Capítulo 342: A Espada do Continente (1/4)
Iphrain riu enquanto flashes dourados cortavam o ar em sua direção. Ele ergueu seu cajado, liberando estilhaços de cristal negro. Mas Airen não recuou. O herói loiro traçou rapidamente um círculo, formando um escudo de aura antes de firmar sua postura.
Tat-tat-tat-tat!
Um som estranho reverberou pelo chão, semelhante à técnica mortal de Inasio Karahan no Torneio dos Heróis. No entanto, essa era ainda mais forte. Airen agora era diferente de antes, a raiva fervente forçava seu poder além dos limites. Mesmo quando deveria ter cedido, ele recusou. Ele avançou com ainda mais intensidade, determinado.
Boom!
Boom! Boom! Boom! BOOM!
As chamas rugiam dentro de seu corpo, explodindo repetidamente. Doía, mas o efeito era extraordinário. A cadeia de explosões se espalhava pelos seus pés e se transformava diretamente em velocidade.
Surpreso, Iphrain balançou seu cajado novamente.
— Ha!
Maldições oscilaram no ar, mas Airen não seria pego por truques improvisados. Ele já havia alcançado Iphrain e brandiu sua grande lâmina contra ele.
Ziiing!
O golpe de Airen rasgou o corpo inferior de Iphrain, lançando sua parte superior pelos ares. Mais uma vez, Airen usou o lado plano da lâmina. Ele não se preocupava com a regeneração demoníaca, ele simplesmente queria infligir mais dor. Claro, havia algo muito mais importante do que isso.
Com apenas dois golpes, tudo o que restava de Iphrain era uma cabeça. Airen a pegou, segurou-a à altura dos olhos e disse:
— Fale.
— Heh… Hehehe.
— Fale! Onde está Ignet?
A cabeça de Iphrain continuou rindo. Um líquido negro jorrava de seus olhos, boca e pescoço decepado, mas ele ria como se nada estivesse errado. Era grotesco, mas Airen não se importava. Ele apertou os dedos no topo do crânio de Iphrain.
— Rápido, responda! — exigiu.
— Hahaha, você ficou tão mais forte, Airen.
A cabeça de Iphrain falou antes de soltar uma gargalhada estrondosa.
O riso ficou cada vez mais alto, ecoando por toda parte. Os olhos de Iphrain tremiam como se estivessem completamente insanos. Airen, franzindo a testa diante da zombaria, deu um tapa no rosto do demônio, mas ele não parou. Apenas continuou rindo.
Algo parecia errado.
Airen saltou para trás.
BOOM!
Imediatamente, a cabeça explodiu. O chão já instável rachou ainda mais, e toda a torre começou a ruir.
Brrrrm…
Fsssh! Fsssh!
Woooooong!
Poeira, escuridão e energia demoníaca tomaram conta de tudo. Airen cortou o ar com sua lâmina, mas nada mudou. A aura turva diante de seus olhos apenas se adensava, transformando-se em uma barreira negra. Apesar da aura pútrida, Airen não cobriu os olhos nem o nariz.
“Isso é ruim.”
Sinais de alerta ecoavam em sua mente. Sua pele formigava. Seu coração batia pesadamente, mas pelo menos sua pulsação acelerada o fazia se sentir mais leve, seu sangue aguçando os sentidos.
Um segundo.
Dois segundos.
Cinco segundos se passaram.
O ataque veio de uma direção completamente inesperada.
Crunch!
Chomp!
Uma mão emergiu da terra, tentando agarrar o tornozelo de Airen. Ele se esquivou no último instante, cravando sua lâmina no chão, mas o inimigo já havia desaparecido. Ele sequer sentiu sua lâmina cortando carne.
“Eles podem se mover livremente no subsolo…?”, o pensamento nem sequer se completou.
Passos pesados se aproximaram, acompanhados de um rugido. Um diabo colossal, musculoso, empunhando um martelo gigantesco, surgiu à vista. Sua presença feroz exigia respeito. Airen girou sobre o pé esquerdo, desviando de lado quando o diabo avançou contra ele.
