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    Acabou que eu e Gaia tivemos de dormir na mesma cama de solteiro. Foi difícil encontrar uma posição boa em tão pouco espaço, mas minha noite foi perfeita apenas por estar ao seu lado.

    Karina dormiu na outra cama do quarto após ter se acalmado. No dia seguinte, o vento foi tão forte que abriu as janelas num instante, acordando-me de um longo e maravilhoso sono.

    Queria eu ter continuado nele mais um pouco, foi um sentimento muito reconfortante estar em um campo florido como aquele.

    Cocei meus olhos, tentando discernir o que estava acontecendo ao meu redor. Meus olhos focaram após um tempo, olhando ao meu redor. Karina se encontrava dormindo, abraçada com o único travesseiro de sua cama.

    Ela estava uma fofinha dormindo daquele jeito! Queria poder apertar aquelas bochechas no mesmo instante, e eu iria, mas o bom senso me disse o contrário. 

    Maldito seja esse bom senso, viu…

    Ajeitei meu cabelo, olhando para Gaia, que roncava ao meu lado. Ela estava perdida em sonhos, e eu esperava que fossem sonhos comigo.

    Vou perguntar pra ela assim que acordar. Eu juro que, se ela estiver sonhando com outra pessoa, eu vou…

    Ah… Sei lá!

    Tocava em seu rosto, sentindo ainda mais o calor de sua suave pele. Gaia havia trocado de corpo? Esse parece tão humano.

    Se bem que essa suposição estava encucada em minha cabeça desde ontem…

    Fiquei muito vermelha só de lembrar daquela situação.

    Seus olhos estavam entreabertos, reforçando ainda mais o seu sono. Nunca tinha percebido esse pequeno detalhe… mas agora eu não esqueço nunca mais também.

    Pfft! — Caí em pequenos risos. Nunca iriam entender esse charme que ela tem.

    Seus longos cabelos estavam espalhados por toda a cama, o que me deu uma ideia ainda mais maléfica do que lhe acordar com beijinhos.

    Olhei para os dois lados, me certificando de que Karina continuava dormindo.

    Ah! Essas bochechas tão rechonchudas… Karina, você será a próxima! Continue abraçada com esse travesseiro de maneira fofa que você terá o que merece.

    Seu cabelo tinha um cheiro muito gostoso de lavanda. Talvez seja isso que me permitiu ter dormido como uma princesa ontem… Ainda vou saber seu segredo para sempre ter esse cheiro. 

    Bem, não é tão enjoativo, meu nariz só agradece.

    Peguei uma de suas mechas e, olhando para ela, pensei se era certo ou não fazer aquilo. 

    — Hmm… — Gaia gemia em meio ao seu sonho, movendo-se quase no mesmo instante.

    Aquilo me assustou muito! Quase pulei da cama, um grande frio correu pela minha espinha, e eu não gostei nenhum pouco disso.

    Tremendo um pouco, coloquei a mecha de cabelo que segurava debaixo de seu nariz, formando um bigode engraçado.

    — Agora sim — disse, rindo cada vez mais de sua situação. Isso tudo é a minha vingança de ontem! — Você tá linda, senhorita Bigode.

    Gaia fungou o nariz, percebendo o que lhe incomodava. A luz do sol entrou pelo quarto e, por azar meu, bateu no rosto de Gaia. 

    Se fosse em outro momento, eu iria dizer que tudo isso fazia parte do destino… Mas agora, só era um grande azar meu.

    Gaia acordava lentamente, abrindo seus olhos sonolentos. Confesso que aquilo me deixou bastante desesperada!

    Deitei em seu colo, fingindo estar dormindo.

    — Hmn… — Gaia coçava seus olhos. — Seven? — disse, em um tom sonolento.

    Era um grande misto de emoções naquele instante, sendo a felicidade por ter concluído minha brincadeira e o nervosismo por ter quase sido pega. Não consegui controlar o sorriso bobo que apareceu em minha cara.

    Tentava ficar séria, mas não funcionava nenhum pouco.

