Capítulo 332: Crescimento Mútuo (7/7)
— É impossível para vocês me alcançarem em um curto período. No entanto…
— Se for daqui a cinco anos, ou dez, ou talvez até um pouco mais de tempo, as coisas podem ser diferentes.
Quando a voz calma de Ignet Crecensia ecoou, os outros quatro ficaram surpresos.
A expressão de Illia Lindsay mudou drasticamente. A Capitã dos Cavaleiros Negros que ela conhecia jamais demonstraria fraqueza.
Uma pessoa esperada não apenas para superar seus contemporâneos, mas também os espadachins veteranos com feitos lendários. No entanto, ela já havia alcançado os Dez Melhores Espadachins e era vista como alguém que poderia se equiparar aos Três Grandes Espadachins dentro de dez anos.
Mas suas palavras reconheciam aqueles que começaram depois dela.
Diante de seu comentário inesperado, todos ficaram em silêncio, e a quietude se prolongou por um tempo.
Havia apenas uma pessoa que poderia romper aquela atmosfera pesada. Sorrindo mais uma vez, Ignet voltou a falar.
— Para ser honesta, eu não conseguia entender. Há um ano, vi vocês enfrentarem os lutadores mais fortes do continente. Fiquei surpresa, e foi interessante. Nunca imaginei que me voltaria para olhar aqueles que estavam atrás de mim, mas continuei a lançar olhares para vocês. Mais do que para os Três Grandes Espadachins que me derrotaram completamente ou até mesmo para os Dez Melhores Espadachins.
Os outros permaneceram quietos, esperando que ela continuasse.
— Mas foi só isso. Meus passos eram mais rápidos que os de vocês, então não havia senso de urgência. Parece correto dizer que era apenas um divertimento para mim. Mas…
— Vocês superaram minhas expectativas.
Um ano depois, quando os encontrou novamente, Brett Lloyd, Judith, Illia Lindsay… e Airen Farreira estavam em níveis mais altos do que antes.
O novato de cabelos azuis mal havia cruzado o limiar de Mestre e já criava ondas grandes o suficiente para cobrir o céu.
E aquela que abrigava chamas incontroláveis conseguiu dominá-las. Sua técnica ainda era rude e selvagem, mas encontrou um caminho que lhe convinha, alcançando com sucesso o sol.
A espadachim de cabelos prateados não era diferente, e o herói de cabelos dourados também.
Todos encurtaram a distância. Todos cresceram de maneira tão grandiosa que ameaçavam sua fortaleza. Talvez fosse por isso que ela não apareceu imediatamente no banquete, porque ainda não havia compreendido claramente por que a diferença entre eles diminuiu.
— Isso significa que agora você entende? — Brett perguntou.
— Sim. — Ignet assentiu, e os outros a observaram com olhos atentos. Diferente de antes, não havia mais silêncio. Sem demora, a Capitã dos Cavaleiros Negros declarou: — Crescimento mútuo.
Os outros a olharam com curiosidade.
— Cada um de vocês compensa uma área em que o outro é deficiente, vocês incentivam os pontos fortes uns dos outros e juntos alçam voo.
Essa era a parte que Ignet menos compreendia. Ela venceu Airen Farreira na final, mas foi uma vitória completamente diferente do que esperava. Foi acirrada. Considerando o duelo de um ano atrás, era um resultado impossível, uma diferença inacreditável.
Por quê?
Uma diferença no esforço?
Não.
Ignet não podia afirmar que havia treinado mais ferozmente. Ela conhecia a verdade. Já reconhecia que Airen não perdia para ninguém em persistência e paixão. Mas também tinha orgulho de ter trabalhado mais do que qualquer um no Reino Sagrado, então acreditava que não haveria uma diferença significativa entre seus níveis.
Uma diferença no talento? Também não era isso.
Pelo contrário, ela era superior. Em termos de talento, não lhe faltava nada.
Não, em nenhum aspecto ela era deficiente. Seja em relação ao físico ou à força mental, não importava o fator, ela era a melhor.
