Índice de Capítulo


    Nós somos pessoas nulas.

    Só mais uma classificação para o que eles chamam de anomalias.

    Mas… ninguém pode saber disso.

    Ninguém pode saber que não nasci naquele laboratório. Não podem saber que não tinha uma benção. 

    Ainda bem que… eles me ajudaram com isso. Sempre serei grata a ele por ter me dado essa chance de fazer diferente, mesmo por um lado não tão amigável.

    Estralei meu pescoço, preparando-me para uma batalha curta. Afinal, estava bem próximo de tudo aquilo acabar.

    Já havia contado uma… conhecida.

    Ugh!

    Minha barriga revira só de pensar na positividade daquela tonta! É nojento às vezes.

    — Podemos acabar com isso rápido? — perguntei num tom sarcástico, mas cheio de confiança em minha força.

    Mas esse cara… parece até uma fênix desse jeito. Mas essa fênix deve ser fichinha! 

    Eu sou a Karina! No mínimo, eu consigo derrotar uma horda de homens apenas com um braço. Não é um foguinho gelado como esse que conseguiria parar meus avanços.

    — Você… eu te odeio — respondeu a galinha de fogo. — Seus cabelos são pretos e tem essas mechas. Devo imaginar que também tenha o sangue. O quanto você ficou compatível?

    Engoli em seco.

    O quanto ele sabia? 

    Esperava que não muito. Se mamãe soubesse sobre a verdade… o que será que ela diria? 

    Balancei a cabeça no ar.

    Não! É só ela não descobrir.

    Se eu matar esse cara de forma rápida, ela nunca vai saber!

    Fogo foi atacado em mim.

    Era uma velocidade alta, quase impossível de desviar!

    Mas eu sou aquela que faz o impossível ser possível.

    Antes que pudessem me atingir, criei aberturas em meu corpo metálico, impedindo qualquer ataque. Era uma técnica que desenvolvi após muito tempo!

    Mas aquilo deixava as coisas chatas demais.

    — Que saco! — bufei, olhando para o passarinho abilolado. — Você nem conseguiu enviar essas flechas mais rápido. Como vai me acertar assim? É irritante!

    Ele mordeu seus lábios, escorrendo sangue após alguns segundos de força na área. Punhos cerrados e corpo trêmulo.

    Esse cara tava querendo matar mesmo.

    Mas o sangue não deve ter o ajudado tanto assim. Talvez até um colapso? É, talvez aconteça isso se ele continue a se forçar.

    Se é assim… vamos lutar de forma justa.

    Levantei a guarda, aproximando-me com calma. Parecia não me perceber, como se estivesse em um êxtase constante.

    Assim que cheguei mais perto, meus golpes foram rápidos e contínuos.

    Lhe dei uma rasteira, jogando-o para o ar. Em resposta, ele apoiou-se com uma mão no chão.

    Meus golpes foram ineficazes.

    Pensaria isso se fosse uma fracote!

    Antes que voltasse ao equilíbrio completo, soquei sua barriga em alta velocidade com uma nova técnica que havia desenvolvido.

    Não era fácil controlar a velocidade.

    Um último golpe mais forte, jogando-o para longe. Antes mesmo que pudesse partir para cima de novo, olhei para minha nova amiga.

    Seus olhos… estavam muito tristes olhando a luta. E, naquele instante, percebi o recado que estava querendo me dar.

    — Relaxa! — gritei, balançando a mão. — Não vou matá-lo, apenas o deixarei inconsciente!

    Daí ela ia ver de resolver esse problema familiar sozinha. Sim, sim. Esse é o melhor jeito.

    Ainda bem que eu posso contar com você, Karina!

    Perdida em pensamentos, longe de uma luta séria. E o inimigo aproveitou minha baixa guarda, correndo como um louco para cima de minha linda face.

    O pior foi ele pensar que poderia me acertar! Foi muito engraçado, eu confesso. 

    Suas mãos viraram garras de fogo, e seus olhos saíam chamas de mesma intensidade. Porém, com apenas uma mão, defendi seu ataque animalesco.

    Sim, sim.

    É.

    Eu sou uma boa detetive! Isso significava que ele estava num modo bem animal. Heh… devo pedir algum doce por isso.

    — Você é fraco. Já disse isso? Sua compatibilidade com o sangue de minha mãe não é nada mais do que mínima. Nem posso te considerar um dos meus — murmurei. — Parece um animal desse jeito.

    Revesti meu punho com metal, socando no rosto logo após. O impacto o levou para mais longe, e sua sede de sangue só aumentou.

    Nem recebia mais resposta dessa fera que estava lutando. Agora só faltava ele…

    Antes que pudesse terminar o pensamento, aquele garoto se apoiou como um animal quadrúpede no chão.

    — Nem ferrando. 

    Meus ataques surtiram efeito? Não parece que teve tantos danos assim. Ah… ele teve sua resistência aumentada.

