Capítulo 91: Espadas Numeradas de Vulcanus (5/7)
O dia de encontrar o mestre da Espada Numerada finalmente chegou. Uma multidão se reuniu no local previamente anunciado para a competição, mas a maioria era composta por espectadores. Era uma oportunidade rara de assistir a uma luta, especialmente entre espadachins habilidosos. Talvez suas expectativas fossem justificadas, pois, à medida que a competição se aproximava, pessoas com presenças assustadoras começaram a chegar. Todas pareciam extraordinárias. Alguns eram tão famosos que até quem não tinha conhecimento sobre espadachins sabia quem eram.
— Olha. Aquele é Kroshu, o Duas-Lâminas Kroshu, famoso por empunhar espadas duplas!
— Aquele é Samir! Ouvi dizer que é um dos melhores mercenários de nível ouro…
— Aquele é o Golpe Único, Randel! Eu não esperava que até o Randel aparecesse!
— Nesse ritmo, não podemos garantir que Charlot e Victor vencerão!
Airen ouviu os comentários ao redor e perguntou: — Khubaru, as pessoas de quem estão falando são famosas?
— Eu diria que sim. Kroshu é um jovem talento do norte, e Samir é um veterano. Ele está no nível de especialista há mais de quinze anos. Já Randel, Charlot e Victor são espadachins muito fortes.
— Entendi. Dá para perceber também — disse Lulu, enquanto mastigava um pedaço de carne seca.
Airen assentiu. Aqueles de quem o público falava realmente pareciam muito poderosos. “E há outros ainda mais fortes… entre os que não são famosos”, pensou Airen. Foi então que a multidão começou a fazer alvoroço à distância. Airen estreitou os olhos e viu um homem pequeno atravessando a multidão.
Era Vulcanus. Ele tinha uma expressão teimosa, com a aparência típica de um ferreiro anão. Mas não estava sozinho. Ao seu lado, estavam outro anão de sua estatura e um humano com mais de dois metros de altura. Todos ficaram chocados.
— Vulcanus não veio sozinho!
— Dwanson está aqui!
— Aquele é Pablo ao lado dele!
— Pablo? Você quer dizer o melhor ferreiro entre os humanos?
As pessoas murmuravam sobre a aparição inesperada dos ferreiros. A multidão, e até mesmo os espadachins reunidos para a competição, estreitaram os olhos, atentos aos desdobramentos. No meio da comoção, Vulcanus subiu ao palco.
— Silêncio. Deixem-me falar, sim?
Sua voz, amplificada por um item mágico, preencheu a área. Ele parecia um pouco irritado. A multidão se acalmou, afinal, naquela cidade, Vulcanus era como um rei. Depois de observar o silêncio, ele continuou.
— Vou pular as formalidades, já que as odeio. Como todos sabem, minha espada é o prêmio desta competição. Ela é chamada de Espada Numerada. Vejo que vocês, espadachins, a querem tanto — disse Vulcanus, olhando ao redor para os participantes. Em seguida, continuou. — Lamento dizer que talvez eu não a entregue a ninguém.
— O quê? Do que está falando?
— Então por que começou a competição?!
— Que bagun…
— Silêncio! Deixem-me falar!
Vulcanus aumentou a amplificação de sua voz ao máximo e gritou. Ele sempre se irritava facilmente, mas hoje parecia ainda mais aborrecido, e isso fez a multidão se calar. Ainda com uma expressão desconfortável, ele prosseguiu.
— Vou explicar as regras. Primeiro, quem achar que tem o que é preciso, dois de vocês, subam ao palco. Lutem. O perdedor desce, e o vencedor permanece para enfrentar o próximo adversário. Vocês podem desistir, claro. Nesse caso, outros dois podem subir. E assim por diante. No final, todos os participantes mostrarão sua técnica de espada, e a competição terminará. Ah, mas aviso, posso rejeitar o vencedor se não gostar dele.
A multidão começou a murmurar chocada, e alguém gritou:
— O quê? Isso é tão injusto! Como você…
— O objetivo desta competição não é encontrar um vencedor — retrucou Vulcanus. — O objetivo é encontrar alguém que me inspire… para que eu possa criar a Décima Espada Numerada. Entendido? A propósito, Dwanson e Pablo aqui têm o mesmo objetivo.
