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    Aquele metal se difundia em minha frente na forma líquida que estava pouco a pouco formando fios que se prendiam em partes aleatórias da torre. O Viajante ao perceber o terreno se modificar, rapidamente tentou impedir correndo em minha direção e dos irmãos.

    ― S-Seven, o que é isso? ― disse Cecilia, que não sabia de minha benção até agora. 

    ― Não perca o foco! ― Me levantei nesse meio tempo, me colocando em guarda alta.

    Por sua vez, o ser não conseguiu me alcançar, se prendendo em meio aos milhares de fios feitos a partir da manopla. Ele se debatia, mas não mostrava nenhum sinal de fraqueza ou dor.

    Trisquei cuidadosamente em um dos fios perto de mim, e acabei confirmando uma de minhas teorias. Meu dedo se cortou rapidamente ao entrar em contato com os fios, o que significava que se o Viajante não demonstrava nenhuma ferida, então a sua pele era resistente.

    Aquela coisa era inteligente, então porque se debatia como uma fera através do vidro? Seu comportamento é como se fosse um predador brincando com o seu almoço.

    Ele riu, parando suas tentativas de atravessar o fio, quase sumindo entre as sombras dentro do monumento.

    Olhei para Deric, e ele estava totalmente em choque, paralizado. Em suas mãos estava o corpo sem cabeça de seu irmão, ainda jorrando sangue.

    O som do vento indicava algo vindo em nossa direção, mas foi tão rápido que nem ao menos consegui acompanhar.

    ― CUIDADO! ― gritou Cecilia.


    [Uma benção está sendo usada em prol da defesa.]

    Apareceu uma barreira em nossa volta, partindo do escudo dela. Mas não era o suficiente para impedir. 

    Os dois estavam em uma linha, dando a oportunidade perfeita para o Viajante conseguir o que queria. Uma grande pedra atirada rapidamente atravessou sem problemas meus fios metálicos, e sem ao menos perder sua força cinética, atravessou a barreira criada.

    Eles morreram esmagados em minha frente, misturando todos os seus cadáveres por debaixo da pedra. 

    O sangue espirrou em mim, fazendo com que eu caísse ainda mais na real. Aquele trabalho custava vidas, e se eu fosse um pouco mais forte, talvez não tivesse custado a vida deles.

    Terror, medo, temor, pânico e horror, todos são sinônimos, mas significavam o que sentia agora. Minhas roupas sujas de sangue, mas a que custo? 

    Precisava sobreviver. Não, eu vou sobreviver.

    Ele apareceu novamente entre as sombras, apenas me olhando com um sorriso macabro.

    Vários pensamentos de como derrotar essa criatura vieram à minha mente, mas apenas um tinha se sobressaído como o certo para aquela situação.


    [Fantasia sente a presença do medo.]


    [Ela se incomoda com esse sentimento.]

    Transformei a manopla sobrante em líquido, rapidamente movendo para os meus pés. Apenas fazer isso foi o suficiente para mudar seu estado novamente e me impulsionar para cima do monstro.

    Seus quatros metros de altura não eram o suficiente para me impedir de chegar em suas costas. Em meio ao ar, utilizei a Ferromancia para transformar de propulsores para a minha manopla novamente, rolando sobre as costas do monstro.


    [Forja!]

    Uma faca surgiu em minha mão, ajudando a me prender nas costas do monstro. Os fios metálicos foram se retraindo, circulando o Viajante.


    [Fantasia está criando novas raízes!]

    Ele caiu no chão, sem mover um dedo. Ele estava me subestimando, como se eu não demonstrasse nenhuma ameaça a ele.

    ― Hihihi! ― Riu o monstro.

    Em um piscar de olhos, ele simplesmente havia sumido das amarras metálicas, se projetando a minha frente. Estava perdendo as esperanças a cada segundo que passava.

    Seus braços longos vinham em minha direção, tentando me atacar pelas laterais. Mas, por via do destino, o metal dos fios logo se movimentaram como um escudo.

    Devido a sua grande força, nem mesmo a Ferromancia pode suportar. Apenas com a palma de sua mão, fui jogada instantaneamente de um lado da sala para o outro. 

    Tentei amortecer minha queda com o metal sobrando mas ainda não era o suficiente para ter saído ilesa da situação.

