Capítulo 61: O Dragão Adormecido (5/6)
por MrRody, Second StarHill Burnett não foi o único a parar. Os Cavaleiros do Crepúsculo e soldados das seis famílias também interromperam suas ações em meio ao caos. Até mesmo as criaturas demoníacas que avançavam em direção aos soldados pareciam atônitas.
Então, o gigante sombrio que Airen havia cortado ao meio se ergueu novamente, com os olhos vermelhos brilhando.
Guaaaargh!
Sua boca rasgada gritou enquanto as duas metades do corpo começaram a se mover separadamente. Os soldados ficaram perplexos ao ver as duas partes do gigante arremessando socos de direções opostas, mas Airen parecia impassível.
Dessa vez, ele brandiu a espada mais rápido do que antes…
Swoosh! Swoosh!
E então atacou, golpeando com sua espada repetidamente.
Ninguém sabia que esse era o movimento de esgrima de Judith: golpes impressionantes combinados com um poder giratório em torno de um núcleo forte, tornando cada ataque mortal. Os ataques devastadores despedaçaram o gigante, espalhando seus pedaços pelo chão.
Mas não acabou. Espinhos e lâminas surgiram dos fragmentos caídos, e as lâminas mortais atacaram Airen de todos os lados. Mas, claro, ele também estava preparado desta vez. Desencadeou o movimento defensivo de Brett Lloyd, desenhando um círculo suave com sua espada. Em seguida, continuou com a Espada do Céu de Illia Lindsay, um movimento de esgrima livre, ameaçador e implacável. Sua espada gigante girou sem descanso, e a sequência de golpes despedaçou o corpo do gigante em centenas de pedaços.
Então, a criatura não pôde mais se mover. E os soldados só conseguiam observar, paralisados. Claro, eles não ficaram assim o dia todo, pois Hill Burnett correu em linha reta, deu um chute em uma das criaturas demoníacas e gritou — O que vocês estão fazendo?! A luta ainda não acabou! Ao ataque!
— Ah… Waaaah!
Os soldados despertaram imediatamente do torpor ao ver Hill destruindo a criatura demoníaca com um único chute e começaram a lutar com todas as suas forças.
Hill Burnett brilhava entre os soldados. Sua esgrima, combinada com seu físico, era implacável e formidável, e ele esmagava os inimigos com isso. Ele não deixou nenhum monstro escapar e matou qualquer um que tentasse fugir. Era uma visão digna do Capitão Tenente da Ordem dos Cavaleiros do Crepúsculo.
Mas ele não foi o principal protagonista do dia.
Huff puff!
Airen Farreira arfava, com uma expressão impassível após derrotar todos os inimigos. Os soldados da expedição o observavam com olhares diferentes, uma mistura de admiração, inveja, confusão, curiosidade e respeito… E o que mais demonstrava emoção entre eles, é claro, era seu pai, Harun Farreira.
“Estou orgulhoso de você, Airen!”
O Barão Farreira não conseguia dormir bem desde que seu filho se mostrou excessivamente confiante quanto à expedição. Mas ele não podia fazer nada, pois seu filho era apenas um jovem ingênuo, ferido, e inocente, mesmo tendo treinado na Academia de Esgrima Krono. Mas agora, essas preocupações se dissiparam. Seu filho havia demonstrado um poder absoluto. Airen fizera algo digno de uma fábula, o que emocionou Harun a ponto de encher seus olhos de lágrimas.
— Jack! Jack Stewart! — gritou o Visconde Gairon.
— Sim, jovem mestre?
— Faça o que eu disse antes!
— Como desejar…
Outro homem estava tomado por ódio e fúria. O Visconde Gairon, ao contrário do usual, não conseguia manter a calma e exibia uma expressão irritada enquanto ordenava a seu cavaleiro. Jack Stewart assentiu com um olhar sombrio.
Era meio-dia do primeiro dia da expedição.
A marcha não parou. O ataque surpresa dos monstros não conseguiu interromper a expedição, pois ninguém se feriu seriamente. Poderia ter sido uma situação perigosa que levasse ao fracasso, mas, em vez disso, motivou as tropas.
Claro, eles não poderiam deixar o sentimento de vitória baixar sua guarda. Hill Burnett era um veterano em caça a demônios e estava preparado. Ele não era do tipo que cometia o mesmo erro duas vezes.
— Airen Farreira — disse Hill.
— Sim, comandante?
— Vou priorizar suas palavras sobre as relíquias dos sacerdotes a partir de agora. Informe-me imediatamente se sentir a aproximação de criaturas demoníacas. Entendido?
— Entendido, comandante!
Logo após a batalha, Hill descobriu que o colar de Airen Farreira era um artefato poderoso criado por sua irmã, Kiril Farreira, então ele imediatamente deu essa função ao jovem.
Um nobre arrogante não teria feito essa escolha, pois, por mais poderoso que fosse o objeto de feitiçaria, não parecia apropriado priorizá-lo em relação a uma relíquia. De fato, alguns sacerdotes demonstraram desconforto com essa decisão. No entanto…
— Inimigo. Vindo da esquerda — disse Airen.
— Posições de combate! — Hill gritou para a expedição.
Depois que Airen detectou os monstros pela segunda vez, ninguém mais pôde contestar. A expedição sofreu zero baixas graças ao colar de Airen até o momento em que montaram acampamento para a primeira noite.
— Esse artefato é impressionante.
— Eu sei, né? Como consegue detectar energia demoníaca de uma distância maior que a relíquia da Igreja?
— Acho que a feiticeira Farreira é tão boa quanto dizem.
