Capítulo 275: O Maior Especialista (3/3)
— Hmm, então foi isso que aconteceu?
— Sim, senhor.
— Ho, isso supera minhas expectativas. Ou talvez aqueles dois se deem melhor do que eu imaginava…
— Acho que sim.
Diante de Ian, o diretor da Academia de Esgrima Krono e um dos três lendários espadachins do continente, estava Brett Lloyd, um prodígio que se tornou mestre espadachim aos vinte e um anos.
Era desnecessário dizer que Ian estava além de surpreso ao saber que Judith havia derrotado seu próprio aluno, um jovem que não apenas superou desafios em um curto período, mas foi além do esperado.
Além disso, Judith ainda era uma especialista.
“Bem, isso não se trata de ser especialista ou mestre”, pensou Ian, assentindo.
Ele sabia melhor do que ninguém que esses padrões não se aplicavam a Khun. Provavelmente, também não se aplicavam a Judith. Sabia que ela não seguiria um caminho tradicional ao se tornar aluna de Khun.
Mas…
“Eu não sabia que ela cresceria tão rápido. Quase me sinto envergonhado”, pensou.
Ian era amplamente aclamado como o melhor instrutor de esgrima do continente. E, no entanto, ali estava Judith, crescendo exponencialmente assim que o deixou, em menos de um ano.
Balançando a cabeça, ele tomou um gole de chá.
Aquilo o fazia se sentir estranho.
Embora devesse estar feliz por sua ex-aluna alcançar novos patamares, e estava, também se sentia inquieto ao imaginar o rosto de Khun. Muitos acreditavam que Khun ainda estava obcecado com Ian, mas isso era coisa do passado. Atualmente, Ian se via cada vez mais obcecado com Khun.
No entanto, seus pensamentos pararam por aí. Colocando a xícara de lado, Ian fitou Brett, se perguntando como seu aluno deveria estar se sentindo ao relatar sua derrota, talvez uma derrota humilhante contra uma especialista, com tanta calma.
— Eu acho… — começou Brett.
— Você acha…? — ecoou Ian.
— Eu acho que ela é digna de estar comigo, alguém que herdará a Casa Lloyd um dia. Ela me vê porque é uma mulher incrível — respondeu Brett.
— Claro, não pretendo pegar leve com ela. É por isso que voltei para a academia. Pelos próximos um, não, dois anos — continuou ele, erguendo dois dedos.
Ele olhou para Ian de um jeito que alguns poderiam considerar arrogante.
— Vou mostrar a ela o meu melhor — declarou, altivo como o nobre que era.
— Prepare-se, diretor. Não posso permitir que fique chocado demais com o meu crescimento rápido.
— Vejo que você enlouqueceu desde a última vez que nos vimos.
Ian sorriu. Brett sempre fora assim. Sempre que enfrentava desafios, tentava se manter orgulhoso e paciente, a ponto de, às vezes, parecer ridículo. No entanto, Ian não achava isso ruim.
Brett havia encontrado uma forma de combater sua própria ansiedade. Certamente, ele se destacava como o mais confiável entre seus colegas, sendo o primeiro de sua turma a receber a placa de graduação, muitas vezes referida como a geração dourada.
— Muito bem. Farei o possível para acompanhar Brett Lloyd, o gênio — disse Ian com um sorriso.
Embora Brett já tivesse se formado, ainda era seu aluno, e um aluno talentoso. Como poderia não ficar satisfeito ao vê-lo pedindo ajuda?
— No entanto, preciso atender outro convidado que chegou antes — acrescentou Ian.
— Outro convidado…? — repetiu Brett.
— Sim. Uma aluna que eu pensei ter partido há muito tempo aparentemente quer me ver e lutar comigo. Ela deve estar chegando a qualquer momento, não, já a vejo.
— Que aluna ousaria… — murmurou Brett, se perguntando quem ousaria desafiar Ian, antes de fechar a boca.
Ele pôde sentir a energia quente e carmesim. Antes que pudesse evitar, virou-se na direção dela. Sem querer, murmurou um nome, ao que Ian riu e assentiu antes de se levantar.
Brett não teve escolha senão segui-lo até o campo de treinamento.
— Faz tempo — saudou Ian.
— Há quanto tempo, senhor — respondeu a mulher.
— Espero que não se importe de ter uma plateia.
— Não me importo, mesmo que sejam mais.
— Isso não daria certo. Você assustaria a maioria deles, mas não este aqui.
O diretor Ian sorriu para seu aluno. Ignet Crecensia também se virou para ele.
Sentindo-se envolto em chamas, Brett recuou meio passo antes de dar mais alguns.
— Não estou recuando por me sentir pressionado — murmurou.
— Apenas dei um passo atrás para não atrapalhar a luta. A plateia deve ficar nas arquibancadas. Hmph, claro.
Ignet virou-se para longe.
Ian também desviou o olhar de Brett. Em vez disso, os dois se encararam como se fossem as únicas pessoas no mundo.
Woosh!
Screeech…!
Com um som estridente, uma luz branca ofuscante disparou trinta metros para o céu antes de se comprimir. O fogo que envolvia a lâmina se solidificou.