— Ah, entendi, entendi — Khubaru assentiu.
Lulu concordou, e Airen também parecia ter compreendido. Vulcanus não tinha interesse em encontrar um vencedor por meio de uma competição justa. Ele só queria encontrar inspiração para ajudar em sua arte. Em outras palavras, estava usando a competição como uma ferramenta para encontrar motivação criativa.
— Ele reuniu os espadachins, não porque terminou a Espada Numerada, mas porque quer completá-la — disse Khubaru.
Isso também explicava por que ele disse que talvez não entregasse a Espada Numerada. Se ninguém conseguisse inspirá-lo, ele não poderia completar a espada.
— A propósito, vou realizar essa competição todos os meses até encontrar um espadachim que nos agrade.
Os espadachins ficaram desapontados com isso. Suas palavras soavam como se dissesse: ‘Não acho que vocês têm chance!’ Afinal, todos os nove donos das Espadas Numeradas espalhadas pelo continente eram mestres espadachins, então não era estranho pensar que ninguém ali seria digno. Mas nem todos concordaram.
— Mas se vencermos hoje, acabou, certo?
— Uau, tive sorte de chegar cedo. Poderia ter perdido se tivesse me atrasado.
— Você deve estar aliviado, Victor. Mas podemos pegar as espadas de Pablo e Dwanson, se não conseguirmos a de Vulcanus.
— Hahaha, de jeito nenhum. Vou deixar essas espadas para você, irmão.
Eram aqueles que acreditavam em si mesmos. Eles tinham certeza de que seu potencial não ficava atrás de nenhum mestre espadachim. Essas pessoas olhavam para o palco sem desânimo.
— Então, aqueles que querem se mostrar, subam — disse Vulcanus. E, com isso, desceu do palco.
Os espadachins se entreolhavam enquanto observavam Vulcanus se sentar ao lado de Dwanson e Pablo. Após um tempo, dois espadachins subiram ao palco. A multidão ficou chocada ao ver quem eram.
— A competição mal começou…
— …E já temos o provável vencedor no palco?
Era Victor, um dos gêmeos Charlot & Victor, considerados os mais fortes na competição. O outro era Randel Clancy, um cavaleiro errante do Reino de Adan, famoso por seu ataque rápido que derrota o inimigo em um único golpe. A multidão gritava e torcia enquanto os dois espadachins fortes subiam ao palco tão cedo.
— Victor! Mostre o que um mercenário pode fazer!
— Ei, não é Charlot o melhor?
— Quem liga! Victor e Charlot são iguais!
— Não, estamos falando de Randel Clancy. Até Victor pode ter dificuldades contra ele.
— Sei. As pessoas parecem não conhecer bem o Randel.
— Talvez tenhamos corpos para limpar hoje.
No geral, mais pessoas torciam por Victor, conhecido por seu bom caráter, grandes habilidades e vasta experiência. Mas muitos achavam que Randel seria o vencedor, e todos olhavam para o palco com expectativa, esperando que algo acontecesse.
Com a tensão no ar deixando outros desconfortáveis, Randel olhou para Vulcanus.
— Tenho uma pergunta, Vulcanus — disse ele.
— Fale.
— Posso matar?
De imediato, a multidão ficou em silêncio. A expressão de Randel, seu tom, sua atmosfera, tudo indicava que ele não estava brincando. Alguns espectadores sentiram arrepios nos braços, enquanto outros pareciam indignados e prestes a xingá-lo. Foi então que Randel adicionou:
— Não estou dizendo que vou fazer. Nem que quero — disse Randel com uma voz fria. — Só perguntei porque minha espada só conhece o ato de matar.
Golpe Único, Randel. Ele recebeu esse apelido há três anos, e era um nome adequado para descrever seu golpe de espada, rápido e explosivo. Sua espada, que perfurava instantaneamente antes que alguém pudesse perceber, já havia atravessado o coração de inúmeros monstros e criaturas demoníacas. Ele não tinha misericórdia. Tampouco possuía o poder de interromper seu golpe após desferi-lo.
