar em quanto a tripulação comia e se perguntava o que tinha acontecido com os indivíduos que sumiram.
“Você acha que monstros comeram eles? Tipo os montros os que tem no mar?”
“Não parece provável. Alguns navios eram de seguidores de Fhtagn. Você sabe já sabe disso, criaturas do mar raramente atacam eles. Acho que foi algo nessa ilha mesmo.”
Charles não se juntou a discussão. Em vez disso, ele estava vigiando os arredores. A estranha floresta era muito peculiar. Além dos sons que eles mesmo estavam produzindo, estava um silencio completo. Nem mesmo os chamados de insetos ou pássaros podiam ser ouvidos.
A falta de perigo em si já era estranha. Charles já tinha lido muitos relatos de Exploradores. Todos compartilhavam uma mesma ideia: Não existia uma única ilha segura no Mar Subterrâneo. As ilhas que atualmente eram habitadas por humanos tinham sido conquistas e asseguradas eliminando os seus perigos originais com grande dificuldade.
Levando o Arquipélago dos Corais como exemplo, quando humanos tiveram o primeiro contato com o arquipélago, eles perceberam que a ilha estava viva. Mais de vinte navios de exploração formaram uma frota e tiveram uma árdua batalha contra o coral gigante. Histórias foram passadas pra frente de quantas vidas foram sacrificadas nessa guerra para conseguir matar a ilha.
“Chega de conversa. Se apressem e terminem de comer, nós vamos continuar com a busca. Quanto mais tempo ficamos aqui, mais perigoso se torna.”
Ouvindo as palavras de Charles, a tripulação parou com sua conversa e acelerou a velocidade que estavam comendo. Depois de um pequeno descanso para recuperar suas forças, Charles e seu grupo continuaram em sua jornada.
Dipp andou até Charles e perguntou em um volume baixo, “Capitão, eu ouvi que quando voltarmos, a gente vai pegar um navio maior. É verdade?”
“Sim.”
“Maneiro! E daí eu vou poder ser igual os contramestres daqueles navios grandes que tem dezenas de marujos.”
Charles soltou um pequeno sorriso para o jovem entusiasmado. O quão bom é ser jovem onde você consegue ver a melhor resolução de qualquer situação…
Mas realmente, ele teria que recrutar mais marinheiros quando voltasse. S.S. Mouse era um barco pequeno, mas ainda era um pouco absurdo dela não ter nenhum marujo. 1
Depois de mais três horas andando, justo quando suas pernas estavam ficando doloridas da fatiga, a floresta se abriu e revelou uma estrutura de pedra enrolada em vinhas marrons.
A construção parecia arruinada do lado de fora, fazendo ser difícil de diferenciar se era um templo ou uma igreja. A porta de madeira que deveria estar na entrada não estava em nenhum lugar a vista, só um buraco levando para escuridão.
Charles puxou Bandagens e apontou para a entrada.
“Ta lá dentro?” Charles perguntou.
Bandagens hesitou por um breve momento antes de responder com um aceno com a cabeça, “Deve… deveria estar… eu não tenho… certeza… desculpa… minha memória não é muito boa…”
De qualquer forma, Charles decidiu entrar e dar uma olhada. Pelo menos, as pegadas no chão levavam diretamente para a entrada.
Ele se virou para seu segundo engenheiro e cozinheiro e disse, “Vamos. Nós quatro iremos entrar e dar uma olhada.” James e Frey concordaram e simultaneamente seguiram Charles até a construção.
A luz de suas tochas iluminava o interior do prédio. Comparado com seu exterior destruído, o interior era limpo e espaçoso. Nem mesmo uma partícula de poeira podia ser vista no liso e vermelho chão. Porém, as coisas nas paredes faziam qualquer um sentir calafrios em suas espinhas.
As paredes estavam decoradas com imagens grotescas de criaturas inimagináveis em formas tortas e entrelaçadas. Essas entidades bizarras pareciam uma cruza entre estrelas do mar com um polvo, tendo um corpo deformado e um único olho.
Pela linguagem corporal que seus membros contorcidos transmitiam, eles pareciam estar participando de alguma reza.
Porém, esses murais horrorosos não capturaram a atenção do grupo. Seus olhos estavam fixados em uma estatueta dourada no meio da sala. A estranha estatua humanoide com tentáculos era claramente Fhtagn, o deus dos Fhtagnistas.
- Nota: …[↩]
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