Whoosh!
Ele evitou um golpe.
Whoosh!
Desviou de outro ataque.
Mas ele não cairia no jogo inimigo. A velocidade e força do Diabo do Martelo eram boas, mas seus movimentos seguintes eram desajeitados. Airen viu várias aberturas claras para atacar. Se não fosse pelo inimigo escondido sob a terra, ele já teria contra-atacado há muito tempo.
Shweek!
Vendo a oportunidade perfeita, Airen balançou sua lâmina, a grande equalizadora.
Os olhos do Diabo do Martelo se arregalaram de alarme.
E então, Airen ouviu um som quase imperceptível.
Chwaak!
Boom!
Não era apenas o Diabo do Martelo.
Uma criatura demoníaca pegajosa, parecida com um polvo, apareceu, deixando rastros viscosos e repugnantes pelo chão enquanto se movia. Suas estranhas extremidades tentaculares arruinaram a chance de Airen.
Ele assentiu levemente.
“Isso vai ser complicado.”
Crack.
Whoosh!
O diabo subterrâneo continuava buscando uma brecha nos movimentos de Airen, o que era extremamente ameaçador. Ele já havia enfrentado inimigos que atacavam pelas costas antes, mas nunca alguém que atacava por baixo de seus pés. Isso, por si só, exigia um esforço mental exaustivo.
Crack! Boom!
Fwoosh!
— Que pena.
— Sim, que pena.
— Vamos tentar de novo. Temos a vantagem.
— Isso mesmo, temos a vantagem.
O Diabo do Martelo e o Diabo Polvo, embora parecessem tolos, não eram oponentes fáceis.
O primeiro tinha inúmeras aberturas, mas era absurdamente poderoso, maximizando sua força bruta.
O segundo cobria cada uma dessas lacunas, focando-se unicamente no ataque.
O Diabo Polvo sacrificaria o Diabo do Martelo sem hesitação se isso significasse ferir Airen.
Esse estilo imprudente incomodava Airen.
Fwoosh!
Thwip!
Thwip, thwip!
Pior ainda, dezesseis seres demoníacos os cercavam. Provavelmente eram aprendizes de Iphrain, e pareciam bem preparados para uma batalha ali. Armados com formações mágicas e ferramentas, seus projéteis incessantes eram poderosos demais para serem ignorados. Seus ataques permitiam que os três demônios lutassem à vontade.
Fwoosh!
Whoosh!
Clang!
— Haha, surpreso? Não importa o quanto sejamos atingidos, isso não nos afeta!
— Sem problema! Sem problema!
Novos projéteis atravessaram diretamente o Diabo Polvo, mirando no pescoço de Airen. Rapidamente, ele ergueu sua lâmina para bloquear o ataque. O diabo saiu ileso. No instante em que a magia negra tocou sua pele, seu corpo ficou desfocado, como se existisse em outro espaço.
Se era magia, energia demoníaca ou ambos, Airen não sabia. O que importava era que a situação piorara drasticamente. Dois diabos trabalhando juntos, um inimigo atacando debaixo da terra e dezesseis seres demoníacos conspirando contra ele ao mesmo tempo.
Airen recuperou o fôlego.
Na escuridão total, sua respiração brilhava como luz. Não era uma energia gentil ou pura. O calor que ele havia contido agora irrompia violentamente.
Por um momento, os diabos hesitaram. Eles sentiram a determinação furiosa do herói ferido, mais aterrorizante do que qualquer visão diante deles.
O Diabo do Martelo enrijeceu, e Airen não perdeu tempo.
Ele se moveu.
Kwaaang!
Ele pisou com força. O chão tremeu como um terremoto, suprimindo o Diabo Subterrâneo. Ao mesmo tempo, Airen disparou contra o Diabo do Martelo em uma velocidade incrível, balançando sua lâmina diagonalmente para cima.
