Capítulo 336: Uma Aposta com o Demônio (1/2)
— Oh, criança. Pobre e lamentável criança — disse o Diabo Bufão, quase cantando enquanto consolava a figura diante dele.
Finalmente livre da luz, o demônio se encolheu, curvando a cabeça profundamente enquanto a canção do Diabo Bufão ecoava sem parar em seus ouvidos.
“Ele se tornou utilizável.”
O Diabo Bufão sorriu, satisfeito. Ele sabia. Não havia como esse homem derrotar Ignet. Esse resultado era exatamente o que o Demônio do Coração queria desde o início.
Absorvendo a frustração intensa e profunda do espadachim, as feridas do Diabo Bufão se curaram instantaneamente.
— Haaa… Muito bom. Muito bom. Oh, meu Deus. Não trema. Vou continuar cantando para você. — O Diabo Bufão sorriu ao tocar o cabo da espada do homem.
“Um corpo forte e uma mente tão insignificante… Nada se compara…”
Não havia material melhor para moldar. O espadachim humano, não um demônio, se tornaria sua obra-prima, vagando pelo continente ao lado do recém-nascido Rei Demônio.
Boom!
— Ai, ai!
Fragmentos de aura passaram zunindo por ele, fazendo o Diabo Bufão gritar. Depois de olhar para o espadachim, ele se certificou de manter distância dos dois seres travando uma batalha feroz, mas não desviou os olhos.
Embora o Demônio do Coração fosse impressionante, Ignet Crecensia também era notável. Vê-la rasgar a escuridão com uma espada que brilhava como o sol lembrou o Diabo Bufão dos contos sussurrados entre os demônios.
“Causar o caos no mundo humano, mas nunca destruí-lo, esse é o destino que os outros seres devem aceitar.”
Sempre que surgia uma grande crise, um herói se erguia para detê-la. Essa mensagem ecoava nos mitos e lendas humanas.
Mas desta vez era diferente. O atual Rei Demônio, apesar de ser um demônio, havia nascido no reino humano.
— Adeus, Paladina.
O Diabo Bufão sorriu mais uma vez, sentindo as rachaduras em sua máscara se reparando.
Clang! Clang!
Boom!
O som do metal e das explosões ecoava por todos os lados. Reforçada por feitiçaria, Ignet brandia sua espada ferozmente, lançando sete auras em forma de crescente. Mas seu ataque foi ineficaz. O Demônio do Coração desviou de quatro movendo-se para o lado, defletiu duas com os braços e pegou a última com sua boca escancarada.
Ele mastigou e cuspiu com força, os fragmentos de aura disparando ferozmente contra Ignet. Mas não a atingiram. Em vez disso, ela apareceu por trás.
Rapidamente, o demônio recuou, e a lâmina vermelha desceu como um meteoro sobre seu braço erguido.
Crack!
Ignet não conseguiu cortá-lo. No entanto, sua espada ficou profundamente cravada. Sorrindo com superioridade, ela puxou a lâmina, pronta para atacar novamente.
Mas não conseguiu. Tentáculos emergiram instantaneamente das feridas e se enrolaram em torno de sua aura. Eles sangravam e se rompiam sem parar enquanto tentavam agarrar a espada e tomá-la. O Demônio do Coração riu, observando a luta.
De imediato, Ignet soltou a espada. Com a mão esquerda, atingiu o pescoço do adversário e, com a direita, fingiu puxar algo. Então, surpreendentemente, uma espada feita de luz surgiu do chão vazio.
Ela a cravou no torso do demônio.
— Nng!
Hush!
— Kkueuh?
Ela a empurrou incansavelmente.
O demônio gemeu de dor. Ignet sorriu zombeteira, olhando para sua espada. Agora que a luz o enfraquecera, ela poderia recuperar sua lâmina.
Bam!
Ela deu um chute violento no Demônio do Coração, usando o impulso para recuar ainda mais. Mas o demônio não se importava com o que Ignet fazia, pois estava focado em outra questão.
Rip!
Uma mão repulsiva emergiu da ferida causada pela espada, destruindo a lâmina sem aura antes que Ignet pudesse agarrá-la. Sua expressão se contorceu em desagrado.
Outro estalo alto soou, e mais tentáculos apareceram. Eles se expandiram, se contorceram e se retorceram ruidosamente enquanto arrancavam completamente a pele e as roupas do sacerdote.
Ignet observou enquanto o demônio se desfazia de sua pele antiga e o corpo de um homem grande e robusto emergia.
E ela o reconheceu.
— …Khun?
— Me chame de Demônio do Coração.
Boom! Bam!
— Agh…!
Uma cratera imensa surgiu quando o Demônio do Coração avançou contra ela em uma carga intensa, a explosão devastadora. Ele desferiu um soco brutal, e Ignet tentou se defender com a Espada do Céu. Mas o impacto colossal a atingiu em cheio, e ela soltou um gemido de dor.
Uu-ung!
Uu-ung! Uu-ung! Uuung!
Enquanto era lançada para trás, ela ergueu a palma da mão esquerda. Esferas brilhantes brotaram do território luminoso e dispararam contra o Demônio do Coração.
Funcionou, mas não muito bem. O Demônio do Coração franziu a testa e balançou a mão, fazendo as esferas de luz explodirem.
Atordoada, Ignet murmurou:
— O que é isso…?