    Estava… morta? Ainda não. Meu corpo se mantinha consciente, mas a minha mente desejava descansar eternamente. 

    — Não, não agora. — Me levantei, com meu corpo totalmente dolorido, estava ferida, mas não sabia onde. Havia tanto sangue em minha roupa que não sabia discernir qual era o meu.


    [Psyche está impressionada com o usuário.]

    — Se está tão impressionada comigo, então me aju– 

    Vomitei sangue. 

    Nenhum desses Viajantes era para ser assim. Daiane me ensinou que eles eram fracos e iam ficando mais fortes a cada andar. Então o que aconteceu aqui?

    Tudo estava indo ao contrário do que haviam me ensinado. Eu sabia que não deveria ter confiado  neles, talvez isso só fosse uma tentativa de assassinato indireta.

    — Desgraçado…! — Apontei para o monstro. — Pare de brincar comigo.


    [As raízes de Fantasia permitem o usuário resistir ao medo.]


    [Hefesto e Psyche entraram em acordo.]


    [Coligação.]

    Conseguia ver linhas surgindo ao redor de meu braço. Eu sentia elas, e estavam se espalhando por todo o meu corpo. Em uma situação como essa eu estaria com medo, mas não agora.


    [O conhecimento dado é recebido com clareza pelo usuário.]

    Ele correu desesperadamente até mim, um monstro bípede correndo como um quadrúpede. Algo em sua percepção havia mudado sobre a minha presença, e isso deveria ter o assustado. 

    Não sentia mais o frio do local. 

    Meus olhos enxergavam além do que antes viam.

    Sentia a chama em meu coração.

    Sentia o metal à minha volta.

    — Queime-se.

    Uma pequena brasa apareceu em seu ombro direito.

    — HIIIC! — gritou o monstro.

    Logo, aquela pequena chama se espalhava cada vez mais por seu corpo, o inundando de desespero. Agora, ele parecia mais uma presa do que realmente o caçador.

    Seus gritos de dor se espalharam por todo o andar, ecoando o seu sofrimento. O som da chama cada vez mais abafava a sala, conforme se alastrava pelo corpo da criatura.

    Eu tinha vencido.

    Eu tinha vencido?

    Ouvi novamente a sua risada, o que destruiu totalmente as minhas esperanças de sair viva. 

    Não havia nenhum ferimento no corpo daquele ser, a chama havia se apagado completamente do corpo daquele Viajante.

    Desde o começo, eu nunca tive nenhuma chance de vencer? Estive na palma de sua mão o tempo inteiro.


    [Ativar “O Exército de Um Só”?]

    Ah, então é isso. Lembro-me de ver algo parecido…

    — Se essa é a minha última chance, então por que não? Vamos, me diga o que você tem na manga. 

    Olhando para o monstro, tudo que pude ver foi uma nova descoberta para mim. Ele podia modificar seu corpo, e a sua modificação foi transformar o seu braço esquerdo em uma grande foice.

    Era rápido.

    Sua foice se movia juntamente com o vento, causando uma sensação de fluidez. Em minha direção, apenas via o brilho que refletia na lâmina, vindo em minha direção.

    Estava me considerando uma pessoa morta, sem escapatória.


    [Contratante recebido.]

    O tempo parou no mesmo instante que recebi essa mensagem. A sua foice estava quase me atingindo, e o seu rosto não demonstrava um sentimento além de prazer.

    De alguma forma misteriosa, acabei sendo projetada para fora como um espírito. Observando toda a situação como uma espectadora.

    Meu corpo não havia caído no chão, do contrário, se mantinha de pé. Nesse estado, conseguia voar por todo o local, mas sem conseguir atravessar qualquer coisa.

    — Então eu morri já? Pelo menos não doeu dessa vez.

    Cutuquei meu corpo, como se ele fosse acordar.

    — MAS QUE MERDA! — gritou. — Tudo que iria imaginar era ser pego pela porcaria de Psyche. Maldição, maldição.

    Não era eu que estava falando isso, então quem era? 

    — Você fala muito alto — disse.

    — Vai se ferrar, pirralha. 

    Essa situação não poderia piorar.

    — Quem é você? — perguntei.

    — DAMIEN, DAAAAMIEN! Não se esqueça nunca mais desse nome, Scarlett! — A situação havia piorado.

    Meu corpo estava na mão desse psicopata então?


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