Capítulo 249: Eu Esperei por um Longo Tempo (1/3)
Alguns dias depois de Airen deixar o Reino Adan, uma criatura lendária apareceu na Casa do Visconde Stanton. A criatura tinha a cabeça de uma águia e o corpo de um leão. Bem, sua cabeça se parecia mais com a de um papagaio do que com a de uma águia, mas o ponto era que uma criatura rara e auspiciosa havia surgido no castelo.
Surpreendentemente, as pessoas reagiram com bastante calma. Lorde Stanton, os cavaleiros, os criados e os convidados olharam com admiração, mas não se acovardaram diante do enorme monstro voador.
Do grifo de aparência papagaiesca pulou uma gata preta carregando um saco. A gata olhou ao redor antes de soltar um grito animado ao encontrar seu alvo.
— Oh! Aí está você, Bill! — gritou a gata.
— Bom ver você, Senhorita Lulu — respondeu Bill.
— Hehe! Eu também estou feliz em ver você!
Lulu flutuou pelo ar e estendeu suas fofas patinhas. Bill Stanton, o encrenqueiro da Casa Stanton, também estendeu a mão, e os dois apertaram as mãos de um jeito adorável. Alguns amantes de gatos olharam com inveja. Mas ninguém encarou tão intensamente quanto Quentin Stanton, o chefe da Casa Stanton.
“Ele realmente tem uma conexão com Lorde Airen Farreira!”, pensou.
Embora todo o continente reconhecesse o nome, as pessoas do Reino Adan conheciam bem Airen graças à partida de campeonato na Terra da Provação e às notícias sobre o romance florescente entre Senhorita Illia e o mestre espadachim.
“Esse grifo deve ser de sua irmã e feiticeira Kiril Farreira, e essa gata deve ser… aquela criatura feiticeira chamada Lulu”, pensou Quentin, finalmente relaxando a guarda enquanto olhava para o filho.
Para ser honesto, ele não confiava nas palavras de Bill havia muito tempo. Afinal, como um encrenqueiro de trinta anos poderia ter uma conexão com alguém tão grandioso quanto Airen Farreira?
De fato, os rumores diziam o contrário. Quando Quentin ouviu que o encrenqueiro dos Stanton havia incomodado os Farreira, sentiu como se seu coração afundasse. Agora, diziam que os rumores não eram verdadeiros. Pelo contrário, seu filho estava dizendo a verdade o tempo todo.
“O que está acontecendo?”, pensou o Visconde Stanton, ainda incerto apesar da prova diante de seus olhos.
No entanto, sua surpresa não terminou ali. Do saco, a gata preta tirou um colar com uma joia azul e uma espada que parecia obra de um mestre.
— Obrigado por nos ajudar da última vez! Esses são artefatos que a Kiril fez. Este colar ajuda a manter a temperatura confortável para você. Além disso, desintoxica, detecta energia demoníaca e fornece um escudo mágico básico! — explicou Lulu, enquanto todos observavam.
— Oh, você não precisava… Hmph, e essa espada? — perguntou Bill.
— Essa espada? Também é um presente, claro! É do Airen. Foi feita por um ferreiro muito famoso! É realmente muito boa!
— Oh, é mesmo? Muito obrigado. Obrigado de verdade!
— Haha! Nós que devemos a você! Ah, e este é o meu presente! — disse Lulu, tirando um pedaço de ouro moldado na forma de um gato com um peixe se debatendo na boca.
Percebendo o tamanho da peça, Bill Stanton agradeceu novamente a Lulu, que riu animadamente antes de voltar para o grifo.
— Eu gostaria de ficar, mas tenho muita coisa para fazer. Preciso passar na Casa Lindsay e ver meus amigos gatos! — disse.
— Tudo bem! Eu também vou te visitar! — respondeu Bill.
— Certo! Estarei esperando por você! Tchau!
O grifo e a gata então partiram como o vento, enquanto as pessoas assistiam atônitas.
— Pai — chamou Bill, dirigindo-se a Quentin, que estava igualmente chocado.
— Hã…? Ah, sim — respondeu Quentin.
— Talvez eu não tenha honrado o nome da família, mas ao menos salvei sua reputação, não foi? — riu Bill orgulhosamente.
Por mais irritante que ele parecesse, o chefe dos Stanton não pôde repreendê-lo.
A Casa Stanton não foi a única a receber uma bolsa de presentes de Lulu. Os Lindsay também receberam presentes valiosos. Para Elisa, Lulu trouxe uma marca de perfume do Principado de Cezar, enquanto Joshua recebeu uma espada.
— Hm… — resmungou Joshua Lindsay.
Para ser honesto, ele não gostava de receber espadas. Mas não era porque não gostava delas. Pelo contrário, ele as amava tanto que a maioria não atendia aos seus padrões.
No entanto, a que ele segurava em mãos hoje era diferente. Perfeitamente equilibrada, com uma lâmina afiada, parecia incrivelmente útil, apesar de não ser muito bonita em design. Joshua percebeu que o ferreiro que a criou era, sem dúvida, muito habilidoso.
Mas isso não era tudo. Após observar a espada por um longo tempo, Joshua achou que reconhecia o artesão.
“Como Airen conseguiu encontrá-lo? Até mesmo os mestres mais experientes têm dificuldade em ganhar seu favor…”, pensou.
— Que irritante… — murmurou Joshua.
— Aff, do que você está reclamando agora? — disse a Condessa Lindsay, olhando para o marido com incredulidade.
