— CAPÍTULO TRINTA E DOIS —
O Dragão Vermelho
Naquele chão empoeirado, Karl suava. O corredor onde ele estava era escuro com uma grande janela à direita.
Cadê meu pai? Onde estão meus irmãos? Onde… Onde estão?
Os seus olhos lacrimejaram e seu corpo tremulava, claramente cansado. Ele se apoiou no chão, escorregou na quina da janela e, com esforço, conseguiu se segurar.
Eu… preciso… preciso me levantar.
Ele se levantou e andou mancando com passos pesados pelo corredor. Passou pela janela, através da qual era visível uma estrutura com torres e mais torres maiores ainda.
Os barulhos de ruídos e gritos bizarros começaram a se intensificar. De uma hora para outra, a parede se quebrou atrás dele, revelando um monstro maior, com a pele muito escamosa, um corpo humanoide volumoso e enorme, que sorria para Karl. Logo em seguida, a janela quebrou, e os olhos de Karl e de Lótus se cruzaram.
Karl olhou para Lótus, que ultrapassou a janela empunhando suas duas adagas, pulou logo na direção do monstro, enfiou as adagas no pescoço dele e, com o impulso, empurrou-o para fora, fazendo-o cair e, neste processo, rasgou com as adagas o que seria a região em cima de sua clavícula. Lótus pousou com um mortal.
— Karl?
— Lótus?
Lótus deu um abraço forte em Karl.
— Como você está, Karl?
— Como eu… estou?
— Eu lutei contra alguns monstros e não é tão difícil matar eles.
— Como você…?
— Eles são mais lerdos.
— Ah.
A porta arrombou-se junto com o armário que a segurava. O grande monstro e o que se assemelhava a um réptil, que antes perseguia Karl, estavam na presença de Lótus. Ambos os monstros se movimentaram na direção deles. Lótus segurou suas adagas com mais firmeza.
— Vamos, Karl!
E começou a correr na direção deles quando o grande monstro levantou sua grande mão para um ataque. Lótus deslizou no chão entre as pernas do ser, cortando parcialmente ambas as pernas, e se virou na direção dele. O monstro réptil continuou correndo na direção de Karl, que segurava sua Dadao, ainda trêmulo.
Preciso me acalmar…
Karl olhou fixamente para o monstro, que pulou diretamente em sua direção. Com um movimento rápido, Karl defendeu-se com sua espada, sendo empurrado para trás. Usando o lado não cortante da lâmina, ele colocou força e empurrou o monstro instantaneamente. Sua expressão mudou. Ele segurou a Dadao com ambas as mãos, avançou, inclinou o corpo e girou de uma só vez, partindo o monstro em duas partes. Ao mesmo tempo, Lótus limpava suas adagas, indo na direção de Karl, com o grande monstro caído atrás dele.
— Karl, temos que ir atrás do Pai e de Luca.
— Onde eles estão?
— Eu não sei, mas… eu sinto que eles podem estar em… perigo.
Seus olhos se abriam pouco a pouco. Luzes em paletas quentes moldavam sua visão ainda embaçada. Ele escutava um grito forte — AaAaAaAaH — como se estivesse no fundo do poço. Um rugido forte e poderoso ecoou nos seus ouvidos, fazendo-o despertar desesperadamente e ver seu Pai girar a espada tão rápido — com consciência daquilo que enxerga — impedindo que a rajada daquela monstruosidade queimasse um dedo de Luca.
— Luca! — gritou Kael ferozmente — Corra daí já!
Não raciocinou muito quando começou a correr todo desengonçado para a direita do campo de cascalho, com gramas mortas e uma paisagem de fogo ao redor. Luca saltou uma pedra e, ao pousar sem parar de correr, observou o que os atacava: um corpo de lagarto gigante com pele escamosa vermelha e asas, uma cabeça alongada com grandes chifres.
Um dragão!?
Os olhos de uma serpente, rubros como sangue, cruzaram-se com os de Luca. O dragão parou de soltar aquela massa de energia de chamas.
Luca desviou o olhar para Kael, que ofegava e lutava para respirar, não se aguentou de pé e ajoelhou-se, enfiando sua espada no chão para não cair no chão. A expressão de Luca mudou quase instantaneamente; seu rosto franziu e ele segurou sua Katana com força, tirando-a de sua proteção.
Eu não quero fugir de novo… Terei que te desobedecer Pai.
O Dragão abriu a boca e um urro grandioso rasgou o silêncio que se instalava. O ruflar do couro preencheu o ar quando suas asas com diversos e pequenos rasgos bateram. O lagarto que cospe fogo voou na direção de Kael, cortando o ar na intenção de abocanhá-lo.
Seu corpo se mexia em desvios de zigue-zague como uma cobra no ar, mas ele não se mantinha muito longe do chão e apoiou-se nas patas para se impulsionar ainda mais rápido para frente. Sem muito tempo para reagir, Kael segurou sua espada preparando-se para o impacto.
Os dentes da fera se chocaram contra a espada. Kael segurou a espada com força, as veias dos seus braços começaram a se revelar. Mesmo que seu corpo estivesse sendo empurrado para trás, o dragão encheu seus pulmões, sua boca se encheu de fogo.
Nesse exato momento, uma lâmina curvada atravessou seu olho. Com essa única oportunidade, Kael empurrou a cabeça do dragão que violentamente ergueu seu pescoço para cima, jogando Luca ao ar e consequentemente soltando a baforada de fogo naquele imenso lugar subterrâneo cercado por um grande muro de pedras, acendendo o espaço em sua totalidade com uma força luminosa tão rara quanto os fios do cabelo de Luca.
O dragão encarou Kael com fúria, seus olhos emanavam raiva e poder. Ele segurou a espada que brilhou em sua vontade. — AAAAH — gritou ardentemente, com seu rosto franzido e suado, enquanto segurava sua espada com o punho invertido — com a mão esquerda fechada e a lâmina para a direita — quando cortou o ar para cortar também o pescoço da fera; a cauda dela balançou proporcionalmente à velocidade de Kael, acertando-o abruptamente e fazendo-o voar para longe junto com sua poderosa carga de energia. A criatura cessou sua baforada de fogo…
No ar, Luca movimentou seu corpo para pousar — nesse momento, ele se encontrava atrás do dragão — enquanto via seu pai voar para longe em extrema velocidade. Quando chegou perto do chão, jogou-se para rolar e amortecer sua queda brusca.
— Pai!!!
O Dragão rugiu furiosamente, enchendo-se de ar. Com uma longa pisada, suas garras atravessaram facilmente o barro, e ele girou o corpo, soltando aquela massa de energia. E, rapidamente, antes que o ataque o atingisse, Luca correu para trás, em direção à pedra.
No último instante, antes que o fogo o atingisse, ele pulou por cima da pedra, protegendo-se da rajada. A rajada era forte o suficiente para que ele precisasse encostar as costas na pedra para não se queimar com aquela energia. Enquanto se protegia, pegou uma pedra.
Karl… vai ter que me desculpar por roubar suas técnicas.
Ele se virou e fez uma contagem regressiva. E no três, pulou sobre a pedra que o protegia e, ainda no ar, lançou a pedra diretamente na cabeça do dragão, que estava virado, cuspindo fogo.
Luca, ainda preocupado com seu pai, sorriu.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.