Capítulo 65: A Espada Matadora de Demônios (3/3)
por MrRody, Second StarTodos na caverna abriram os olhos em choque. A visão da demônio cortado ao meio, com sangue negro jorrando de seu corpo dilacerado, parecia irreal. Os soldados e até mesmo o Capitão Tenente dos Cavaleiros do Crepúsculo permaneceram parados, incapazes de compreender o que acabara de acontecer.
Naquele instante, quando tudo parecia ter congelado, Airen Farreira avançou. Ele ergueu a espada novamente, com um olhar de fogo frio. Foi então que a demônio gritou, mesmo com a boca partida ao meio.
O mestre do demônio, Lastro, o Diabo, era o diabo das sombras. O poder que ele lhe concedera normalmente permitiria que ferimentos como aqueles fossem curados rapidamente, utilizando as sombras. Mas dessa vez, não funcionou. A cura era lenta demais, deixando a demônio confusa.
“O que está acontecendo? Isso me afetou mais do que imaginei!”
Mas não havia tempo para pensar. Ela tentou concentrar-se em se recuperar e voltou sua atenção para os reféns que segurava. Eles eram sua garantia de sobrevivência. Ela pensou que aquele tolo recuaria se voltasse a sufocá-los.
“Que inferno é esse?!”
Mas não. Ao olhar para o jovem loiro que estava quase à sua frente, ela percebeu. Pela forma como ele segurava sua enorme espada, erguida ao céu, ficou claro que ele não se importava com os reféns. Ele estava focado apenas nela.
“Estou morta se não me defender!”
Ela lançou os reféns para longe e cobriu seu corpo com seu belo cabelo negro, no momento em que a espada de Airen descia novamente. O golpe a lançou para longe, com o cabelo protegendo-a de ser cortada ao meio outra vez. Seu rosto contorcia-se de frustração, mas ainda não tinha acabado. Airen avançou antes mesmo que a demônio pudesse se levantar, ele atacou sem piedade e sem parar.
Os golpes eram desferidos com tal força que pareciam destinados a destruir um pedregulho. Era um poder de destruição impressionante, combinado com toda a sua força, a gravidade e o impulso. Era demais para a demônio suportar, mesmo com o poder do diabo.
Mas algo parecia estranho.
“Como ele pode ser tão forte?!” pensou ela, em meio à pressão do ataque.
Airen era certamente habilidoso. Sua esgrima estava um passo acima dos outros ali, e sua mentalidade ao enfrentar a demônio era excepcional. Mas isso não explicava por que ela estava perdendo. Uma energia sutil emanava da espada e dos olhos do jovem loiro, desfazendo sua energia demoníaca.
“Como isso é possível…!”
— Argh!
Perdendo a concentração, a demônio foi atingido novamente. Seu corpo foi cortado ao meio horizontalmente. Em desespero, tentou usar seu poder para se recompor, mas Airen foi mais rápido. Ele rapidamente chutou as pernas dela para longe e continuou atacando.
— Hah! — Hill Burnett juntou-se ao combate, atacando as pernas da demônio com uma violência ainda maior que a de Airen.
A demônio sentiu que seu fim estava próximo e sorriu de maneira sombria. Pouco depois, seu corpo severamente ferido explodiu, espalhando chamas negras.
— Airen!
— Airen Farreira!
— Não! Lorde Airen!
Harun Farreira ficou pálido, e Hill Burnett e seus cavaleiros ficaram chocados. Mas Airen saiu ileso da explosão.
— Ufa.
Ele emergiu da nuvem de poeira sem uma gota de suor. E todos na expedição pensaram a mesma coisa enquanto o observavam: um prodígio capaz de chocar o continente havia nascido no pequeno reino Heyle.
— Eu… não sei o que dizer — murmurou Hill, rindo.
E assim terminou a Expedição de Caça ao Demônio do Reino do Sul, Heyle, que durou três dias e terminou sem baixas.
— U-uhuuu!
— Uaaau!
— Airen Farreira!
— Airen Farreira!
— Airen Farreira, o tesouro de Heyle!
Os Cavaleiros do Crepúsculo aclamaram Airen enquanto ele se aproximava. O mesmo fizeram os outros membros das famílias nobres do sul. Considerando que estavam prestes a se enfrentar em combate, aquele resultado era, sem dúvida, perfeito. Até mesmo os Barões Russell e Lester suspiraram aliviados, assim como Harun Farreira. Somente os homens de Visconde Gairon mantinham expressões sombrias.
— Ih-rrah!
— Airen Farreira! Airen Farreira!
No meio das comemorações, Phil Gairon caminhava silenciosamente em direção ao filho. Os cavaleiros de Gairon foram ajudar Ryan, e um soldado aproximou-se para ajudar Jack Stewart.
— Não, estou bem — disse Jack.
— Mas…
— Estou bem. Consigo andar sozinho.
Jack recusou a ajuda, levantou-se e juntou-se aos Gairons em silêncio. Sua expressão era séria, algo que não combinava com alguém que acabara de sair vitorioso de uma expedição. Hill Burnett aproximou-se para falar com ele.
— Eu sinto muito… Estou falando sério — disse Hill.
— Não, senhor. O senhor estava apenas seguindo as ordens do Reino Sagrado. Mas eles… — Jack falou em voz baixa, mas parou. Hill sabia o que ele queria dizer.