Airen Farreira. Um único olhar para ele bastava para perceber que, embora fosse um mestre espadachim, era um completo novato quando se tratava de romance. Então, se ele preparou presentes não só para Illia, mas também para ela e seu marido, significava que ele estava se esforçando ao máximo. Claro, ele não veio pessoalmente, mas ela podia culpá-lo por isso? O jovem era o campeão da Terra da Provação e um mestre espadachim. Ele já estaria ocupado o suficiente recebendo convidados em casa. Ou talvez tivesse recebido um chamado do rei.
“Meu Deus, ele ama a filha dele ou não? Ele realmente quer que Illia nunca se case?”, pensou Elisa, balançando a cabeça.
Joshua Lindsay observava com um biquinho, uma visão que chocaria a maioria daqueles que o conheciam como o carismático chefe da casa. Para ser justo, esse era seu verdadeiro eu.
Nem Joshua, nem Elisa, nem os criados se importaram e continuaram com seu dia até que…
— Mamãe, papai — chamou Illia ao invadir o cômodo.
— Sim, minha filha… hã? O que há com essa roupa…?! — perguntou Joshua.
— Preciso fazer uma visita ao Reino Heyle — declarou Illia.
— O quê? Espere…
Mas antes que Joshua pudesse dizer qualquer coisa, Illia saiu rapidamente, deixando o chefe da casa olhando perplexo em sua direção.
Claro, ele não ficou paralisado por muito tempo. Assim que voltou a si, correu atrás da filha. No entanto, foi em vão.
— Eu retornarei em breve.
— O quê? Hã? Espere! Espere!
Whoooosh!
Illia Lindsay pulou no grifo e alçou voo com Lulu. Nem mesmo Joshua Lindsay, um dos dez melhores espadachins do continente, poderia competir com aquela velocidade.
— Desculpe, papai — murmurou Illia ao ver seu pai ficando cada vez menor.
Mas ela não podia evitar. Quando recebeu a carta de Airen, sentiu que precisava ir ao Reino Heyle imediatamente. Não importava se Airen não estava em casa naquele momento. Ele voltaria em breve. Tudo o que ela precisava fazer era esperar.
— Eu não vou esperar por você. Você é quem deveria esperar — murmurou Illia Lindsay, os olhos cheios de afeto.
“Que medo!”, pensou Lulu silenciosamente.
Algum tempo atrás, poucos dias depois que Airen Farreira e sua comitiva deixaram a Casa Lindsay, os três decidiram seguir a pé em vez de montar no grifo ao chegarem à região central. Tudo graças a um comentário de Airen.
— Não teremos outra chance como esta por um bom tempo quando voltarmos para casa. Então, vamos aproveitar — disse ele.
Airen sabia que, ao contrário de Kiril, que cuidou dele durante toda a jornada, ele não lhe havia dado muita atenção. O fato de terem acontecido muitas coisas era apenas uma desculpa.
“Deveria tentar visitar lojas que Kiril possa gostar e talvez parar em alguns festivais”, pensou Airen.
Embora sua oferta não fosse nada tão especial, Kiril não conseguiu conter as lágrimas com suas palavras. Como poderia não se emocionar ao ver seu irmão, que passou dez anos enclausurado em seu quarto, crescer tanto a ponto de cuidar dos outros?
Embora alguns pudessem argumentar que o que Airen fez não era nada impressionante para alguém na casa dos vinte anos, Kiril não pôde deixar de se emocionar. De fato, isso a alegrou mais do que ele se tornar um mestre espadachim.
O mesmo valeu para Lulu. Como feiticeira e mentora, estava orgulhosa de Airen por finalmente dar os primeiros passos para crescer e fazer o que todo ser humano precisa fazer depois de passar por tantas experiências recentes.
— Ótimo!
— Vamos fazer isso!
— Hm, deveríamos escolher alguns presentes para nossos pais no caminho? Ah, definitivamente precisamos levar algo para Marcus.
— Boa ideia!
— Concordo! Eu também quero alguns presentes!
— O que você quer, Lulu?
— Não sei! Só quero algo!
— Você vai me dar alguma coisa também, né, Airen?
— Hm… desde que não seja muito caro…
— O quê?!
— Brincadeira.
Até mesmo a maneira como Airen sorriu e fez piada emocionou Kiril, que tentou manter a expressão séria enquanto assentia entusiasmada.
Assim começaram quinze dias de viagem repletos de alegria e significado para Airen. Eles caminharam pelas ruas e conversaram. Procuraram restaurantes famosos. Às vezes se decepcionavam, outras vezes se surpreendiam. Embora não tivessem feito nada grandioso, foi exatamente essa alegria mundana que Airen mais precisava.
Claro, isso mudaria com o tempo. O coração de Airen finalmente começaria a crescer através de inúmeras experiências e amizades.
Por fim, Airen e seu grupo chegaram à querida e acolhedora propriedade Farreira. Haviam se passado exatamente dois anos. Após retornar de uma jornada que não foi curta de forma alguma, Airen estava mais do que pronto para reencontrar seus pais.
Infelizmente, não pôde ir direto à morada deles.
— Seu pestinha! Você, você, você!! — gritou alguém.
Airen não pôde deixar de se sentir incrivelmente culpado ao encarar o homem baixo, mas robusto, parado na rua. Havia se esquecido completamente dele.
Infelizmente, o outro não havia esquecido.
Vulcanus, o ferreiro anão, lançou um olhar assassino ao jovem antes de avançar contra ele como um javali enfurecido.
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