    Gaia levantou-se, puxando o braço que usava de travesseiro. Deixei apenas uma pequena fresta dos meus olhos abertos.

    Deu certo? Eu sinto que deu certo.

    A mecha caiu para trás, voltando ao seu volumoso cabelo. Olhou para mim, colocando sua mão em meu rosto.

    — Hehehe… — Ela começou a rir de uma maneira muito esquisita. — Você fica tão fofa quando… — disse, não terminando a frase. Gaia se aproximou, deitando-se ao meu lado. Olhou diretamente para meus olhos, me assustando naquele mesmo instante.

    Ela percebeu?

    Droga!

    — Hehehe… Você fica tão fofa quando finge estar dormindo… — Sua voz ainda era sonolenta, mas, de alguma forma, percebeu que estava apenas encenando meu sonho.

    Ela me puxou pela cintura, deixando-me por cima dela.

    Foi muito assustador! Rápido e assustador.

    Dei um sorriso desajeitado.

    Meus cabelos ficaram todos bagunçados, alguns entraram até pela minha boca. Que ódio! Eu tinha acabado de arrumar ele.

    Gaia pegou meu rosto, puxando-o para mais perto. Nossos lábios se tocaram num instante, e uma explosão de sentimentos aconteceu em meu peito. Foi um segundo ou menos, mas o suficiente para parecer ter sido uma eternidade.

    Empurrei ela, tapando a boca em vergonha.

    — Isso n-não é justo! — disse, sentando-me em sua barriga. 

    Eu… eu odeio isso! Por que ela tem que fazer esses tipos de brincadeiras? Isso mexe com meu coração!

    — Mas eu ganhei… não ganhei? — perguntou Gaia, abrindo um sorriso cínico. Sua voz sonolenta me deixava ainda mais constrangida.

    Aquilo misturou ainda mais a raiva com a vergonha em meu peito!

    — Ganhou… dessa vez. — respondi, evitando contato visual com ela.


    Coloquei meus sapatos, enquanto Gaia terminava de vestir seu manto.

    — Você já sabe o que quer fazer agora? — perguntou Gaia.

    Uma pergunta importante feita de maneira tão repentina. Paralisei, sem saber o que responder.

    O que eu quero fazer agora?

    Tenho tantas coisas que quero descobrir, mas tenho medo das respostas que irei receber. É uma raiva sobre aqueles que me prenderam, é a curiosidade sobre o meu passado, é a felicidade por estar viva no presente.

    Tudo isso me move.

    — Você lembra dos painéis de que estávamos falando? — perguntei, terminando de calçar o outro par de botas.

    — Ah sim, eles.

    — Estou um pouco cética sobre eles não terem correlação com meu passado.

    — Espera aí… — Gaia se aproximou. — Você está querendo explorar as torres?

    — Sim… Tem algum mal?

    — Não, nenhum. Comigo, você derrota todas em um piscar de olhos.

    Me surpreendi com seu ego. Mas… nem liguei muito, era Gaia falando aquilo, afinal.

    Levantei-me, a abraçando. Nossos olhos se encontraram em um instante e, mesmo sem falar nada, o rosto de Gaia se avermelhou. Parecia ser uma galanteadora apenas quando estava com sono, caso contrário, era só uma mulher que não aguentava um flerte.

    — Não me olhe assim… — Gaia tapou meus olhos. 

    Deitei em seu peito, aproveitando o abraço.

    Continuamos naquela situação por um tempo, pelo menos, o suficiente para Karina acordar.

    Eu tinha esquecido completamente da brincadeira que ia fazer com ela, que droga!

    Limpava seus olhos, vindo em nossa direção. Era mais uma dorminhoca que ainda dormia mesmo acordada.

    Chegando mais perto, abaixou-se, entrando no meio de nosso abraço.

    — Vocês… tão esquecendo… de mim — disse Karina, com uma voz sonolenta. Ela bocejava ainda.

    Sinto que essa situação não poderia melhorar.


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