“Vou lidar com esses problemas menores quando retornar ao castelo.”
Primeiro, Hill precisava descansar, então resolveu encerrar os assuntos ali. Ele foi até os sacerdotes para iniciar a purificação do esconderijo do demônio.
Enquanto isso, Airen Farreira, o protagonista da expedição, permanecia parado com uma expressão complicada.
Dois dias depois, todos os membros da expedição retornaram com segurança à propriedade dos Gairon. Foi um milagre que ninguém tenha morrido ou ficado gravemente ferido.
— Isso é… simplesmente impossível.
— Sim. E aquele demônio também era forte. Nunca vi um demônio tão poderoso na minha vida.
— Bah! Essa foi apenas sua segunda caça aos demônios! E você nem sequer desembainhou sua espada!
— Ah, deixe disso, senhor! Mas o senhor também sabe disso! A forma como ela nos controlou mentalmente, e o poder que usou contra Sir Stewart e Lorde Ryan! Tenho certeza de que o Capitão Tenente também ficou surpreso. Mas Airen matou sozinho um demônio tão poderoso…
Um dos jovens Cavaleiros do Crepúsculo falava alegremente sobre o feito de Airen. Apesar de já terem passado alguns dias e de todos terem testemunhado o evento, a história ainda parecia fascinante.
Era realmente espetacular. Um espadachim extraordinário, com talento para surpreender o reino e o continente, havia surgido do nada. E ele tinha apenas vinte e um anos!
Os cavaleiros, enquanto desfrutavam do descanso merecido, conversaram longamente sobre Airen Farreira.
Mas nem todos estavam relaxados como os Cavaleiros do Crepúsculo. Um deles era o Visconde Phil Gairon. O visconde não apenas desobedeceu à ordem de Hill Burnett, mas também quebrou as diretrizes do Reino Sagrado e tentou orquestrar um golpe. Era algo que o Comandante da Expedição não podia ignorar. Porém, Phil tinha uma desculpa preparada.
— Eu sinto muito. Não estava em meu estado normal naquela hora — afirmou o visconde.
— O quê? — perguntou Hill.
— Fui exposto ao controle mental daquele demônio! Meu filho é muito importante para mim, mas fui tolo em colocar a paz da terra em risco por ele! Isso é verdade! Se não fosse por aquele demônio vil brincando com minha mente…!
Isso frustrou Hill, pois ele sabia que o visconde estava mentindo. Ele se lembrava claramente da situação e podia diferenciar uma pessoa sob hipnose de uma pessoa normal. Elas tinham expressões completamente diferentes. Mas, sem provas concretas, era difícil acusar o visconde de maneira definitiva.
E isso não foi o fim. Embora não tivesse relação direta com o caso, o visconde começou a espalhar rumores maldosos sobre Airen Farreira.
— Mesmo que tenha agido por conta própria, foi imprudente tomar uma decisão tão precipitada contra o demônio! Ele era capaz de salvar os reféns, mas não o fez! Como nobre, era sua responsabilidade proteger os mais fracos, e ele ignorou isso!
É claro que os Cavaleiros do Crepúsculo e Hill Burnett não deram atenção a esses rumores. Na verdade, isso apenas os fez desprezar ainda mais as ações sujas do visconde. No entanto, Airen, o alvo dessas acusações, estava refletindo sobre o que havia feito.
“Naquele momento… eu não estava usando a minha própria esgrima.”
Ele estava em seu quarto, de olhos fechados, pensando sobre o confronto com a demônio. A luta em si havia sido impecável. Ele tomou a iniciativa com um ataque repentino, manteve a vantagem e não baixou a guarda até o final, protegendo-se até mesmo da explosão. Mas o problema estava em sua mente.
“Aquela esgrima não foi para proteger minha família. Foi… apenas para matar o demônio.”
A emoção que surgiu dessa realização não foi decepção, mas frustração. Nos últimos cinco anos, ele havia se aprimorado. Sentiu-se perdido e desesperado, mas superou tudo isso e tornou-se forte. Criou sua esgrima com uma mente sólida.
É claro que, assim como uma espada bem forjada perde o fio com o tempo, ele sabia que sua mente poderia vacilar um dia. Estava preparado para isso. Mas era estranho que isso tivesse acontecido tão rápido e de maneira tão anormal.
“Isso… é por causa do sonho? E daquele homem?”
Airen ficou sério. Até então, o sonho havia sido apenas útil. Ele lhe dera um caminho para seguir e permitiu que crescesse a cada mudança. E isso também era verdade dessa vez, pelo menos em termos de esgrima.
Mas, se em contrapartida, isso ameaçava sua própria esgrima, então não era algo bem-vindo. O que ele deveria fazer agora? Tinha pouco mais de vinte anos e não sabia a resposta. Não fazia ideia de como seguir em frente.
Mas estava tudo bem. Ele não estava sozinho, e a ajuda havia chegado.
— Com licença, meu lorde.
Airen foi surpreendido por uma visita inesperada. Jack Stewart estava ali.
— Sir Stewart? — perguntou Airen.
— Lorde Airen.
— Por que você está aqui… Espera…
Mas havia outra surpresa. Um pequeno gato preto apareceu timidamente atrás de Jack.
Era a gata feiticeira, Lulu. Airen levantou-se num salto.
— Lulu!