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    História Paralela – 11 Epílogo 2

    Ian, o antigo diretor da Academia de Esgrima Krono e outrora renomado como o espadachim mais forte do mundo, faleceu aos 149 anos. Sua morte mergulhou o continente em choque e tristeza. Embora tenha partido por velhice, despedir-se de um titã que dominou uma era foi, sem dúvida, um momento difícil, independentemente das circunstâncias.

    Com isso, os três grandes espadachins do continente haviam partido. Khun foi o primeiro a deixar o mundo, e depois Ian o seguiu. Julius Hule ainda estava vivo, mas como sucessor do Rei Sagrado, dificilmente poderia ser considerado um espadachim.

    Foi, de fato, um momento que marcou o fim de uma era. Aqueles que testemunharam seus auges não conseguiram esconder as emoções conflituosas. No entanto, se alguém perguntasse se a segurança atual do continente estava em risco por causa de suas ausências, a resposta seria um sonoro não.

    Havia quatro heróis que não apenas derrotaram os diabos que surgiram após 160 anos, como também erradicaram o Rei Demônio, o Demônio do Coração, que apareceu pela primeira vez no reino humano. Sem mencionar Ignet Meyers, que escapou das garras do insidioso Diabo Bufão e se tornou a rainha de Makan.

    Enquanto essas cinco figuras extraordinariamente poderosas existissem, o continente estaria seguro para sempre.

    É claro que nem mesmo eles podiam parar o avanço implacável do tempo. Mas, até lá, outros jovens certamente exibiriam suas habilidades, proclamando-se os próximos Airen Farreira, erguendo a cabeça diante do mundo.

    E agora, o segundo Torneio dos Heróis, realizado pela primeira vez em cerca de cinquenta anos em Godara, preparava-se para apresentar essas estrelas em ascensão ao mundo.


    — Uau, este lugar mudou tanto!

    — Você já esteve aqui antes? Em Godara?

    — É a primeira vez que entro de fato. Mas lembro que só de passar por aqui eu já tremia… A má fama da cidade sombria de Godara era imensa. Chegavam até a dizer que era uma espécie de fortaleza demoníaca, sabia?

    — Ah, qual é, não devia ser tão ruim assim… Além disso, agora parece tão limpa.

    — Bom, é que muito tempo se passou… — disse o idoso turista, respondendo ao neto enquanto olhava ao redor sem parar.

    Era difícil acreditar que aquele lugar era Godara, um dia tristemente conhecida como o pior ambiente do Leste.

    “Ouvi dizer que o Reino de Runetell deu muita atenção às regiões subdesenvolvidas. Parece que é verdade mesmo…”

    Após o surgimento do Rei Demônio, Gia Runetell se afastou das políticas que beneficiavam apenas seu próprio país. Assim como Arvilius, ela começou a exercer uma influência mais positiva sobre os países vizinhos. Isso também era uma homenagem a Lulu, a maior maga, e uma forma de treinamento mental para integrar feitiçaria e magia. Sem a ajuda dela, o plano de realizar o Torneio dos Heróis na cidade sombria de Godara provavelmente teria permanecido apenas um sonho.

    A situação havia melhorado não só no Leste. O Sul também apresentava um crescimento significativo, talvez até mais rápido recentemente, exibindo uma aparência diferente de antes. Claro, alguns tinham críticas às políticas da rainha de Makan, Ignet Meyers, a figura central dessa mudança. Achavam que ela era radical e drástica demais.

    Por isso, não se sabia qual seria a avaliação das futuras gerações. Mas, ao menos por ora, os cidadãos de Makan a apoiavam entusiasticamente, depois de terem sofrido com uma guerra civil por cinquenta anos.

    “De certo modo”, refletiu o velho, “realizar o Torneio dos Heróis em Godara pode ser uma forma de divulgar para todo o continente que lugares antes subdesenvolvidos se transformaram de forma tão notável.”

    — Quem você acha que vai vencer esse torneio?

    — Provavelmente a Elena Lindsay, né? Ela foi treinada pessoalmente por dois dos quatro heróis!

    — Que nada. Ouvi dizer que aquele tal de Kai é incrível.

    — Se for pra falar em herdar a verdadeira essência de dois heróis, também tem o Kron Lloyd!

    — Nah, ele é jovem demais. Eu, pessoalmente, acho que o Darian Cox tem mais chances. Ele é uma força formidável, não dá pra ignorar.