Com essa confiança, nunca se conectou verdadeiramente com ninguém. Nunca reconheceu suas próprias falhas e fraquezas; em vez disso, tentou escondê-las e apenas exibir suas forças diante dos outros.
Essa era a diferença entre ela e os outros quatro, e Ignet Crecensia finalmente entendeu.
— Agora, eu temo vocês. Não sinto apenas a simples alegria de ver o crescimento dos mais jovens. Sinto ansiedade por saber que podem me superar a qualquer momento, medo de que eu não consiga alcançar o topo.
Os quatro absorveram suas palavras.
— Estou revelando esses pensamentos vergonhosos e fracos, sem me esconder, por causa de vocês.
Fechando os olhos, Ignet recordou imagens dos quatro. Viu como se incentivavam e se apoiavam mutuamente. Eles se amavam e se prezavam, esforçando-se para subir cada degrau juntos.
Após as lutas, não exibiam arrogância. Em vez disso, mostravam suas versões cruas e imperfeitas para todos que encontravam, ao mesmo tempo em que se consolavam. Mesmo quando tropeçavam momentaneamente, havia sempre alguém ao lado para estender a mão, e seguiam em frente juntos.
Ignet viu apenas alguns desses momentos brevemente, mas, estranhamente, conseguia vislumbrar todo o caminho que os quatro espadachins haviam percorrido. Ela os viu ficarem mais fortes enquanto conversavam calorosamente entre si. Era como um momento mágico.
Por fim, abriu os olhos e olhou para frente. Os quatro mais jovens a encaravam com olhares profundos e intensos.
A Capitã dos Cavaleiros Negros do Reino Sagrado se curvou diante deles. — Achei que havia me esforçado o suficiente para escapar da autossuficiência, mas não foi fácil. Seja com pessoas que considerei próximas ou com aquelas que nada tinham a ver comigo… não é simples se abrir assim. Agora, vocês são os únicos para quem posso mostrar meu lado mais frágil.
Ela fez uma breve pausa e, então, olhou para eles com sinceridade. — Por favor, deixem-me conversar com vocês para que eu possa aprender a me comunicar de forma honesta e sem reservas… Vocês me permitirão fazer isso?
Enquanto todos pareciam bastante sérios diante dessa cena inesperada, Airen Farreira lembrou-se de um incidente de dois anos atrás.
Foi depois da luta entre Joshua Lindsay e Ignet Crecensia. Naquela época, ele não sabia por que aquelas palavras a haviam iluminado.
Agora ele entendia.
Ignet Crecensia estava verdadeiramente pronta para superar sua única deficiência: tentar ser perfeita sozinha.
Airen Farreira foi o primeiro a abrir a boca. — Devo começar contando minha história de quando eu tinha quinze anos…?
Era uma história que ele já havia contado várias vezes para seus amigos. Até mesmo já a havia contado uma vez na frente de Ignet Crecensia. Mas ninguém se incomodou, e Ignet ouviu suas palavras. Sua expressão era bem diferente da que exibia em Derinku ou no Reino Lavaat, onde o Diabo Bufão estava escondido.
Depois de um longo tempo, a história de Airen chegou ao fim, mas a conversa não. O próximo a falar foi Brett Lloyd.
— Hmm, pode haver muitas partes que se sobrepõem à história de Airen, mas devo começar de quando eu era um aprendiz preliminar?
Nascido como um nobre de alta classe, a história de Brett Lloyd não era muito diferente da de Airen. Sua voz estava repleta de ciúmes mesquinhos, raiva desnecessária e frustrações fúteis. No geral, suas falhas se destacavam mais do que suas qualidades.
Mas, apesar disso, ele não desistiu. Ele reconheceu honestamente suas deficiências, buscou ajuda e, às vezes, também ajudou os outros. Foi assim que chegou até ali.
— Hmm. — Ignet assentiu. Então, seu olhar se voltou para Illia Lindsay.
Illia riu baixinho e começou sua história. — Quando eu tinha sete anos…
Ela contou a dolorosa história que a marcou diante da inimiga que a queimou. Compartilhou mais detalhes do que no passado, revelando quem era em sua essência e tocando em seus lados sombrios sem esconder nada.