Whoosh!
Slash!
— Graaah!
O Diabo do Martelo mal conseguiu desviar do golpe, sofrendo danos significativos enquanto recuava. Ainda assim, ele não estava completamente abalado. Mesmo enquanto energia negra e espessa jorrava de seu peito dilacerado, ele sorriu, Airen estava claramente desequilibrado.
O herói estava ali, com os braços erguidos, incapaz de parar os ataques dos outros. Era uma abertura óbvia. O Diabo do Martelo cerrou o punho, já imaginando o herói perfurado por feitiços. O Diabo Polvo e os outros seres demoníacos o transformariam em um alvo fácil.
Crunch!
Grrraaah!
— Hã?
Mas as coisas não seguiram como o Diabo do Martelo esperava.
Airen não havia atacado apenas ele.
Shweek!
Airen lançou sua enorme lâmina, infundida com feitiçaria, em um dos seres demoníacos no céu, obliterando-o. Apesar das magias defensivas desesperadas do alvo, a força física combinada com aura tornou o ataque impossível de deter.
“Ele enlouqueceu?”
Eficiente ou não, perder sua espada era um erro terrível. Não parecia valer a pena, mesmo que aquele ser demoníaco fosse seu líder.
Mas isso não importava.
O Diabo Polvo sorriu e atacou Airen com tudo. O herói estava desarmado, então o que havia para temer? O Diabo Polvo estendeu seus tentáculos, selando todas as rotas de fuga.
Isso foi um erro.
Sem o peso da espada, Airen se movia ainda mais livremente. Ele rapidamente se posicionou e lançou-se contra o diabo.
Shu-shuk!
— Hã?
Puk!
Num piscar de olhos, Airen convocou sua espada de volta e a cravou profundamente na barriga do Diabo Polvo.
Atordoado, o diabo retraiu seus tentáculos, agora mirando nas costas de Airen.
Shaaak!
Airen rasgou o diabo verticalmente de baixo para cima, usando o impulso para atravessar seu corpo. Enquanto o Diabo Polvo tombava no chão, o Diabo Subterrâneo emergiu, e incontáveis projéteis caíram do céu.
Whoosh!
Boom!
BOOM!
Desviando do golpe desesperado do Diabo Subterrâneo, Airen pisou no chão repetidamente.
Crack!
Craaack!
Craaaaaack!
Pouco depois, a colossal massa que se escondia sob os alicerces da torre começou a se erguer como uma montanha.
KRAAAUUUGH!
O rugido ensurdecedor reverberou por toda a área, derrubando os prédios próximos à torre parcialmente destruída. O som fez sangue escorrer dos olhos, narizes e bocas das pessoas. Até mesmo os espectadores mais distantes desmaiaram.
Enquanto os moradores aterrorizados de Godara fugiam, alguns paravam momentaneamente para saquear. Outros atacavam e matavam aqueles que hesitavam em fugir. Esse caos alimentava o corpo do monstro, fazendo-o crescer ainda mais.
De fato, era um diabo maior que qualquer dragão lendário, mais de cem metros de altura!
Ele devorou os restos do Diabo Subterrâneo, cuja cabeça Airen havia esmagado, bem como o Diabo Polvo e o Diabo do Martelo, que ainda tentavam se regenerar. Isso só tornou sua aura ainda mais intensa.
Observando aquela criatura aterradora, Airen respirava pesadamente.
— Hah… hah…
“Nada fácil.”
Mesmo um homem surdo e cego poderia sentir o quão poderoso esse novo inimigo era. Apesar de já ter enfrentado o Diabo Bufão duas vezes, aquelas situações haviam sido diferentes para Airen.
Na primeira, ele tinha aliados e feitiçaria ao seu lado.
Na segunda, não foi um confronto direto de força.
Então havia uma chance.
Whoosh!
Apontando sua lâmina para o diabo, Airen Farreira inflamou uma Aura da Espada vermelha.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.