As esferas tinham pouco efeito contra humanos, mas contra demônios, eram tão poderosas quanto as orbes de aura que ela mesma criava. Mesmo depois de lançar dez delas, seu oponente não sofreu danos significativos. Ele era verdadeiramente um monstro… não, um Rei Demônio.
É claro que ela não podia desistir. Quando Ignet ergueu a palma novamente, três vezes mais orbes de aura surgiram enquanto ela balançava a espada vigorosamente. Em seguida, reuniu espadas de luz no ar e as disparou.
O Demônio do Coração ignorou todas elas e avançou contra Ignet como um lobo enfurecido, aceitando qualquer dano. Sua aparência era selvagem, feroz e brutal, tornando difícil desviar-se dele com precisão. Para escapar, Ignet teve que continuar lançando ataques de luz sem parar.
Boom!
A batalha parecia uma cena saída de um mito. Nem mesmo o Diabo Bufão, que existia há séculos, havia presenciado algo tão impressionante. Se houvesse algo comparável, talvez Karin Winker, que despedaçou sua máscara, fosse ainda mais notável, mas esta era uma situação ligeiramente diferente.
— Heh heh… hehe. Isso não vai funcionar. Até mesmo resistir tem seus limites, sabia?
Ele, é claro, não estava preocupado. O Bufão sorriu astutamente e observou os arredores. O espaço, antes preenchido pela luz devido à feitiçaria e à Declaração de Território de Ignet, estava gradualmente escurecendo.
Era o efeito da habilidade do Demônio do Coração. Não apenas ele podia perseguir seu oponente, como também corrompia o espaço ao redor simultaneamente. Cada passo que dava trazia trevas, e cada soco que desferia gerava névoa. Em pouco tempo, uma aura sombria e lúgubre tomou conta da área. Poderia-se dizer que aquele não era mais o território da rainha, mas sim do Rei Demônio.
Então, algo estranho aconteceu.
Enquanto recuava freneticamente, Ignet pisou na escuridão em vez da luz, e algo agarrou firmemente seu tornozelo. Era o toque das trevas, uma habilidade que o Demônio do Coração podia usar dentro de seu domínio.
Heh.
Khun sorriu cruelmente antes de se abaixar mais uma vez. Seus músculos se contraíram, prontos para atacar, e Ignet soube que aquele era o fim.
Nas proximidades, o Diabo Bufão tremia, antecipando o desfecho iminente da heroína, enquanto um líquido desconhecido escorria por baixo de sua máscara.
Mas então, algo ainda mais estranho aconteceu.
Devido à influência do Demônio do Coração, nuvens negras cobriram completamente o céu. Porém, acima delas, o sol ainda brilhava imponente, criando uma rachadura na barreira sombria.
Swish!
De repente, a cabeça do Demônio do Coração afundou abruptamente. Sentindo a dor, ele tentou levantar o olhar, mas…
Swish!
— Kuuh!
Antes que pudesse erguer a cabeça completamente, outro feixe de luz o perfurou.
Aquilo não era o fim. Era o começo.
A sagrada e radiante Espada do Céu choveu do alto.
Boom! Boom! Bang!
Boom!
A luz rompeu repetidamente a barreira sombria, visando destruir o corpo do Demônio do Coração. Foi então que Ignet agiu.
Slash!
Ela cortou a escuridão que prendia seu tornozelo e invocou mais luz do que antes. Então, uma espada surgiu. Não, uma lança solar.
Cortando o espaço, ela avançou.
Um clarão colossal de luz se espalhou, dissipando todas as camadas de escuridão ao redor.
O Diabo Bufão entrou em pânico e recuou, arrastando Karl consigo. Ele não podia desperdiçar aquele material valioso. Felizmente, os danos que sofreu não foram severos. Como observava tudo a uma certa distância, teve sorte — um golpe sério poderia ter interrompido sua regeneração.
Ainda assim, ele não estava completamente tranquilo. Engolindo em seco, abriu ligeiramente os olhos para olhar o campo de batalha. A luz remanescente ardia em seus olhos, e pus se acumulava em seus canais lacrimais, turvando sua visão.
Mas ele ainda conseguia sorrir.
Ao longe, divisou uma figura ferida ofegando pesadamente. Era o Demônio do Coração, ainda de pé.
O Diabo Bufão soltou uma risada inocente, quase infantil.
— Bom, muito bom! Acabou. Finalmente acabou! Que maravilha, que maravilha!
Não era uma conclusão precipitada. O Bufão lançou um olhar para Ignet. Ela ainda estava visível, mas exausta, tendo esgotado toda a sua força. Seu corpo vacilava, e sua respiração era tão pesada quanto a do Demônio do Coração.
Já não havia mais nada a ver. Naquele ponto, até mesmo Karl, que se encolhia a seus pés, poderia derrubá-la.
“É claro, alguém com o coração partido não conseguiria fazer isso.”
Mas não importava.
O Bufão cessou a risada. Com um olhar mais sombrio do que antes e um líquido desconhecido ainda escorrendo de seu rosto, ele fitou a cavaleira do Reino Sagrado. Para admirar seus momentos finais, ele se aproximou cada vez mais, arrastando Karl junto.
Então, ouviu Ignet falar.
— Não quer fazer uma aposta comigo?
O Diabo Bufão observou enquanto um humano fazia uma proposta ao Rei Demônio, uma criatura que adorava brincar com os corações humanos.
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