Mas ela estava bem. O desejo de esconder tudo já não existia mais. Illia percebeu isso, e Ignet também. As duas criaram uma conexão mais profunda do que com as histórias de Airen e Brett, e esse sentimento continuou com a história de Judith.
— Ah, droga. Não sou boa nesse tipo de coisa…
Mesmo dizendo isso, Judith se esforçou ao máximo para dar o máximo de detalhes possível. Ignet, que fechara os olhos por um momento, ouviu todas as histórias, refletindo e absorvendo cada uma delas em seu coração. E, finalmente, começou a contar a sua própria.
— Eu também comecei em um beco sem nome dos cortiços.
A expressão de Airen mudou. Ele já ouvira sobre o passado de Ignet uma vez. Lembrou-se do campo de treinamento no Reino Lavaat. Talvez seu coração tenha começado a mudar naquela época, e agora estivesse florescendo.
Talvez, para provar que sua suposição estava correta, a história tomou um rumo diferente. Dessa vez, Ignet incluiu seus próprios pensamentos, como se sentiu na época, o que pensava, e o que pensa agora sobre tudo aquilo.
Ela até tocou no que lamentava, no que temia, no que a machucou e em quais eram suas fraquezas. Foi uma história mais honesta do que antes e muito mais difícil de contar.
Ignet finalmente revelou tudo para eles, sem esconder nada.
“Ela desceu”, pensou Airen.
Ignet estava descendo de sua posição intocável no alto do céu.
Alguns poderiam considerar isso uma regressão e dizer que seu passado solitário, mas forte, era mais adequado para o trono. Mas, para Airen, sua atual postura parecia muito melhor.
“Agora ela parece maior do que antes. E mais calorosa também.”
O sol que brilhava mais perto fez Airen sorrir.
“Ela será ainda mais incrível agora.”
Quando a história chegou ao fim, o mesmo pensamento passou pela mente dos quatro, mas nenhum deles se assustou com isso. Eles não podiam dizer que nunca haviam se sentido diminuídos pelo crescimento de outra pessoa ou que nunca sentiram ciúmes do sucesso de alguém.
Talvez ainda sentissem.
Mas ninguém ali era tão fraco a ponto de se perder nesses sentimentos.
Os cinco jovens ouviram as histórias uns dos outros, compartilharam seus pensamentos e renasceram. Tornaram-se pessoas melhores por causa disso. Enquanto a noite escura passava, a manhã chegava, e o momento da despedida se aproximava.
— Obrigado. Nunca esquecerei a ajuda de vocês hoje.
— Eu também aprendi muito.
— Hmm, vamos continuar nos encontrando no futuro. Se tivermos tempo.
— …Vamos apenas lutar com mais frequência.
Airen, Brett e Judith falaram em sequência. Illia apenas assentiu.
Ignet perguntou — Você não tem nada a dizer?
— Não, nada. Já disse tudo.
— Entendo. — Ignet disse. — Ah, aliás. — Ela fez um gesto para que Airen se aproximasse.
“O que é isso, de repente?”, ele se perguntou.
Airen inclinou-se obedientemente, e os outros o observavam com olhares curiosos. Como haviam compartilhado todo tipo de coisa abertamente, seu interesse foi despertado. Mas não era exatamente uma conversa que Ignet queria ter.
Smooch.
— Hã?
— Eh?
Depois de beijar a bochecha de Airen, Ignet rapidamente se afastou e olhou para Illia, não para ele.
Com um sorriso travesso, disse — Já que você disse que abraçar e beijar Airen te ajudava a recuperar energia… decidi tentar também.
Illia ficou sem palavras.
— De fato, o efeito não é ruim.
Whoosh!
E, com isso, a Capitã dos Cavaleiros Negros desapareceu rapidamente.
— De fato, o maior talento de nossa época. Aprendeu a se conectar mais rápido do que qualquer um. — Brett murmurou.
— Cala a boca.
— Sim, minha senhorita.
Enquanto Illia rosnava para Brett, apenas o inocente Airen precisava se preocupar com o humor de sua amada.
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