    Em vez de pensar em assuntos tão complicados, as pessoas se ocupavam mais debatendo quem era o mais forte. Apesar do limite de idade de cinquenta anos, tantos jovens e poderosos haviam entrado no torneio. Só tentar prever quem iria longe já tomava tanto tempo que acabavam trocando os petiscos por bebidas na taverna.

    Primeiro, havia Elena Lindsay, filha de Airen e Illia, que herdaria oficialmente o legado da família Lindsay. Depois, Kron Lloyd, adotado por Brett e Judith, que demonstrava um crescimento notável. Em seguida, Kai, um plebeu, dito ser mais talentoso naturalmente do que qualquer outro. E, por fim, Darian Cox, o novo orgulho do Reino de Gaveirra.

    Somando-se a essa formação poderosa estavam os cavaleiros que se destacaram no ambicioso projeto Produção de Cavaleiros, planejado pelo Reino de Makan. Ninguém podia prever que variáveis surgiriam no torneio.

    — A Elena vai ganhar.

    — O Kai vai ganhar.

    — Não, dizem que o primeiro e o segundo lugar do Produção de Cavaleiros são incrivelmente fortes…

    Antes da rodada número trinta e dois, o povo se ocupava fazendo suas apostas. Mas, em meio a tudo isso, havia uma pessoa mais relaxada que qualquer outra, Russell Farreira. Apesar da insistência de todos ao seu redor, ele se recusava firmemente a participar do torneio.

    Ele engoliu sua cerveja de uma vez só — Qualquer um! Que vença, não me importo! — gritou.

    Kairin Farreira, esposa de Russell, suspirou. — Por favor, tenta se comportar — disse, e então se voltou para as outras duas figuras ao lado. — Mãe, pai.

    — Você é a única sensata aqui.

    — Nem me fale…

    Ouvir a voz da nora aliviava um pouco Airen e Illia. Mas ver o próprio filho torcendo tranquilamente com aquela expressão relaxada os deixava frustrados mais uma vez.

    “Se ele entrasse, venceria com certeza… Não, esse não é o problema!”, pensou Airen, ao encarar Russell.

    O resultado não importava. Só porque alguém era incrivelmente forte, não significava que precisava provar isso. Essa escolha cabia a ele. Mas simplesmente beber e se contentar em assistir como um velho aposentado em plena juventude… Era desanimador. Parecia que Russell continuava desperdiçando sua juventude.

    Airen se lembrou do momento em que sonhou com sua vida passada, e do instante em que capturou o Rei Demônio no espaço de fenda. Durante esse processo, ele e muitos outros sofreram, mas também criaram memórias preciosas que superavam em muito aquela dor. Às vezes, ele até achava que seria bom voltar àqueles tempos.

    “Claro que… agora já não dá mais.” Airen sorriu de canto.

    Agora, não dava mais. Ele era influente demais, a ponto de ter que medir cada ação e palavra. Um simples deslize podia impactar significativamente a diplomacia. Mesmo numa situação como essa, uma caminhada tranquila, ele não conseguia se livrar da sensação de sufoco.

    “Por outro lado…”

    Ele olhou para o palco. Elena parecia nervosa, mas cheia de vida. Subiu no palco para sua primeira luta contra seu oponente, o Terceiro Cavaleiro de Makan. Ele não pôde evitar sentir inveja daquela juventude. Seria por isso?

    Por um breve momento, Airen pensou que não deveria ter feito isso. “Queria que algo acontecesse que me permitisse agir como nos velhos tempos, só por um instante…”

    Antes mesmo que esse pensamento se formasse por completo, um imenso vórtice negro começou a se formar no céu acima do palco.

    — Hã?

    — O que é aquilo?

    — Mas o que diabos… Isso faz parte de algum tipo de efeito especial do torneio?

    — É alguma exibição mágica de fogos de artifício?

    “Não!”

    Airen encarou o céu com uma expressão endurecida. Ele sentiu. O espaço de fenda… e o ódio denso e profundo, a intenção maligna que se escondia ali!

    Eram diabos. E um exército demoníaco imenso.

    Ele não sabia que truque haviam usado, mas as forças do Reino Demoníaco haviam invadido diretamente o reino humano!

    “O que preciso fazer primeiro?” Airen se levantou de um salto e começou a raciocinar rapidamente.