    Isso é uma droga!

    Quer dizer que todo esse fogo não era tão letal assim? Então, qual foi todo esse calor que eu senti?

    Essa bosta nem faz sentido!

    Facas surgiram entre os dedos de minhas mãos e logo foram jogadas contra a besta humana. 

    Sua trajetória era teleguiada. Dessa vez, era eu quem estava enviando algo impossível de se desviar. 

    Só que na minha vez era eu quem controlava a trajetória. Espero que isso não seja trapaça, né!?

    Garanto que não é trapaça, o senhor bondoso dos duelos! 

    Juntei minhas mãos, rezando para algum deus que havia acabado de criar. Sendo bem sincera, o tédio já estava me dominando…

    Se não fosse por minha nova aliada, eu já teria acabado com isso. Mas é tudo muito ruim! Por que ela não quer que eu o mate?

    Ah…

    Talvez as peças tivessem se juntado na minha cabeça de detetive profissional.

    Bati palmas.

    — É claro! Deve ser a mãe dele! — murmurei, enquanto defendia-me de mais um golpe do animal. — Ei! Não consegue ver que eu tô tendo meu momento aqui?

    Mesmo querendo conversar com aquele cara, minhas palavras nunca chegavam aos seus ouvidos. E, criando dentes de animal, ele pulou para cima de mim.

    Antes mesmo que pudesse me morder com os dentes de fogo, coloquei meu braço para me defender.

    Como eu derroto isso?

    Aaah! 

    Isso era complicado até pra mim! Tenho muito a aprender com a senhora dos detetives…

    Mais uma vez, rezei para um deus criado por minha cabeça.

    Hmnm.

    É só dar um golpe forte, não é?

    É!

    É isso sim!

    Sou uma gênia! Isso são mais doces na minha conta, né? Hehe… eu vou cobrar.

    Apenas fiz um sinal de legal com minha mão para a aliada, e ela logo se desesperou. Não entendia o motivo, afinal, estava sinalizando que encontrei uma rota de vitória.

    Ela não gostava de ganhar!?

    Como assim!?

    Que se dane! Eu vou fazer o que prometi!

    Tirei ele do meu braço, jogando-o para longe. Logo, esperei mais um ataque daquela besta, fera, animal ou sei lá o que! 

    E, antes que pulasse para me morder mais uma vez, bati com toda a força em sua cabeça. Um soco que o levou ao chão em instantes, quebrando uma grande área do solo. 

    — Assim tá bom! — disse, assoando o nariz. — Agora vamos achar a mamãe. Estou com saudade já… 

    Peguei o garoto pela gola, levando-o até minha aliada. Seus olhos arregalados, demonstrando preocupação, foi algo que mexeu só um pouquinho com meu coração.

    — Aqui, toma — falei, largando-o em seu colo.

    Não recebi um “obrigada”, mas estava tudo bem. Não era a hora para me importar com isso. Afinal, quem poderia agradecer enquanto chorava? Era vergonhoso!

    Comecei a rir apenas em minha mente.

    — Muito obrigada por… ter feito isso — respondeu minha amiga. As lágrimas escorriam por sua roupa manchada de sangue, algo que não esperaria ver hoje.

    Fiquei sem jeito.

    — Eh… Não tem de quê, eu acho. — Cocei a nuca, corando um pouco.

    Já se passou muito tempo, será que ela tá chegando?

    Bem. 

    Se for assim, talvez salvar minha aliada seja uma ótima opção também.

    Tsc!

    Olhei para o céu, esperando algo como vassouras voadoras ou asas de pássaro. Coloquei até minha mão sob os olhos para focar melhor!

    Mas nada aparecia.

    — Oi, como você tá, irmã? — disse uma voz vinda de baixo.

    E, assustada com o acontecimento, me virei lentamente para olhar quem disse isso. Meu corpo estava tenso!

    Assim que coloquei meus olhos ao solo… pude ver quem eu menos queria da pior forma possível.

    — …

    Estava tão perplexa que nem consegui falar.

    — Vai responder não?

    Cabelos azuis com purpurinas e mechas mais escuras na ponta.

    Mas esse não era o pior de sua aparência idiota!

    Tinham aqueles olhos…

    Aqueles olhos estrelados que me davam nojo.

    — Por que você está aí?

    Apenas sua cabeça estava saindo do chão. Era óbvio o que estava acontecendo! Que droga.

    Quem deixou ela ser tão comediante? Seus portais são tão bons para fazer uma piada!

    Inveja, inveja! Ela é mais engraçada que eu!

    — Q-quem é você? — disse minha aliada, com medo.

    — Sou eu! Sou eu porque sou eu! Se não fosse eu, quem mais seria além de mim? Estrela, estrela. Plim, plim! — respondeu Estrela, abrindo seu sorriso macabro com dentes afiados. — Então, por que a minha caçulinha pediu minha queridíssima ajuda? 

    Ew! Nojento.


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