A multidão percebeu a gravidade da situação e engoliu em seco. Se Randel vencesse, Victor morreria. E o mesmo destino aguardava os próximos desafiantes. Talvez Randel tornasse a competição um desastre.
— Parece divertido. Não me importo — disse Vulcanus.
— Claro, isso se seu oponente concordar com você.
Vulcanus não se importou, assim como Dwanson ou Pablo. Eles apenas se voltaram para Victor com expressões intrigadas. Pareciam esperar que ele tivesse coragem de aceitar o desafio, mas a maioria dos espadachins já havia desistido da competição.
E, como esperado, Victor não desistiu. Ele sorriu e anunciou em voz alta:
— Não me importo. Nada vai acontecer se eu vencer esta luta contra o senhor Randel, não é?
As sobrancelhas de Randel se levantaram. Ele ainda mantinha a calma, mas as palavras de Victor o provocaram. Alguns observaram essa troca e Charlot riu.
— Muito bem. Sem mais conversa. Vamos começar. Vocês podem lutar assim que eu disser ‘começem’. Entendido?
Randel assentiu. Seus olhos frios continuaram fixos em Victor. Ele desembainhou a espada de maneira relaxada e assumiu sua posição.
A atmosfera ficou silenciosa. Naquela tensão em que até o som de uma agulha caindo seria ouvido, a voz de Vulcanus ecoou.
— Comecem!
Swoosh!
O resultado veio imediatamente. Randel olhou para sua espada com uma expressão devastada.
— Ufa. Você é realmente muito rápido. Quase abriu um buraco no meu peito!
Victor limpou o suor da testa de maneira exagerada enquanto observava Randel. A vitória era dele. A multidão explodiu em aplausos.
— Whoaaa!
— Victor! Victor! Victor!
— Ele quebrou a espada de Randel! Ele é mais rápido que Randel?
— Talvez ele apenas acertou o momento certo…
— Quem liga! Ele é incrível de qualquer maneira!
— Uau, já temos o vencedor?
Como disseram, Vulcanus parecia muito mais animado do que quando apareceu pela primeira vez. Ele parecia uma criança que acabara de receber um presente.
Airen, que observava tudo isso, falou em voz baixa.
— Ele é realmente forte.
— Sim, ele é forte.
— É mesmo? Por quê?
— Ele é mais forte do que qualquer especialista por aí.
Gerog, que também assistiu à luta, respondeu. Anya inclinou a cabeça.
— Como isso é ser forte?
— Apenas é…
— É mesmo?
— Sim. Pense com bom senso. Um especialista é alguém muito forte, e se ele é o mais forte entre os especialistas, significa que está entre os 200 melhores espadachins do continente.
— É, então ele é forte. Ok — respondeu Anya, sem se importar muito.
Gerog suspirou, frustrado. “Será que é porque ela sempre está com a capitã? Ela não tem bom senso.” Ele achou desnecessário continuar a conversa. Desistindo de tentar persuadi-la, mudou de assunto.
— Vamos apenas focar em nosso objetivo — disse Gerog.
— Certo.
Dessa vez, Anya permaneceu quieta. Enquanto mastigava seu doce, colocou a mão no ar e puxou um porquinho dourado. Mas era muito menor do que o que ela havia mostrado para Airen antes. Com uma expressão desapontada, disse:
— Adeus, um dia de economias.
Crack! Ela quebrou o porquinho. No mesmo instante, uma linha dourada que apenas Anya e Gerog podiam ver saiu e voou em direção a Victor e Charlot. Depois de um tempo, a luz dourada que os envolvia tornou-se vermelha.
— São eles que estávamos procurando — disse Anya.
— Eu já sabia. Marque-os.
— Ahhh… Isso vai custar dois dias.
Anya parecia relutante, mas ainda assim tirou outro porquinho, não por ordem de Gerog, mas da capitã dela. A linha dourada disparou novamente e deixou uma marca brilhante nas testas de Charlot e Victor. Gerog, que observava, ficou boquiaberto.
“Essa feitiçaria é insana, não importa quantas vezes eu veja…”
Era a feitiçaria de Anya: o poder de conjurar um porquinho mágico que obedecia aos desejos do dono, desde que não ultrapassassem o valor acumulado nele.