    Antes de tudo, precisava evacuar todos. A segurança dos civis era prioridade, então teria que agir rápido para ajudá-los a escapar. Precisaria da ajuda dos magos para conter os efeitos colaterais da grande batalha que estava por vir. Além disso, precisava convocar uma reunião com os representantes de cada país para se prepararem para novos ataques, e também…

    — Airen.

    — Hã?

    — Você está pensando demais. Illia, você também — disse Lulu, olhando para eles. Ela não estava em sua forma de gato, mas sim na forma de uma pequena garota dragão.

    E não era só Lulu que estava ali. Os chefes das três grandes famílias mágicas, incluindo Gia Runetell, estavam ao lado dela. Kiril Farreira e o batalhão de feiticeiros, junto de Lance Patterson, também se juntaram a eles.

    Enquanto Airen os encarava em silêncio, Lulu falou novamente:

    — A evacuação já começou. Ignet e as forças de Makan, assim como os cavaleiros do Leste, estão atuando com afinco… Não se preocupem com o que vier depois da batalha. O batalhão combinado de magia e feitiçaria pode lidar com isso.

    — Então?

    — Como assim, ‘então’? A tarefa de vocês está bem clara, não está?

    — Nossa tarefa?

    — Sim, de vocês.

    Judith e Brett Lloyd também apareceram. Airen Farreira e Illia Lindsay trocaram um olhar com os dois. E então todos voltaram o olhar para Lulu.

    Lulu permaneceu em silêncio por um instante, mas então, a sábia gata-dragão deu uma resposta sagaz:

    — Vamos voltar, por um tempo… Há cinquenta anos — disse. — Faremos isso com entusiasmo, mas sem descuido. Enfrentem os demônios com o mesmo coração de quando empunhavam suas espadas com mais paixão que qualquer um. É isso que combina com vocês.

    — Sim. Deixem os assuntos triviais conosco, amigos — disse Lance.

    Ao ouvir as palavras de Lance, Brett pareceu ligeiramente comovido, sua fala sumindo no fim:

    — Vocês todos…

    — Hmm?

    Judith sentia o mesmo. Com os olhos marejados, assentiu com firmeza e olhou de volta para os outros:

    — Airen, Illia, Brett.

    — Não aja como o líder.

    — Ah, sério, até numa hora dessas…?

    — Sou consistente em qualquer situação.

    — Tanto faz, quem quer ser o líder? Você, amor? Illia? Ou…

    — Eu assumo.

    Todos arregalaram os olhos. Airen Farreira, um homem sempre humilde e reservado, que raramente tomava a dianteira, declarava que assumiria a liderança. Judith, Brett e até sua esposa, Illia, ficaram surpresos. Mas foi só por um momento.

    Como se o reconhecessem, os três assentiram com olhares confiantes.

    — Certo. Podemos confiar no Airen.

    — Ele é definitivamente melhor do que você, idiota.

    — Deixando esses dois de lado, estou contando com sua liderança, amor.

    — Muito bem. Nosso objetivo é…

    Airen viu a expressão relaxada, como água, de Brett. Viu o espírito de luta intenso, como fogo, de Judith. Viu o sorriso refrescante, como o vento, de Illia, que tranquilizava seu coração. Por fim, fechou os olhos por um instante, olhou para dentro de si mesmo, então os abriu com firmeza.

    — Esqueçam os olhares curiosos, deem tudo de si e varram todos os demônios que saírem daquele vórtice!

    — Certo!

    — Claro!

    — É pra já!

    Como se tivessem voltado aos seus vinte e poucos anos, os quatro heróis sacaram suas espadas com vigor juvenil. Avançaram a uma velocidade imperceptível, em direção à frente do vórtice. Rapidamente, encontraram alguns demônios que acabavam de emergir, segurando uma bandeira, uma bandeira com a cabeça do Diabo Bufão.

    — O Diabo Bufão?!

    — N-não! Eu, eu… Foi um mal-entendido! Não era isso que eu queria… — o Diabo Bufão balbuciava desculpas.

    — Esses… são humanos?

    — Como humanos podem ter tanto poder…

    — Impossível…

    O exército demoníaco ficou confuso ao confirmar o poder dos quatro heróis e do reino humano.

    Mais à frente, Airen confirmou que o rei do Reino Demoníaco considerava seriamente a retirada.

    — Vamos lutar pra valer pela primeira vez em muito tempo! — gritou Airen com vigor.

    As aventuras do Nobre Preguiçoso e seus companheiros ainda não haviam chegado ao fim.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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