— Ouvi dizer que ela também é muito bonita.
— Quem se importa se ela é bonita? Ela é vinte anos mais jovem que você.
Os Cavaleiros do Crepúsculo falavam sobre Kiril Farreira enquanto se alinhavam para receber o jantar. Não resistiram a comentar sobre o poder da feiticeira tão comentada, que eles indiretamente experimentaram hoje.
Mas havia outro assunto mais popular entre as pessoas. Era sobre Airen Farreira, o jovem espadachim que mostrara habilidades incríveis em duas batalhas naquele dia.
— Qual a idade dele mesmo? Vinte e cinco?
— Vinte e um.
— Isso é loucura… Ele tem só vinte e um anos e já é assim? Ele deve ser um Especialista ou algo do tipo… Mas impossível, não é?
Especialista. Era um título dado a espadachins que estavam um pouco abaixo do nível de Mestres Espadachins, mas ainda fortes o suficiente para serem chamados de espadachins de destaque. E, claro, o título de Especialista era difícil de alcançar. Apenas aqueles que se formaram em academias de esgrima renomadas como a Krono, membros de ordens de cavaleiros de países poderosos, alguém reconhecido pelo Reino Sagrado, ou alguém que recebesse a Placa de Ouro da Guilda dos Mercenários eram dignos dessa honra. Era um título honroso que exigia pelo menos uma dessas condições, então não era algo que as pessoas atribuiriam a um jovem de vinte e um anos. Mas…
— Claro que ele é um Especialista.
— Sim. Acho que nós três juntos não teríamos conseguido matar aquele monstro.
— Certo. Parecia mais forte do que a maioria dos monstros de porte médio, e ele o matou sozinho…
— Acho que o Capitão Tenente pensaria o mesmo.
— O garoto nem parecia estar tendo dificuldades… Fico imaginando o quão forte ele realmente é.
Ninguém na Ordem dos Cavaleiros do Crepúsculo parecia questionar a capacidade de Airen Farreira. Em vez disso, estavam curiosos sobre seu verdadeiro poder. Essas conversas entre os cavaleiros rapidamente se espalharam entre os nobres das seis famílias, e isso os encheu de inveja e ciúmes.
“Droga, os cavaleiros o adoram agora.”
“Como isso pôde acontecer?”
“Ele é apenas o Nobre Preguiçoso!”
“Olhem para o Barão Farreira! Ele não consegue tirar o sorriso do rosto!”
Alguns nobres torceram o nariz ao ver Harun Farreira. Eles se lembravam do barão como um tolo, constantemente humilhado pelo Visconde Gairon, mas agora ele parecia estar em um nível diferente.
Para a família Gairon, todos pensaram que eles seriam os mais bem-sucedidos nesta expedição, mas até agora não tinham mostrado nada significativo. Ryan Gairon demonstrou alguns bons movimentos enquanto lutava contra as criaturas demoníacas, mas nenhum dos membros dos Cavaleiros do Crepúsculo lhe deu atenção. Eles olhavam apenas para o jovem loiro.
E quanto a Airen Farreira, ele permanecia calado em meio a toda essa agitação. Ele estava assim porque não tinha interesse em nada disso. Em vez disso, ele mantinha a cabeça baixa, com uma expressão sombria. Ele segurava sua porção do jantar enquanto o colar que sua irmã lhe deu chamava sua atenção.
O colar havia ficado preto, e o artefato emitia uma energia para purificar a comida. Isso significava que alguém na expedição havia envenenado a comida de Airen, tentando prejudicá-lo.
“Isso até que não é surpreendente.”
Provavelmente era obra da família Gairon. A família havia testemunhado suas habilidades cinco anos atrás, então não era estranho que tivessem preparado um veneno para fazer Airen adoecer.
Raiva? Ele não sentia nada disso, pois sabia que as pessoas eram assim. O que chamou sua atenção foi o bilhete preso discretamente embaixo do prato.
“Essa comida está envenenada! Tenha cuidado!”
Era um aviso. A escrita estava desleixada, como se alguém a tivesse feito com a mão esquerda, o que era interessante, mas o conteúdo era o mais importante. Como o remetente sabia que a comida estava envenenada? E por que essa pessoa o estava ajudando?
“Quem poderia ser…? Nunca pensei que alguém me ajudaria.”
E isso não era tudo. Ele tinha mais uma coisa em que pensar, então fechou os olhos e relembrou a segunda batalha. Não estava tentando encontrar um erro, pois achava que a batalha de hoje foi perfeita. Ele manteve a calma durante o primeiro abate e permaneceu atento ao seu entorno, sem se concentrar demais no inimigo. Não cometeu erros, como hesitar em atacar.
“E esse é o problema.”
Ele se sentia estranho. Não era o tipo de pessoa que se saía bem na primeira tentativa. Normalmente, precisava de muito esforço para aprender e se aperfeiçoar em algo. Foi por isso que pensou que cometeria erros nesta expedição e disse que controlaria sua mente quando conversou com o comandante.
Mas acabou sendo perfeito, como se já tivesse matado centenas de criaturas demoníacas muitas vezes antes.
O som do colar cessou, sinalizando que o veneno havia sido purificado. Airen assentiu e começou a comer. E se a purificação não tivesse funcionado? Ele não duvidava, pois ele e sua irmã tinham uma confiança profunda construída entre eles. Talvez fosse essa confiança que fortalecia o artefato de feitiçaria.
Quando terminou de comer, ouviu uma voz chamando-o.
— Airen Farreira. Já terminou de comer?
— Sim, comandante.
— Que tal um duelo?
Hill Burnett lhe fez uma proposta inesperada.