As duas espadas pareceram desaparecer antes de se chocarem no centro do campo de treinamento.
Booom!
Um estrondo ensurdecedor preencheu toda a academia.
— Hmph, talvez eu devesse ter levado essa luta para fora da academia — comentou Ian, nostálgico, enquanto Ignet Crecensia deixava o campo de treinamento uma hora depois, deixando-o em ruínas.
O espaço estava mais destruído do que a própria Ignet, que havia perdido a luta. Ian não sabia por onde começar, não que isso importasse.
Com um sorriso, ele se virou para ver seu aluno, que parecia ligeiramente tenso.
— E então? — perguntou.
— Incrível, mais do que até mesmo Airen ou Illia — respondeu Brett com honestidade.
Embora nunca tivesse subestimado Ignet, ele também nunca a considerara tão excepcional, acreditando que os dois gênios que conhecia poderiam facilmente estar no mesmo nível que ela.
Agora, ele mudara de ideia. Estava errado sobre ela. Havia uma razão por trás de sua reputação. Fechando os olhos, Brett relembrou a luta que acabara de presenciar.
Mesmo de olhos fechados, não havia escuridão. Recordando-se da espada flamejante e deslumbrante de Ignet, ele abriu os olhos e disse:
— Não acho que seja algo que eu não possa almejar alcançar.
— Mesmo? — perguntou Ian.
— Sim. Foi uma grande inspiração — respondeu.
Ele estava blefando, mas não era um tolo. Como alguém que já superou muitos momentos de desespero, sabia que também poderia superar esse.
“Ela é alguém digna de ser chamada de sol, mas…”
Ele podia alcançá-la. Se permitisse que os eventos de hoje despertassem a onda dentro de seu coração, se deixasse essa onda alcançar o céu, ele conseguiria. Ainda não podia desistir.
Com um sorriso, Brett Lloyd fez uma reverência e disse:
— É um prazer trabalhar com o senhor novamente.
— Hmm — murmurou Ian, assentindo enquanto observava seu aluno.
Ele também não achava que Brett cairia em desespero. Afinal, não teria permitido que ele assistisse à luta se achasse que isso o faria perder a vontade de lutar.
Mas nunca imaginou que Brett reagiria com tanta calma.
“Parece que terei que aceitá-lo”, pensou Ian, observando Brett se curvar.
Sempre tentara ser justo com todos. Afinal, seus alunos já se angustiavam o suficiente com as diferenças de talento entre eles. Imagine como se sentiriam se Ian começasse a fazer distinções entre eles? Nada seria mais trágico do que um aluno perder sua determinação.
No entanto, ele não podia evitar sentir algo a mais por Brett em comparação com os outros alunos. Ele era diferente. Talvez isso tenha sido definido no momento em que escolheu a espada da água.
— O prazer é meu — disse Ian com um sorriso suave enquanto olhava para Brett Lloyd.
O aluno havia crescido muito desde que Ian o conhecera. Se quisesse ajudá-lo a se tornar um oceano, teria que ensiná-lo muito.
“Talvez isso seja uma competição entre Khun e eu”, pensou Ian, embora não dissesse isso em voz alta.
Afinal, seria infantil demais para um velho que já passava dos noventa anos. No entanto, não podia evitar. Era assim que as coisas eram entre ele e Khun.
Pensando em seu velho rival e em sua ex-aluna que o deixara, Ian encarou Brett Lloyd, que o olhava com confiança enquanto desembainhava sua lâmina e iniciava sua lição.
— Hah!
— Hiya!
— Haaa!
Swoosh! Swoosh! Wooosh!
Resumindo, Brett cresceu exponencialmente depois de assistir à luta de Ignet Crecensia. No entanto, não foi a esgrima dela que impulsionou seu crescimento, nem foi o Diretor Ian de Krono, o maior mentor do continente. Embora ambos tenham ajudado, o verdadeiro gatilho para seu crescimento foi uma carta curta de Judith, sua amada.
“Se você está se sentindo para baixo só porque perdeu para mim uma vez, então você já está morto. Treine mais. Se ganhar da próxima vez… eu te deixo pedir qualquer coisa.”
— Qualquer coisa… — murmurou Brett baixinho, cerrando o punho com tanta força que quase quebrou a empunhadura da espada azul, o tesouro de Drukali. Seu aperto então se transformou em uma paixão ardente que ninguém poderia deter.
Ele sempre fora um dos alunos mais diligentes da Academia de Esgrima Krono, mas mesmo seu eu passado empalidecia em comparação com quem ele se tornara após a carta de Judith.
— A juventude… — comentou Keira Finn, balançando a cabeça.
Ian permaneceu em silêncio.
Sentindo-se perdido e levemente traído pela primeira vez em muito tempo, disse a Brett:
— Que tal treinarmos juntos hoje?
— Hã? — questionou Brett.
— O quê? Não quer?
— Sim, senhor, mas… — murmurou Brett Lloyd, sentindo um leve receio ao ver o olhar misterioso de Ian.
Ahmed, o antigo instrutor de treinamento, sorriu ao observar a dupla discutir, apesar de se darem tão bem.
Meio ano depois, um homem partiu rumo à propriedade Farreira.
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